Mission 101 escrita por Morgan, Lady Anna


Capítulo 3
III


Notas iniciais do capítulo

[Morgan]: Esse início de capítulo, pra mim, descreve mt a energia da Rose dessa história hahaha. Espero muuuito que vocês gostem desse último capítulo e que tenha sido uma boa experiência ler sobre esses dois, como foi para gente escrever sobre eles. Boa leituraa!



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O dia de Scorpius havia sido um saco. Todos os outros dias também estavam um saco, mas aquele em especial conseguiu esgotá-lo. Desde que terminara com Rose (Deus, como ele odiava dizer isso), ele havia sentido as coisas diferentes. Tudo bem, talvez não para ela, contudo, definitivamente para ele. Scorpius estava sentindo mais falta de Rose em uma semana do que sentira naquele verão em que ela fora para França com Dominique, Victoire e Louis.

Quase agradeceu a todos os santos possíveis quando as luzes da casa foram apagadas e ele pôde voltar para o quarto sem ser questionado pela mãe. Sua bateria social havia definitivamente se esgotado. Scorpius acordou com um barulho na janela, como se algo pesado caísse dentro do quarto. Sua visão estava embaçada e demorou alguns segundos para a figura ficar de pé.

Scorpius teria sentido medo se, mesmo com o quarto completamente escuro, ele não tivesse reconhecido a silhueta de Rose na mesma hora.

— Mas que po... Rose? – Scorpius esticou o braço, acendendo o abajur que ficava ao lado da sua cama.

— Ainda bem que você acordou!

— Não teria como não acordar, Rose. Você entrou pela janela?

— Claro que entrei, era o único lugar possível.

Scorpius se sentou na cama, encostando as costas na cabeceira enquanto olhava para a melhor amiga parada no meio do seu quarto. Rose olhava em volta, alheia a confusão estampada no rosto do loiro. Seus olhos passavam pela estante de Scorpius, pela sua mesa, tomando um pouco mais de tempo quando chegou na parede onde Scorpius colava seus desenhos. Ele sabia que aquela parede tinha alguns – muitos – desenhos de Rose. Alguns que ele nunca havia mostrado a ela.

— Você sabe que estamos no meio da madrugada, não é? – Ele balançou a cabeça, descrente. – Realmente, só poderia ser você, afinal ninguém mais seria tão irritante.

— Mas você me ama mesmo assim. – Ele não podia ver seu rosto, mas tinha certeza que ela sorria. Mesmo com seu coração batendo um pouco mais rápido, Scorpius se esforçou para que sua voz parecesse normal ao dizer:

— Isso não te torna menos irritante, Rose. Na verdade, acho que torna ainda mais.

— Que seja. Por que ainda não levantou para conversarmos?

O garoto piscou.

— Você quer… conversar? Agora? Veio aqui a essa hora porque quer... conversar?

— Sim. – A voz dela parecia impaciente e ele poderia jurar que escutava seu pé batendo no chão.

— Rose, é madrugada, provavelmente a madrugada mais fria que essa cidade já viu e você atravessou umas quatro ruas, pulou a minha janela... Aliás, como você pulou a minha janela? Desde quando você pula janelas? – Ele balançou a mão na mesma hora. – Esqueça, prefiro não saber. Mas você fez tudo isso para conversarmos?

— Sim, Scorpius. 

— Isso não faz sentido.

Scorpius sabia que não fazia sentido, porém Rose não parecia disposta a explicar – como sempre. Então ele fez a única coisa que podia fazer: o que ela mandou. Foi até o banheiro que ficava na frente do seu quarto, lavou o rosto e, quando voltou, Rose estava sentada na cadeira de rodinhas em seu quarto, apenas indo de um lado para o outro, distraída.

Scorpius torceu para que seus pais não acordassem, nem a família de sua tia. Era quase uma hora da manhã e eles definitivamente iriam querer uma explicação, explicação essa que Scorpius duvidava que conseguiria dar, já que nem mesmo ele estava entendendo o que Rose estava fazendo. Trancou a porta e acendeu a luz, sentando-se na ponta da cama. Foi apenas nesse momento que conseguiu visualizar Rose de fato, pela primeira vez, naquela noite – pela primeira vez naquela semana, na verdade – e ela parecia igualmente linda como sempre fora: os cabelos ruivos estavam bagunçados e presos embaixo do grosso casaco, como se ela tivesse saído de casa rápido. Os olhos, sempre tão brilhantes e decididos, estavam fixos nele e um pequeno sorriso brotava no rosto dela. Linda.

Antes que Scorpius pudesse se mover, Rose aproximou-se da cama com a cadeira e rodeou o pescoço dele com os braços, abraçando-o apertado. Ele retribuiu o abraço, segurando a cintura dela com uma das mãos e acariciando os cabelos com a outra. Mais de perto, Scorpius conseguiu perceber que havia algo de errado com a melhor amiga, afinal suas feições não esboçavam aquela confiança sincera de sempre.

— Seus olhos estão um pouco... você parece cansada.

— E você parece com sono, Scorp.

— Bem, eu estava dormindo antes de uma louca pular a minha janela. – Ele deu de ombros quando ela o soltou, ainda sem afastar a cadeira. – Você também deveria estar. O que foi, Rosie?

Por um momento, Rose pareceu que iria responder de verdade, Scorpius viu em seus olhos. Contudo, o momento passou tão rápido quanto um piscar de olhos. Ela abriu um sorriso divertido forçado.

— Vim te chamar para ir ao Geek Alley!

— Está fechado, Rose.

Ela comprimiu os lábios, olhando para os lados por um momento.

— Amanhã, é claro. Vim te chamar para ir amanhã.

— Você poderia ter feito isso por mensagem ou ao menos ter esperado o sol nascer. – Retrucou Scorpius e, segurando a mão de Rose, puxou-a para sentar-se ao seu lado na cama. – Me diga a verdade, Rosie, você pode me dizer.

Ela deu um pequeno sorriso, fitando as próprias mãos no colo, apertadas uma na outra. Alguns minutos se passaram sem que nenhum deles falasse alguma coisa e Scorpius já estava começando a realmente se preocupar quando Rose perguntou:

— Por que você mentiu para mim?

— O quê? Eu não...

— Você disse que não poderia ir ao Geek Alley por causa de sua família, mas estava lá com uma garota. Você não precisa deixar de me contar dos seus encontros pelo nosso... você sabe... namoro, quer dizer, namoro falso. Nossa amizade continua a mesma, nada mudou.

Scorpius deu um pequeno sorriso. Se já imaginava que seus sentimentos românticos não eram correspondidos, agora tinha certeza. Era claro que a amizade deles continuaria a mesma e, se por um mísero segundo ele teve a esperança que Rose sentisse o mesmo, aquilo fora uma tremenda bobagem. Entretanto, preferia a amizade sincera que eles tinham antes do que aquela semana de silêncio desconfortável pela qual passaram. 

Rose estava séria e Scorpius achou aquilo engraçado, principalmente pela resposta que viria a seguir. 

— Eu não estava em um encontro, Rose.

— Scorp, francamente, você pode me dizer, eu vi você e aquela garota loira e bonita!

— Sim, você me viu fazendo o que minha mãe pediu: distrair a minha prima, Alicia Greengrass, a filha mais velha de tia Daphne. E ela é loira e bonita, mesmo, como eu, já que somos família. – Ele terminou a explicação rindo enquanto via a boca de Rose se abrir em um perfeito “o”. – Eu não mentiria para você, Rose. Você sabe que o segredo para todas as nossas missões falharem miseravelmente é eu ser sincero e você ser irresponsável.

— Ei!

— Mas esse também é o segredo para a nossa amizade dar tão certo. É o nosso dom e a nossa maldição.

Scorpius sorriu para Rose e recebeu um brilhante sorriso de volta. Em um impulso, o Malfoy segurou a mão dela, ficando constrangido em seguida. Já estava soltando a mão dela quando Rose entrelaçou seus dedos nos dele.

— Minhas missões podem nem sempre ser bem sucedidas, mas nós temos que concordar que a Missão 101 foi perfeita.

— Nós fomos descobertos, Rose. – Ele sorriu de lado. – Tecnicamente, não foi perfeita.

— Nós só fomos descobertos por causa da boca enorme do Albus. – Rose bufou, como se ainda acreditasse na eficácia garantida de suas missões. – Mas... – Ela hesitou por um momento, suas bochechas ganhando um tom adorável de vermelho. – Acho que ela pode ter sido perfeita de um outro jeito.

— Como?

Rose pensou alguns instantes antes de responder:

— Meu pai disse que tínhamos aprendido algo com esse namoro falso e que logo descobriríamos o que era. Naquele dia eu não percebi, mas talvez eu tenha entendido o que ele quis dizer agora.

— E o que era?

Rose olhou nos olhos dele.

— Eu gosto de você, Scorpius.

— Eu também gosto de você, Rose. – Ele respondeu, simplesmente. A garota bufou, impaciente.

— Não, você não está entendendo. Eu gosto de verdade de você.

O coração de Scorpius poderia facilmente sair pela boca. Se ele não conhecesse Rose um pouco melhor poderia até mesmo pensar que aquilo significava muito mais do que só a garota querendo uma garantia da amizade deles.

— Eu nunca gostei de mentira de você. – Scorpius tentou brincar, mas ao ver a expressão séria dela, pigarreou. – Ok, certo. Eu não sei onde você quer chegar. Eu também gosto de você, Rose, você deveria saber disso depois de uma vida toda de amizade. Vida esta muito agitada e complicada por culpa sua, aliás. Mas sério, é como você disse, nada mudou com o namoro falso e...

— Exatamente! Talvez eu tenha percebido que não queria que o namoro falso acabasse... Não, eu não queria que o nosso namoro fosse falso, Scorpius. Eu gosto de você.

O silêncio entre eles se instaurou. Pela expressão decepcionada de Rose, ele ficara mais tempo do que imaginava a olhando, com os olhos arregalados e a boca aberta, surpreso demais para dizer algo. Em sua defesa, Scorpius podia alegar que não era todo dia que sua melhor amiga da vida toda, por quem era apaixonado há mais tempo do que conseguia se lembrar, se declarava para ele. Certamente, aquilo era um sonho do qual ele não queria acordar.

Entretanto, ele não podia contar com isso. Havia tido muitos sonhos sobre aquele momento e nunca, nunca mesmo, um deles o fez se sentir daquela forma. Nenhum fez seu coração se exceder daquele jeito, como se estivesse a ponto de explodir. Nenhum teve os olhos azuis brilhantes de Rose presos nele como se ele fosse a única coisa no mundo inteiro naquele momento, e, no entanto, se Rose não tivesse puxado as mãos dela das do garoto, ele ainda estaria preso, encarando aquele momento como se ele pudesse escapar por entre seus dedos.

Rose ficou de pé.

— Tudo bem se você não gostar de mim de volta, quer dizer, eu meio que já esperava já que você nunca me tratou diferente nem nada, mas eu só queria que você soubesse, porque guardar isso para mim foi torturante demais, mas espero que nossa amizade não termine por isso. De qualquer forma, eu vou indo.

Ela falou tão rápido que uma palavra quase engolia a outra e qualquer outra pessoa não teria entendido nada. Qualquer outra pessoa que não fosse Scorpius Malfoy, que conhecia Rose Weasley como se fosse ele mesmo. Ela se virou, começando a ir até a janela e já estava com uma perna do lado de fora quando Scorpius acordou de vez e correu até ela, segurando o braço de Rose, fazendo com que ela congelasse no lugar. Scorpius tocou sua perna e a puxou devagar de volta ao quarto.

— Você disse... você disse que foi torturante guardar isso para você? – Questionou ele. – Há quanto tempo você sabe? Uma semana? Um mês? Tente oito anos inteiros, Rose. Porque é esse o tempo em que eu gosto de você.

A garota engoliu em seco, sentindo-se capaz de derreter ali enquanto Scorpius a segurava pelos braços e a olhava de um jeito que Rose sabia, simplesmente sabia, que nunca a haviam olhado antes.

— Oito anos? Mas... nós temos dezoito e nos conhecemos aos dez...

O entendimento ia aparecendo devagar no rosto da garota que ainda parecia chocada e nada inclinada em acreditar que Scorpius a havia amado por tanto tempo em silêncio.

— Gosto de você desde aquele dia em que você roubou a edição da Black Widow de mim. Mas sou completamente apaixonado desde aquela tarde, quando tínhamos 13 anos e ficamos em detenção por colocar peixes na sala do professor Snape depois dele ter sido maldoso com James Sirius. – Scorpius respirou fundo com um sorriso divertido começando a surgir em seus lábios. A cara de Rose era de surpresa e espanto e, pelo menos uma vez na vida, era bom trocar de lugar e ser aquele que estava confiante. – Talvez eu não tenha te tratado diferente durante nosso namoro falso mesmo, é verdade, mas eu também nunca te tratei como todo mundo, Rose. Você sempre foi a mais importante e a mais especial para mim. Durante todos esses anos, a única pessoa que sempre importou para mim foi você. Não importa quanto tempo passe, sempre vai ser.

— Você gosta de mim há tanto tempo assim? – Scorpius assentiu. – E achou que eu não gostava de você e, mesmo assim, aceitou namorar de mentira comigo e me beijar?

— Bem... sim.

— Você é doido.

— Claro que sou. Participo de todas as suas missões fadadas ao fracasso.

Rose riu nervosamente, sentindo as mãos de Scorpius descerem para as suas mãos e a puxarem para perto dele.

— Elas são infalíveis, você sabe disso.

— Não, elas geralmente têm tudo para falhar. – Murmurou ele, sentindo o ar escapar quando percebeu que a garota fitava seus lábios e não seus olhos ao falar. – Mas tudo bem, porque a mais importante de todas funcionou.

Rose sorriu, levando sua mão até o rosto do loiro e sentindo sua pele quente e suave na ponta dos dedos.

— Não foi muita maluquice aparecer aqui de madrugada agora, não é?

— Não. – Admitiu Scorpius na mesma hora, sentindo-se aliviado por ter trancado a porta, pois, naquele momento, ambos sabiam que não havia possibilidade alguma de Rose sair por aquela janela antes do sol nascer.

Seus rostos estavam próximos e a respiração de Rose acertava-lhe o rosto. Era tudo tão bom e tão certo, Scorpius não conseguia imaginar um lugar que quisesse estar mais do que ali. Nos braços dela. Seus lábios estavam quase se tocando quando Rose ergueu os olhos. Azul no cinza. Ela abriu aquele sorriso ladino que Scorpius conhecia tão bem.

— Está preparado para continuar a Missão 101, Malfoy?

— Estive preparado para isso a vida toda, Weasley.

E, então, eles se beijaram. Beijaram-se sabendo exatamente o que o sorriso de Rose significava. Aquele sorriso que antecedia as maiores aventuras dos dois e que sempre fez Scorpius se sentir nervoso, exceto naquele momento. Ali, nos braços um do outro, tão próximos quanto a física os permitia, não havia nada mais bonito e incrível do que saber que entraria em mais uma aventura ao lado de sua melhor amiga. 

E, no fim, a Missão 101 realmente foi um sucesso. Ao menos, de todos os jeitos que realmente importava para Rose Weasley e Scorpius Malfoy.


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Notas finais do capítulo

[Lady Anna]: e chegamos ao fim! Já estou com saudade dessa história, das personalidades de Rose e Scorpius aqui. Foi maravilhoso escrever isso e espero que vocês tenham se divertido lendo! Agradecemos a todos que leram e comentaram♥ vocês são incríveis! Vamos adorar conversar com vocês nos comentários! Beijooos



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