Mission 101 escrita por Morgan, Lady Anna


Capítulo 1
I


Notas iniciais do capítulo

[Lady Anna]: Oi, oi, oi! Meu primeiro fake dating e com a Van ainda, estou emocionada!! Essa parceria surgiu de uma conversa no Twitter e não poderia ter sido melhor haha, eu amei escrever isso com a Van, obrigada por me chamar amiga ♥ friends to lovers não é meu plot favorito, mas fake dating com certeza é kkkkk espero que vocês gostem tanto quanto a gente gostou!

Boa leitura! ♥



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— Eu não acredito nisso! – Draco olhou para o filho e para a, até então, nora. – Me diga que isso é mentira, Hyperion.

— Exatamente, Jean. – Diz Ron, os olhos arregalados por concordar com o Malfoy. – Isso é uma brincadeira de seu primo, certo?

Rose fuzilou Albus com os olhos, irritada com a boca enorme do primo. Em resposta, o jovem Potter apenas se afundou mais na poltrona e disse um quase inaudível “me desculpe”. Ela queria brigar com ele naquele momento, mas percebendo a palidez de Scorpius e o quão perto ele estava de surtar, apenas pegou a mão do melhor amigo e a apertou, ignorando os olhares que todos os estavam lançando. Era melhor ela assumir as rédeas daquela situação, antes que tudo ficasse ainda pior.

— Vamos ficar calmos, ok? Sim, o que Albus disse é verdade: Scorpius e eu não estávamos realmente namorando. Era só um acordo para que o meu pai deixasse o Hugo sair com alguém, já que ele tinha aquela regra idiota de que meu irmão só poderia namorar depois que eu namorasse. Francamente, estamos no século 21 ou o quê? – Ela revirou os olhos, sentindo Scorpius apertar sua mão em um aviso silencioso.

— Não tente virar isso contra mim, mocinha. Não fui eu quem mentiu para a família toda. – Ron bufou. – Isso é ridículo! Pensei que somente acontecia naqueles filmes melosos! Essa mentira de vocês é um... um...

— Disparate! – Completou Draco, de braços cruzados.

— Sim! Vocês enganaram a todos nós! Isso é uma falta de...

— Bom senso inimaginável!

— Exatamente! Obrigado, Malfoy.

— Por nada, Weasley.

Todos olhavam atônitos para a cena que se desenrolava a sua frente. Apenas Ronald Weasley e Draco Malfoy concordando em algo pela primeira vez na vida poderia ser tão surpreendente quanto o namoro falso de Rose e Scorpius.

— Sinceramente, Scorpius – Ron o olhou, desgostoso –, eu esperava isso de Rose, já que ela sempre foi mais inconsequente, mas de você? Eu te ensinei a jogar xadrez!

— Desculpe, Sr. Weasley.

— Não me venha com desculpas! Saiba que você não está convidado para assistir comigo o próximo jogo dos Chudley Cannons!

Scorpius se encolheu ao lado de Rose no sofá, soltando a mão dela.

— Ron! – Hermione ralhou. – Não seja exagerado! Deixe que eles se expliquem primeiro e depois você tira suas conclusões.

— Eu não sou exagerado, Mione. Apenas realista. Eles não deveriam ter inventado essa história toda, afinal, a mentira não leva a lugar nenhum. Garanto que Draco concorda comigo.

— Claro. – Foi a resposta rápida do Malfoy.

— Querido – chamou Astoria –, vamos ouvir o que Rose e Scorpius têm a dizer, sim?

Draco concordou, sentando-se ao lado de Ron no sofá, ambos com as expressões insatisfeitas.

— Calma, tio... – Disse Albus, a culpa por dedurar os amigos já inexistente em sua feição, a qual só mostrava diversão no momento.

— Eu estou calmo! – Disseram Draco e Ron, em uníssono, o que resultou em uma série de risos.

Todas as atenções voltaram-se para Rose e Scorpius e, embora Albus claramente quisesse ficar na sala para acompanhar o desenrolar da confusão em que os amigos se meteram, seu pai logo chegou na porta, chamando por ele.

— Vamos lá, expliquem tudo desde o começo! – Mandou Ron.

— Do começo? – Indagou a ruiva por um instante olhando para cada um dos pais ali presente. Rose definitivamente odiava ser encurralada. – Bom, tudo começou aos dez anos quando esse aí roubou a edição número um da Black Widow de mim no Geek Alley.

Draco Malfoy piscou, sem entender, ao passo que Ron conseguiu apenas suspirar. Devia ter esperado por uma resposta como aquela.

— Não desde o começo da amizade de vocês, Rose.

— Você roubou uma revistinha, Scorpius? Eu te ensinei melhor que isso. – Comentou Astoria.

— Não foi bem assim! – Scorpius balançou a cabeça. – Eu peguei primeiro, não tenho culpa se você sempre teve meio metro de altura e nunca alcançou nada!

Rose engasgou, pronta para retrucar quando Draco e Ronald mesclaram suas irritações novamente.

— Parem com isso!

— Pulem para a parte que importa!

A Weasley recostou-se no sofá, cruzando os braços. – O que vocês querem saber? Papai criou uma regra arcaica que não beneficiava nenhum de nós e eu resolvi tudo. Como sempre, aliás.

Scorpius logo reparou no pescoço do (ex?) sogro ficando quase tão vermelho quanto seus cabelos e, para prezar a sua saúde e garantir que sairia d’A Toca inteiro naquele natal, resolveu tomar as rédeas da situação. Rose apenas irritaria ainda mais os pais.

— Ok, tudo bem, foi o seguinte! – Exclamou, quase implorando que a atenção voltasse para ele. – Era sexta-feira, então é claro que estávamos no Geek Alley vendo as novas edições que haviam chegado...

 

— Juro, Scorp! Meu pai é maluco, pirado, doido de pedra! Ninguém, e eu digo isso com toda segurança do mundo, da nossa família é tão atrasado quanto ele. Lucy já teve uns três namorados enquanto Molly não deve nem ter beijado na boca. Eu não quero um namorado, não mesmo, não é justo que Hugo só possa viver a vida dele depois de mim.

Scorpius suspirou, colocando O Extraordinário Homem Aranha #5 de volta à estante.

— Você já tentou conversar com ele? Com seu pai, eu quero dizer.

— Mas é claro que sim! Eu, Hugo, mamãe... até mesmo tio Harry! Ele não muda de ideia de jeito nenhum. É assustador.

Rose suspirou, encostando a testa na estante e olhando de lado para o amigo entre os fios que tampavam seu rosto como uma cortina.

— O que eu faço, Scorp? Hugo está tão triste. Acho que ele realmente gosta de Anne Nott, mas papai dá um tiro no próprio pé antes de voltar atrás no que disse.

Rose não queria uma resposta, ele sabia disso. Ela era do tipo de garota que resolvia tudo sozinha, mas gostava de desabafar e fingir que ouviria as sugestões diplomáticas do melhor amigo. Estava prestes a sugerir uma delas quando duas garotas passaram ao lado deles, conversando em voz alta.

— Tem certeza que a Natasha Romanoff namora o Winter Soldier? Não faz sentido! Não é de mentira, sabe, para conseguir alguma?

A outra garota negou e Scorpius riu, pronto para fazer algum comentário sobre isso com Rose, quase esquecendo sobre a Situação-Hugo já que Natasha Romanoff e Bucky Barnes eram os personagens favoritos dos dois amigos desde a primeira vez que conheceram a Marvel, bem ali, naquela mesma loja de quadrinhos. Porém, quando seus olhos pousaram em Rose, a garota não estava mais depressiva e escondida entre as estantes. Ela olhava fixamente para as duas garotas conversando mais à frente com um pequeno sorriso começando a se formar no rosto.

Não existia ninguém no mundo que conhecesse aquele sorriso melhor do que Scorpius Malfoy. Rose Weasley estava tendo mais uma das ideias que ela jurava serem brilhantes, mas que sempre acabava muito, muito mal.

E, naquele momento, o loiro sabia exatamente o que se passava na cabeça da amiga quando seus olhos azuis deixaram as duas garotas e pousaram nele, astutos, divertidos e audaciosos.

— Por favor, não diga que...

— Scorp, acho que temos uma nova missão a cumprir. – Disse Rose, sorrindo abertamente para o garoto.

Scorpius fechou os olhos com força, suspirando, porque nada conseguia deixar o Malfoy mais nervoso do que saber que Rose tinha uma nova missão para eles. Que era apenas a forma bonitinha e nerd de chamar seus planos mal elaborados, os quais o loiro sempre havia odiado. Não que fizesse diferença já que Scorpius participaria de todos de qualquer maneira.

Mas, naquele instante, ele sabia o que Rose estava pensando, sabia mesmo, e tudo que ele queria era que ela não...

— Missão 101: Nos apaixonar.

Scorpius sentiu seu estômago despencar, não precisava nem sequer olhar para o chão, pois sabia que ele estava lá, sim, fazendo companhia aos seus pés, porque Rose Weasley só podia estar louca em dizer aquilo.

— De mentira, é claro. – Acrescentou ela, como se já não fosse óbvio antes.

E ele só podia estar louco em aceitar, como estava prestes a fazer.

 

— Meu Deus, Rose, você e suas missões! – Exclamou Hermione, passando a mão no rosto, desolada.

— Você quase foi expulsa de Hogwarts por causa delas, querida. – Foi a vez de Astoria.

Scorpius já foi quase foi expulso de Hogwarts por causa delas. – Alfinetou Ronald. – Já até quebrou o braço.

Rose pareceu ligeiramente envergonhada pela primeira vez desde que tudo começara, desviando o olhar para o canto vazio da sala. Scorpius se aproximou da amiga.

— Se vocês olharem bem, a palavra-chave é sempre quase. – Disse ele.

— É claro que nada disso teria acontecido se o senhor – Rose falou de repente, apontando para o pai na poltrona a sua frente – não fosse tão cabeça dura.

— Não fui eu quem mentiu para os meus pais, os pais do meu melhor amigo e basicamente todos a minha volta! – Foi a resposta afiada de Ronald.

— Veja bem, Sr. Weasley, a Rose… Nós não fizemos por mal! – Garantiu Scorpius, defendendo a talvez ex-namorada falsa. – Não queríamos enganar ninguém, mas vocês precisavam acreditar no plano.

— Então, vocês resolveram que um jantar com as famílias seria a melhor forma de nos contar? – Questionou Draco. – Não seria mais fácil lidar com cada família separadamente?

— De que lado você está? – Perguntou Ron, olhando com uma sobrancelha arqueada para o Malfoy. – Pensei que estivéssemos concordando aqui!

Assim como acontecia nos piores momentos possíveis, Rose teve uma crise de risos, quase não acreditando na cena ao seu redor. Scorpius, por sua vez, soltava pequenos ruídos e uma tosse falsa, disfarçando a risada. Quando Hermione arqueou uma sobrancelha, Rose decidiu que era melhor contar tudo de uma vez. Conseguia discutir com seu pai – eram até bem parecidos, mas com a sua mãe era uma história completamente diferente.

— Obviamente, eu tinha um plano perfeito para cada família, mas o Scorp estava um pouco nervoso com isso, então tivemos que improvisar.

— É assim que definimos chamar as duas famílias para o restaurante para contarmos sobre o namoro falso e você só me contar dez minutos antes deles chegarem? – Indagou Scorpius, as bochechas vermelhas.

— Era um plano infalível e deu super certo, como vocês sabem.

— Você não sabia? – Perguntou Astoria, cobrindo a boca com a mão. – Então foi por isso que você quase desmaiou?

— Não, mãe! Mais ou menos. Quer dizer…

 

— Isso não vai dar certo, Rosie!

— Claro que vai, Scorpius. – A garota revirou os olhos, ajeitando a gravata dele. – Você não precisa dizer quase nada, somente as partes que ensaiamos que você diria. Pode deixar a parte de improvisar comigo. Você se lembra do que deve dizer, certo?

Naquele momento a mente do Malfoy derreteu, ele simplesmente não conseguia se lembrar de nada do que haviam treinado e combinado nas últimas semanas.

— Eu não consigo, Rosie! 

— Consegue sim, amor. – Ela se aproximou mais. – Seus pais estão logo atrás de você. Acene, sorria e não fique com uma expressão que parece que eu te obriguei a vir aqui.

— Não foi exatamente isso que aconteceu?

Rose tentou beliscar as costas de Scorpius, mas ele foi mais rápido e segurou a mão dela na sua, o que a fez perceber o quanto as mãos dele estavam frias.

— Vai dar tudo certo. – Ela garantiu, apertando a mão dele mais forte antes de cumprimentar o casal a sua frente.

 

— Como eu disse, tudo ocorrendo perfeitamente bem! – Interrompeu Rose, com um sorriso convencido no rosto. – Nada estava dando errado.

— Pelo menos até seus pais chegarem. – Scorpius olhou para Ron e Hermione. – Nada contra vocês, obviamente. Só que eu não sabia que vocês iriam também. Então…

 

— Sra. Weasley! Que surpresa vê-la aqui! – Disse Scorpius, alto demais.

— Não deveria ser já que foram vocês que nos convidaram. – Brincou Hermione, apontando para ele e para Rose.

Scorpius sentiu um chute no pé ao mesmo tempo em que Ron chegava à mesa, franzindo o cenho para as pessoas sentadas ali.

— Malfoy? Não esperava vê-lo aqui. O pai, claro. Rose me disse que Scorpius jantaria conosco.

— Que engraçado, Weasley. Sua filha também não me disse que você e sua esposa estariam aqui.

— Aparentemente estamos todos surpresos. – Disse Scorpius, olhando para Rose com os olhos semicerrados e recebendo um sorriso amarelo em resposta.

— O que você disse, filho? – Perguntou Astoria.

Naquele momento, Scorpius sentiu que tudo estava desmoronando. Lembrava-se que deveria contar a eles que estavam namorando e, então, Rose contaria a história ensaiada sobre eles terem se apaixonado e blá-blá-blá; o plano perfeito. Entretanto, haviam dois míseros problemas: Scorpius não se lembrava exatamente quais palavras deveria dizer e tinha certeza que aquele pequeno gole de água que bebeu não fora para o lugar correto. Sentindo o ar faltar, Scorpius começou a tossir descontroladamente.

— Você está bem, Scorpius? – Perguntou Hermione, preocupada.

Ele confirmou com a cabeça, o que era uma clara mentira. Rose, sentindo o desespero invadi-la pela primeira vez na noite, bateu nas costas do amigo um pouco mais forte do que o necessário, o que o fez fechar os olhos e ficar imóvel por um segundo, antes de voltar a abri-los.

— Scorp? Tudo certo? – Scorpius soltou um baixo “sim” e Rose continuou: – Bem, agora que todos estão aqui, nós podemos contar. Resolvemos chamá-los porque Scorpius e eu queremos dizer algo.

— Nós estamos namorando. – Completou Scorpius em um fôlego só, milagrosamente se lembrando da sua parte. – Eu gosto muito da Rose.

Astoria e Hermione pareciam muito felizes com a notícia, Draco ainda estava sem reação e Ron estava com a testa franzida.

— Namorando? Eu não acredito nisso! Vocês…

Scorpius olhou desesperado para Rose, afinal era possível que a mentira durasse tão pouco tempo? Ele já estava pronto para pedir desculpas a Ronald, dizer que tudo fora só uma brincadeira e que era melhor eles jantarem em um silêncio constrangedor antes de irem para casa, porém, seu pai fora mais rápido ao dizer:

— Por que não? Você não aprova? Eu acho que Rose e Scorpius formam um ótimo casal.

— Mas é claro que eu aprovo! Não tenho problema nenhum com eles serem um casal, apenas não achava que eles combinassem dessa forma.

— Querido – Hermione sorriu –, era tão óbvio que eles namorariam um dia. Astoria e eu já até havíamos comentado sobre isso.

— Sim! – Astoria concordou. – Juro que por um instante pensei que não iria acontecer, mas é claro que fariam dar certo do jeito de vocês. 

Rose e Scorpius se olharam, sem reação. Ambos pensavam se o outro poderia gostar deles daquela forma, como Hermione e Astoria tão enfaticamente afirmaram. Não parecia possível.

— Então, como foi que vocês se apaixonaram? – Hermione perguntou.

Rose abriu um grande sorriso e começou a contar a história que Scorpius já ouvira mil vezes, o que quase a tornava real. Deslizou um pouco na cadeira, tendo certeza que aquela seria uma longa, longa noite.

 

— Faz sentido, é por isso que Scorpius se perdia na história. – Comentou Hermione que àquela altura apenas segurava o riso para não irritar o marido, afinal, havia dito que a ideia dele de relacionamento para os filhos era absurda.

— Sim – Rose olhou ferozmente para o amigo. – Estava quase se mijando nas calças, esse bobão.

Scorpius aprumou os óculos com o dedo indicador, virando-se para Rose.

— Você preparou a história mais mirabolante do mundo! Tinha tantos detalhes que seria impossível decorar.

— Os detalhes trazem riqueza e credibilidade à história, Scorpius, já te ensinei isso! – Exclamou Rose, impaciente, gesticulando com as mãos.

Ron passou a mão na testa, exasperado.

— Eu realmente não sei onde foi que eu errei com ela.

— Em lugar nenhum, eu sou bonita, inteligente e tenho uma personalidade adorável. – Retrucou Rose na mesma hora, erguendo os olhos para o pai.

Ronald Weasley amava sua filha mais do que tudo, todos ali sabiam disso, mas ele também tinha um pavio muito curto e seria tolice ignorar o fato de que Rose havia sido colocada no mundo com um talento nato para enlouquecer o próprio pai. Ron via os problemas que a mãe tivera com alguns dos irmãos – e, bom, ele próprio também se tivesse que ser sincero, afinal, Harry Potter, seu melhor amigo, sempre pareceu um imã para problemas desde que se conheceram no sexto ano. Mas Ron nunca se encrencou propositalmente como Rose costumava fazer. Ela era como uma cópia dele por fora, mas, por dentro, lembrava muito mais do que o pai gostaria de seus irmãos mais insolentes: Fred, George e Ginny.

— Mas vocês se beijaram. – Falou Draco de repente, apontando para os dois.

— Se beijaram? – Hermione franziu o cenho. Draco assentiu fervorosamente.

— Eu achei que eles não eram muito fãs de afeto público porque Scorpius sempre foi muito tímido, mas, dias depois do jantar, a filha fofoqueira de Pansy e Theo, que está estagiando no escritório, veio correndo contar que tinha visto os dois aos beijos no saguão de entrada da empresa!

— Ai, tio, foi só um beijo. A coisa mais fácil do mundo é beijar.

Ron, que estava massageando a própria testa, abriu os olhos em sobressalto para a filha. Scorpius, percebendo a movimentação do mais velho e decidido a não deixar a melhor amiga morrer naquele dia, interveio novamente.

— Aquilo também era parte do plano.

 

— Scorpius, estamos em público e estamos namorando. Você tem que segurar a minha mão.

— Mas eu não quero segurar a sua mão! – Retrucou Scorpius, desesperado para manter-se longe de qualquer toque a mais que Rose pudesse propor.

— Estamos namorando! Todo mundo acha isso!

Scorpius gemeu, não podendo argumentar mais nada enquanto Rose entrelaçava seus dedos nos dele e ele sentia-se um pouquinho mais quebrado. Estar com Rose de mentira era mais difícil do que ser só amigo dela.

Eles entraram no saguão do prédio da Advocacia Malfoy. Scorpius conhecia basicamente todas as pessoas que trabalhavam ali; já havia dito ao pai que não tinha interesse algum em ser advogado, porém, ainda assim, crescera correndo por aqueles corredores e, junto de Rose, atrasando os elevadores de propósito, apenas porque era engraçado deixar os adultos esperando.

— Por que seu pai não pede um delivery? Vocês são ricos. – Comentou Rose.

— Porque hoje é aniversário do dia em que eles se conheceram. Ou algo assim. Mamãe quis enviar uma surpresa já que ele não vai conseguir sair mais cedo.

Rose sorriu, encostando-se no balcão enquanto Scorpius entregava a sacola que havia trazido para a recepcionista.

— Eu amo como seus pais ainda são tão apaixonados um pelo outro.

— Os seus também são. – Respondeu Scorpius logo depois de agradecer mais de uma vez a Suzy, a recepcionista, por chamar alguém para levar a encomenda até o décimo segundo andar por ele. Rose fez uma careta, agarrando a mão do amigo de novo.

— É, mas eles são meus pais. Não é a mesma coisa.

Os dois já estavam a meio caminho da saída quando Rose parou, ignorando totalmente a resposta de Scorpius. Seus olhos estavam fixos em um ponto atrás dele e, quando o loiro o seguiu, não entendeu de primeira. Eram apenas alguns seguranças e estagiários conversando enquanto seguravam algumas caixas cheias de documentos.

Ele não reparou logo de cara que uma dessas estagiárias era Inez Nott, a maior fofoqueira que aquele lado de Londres já havia visto.

— Vamos nos beijar. – Disse Rose de repente, agarrando os ombros de Scorpius e o colocando de frente para ela.

— Quê? Não!

— Scorpius, você não vê?! É perfeito! Assim que Inez nos ver, ela vai contar para todo mundo! A cidade toda vai saber e vai ser impossível nossa missão falhar!

— Isso não estava no trato, Rose, você não disse que teríamos que nos beijar!

Rose fechou a cara na mesma hora, cruzando os braços e arqueando as sobrancelhas – ora essa, como se eles tivessem feito algum trato!

— O quê? Não sou bonita o bastante para você?

As bochechas de Scorpius coraram, ele sabia, não precisava nem sequer de um espelho para saber. Seu rosto todo estava em chamas e ele sentia.

— É claro que não, Rosie, você é linda! A questão não é essa!

— Para o mundo todo estamos namorando, Scorp. Teríamos que fazer isso mais cedo ou mais tarde. É até bom que seja na frente de Inez, porque é quase como se fosse na frente de todo mundo.

Rose estava certa, é claro que estava. Scorpius sabia. Mas isso não o impedia de sentir seu coração disparar e suas mãos suarem. Queria beijar Rose há anos, queria tanto que era impossível mensurar, mas daquele jeito parecia errado. Não parecia trazer sorte de forma alguma ter seu primeiro beijo com Rose sem ser de verdade. Sem ser por um bom motivo. Contudo, Scorpius teve que empurrar todo seu romantismo bobo – como Rose chamava – para lá. Tinha aceitado fazer isso no fim das contas, então deveriam fazer direito. Olhou para trás, vendo quando Inez começou a vir na direção do local no qual estavam.

— Vamos lá. – Disse ela com a voz baixa, mas confiante.

— Vamos lá. – Repetiu ele.

Rose deu um passo à frente e Scorpius agarrou sua cintura, trazendo-a para perto dele. Devagar, Rose puxou os óculos finos do rosto de Scorpius e os colocou no bolso, sem nunca quebrar o contato visual entre eles. Scorpius sentia tanta coisa de uma vez só que não sabia como não seria capaz de desmaiar ali mesmo. Talvez a única explicação fosse o momento, que já tinha sido tão aguardado por ele.

Ela acabou com a distância entre eles, colando seus lábios e segurando firme na nuca de Scorpius, que fazia o mesmo com a sua cintura.

No intervalo de tempo entre a hora que Rose falou que deveriam se beijar e o momento em que de fato se beijaram, Scorpius pensou que não teria como ser bom por não ser de verdade. O que seria uma pena, porque, se fosse ruim, Rose nunca mais cogitaria beijá-lo de verdade. Mas talvez fosse bom para ele, pois então, talvez, deixasse sua paixonite de anos pela melhor amiga de lado.

O problema era que ele estava errado e, assim que seus lábios se tocaram, algo dentro de si explodiu. O beijo começou lento, como se testassem a temperatura da água, se estivesse muito gelada, logo pulariam fora. Era assim que funcionava quase sempre. Só que a água estava ótima e logo a velocidade do beijo aumentou. Scorpius nem sequer pensou quando sentiu a língua de Rose na sua, apenas fez o que sabia que tinha de fazer. Deixou que uma de suas mãos fossem até a nuca de Rose, seus dedos entrelaçando-se nos cabelos dela e os puxando levemente. Foi quando percebeu que sua calça estava apertada de um jeito que nunca esteve antes que Scorpius soube que aquilo devia parar.

E então parou, aos poucos, quando o ar já estava ficando difícil de manter. Eles se afastaram, as bocas avermelhadas e o cabelo um tantinho quanto bagunçado combinando com o fôlego incerto. Rose comprimiu os lábios um no outro, olhando para os lados como se procurasse alguém. Ela estava constrangida e seu rosto estava todo vermelho, quase tanto quanto seus lábios e Scorpius sabia o porquê.

Ele não tinha como dizer por quanto tempo se beijaram, isso era certo. Talvez por mais tempo do que seria socialmente aceitável no meio do saguão de entrada de uma empresa – algo que Rose disse, depois, que era o de menos, afinal, a empresa era meio que dele e provavelmente ela estava certa. Porém, Scorpius também achava que estava certo ao pensar que um beijo daquele não poderia acontecer entre amigos, mesmo que de mentira.

Não olhou para trás para ver se Inez estava os assistindo, apenas podia esperar que sim. Ao invés disso, olhou para o balcão da recepção que ainda tinha a sacola marrom do mesmo jeito que ele havia deixado há poucos minutos. Scorpius fez a única coisa que podia para manter o mínimo de dignidade.

— Eles vão demorar muito, acho melhor eu mesmo levar. Para o meu pai, sabe. Ele deve estar com fome. Eu já volto.

Sem pensar muito, esticou-se e puxou os óculos do bolso de trás de Rose. Ele não pensou que teria problema. Já tinham feito aquilo várias vezes um com o outro e, se não estivesse tão desesperado para sair dali e esconder o volume intrometido que tinha nas suas calças, teria reparado que ao sentir o toque dele, Rose deu um pequeno salto.

 

— Inacreditável. – Murmurou Ron.

— Realmente inacreditável. – Concordou Draco.

Rose estava estranhamente em silêncio depois da fala de Scorpius e o garoto não conseguia saber se isso era um bom sinal ou não. Resolveu escolher que sim, pois ao menos ela não estava retrucando os pais.

— Três meses. Vocês mentiram para nós por três meses. – Draco balançava a cabeça.

— 18 anos! Prestes a entrarem na faculdade, agindo como crianças...! – Foi a vez de Ron. Scorpius ergueu os olhos para Rose, percebendo na mesma hora o que a garota queria dizer, porque ele também havia pensado, ainda que não tivesse o mesmo ímpeto da garota: Não teriam que agir como crianças se Ronald não agisse como um ancião.

— Não se esqueça, Weasley, do fato de só termos descoberto porque Albus não conseguiu segurar.

— É, Albus Potter e sua boca exageradamente grande! – Suspirou Rose, afundando-se no sofá, sem se preocupar com mais nada, pois a sessão de interrogatório dos pais parecia prestes a terminar. – Estragando a minha vida desde 2005.

 

O jantar havia acabado de ser servido e Albus conversava animadamente com Astoria Malfoy e sua tia Hermione quando Draco entrou na conversa.

Já sabe para qual faculdade quer ir, Al?

— Ah, não, ainda não.

— Scorpius está pensando em ir para Manchester. Você deveria ir também. Uma pena que Rose vai ficar aqui na Universidade de Londres. Ao menos não é distante, não é? Eles não precisam terminar.

Albus riu, cortando um pedaço do peru que estava em seu prato e o enfiando na boca logo antes de dizer:

— Não se preocupe com isso, tio, Hugo terminou o namoro. Logo, logo eles terminam também.

Nos filmes, tudo aconteceria em câmera lenta, um silêncio descomunal e torturante antes da explosão, mas é claro que Rose não poderia jamais esperar isso n’A Toca. Scorpius cuspiu o suco que estava bebendo, seu pai largou os talheres que segurava, Draco Malfoy se engasgou e ela cogitou seriamente fingir um desmaio quando sua mãe exclamou:

— O que você disse, Albus?!


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Notas finais do capítulo

[Morgan]: E esse foi o nosso primeiro capítulo!! É a primeira vez na vida que escrevo Fake Dating e tô feliz demais por 1) ter sido com a Ana e 2) ter sido Scorose no melhor mês do ano!

Foi divertido demais escrever essa história, nós realmente amamos e eu sei que sou totalmente suspeita pra falar, porque amo uma comédia adolescente friends to lovers, mas sério, eu fiquei feliz demais com o resultado.

Tem mais dois capítulos para sair, um amanhã e outro no sábado, então espero muito que vocês tenham gostado e possam nos acompanhar. Comentários são mt bem-vindos ♥ Até o próximo!



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