Bebês escrita por Carol McGarrett


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

E Elena está na reta final da gravidez e tem muita coisa par acontecer entre o Natal e o Ano-Novo. Enquanto apostas rolam para saber quando os bebês vão nascer.



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“Now there's one who came from me

A child of light, another tale

Dear one

Night will come but not to stay

Oh, why?

The answer's in the

How's the heart

Underneath the silence?”

(How’s The Heart – Nightwish)

— Eu estou enorme! Gigantesca! Mal consigo andar!

— Você disse isso há trinta segundos, Elena. – Reclamei.

— E vou repetir se você não me escutar! – Ela chiou do outro lado.

Levantei minha cabeça para a tela do celular e minha melhor amiga, gravidíssima de oito meses de gêmeos, me encarava de cara feia e comendo algo muito estranho.

— Mas o que é isso?

— Banana, canela, guacamole e pimenta! – Disse alegre.

Respirei fundo para conter a ânsia que subiu pela minha garganta.

— Achei que os desejos malucos tinham passado...

— Eu também. Mas me deu vontade de comer isso.

— Não é pimenta demais? – Mencionei ao ver Elena derramar um saquinho de uma pimenta bem vermelha em cima da banana que estava recheada com guacamole e canela.

— Não. É na medida exata. – Ela afirmou, acabou de colocar e comeu a estranha e horrorosa mistura como se fosse uma banana split. – E o que eu estava falando mesmo?

— Sobre a sua última consulta! – Informei.

— Ah! Sim. Isso. Eles estão bem. Thomas e Paget estão saudáveis. Só que sem previsão para chegarem.

— Eu já disse. Eles vão nascer na noite de ano novo!

— Só você acredita que eu vou chegar tão longe. – Ela desdenhou da minha previsão e deu outra colherada na mistura. – Tia JJ jura que eu não chego no Natal. Tio Spenc cravou dia 28 de dezembro. E eu não vou contra ele de jeito nenhum. – Garantiu.

— Meia noite do dia 1º de janeiro, ou Thomas ou Paget vão estar estreando nesse mundo! – Tornei a falar e me voltei para o meu livro.

— E quando vai ser a estreia do seu? – Elena perguntou debochada.

— Em dez, doze anos... tenho um caminho longo pela frente e Sean não quer filhos nem tão cedo. Por enquanto ele está sendo realocado a cada seis meses. Seria injusto com o bebê, com ele e comigo.

— DEZ ANOS?! Assim não vai dar para nossos filhos serem amigos! Os meus serão basicamente os tios dos seus! Pode tratar jeito de me dar sobrinhos, Elizabeth!

— Peça para o Jack. Eu já disse, nada de criança agora. Nem de casamento.

— Nem no ano que vem? Talvez no equinócio de outono... meus filhos já estarão quase andando lá.

— Não. Não vai ser agora, Elena, pelo amor de Deus! Eu tenho que me formar. Eu tenho que começar a minha carreira na política. Diferente do seu marido. Meus pais não são da política. Então, eu vou ter que remar tudo sozinha.

— Que seja... você está começando a ficar histérica novamente, melhor o Sean tomar cuidado ou você joga anel de noivado, aliança de compromisso, dog tags e sei lá mais o que na cara dele e ainda estapeia o coitado. – Ela fez piada.

— Não tem graça. – Sibilei.

— Você me chama de exagerada, mas você deu um verdadeiro show naquela noite... Os tapas....

— ELENA, CHEGA!! Não é porque você está grávida que pode ficar lembrando às pessoas dos erros que elas cometeram! E se fosse o contrário? E se eu estivesse ao lado do Sean agora, e você estivesse grávida e sozinha?! Você iria gostar que eu ficasse te lembrando que o Chris correu e te deixou sendo mãe solteira, de gêmeos?

— Não. Mas você...

— Então pare!!

— Mas você e o Sean estão juntos!! Que mal faz...

— Elena, pare! – Falei e encerrei a chamada.

Minha amiga ou estava sofrendo com o chamado cérebro de grávida ou estava achando que ninguém iria confrontá-la porque ela já está de oito meses. A verdade é que toda essa história da gravidez de Elena já estava me tirando do sério. Por que quando não era ela me enchendo a paciência, era alguém jogando piadas sobre o meu noivado com Sean e me perguntando se eu iria fazer igual à minha amiga e me casar grávida...

E parece que toda vez que eu ou Sean falávamos que tínhamos outros focos nesse momento, pior os comentários ficavam. As únicas pessoas que não falavam nada eram nossos pais e Tony e Ziva. Porque até a Abby já estava começando uma campanha sobre sobrinhos de olhos azuis e cabelos ruivos ou olhos verdes e cabelos castanhos.

— Povo maluco! – Falei ao ver que Elena tentava me ligar novamente e como eu recusei, ela me mandou uma mensagem me falando que eu não tinha esportiva com uma mísera brincadeira.

— Uma brincadeira bem sem graça... mas ela não sabe o que eu passei nos dez meses que fiquei longe de Sean. Ela nem faz ideia do que isso significa. – Falei ao desligar o aparelho e arremessá-lo na cama. Tinha que me focar em meus estudos, ainda tinha quase três semanas de aulas pela frente e como sempre os professores tinha nos atolado de trabalhos.

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— Elizabeth não tem esportiva nenhuma! Nenhuma! – Comentei com Chris que tinha acabado de chegar em casa.

— Posso saber por quê? – Ele se sentou do meu lado e me deu um beijo.

— Porque fui comentar que ela já está ficando histérica com a pressão do final de semestre e a digníssima desligou na minha cara.

— Só isso?

— SIM! Ela tá histérica igual quando terminou com Sean. Pelo amor de Deus! O que custa entrar no clima de uma brincadeira? Tem um monte de gente me chamando de hipopótamo e eu estou de boa!

— Se você está dizendo. E como foi a consulta hoje?

— Estamos bem. Só que sem data para o parto. Pode ser amanhã, daqui a duas semanas ou só no ano que vem, mas não passa de 10 de janeiro. – Informei.

— E você? Dizem que as mães sempre sabem... – Chris me perguntou, acariciando a minha barriga e tentando conversar com nossos filhos.

— Não faço ideia. Creio que essa parte do programa “ser mãe” não foi instalada no meu sistema. – Fiz piada.

— E eu posso saber o que é isso que você está comendo? Os desejos já não tinham passado?

— Pois é... acho que voltaram. E sabe? – Perguntei ao lamber o garfo com o restinho da mistura de guacamole, pimenta e canela, eu tenho lá as minhas dúvidas se eu vou conseguir olhar para isso, sem passar mal assim que eles nascerem...

— Eu espero que esses desejos estranhos realmente passem, pois esse aí tá cheirando muito mal.

Fiz uma careta.

— Tá vendo, para mim tá cheirando muito bem! – Falei.

Chris iria me responder, porém a campainha o impediu.

— Isso é Deus mandando você ficar calado sobre as minhas escolhas de comida! – Gritei enquanto ele ia atender a porta.

Me aconcheguei no sofá, apoiando a vasilha de tacos em cima da minha barriga e o pote de sorvete do meu lado, comendo enquanto trocava de canal.

— Mas que cheiro é esse? – Escutei a voz de minha mãe.

— Ahn... Sorvete! – Levantei a vasilha.

— Isso aqui não é sorvete. – Ela apontou para o prato sujo onde estava a banana.

— Até a senhora!?

— Mas o que é isso? Que mistura foi essa, Elena?

— Banana, canela, guacamole e pimenta.

A careta da minha mãe foi impagável e sobrou para o meu marido levar o prato para a cozinha, ou era bem capaz que Dona Emily Prentiss passasse mal na sala.

— Isso aí é?

— Tacos de sorvete.

Minha mãe levantou a sobrancelha.

— Tudo bem, quanto tempo mais teremos que aturar esse seu paladar único?

— Não sei. Não me deram data. Mas não passa de 10 de janeiro, como falei com Chris.

— Então estamos nas últimas quatro semanas? – Ela se sentou do meu lado.

— Sim. E eu não estou enxergando os meus pés há duas. Como vou sobreviver?

— Poderíamos fazer uso daquele plástico bolha que Sean e Lizzy te deram. – Meu pai brincou.

— Muito engraçado. Nossa! Olha como estou rindo! – Fuzilei o Diretor do FBI com os olhos.

— Ainda é o meio mais seguro. Já que, quando você pode enxergar os seus pés, você consegue tropeçar em uma superfície lisa e sem obstáculos, imagina agora? – Ele continuou.

Resolvi por ignorar o comentário. Viu como é fácil? Não gostou, ignora. Não precisa subir nos tamancos e fazer um escândalo como Elizabeth.

Minha mãe começou a falar da festa de final de ano. Disse que queria dar uma verdadeira festa. Eu concordei com tudo o que ela estava falando, mesmo não prestando muita atenção.

E meus pais ficaram por quase uma hora, jantamos juntos, ou eles jantaram, pois eu continuei com meu Taco de Sorvete, e antes de sair, mamãe disse:

— Então você concorda comigo?

— Claro que sim, mãe! Vai ser ótimo! – Falei na porta.

Ela me deu um abraço e seguiu ao lado de papai até o carro.

Esperei até que eles arrancassem o carro e fechei a porta. Chris que estava do meu lado, apenas me perguntou:

— Você tem ideia do que acabou de concordar?

— Não. Não estava prestando atenção na falação dela. – Falei, subindo devagar a escada para o quarto.

Chris começou a rir.

— Pelo visto você escutou. – Me virei para ele.

— E estou assustado que você não tenha prestado atenção e discordado.

— Com o que eu concordei? – Perguntei desconfiada.

— Em se vestir de Mamãe Noel, com direito à peruca branca e ir até um hospital para dar os presentes para as crianças.

— Minha mãe quer me vestir de mamãe Noel e de peruca branca?! – Minha voz subiu umas cinco oitavas saindo praticamente esgoelada.

— Sim.

— Espero que esses bebês nasçam antes do Natal... assim terei como cancelar essa ideia louca da minha mãe sem ferir os sentimentos de ninguém. Porque nem por decreto eu vou colocar uma peruca branca na cabeça!! Minha mãe só pode ter enlouquecido! Só pode! – Comecei a falar sozinha e me voltei ao meu passo de pinguim para subir a escada. – Onde já se viu, colocar uma mulher grávida para ser Mamãe Noel! Só porque está parecendo que eu engoli uma bola de pilates??? Ela pirou de vez! E por que você não a impediu? Você deveria ter falado alguma coisa!! – Me virei para Chris e comecei a acusá-lo.

— Veja bem, Elena, nos últimos meses você tem tido algumas ideias um tanto fora da sua realidade... não achei que você estivesse realmente distraída à ponto de concordar com algo como esse sem você querer!

— Como é que é? Você acabou de falar que eu estou fora da realidade por conta da gravidez??? – Encarei meu marido.

Chris me olhou de volta.

— Você concordou em fazer um chá de bebês com o tema de Star Wars... e você sempre foi fã de Star Trek. Depois tem todas essas comidas estranhas e fedorentas... e.

— E?

— A roupa que você colocou para nossos filhos dentro das bolsas da maternidade.

— O que? Não podem sair vestidos de Mickey e Minnie?

Ele fez uma careta.

— Vai dormir no sofá, no quarto de hóspedes, mas não do meu lado! – Gritei e voltei a andar para o quarto.

Eu não estava louca, e nem com ideias estranhas. Essa era eu! E eu não queria bancar a Mamãe Noel!! Não mesmo! Não sou uma velha! Só estou grávida!

A minha família que é doida! A minha família!!

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2 SEMANAS DEPOIS

Dona Emily tinha me pedido para ajudar no hospital esse ano. Tudo bem, era uma ação em conjunto com a ONG da Abby, então não teve como eu dizer não.

Assim, me vi chegando em casa, carregada de mala, e mal tinha pisado na sala, meu pai apareceu lá dos confins do porão, me dizendo que Penelope tinha aparecido e me deixado uma caixa.

— Onde está? – Perguntei depois de abraçá-lo e depois que ele deu uma boa conferida na minha aparência, pelo visto eu apavorei muita gente no final do semestre passado.

— No seu quarto. – Ele me informou e voltou para o porão.

Mesmo morta de cansada e um tanto atrasada, fiquei curiosa, com o que ele estava aprontado agora, então, corri atrás dele.

— E o que o senhor está fazendo? – Perguntei do alto da escada.

— A cadeira de balanço de Elena. – Ele me respondeu. E eu dei uma boa olhada para a peça, estava ficando tão linda!

— Já, já aquela louca vai precisar dela! – Comentei ao parar do lado dele. – Vai pintar de qual cor? – Comecei a mexer nas tintas que tinham ali.

— Vou perguntar para a Elena. – Ele disse simplesmente.

— Faz isso não. Ela tá maluquinha. Cada dia gosta de uma cor diferente. O cérebro dela morreu de vez. Cada hora ela gosta de uma coisa mais horrenda que a outra. Quer uma ideia?

Papai me olhou.

— Pinte de branco. E só os nomes que o senhor entalhou aqui e aqui – apontei para a parte interna dos braços da cadeira. - deixe colorido. Vai ficar muito melhor e ela vai poder deixar a cadeira na sala da casa dela, pois combina com o ambiente.

— Estava pensando que ela iria colocar no quarto.

— Chris achou melhor que cada um dos bebês tivesse o próprio quarto... e se fosse assim, o senhor teria que fazer duas. – Informei. – Mas se serve de consolo, está linda!! Mas o senhor sabe fazer isso. – Dei um beijo na bochecha dele. – Deixa eu ir ver o que a PG me trouxe, porque estou atrasadíssima para ir ao hospital! – Subi correndo a escada.

E eu mal joguei minha bolsa em cima da cama e voei no embrulho, para quase morrer de rir.

— Sério?!! – Peguei a fantasia de duende nas mãos. – Meu Deus! O que a gente não faz! – Comecei a rir.

Tomei um banho rápido e me vesti de duende, com direito à chapéu, meias listradas e sapatilha vermelha.

Joguei um casaco preto por cima, só para dar uma disfarçada e desci a escada, esperando poder pegar um carro emprestado.

— Mas o que é isso?! Festa à fantasia? – Papai, que estava na sala lendo um livro, me perguntou.

— Não. Sou duende do Papai Noel... Era isso que estava dentro da caixa.

Papai segurou a risada, eu sei, estava ridícula, mas era pelas crianças doentes. Valeria a pena. Ou era assim que eu tentava me convencer a sair de casa vestida desse jeito.

— Precisa de mais alguma coisa?

— Sim... um carro.

— A chave está no pote perto da porta. Só cuidado para não ser presa... e enviada para um hospício ao invés da cadeia. – Papai fez piada.

— Eu vou tentar. – Falei e saí para a noite fria.

Dirigi tranquilamente até o Hospital e mal parei o carro, Abby, também fantasiada de duende, veio para perto de mim, para me dar um abraço de urso.

— E como foi esse final de semestre? Mais tranquilo que o último?

— Sim, Abbs, foi. E, só por curiosidade, quem vai ser o Papai Noel?

Ela riu. E PG, que estava por perto, também.

— Não teremos um Papai Noel. Mas uma Mamãe Noel.

— Sério? Que legal! E quem vai ser?

PG e Abbs trocaram uma olhada e depois apontaram para um carro parado mais perto da porta, de longe eu via Dona Emily e à medida que chegava mais perto pude escutar a voz de Elena.

Já ia dizer que ela seria a Duende mais desengonçada da face da Terra, quando eu vi a fantasia dela.

Elena não seria duende nada... Mas sim a Mamãe Noel, com direito a óculos e cabelos grisalhos.

— Se você começar a rir, ô Duende de Fogo, eu vou sentar a mão em você!! – Me ameaçou.

Levantei as mãos em sinal de rendição. Quando a mãe dela saiu de perto, Elena me encarou.

— Eu nunca mais prometo nada sem saber o que a pessoa tem em mente. – Disse.

— Como assim? – Perguntei.

— Isso aqui. Eu concordei com isso, sem saber o que era. Agora... estou vestida de velha, e meus filhos nem para nascerem para me livrarem de uma promessa que fiz.

— Acontece. – Tentei ser solidária à minha amiga. - Você estava comendo quando te fizeram a proposta?

— Sim.

— Isso explica muita coisa. – Falei tentando segurar a risada.

— É... mas tem um lado bom.

— Que é?

— Sou uma velha. Além de estar grávida. Vou te fazer de escrava. A Duende escrava.

— Estava demorando sobrar para mim. – Murmurei.

— Você não sabia que seria com fantasia?

— Não.

Elena riu.

— Imagino a sua cara.

— É pelas crianças. – Afirmei.

— É... continua dizendo isso... se der certo para você, me fala. Pois eu não me convenci de jeito nenhum!

Fiz uma careta.

— Tem mais alguém para chegar? – Perguntei olhando em volta.

— Sim, Ellie, Ziva

— A Ziva de Duende? – Quase que eu grito de abismada.

— Sim... e eu só quero ver no que isso vai dar, porque tia JJ e tia Tara também vão vir.

— A Tara?? Tara??

Elena começou a rir.

— Seremos as piores duendes da face da Terra. Sua mãe escapou por pouco...

— Ou ela está falando que está trabalhando para não se vestir assim. - Falei desconfiada.

— Isso pode estar acontecendo também. Porque tenho certeza de que ela mandou um caminhão de presente. – A grávida da turma falou.

— Com certeza isso é consciência pesada.  – Confirmei.

Esperamos mais uns dez minutos, até que JJ, Ellie, Tara e Ziva chegaram. As duas últimas eram as piores encarnações de duendes ajudantes de Mamãe Noel que eu já tinha visto.

— Uma palavra. Uma mísera palavra, e eu atiro nas duas. – Tara avisou ao passar por nós.

— E eu mato as duas com um clipe de papel. – Ziver avisou.

Elena e eu só trocamos olhares assustados.

— Bem, meninas! Hora do show! – Abbs anunciou.

— Só se for show de horrores! – Tara murmurou em algum lugar atrás de mim.

E eu juro, se tivesse alguma foto registrando esse momento, seria considerado o pior evento de Natal da história!

Ao todo ficamos dentro da ala infantil do hospital por três horas. E, depois dos presentes surpresas, dos choros das crianças em ganharem presentes quando elas não esperavam e de fazerem Elena, ou melhor, a Mamãe Noel, ler umas três histórias, alguém do staff do hospital teve a brilhante ideia de tirar uma foto.

— Ah, gente, nem ficou tão ruim assim! – PG falou.

Olhei por sobre o ombro da analista.

Sim, tinha ficado horrível.

Elena que ia andando igual a um pinguim ao meu lado, o que rendeu o apelido de Pinguim Noel a ela, suspirou e falou.

— Céus... eu nunca mais quero engravidar na vida. Eu tô horrorosa. Inchada, gorda, minha cara parece uma lua cheia! Olha que horror! – Elena comentou.

— Vamos ser sinceras. Ninguém ficou bem nisso aí! E nem tem como. Essas roupas são feias de dar dó! – Ziva foi a sincerona de sempre.

— Nós não viemos aqui para um desfile de moda, viemos para uma boa causa. – Penelope falou.

— E foi o que fizemos. O resto não é importante. - Abby completou.

— Imagina se não é importante! Essa foto vai ficar dependurada na ala infantil. Todo santo dia alguém vai olhar para isso! – Elena continuava a reclamar.

— Você é quem deveria estar reclamando menos! – Tara retrucou. – É você quem está escondida atrás de óculos e peruca. O resto de nós estamos com a cara limpa!

Elena bufou contrariando a tia.

Dei outra olhada na foto. E seria difícil passar sem olhar para aquilo. Pelo menos, eu esperava que a pessoa que mirasse o show de horrores, desse boas risadas da falta de senso das doidas que se vestiram daquele jeito para alegrar o Natal das crianças.

— Agora, só no ano que vem! – Abbs disse dando um pulo.

Ellie olhou para Ziva, Tara fingiu que não ouviu. JJ e Dona Emily conversavam mais atrás. Elena tentava se ver livre da peruca. Eu peguei o celular no bolso, fingindo ter algo para fazer. Só PG deu ouvidos e começou a planejar o próximo Natal.

— Eu estou fora no ano que vem! – Elena anunciou.

— E posso saber o motivo? – Dona Emily perguntou.

— Dois filhos. Com quase um ano. Não vai rolar. Não mesmo! Procurem por outra Mamãe Noel.

Os olhos caíram em mim.

— Ainda falta muito tempo, né? – Desconversei ao levantar os olhos da tela do celular.

As mulheres à minha volta não caíram na minha saída de mestre.

— Bem... vou indo. O carro não é meu!! Um Feliz Natal para a Senhora Dona Emily. Para você, JJ. Tara, não exagera no vinho na casa do Rossi! PG, Feliz Natal. Abbs, Ellie e Ziva, nos vemos na casa do Ducky esse ano! – Saí abraçando a todas e corri dali.

— E eu?! – Elena disse injuriada, soando como uma criança deixada de fora da brincadeira de rodinha.

— Depois tenho que passar na sua casa para entregar os presentes dos meus sobrinhos! E segura esses dois aí dentro até na Noite da Virada, porque o valor das apostas está alto, e o Sean quer trocar de carro! – Gritei por sobre o ombro e entrei na pick up do meu pai.

Em duas batidas do coração estava fora do estacionamento. E tinha que ser rápido assim, afinal, Ziva estava entre elas e ela poderia estropiar a velha caminhonete com qualquer coisa.

Quando já estava fora do alcance de qualquer uma delas, reduzi a velocidade e pude ir vendo as luzinhas de Natal... a cidade estava linda! E me deu uma saudade de quando meu pai me colocava no banco de trás e rodava por quase duas horas por toda DC e arredores para me mostrar as luzinhas...

— Bons tempos. – Murmurei ao engatar a primeira e arrancar quando o semáforo abriu.

Dirigi devagar até minha casa, e assim que desci do carro, a porta da casa da frente se abriu.

— Bonitas meias...  – Meu noivo comentou.

— Pode parar. – Avisei.

— Foi aonde usando isso? E esse chapeuzinho?

Na mesma hora tirei o chapéu.

— Ala infantil, entregar presentes.

— Ah! – Ele disse mas não conseguiu segurar a risada.

— Eu sei, ria à vontade, e você só viu as meias e o chapéu. – Falei e fui andando para a porta.

Nem precisei abrir, minha mãe já estava me olhando, sobrancelha levantada e um sorriso de lado que ela tentava esconder.

— Se livrou disso. – Avisei ao passar por ela. – E a sua consciência pesada não vai te deixar dormir hoje. – Ameacei.

Quando eu tirei o sobretudo, a gargalhada foi geral.

— Olha, eu tava fazendo uma boa ação. Dá um desconto. Eu sei que tá feio.

— Feio?! Você foi bem generosa, Liz. – Sean falou e ele e papai começaram a rir.

Parei e cruzei os braços, encarando os três.

— Riem mesmo. Façam isso. Minha vontade era de me enfiar debaixo de um trem para não sair assim. Mas foi pelas crianças, e elas ficaram felizes!

— E isso acalmou o seu senso aguçado de moda? – Mamãe perguntou depois que a crise de riso passou.

— Não. Foi outra coisa.

— Que foi? – Até meu pai estava se divertindo às minhas custas.

— Eu não fui a Mamãe Noel.

Claro que Sean, sendo O curioso, passou na frente de minha mãe para perguntar:

— E quem foi?

Não contive a sorriso.

— Elena.

A risada foi geral.

— É o que bem dizem, se você acha que tá ruim, pode sempre piorar. – Terminei de falar em meio as gargalhadas.

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— E pelo amor de tudo o que há de mais sagrado, não comenta com o Chris que eu me vesti de velha!

Minha mãe começou a rir.

— Com medo dele ter uma visão do futuro, filha?

Joguei a peruca nela, que, claro, pegou sem que encostasse nela.

— Não seja exagerada, Elena. Chris vai saber que isso é brincadeira.

Não acreditei nela.

— Como você está cética hoje. Vamos mudar o assunto.

— Eu não estou sentindo nada. Desculpe decepcionar a senhora, mas creio que vai perder a aposta.

Minha mãe começou a rir.

— Do jeito que as coisas estão indo, ninguém vai ganhar.

— Ainda acredito no Tio Spenc. - Falei. – Ele não erra nunca! – Garanti. – E eu jamais apostaria contra ele.

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Mas, acontece, que eu deveria ter apostado contra o meu tio. Porque ele errou, e errou feio.

Já é dia 31/12. Eu estou a cada dia maior. Prestes a explodir.

Passei um Natal sofrível. Nem a perspectiva de abrir os presentes de meus filhos – e olha que foram muitos. -  fez o meu dia ser memorável. Eu mal podia andar! Para todo lado que eu olhava as mulheres ostentavam saltos e vestidos bonitos e eu... bem, eu parecia um botijão de gás! E de nada ajudou quando Liz apareceu, toda trabalhada no salto alto, carregando os presentes e o noivo a tira colo, e, depois de se sentar comigo e ouvir as minhas reclamações disse que tinha uma coisa que me deixaria feliz.

Aquela ruiva doida, junto com aquele Marine Suicida, me fez ficar de pé, e Sean apareceu com uma bola de pilates que Lizzy logo colocou na frente da própria barriga e escorou na minha. Como se fosse uma competição de “quem usou melhor”.

Ela é maluca e achou o maluco certo, porque Sean tirou foto. Talvez, quando meus filhos nascerem e eu estiver quase de volta ao meu corpo normal, eu ache graça desse momento, mas, por enquanto, não. Não achei e não acho graça.

Logo depois desse momento estranho, Sr. Gibbs e Dona Jenny apareceram, com mais presentes. Nem preciso dizer que chorei igual a um bebê quando vi a cadeira de balanço que ganhei do Sr. Gibbs. Chorei tanto que acabei abraçando-o e chorando no ombro dele. E sabe o que ele fez? Me abraçou de volta e pediu que eu me acalmasse, nunca pensei que ele fosse tão fofo!! Isso na frente de todo mundo!!! Eu já estava descontrolada há muito tempo, mas esse foi o ápice! E depois dessa cena toda, foram atualizados os dados da aposta.

Minha mãe e meu irmão estavam fora da disputa, junto com Abby e PG.

E a cada dia depois do Natal, foi uma pessoa que foi saindo.

E agora restam quatro pessoas na lista.

Lizzy, Sean, que apostam na noite de ano novo. Dona Jenny que acha que eles nascem no dia dois e meu pai, que tem certeza de que será dia 10, o último dia do prazo antes da cesárea. Meu pai que me desculpe, eu não aguento mais dez dias com essa barriga, mas nem por decreto do Papa!!!

E, aqui estou eu, como eu não esperava chegar tão longe grávida, não tenho roupa para a noite de Ano Novo. Chris jura que não tem problema, que ele não liga de ficar em casa.

Acontece que é a nossa primeira noite de Ano-Novo como casados. E eu queria muito que fosse especial.

— E vai ser, Lena. – Ele repetia no meu ouvido, enquanto eu chorava de desespero.

— Como? Comigo igual a um hipopótamo?

— Não está tanto assim. – Ele tentava me confortar.

— Eu vou sair do hospital pesando 100kg, você vai ver! – Comecei a chorar.

Chris, como tem feito nas últimas semanas, me abraçou forte – de lado, de frente é impossível – e ficou dizendo que estava acabando. Que logo, logo, nossos filhos estariam em nossos braços.

E foi assim que ficamos até que deu dez da noite. E eu comecei a sentir uma dor muito estranha.

De início eu achei que poderia ser qualquer coisa. Talvez uma das combinações estranhas que eu andei comendo poderia ter me feito mal, ou era só a minha coluna cansada de carregar tanto peso extra, reclamando novamente.

Acontece que não era nada disso. Pois, eu fui descobrir alguns minutos depois que as pontadas que eu sentia eram espaçadas. E muito, muito doloridas.

— Chris... – Chamei por ele, nós dois estávamos deitados no sofá da sala, vendo um filme qualquer na TV.

— Que foi Lena? Quer ajuda para se levantar?

— Também. Mas precisamos ir para o hospital. Eles estão para nascer. – Apontei para a minha barriga e tive que respirar fundo, outra contração me atingiu.

Eu juro, por todos os nove meses, eu achei que quem entraria em parafuso na hora do parto seria eu. Pensei que eu entraria em um nível de pânico tal, que teria que ser sedada para que não começasse a chorar ou surtar na sala de parto.

Só que isso não aconteceu. Eu estava além de calma. Muito tranquila. Como se essa situação fosse a mais corriqueira da minha vida.

Quem estacou foi Chris. Ele nem piscava, completamente congelado onde estava.

— Ah, pelo amor de Deus! Acorda! – Dei um tapa nele. – Não me faça ligar para o meu pai para que ele me leve para o hospital quando eu vou dar à luz para os seus filhos!!

Ele voltou para o presente e saiu correndo. Me deixando na sala.

— Muito obrigada pela consideração. – Gritei na direção da escada por onde ele tinha saído correndo.

Sem saber o que ele estava fazendo, me sentei novamente, estava difícil ficar de pé e peguei meu celular, pesando minhas opções, mandei três mensagens.

Uma para minha mãe. Outra para PG e a última para a madrinha de um dos bebês – o que nascesse primeiro! – Liz.

Estou indo para o hospital. Parece que você ganhou a aposta, Liz. Espalhem a notícia, por favor.

A sala de espera viraria o pandemônio de tanta gente.

Chris apareceu logo em seguida. Com as malas dependuradas nos ombros largos, olhos esbugalhados e uma combinação nada legal de roupa de frio. Ele tinha perdido o senso. As fotos da maternidade seriam mais ridículas do que a que tiramos vestidas de Mamãe Noel e as suas Duendes.

Enquanto ele correu para o carro, mandei uma outra mensagem para Liz:

Preciso que você busque uma roupa para meu marido. Ele pirou de vez e eu nem sei descrever o que ele está vestindo, de tão feio!

A resposta dela veio de imediato.

Pode deixar, estamos à caminho. Te vejo na maternidade!

Estreguei sua noite, hein?

Nada. Sean vai trocar de carro com o dinheiro da aposta! Muito obrigada!!

E meu marido voltou para dentro de casa, todo esbaforido, respirando cachorrinho.

— Posso saber o motivo para você estar respirando assim? – Questionei.

— O médico não mandou respirou assim?

Me mandou respirar assim. Não você!!

— Então, por que não está respirando?

— Porque não preciso, não ainda! – Retruquei quando entrei no carro.

— Mas já vai treinando! – Falou antes de fechar a porta.

Se chegássemos vivos ao hospital, já seria uma boa coisa.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Chegamos em vinte minutos, e as minhas contrações estavam estabilizadas em crises de quinze minutos. Por incrível que possa parecer, meus pais já estavam lá, assim como Tio D.

— Como chegaram tão rápido? – Perguntei assim que os vi.

— Acho que o seu marido é quem dirige devagar. – Papai respondeu.

— Não liguem para ele. Surtou. – Comentei.

Meus pais e meu tio olharam para ele.

— O que é aquilo? – Savannah perguntou.

— Não se preocupem, A Salvadora chegou! – Ouvi Liz cantarolando.

— E onde é a festa? – Perguntei injuriada, vendo o vestido dela e Sean todo trabalhado no uniforme de Gala dos Fuzileiros. Os dois eram a encarnação do que eu queria para a minha primeira Noite de Ano Novo de casada.

— Bem... está acontecendo no Clube dos Oficiais de Quântico. Mas isso não importa, cadê o... – Liz olhou para meu marido. – Deus! Alguém chama o Esquadrão da Moda para ele! – Ela completou com uma careta.

— É, a coisa tá feia. Ele tá até respirando cachorrinho no meu lugar.

Com cinco minutos me levaram para um quarto, e Liz fez com que Chris trocasse de roupa, porque quando ele apareceu na minha frente estava muito bem arrumado de suéter e calça jeans.

— Ainda não acredito que você mandou a Liz arrumar a minha roupa! - Ele me falou, todo revoltado.

— Alguém tinha que fazer isso! Porque você tá Piradinho da Silva.

Meu marido fingiu que não tinha escutado.

— Meus pais chegaram. Todo mundo já está lá fora. Menos Liz.

— Como assim? Ela voltou para a festa?

— Dona Emily me falou que expulsaram a Ruiva doida daqui. Depois que umas duas grávidas começaram a gritar com ela, perguntado como ela tinha coragem de aparecer na ala da maternidade usando uma roupa que nenhuma mulher que está aqui vai usar por, pelo menos, seis meses.

— Bem feito pra ela. – Eu ri, afinal eu fiquei bem ofendida com o vestido dela... não que fosse escandaloso, mas eu não entraria naquilo nem tão cedo.

— E como uma das grávidas ficou bem ofendida, a enfermeira mandou Liz ir embora para trocar de roupa.

— E Sean foi junto. – Falei.

— Foi.

Revirei meus olhos. Claro que o Marine seguiria a noiva como um cachorrinho bem treinado... Liz garantiu isso em todos esses anos de namoro.

— Mas a vinda dela até que valeu para alguma coisa. – Comentei.

— Você virou a exagerada, não estava tão feio assim... – Ele tentou defender o indefensável.

— Tem razão, estava ridículo! – Eu comecei a rir.

E, na próxima hora, um por um dos meus familiares apareceu no quarto para me desejar felicidades e uma boa sorte.

Até Liz, que tinha voltado com uma roupa normal.

E quando deu quinze para a meia-noite, a médica me encaminhou para a sala de parto. Passando por todos eles, deitada em uma maca, só pude escutar a seguinte frase:

— Podem pagar, nós levamos a aposta!

Era Liz quem falava.

— É assim que você se importa comigo? – Briguei com a minha amiga.

— Eu me importo com você, Mortícia, só não posso fazer mais nada agora! Boa sorte!! Nos vemos daqui a pouco. E não se esqueça, o primeiro que nascer é o meu afilhado!!

Eu mal tinha sido colocada na cadeira e a médica me mandou empurrar. Fiz o que ela falou e o bebê não nasceu.

Fiz mais força, apertei a mão de Chris que ainda respirava cachorrinho e agora ofegava de dor também e gritei.

E nada.

Quando eu achei que não teria mais forças para trazer os meus bebês ao mundo, escutei fogos de artificio, era ano-novo.

E uma contração monstruosa me fez me encurvar para frente e gritar de dor.

Com os fogos ainda estourando do lado de fora do hospital, pude ouvir um choro agudo de quem não estava nada contente em sair de um lugar quentinho e seguro.

— É um menino!

Não era “um menino”, era o meu Thomas, que nasceu no primeiro minuto do ano novo. E pelo pouco que pude ver, ele tinha cabelos pretos e olhos azuis.

Mas não pude aproveitar meu primeiro contato com meu filho, pois ainda tinha a irmã dele para nascer.

Mais quinze minutos de agonia e Paget nasceu. Grandes olhos castanhos e cabelo escuro. Creio que muito parecida comigo.

Meus filhos chegaram nesse mundo, mudando completamente a minha vida e ainda não tinha se passado meia hora do ano de 2028.

Olhei para Chris, e ele, tinha um sorriso imenso no rosto e olhos marejados, e durante a nossa troca silenciosa de olhares eu soube que ele estava tão emocionado quanto eu.

— Eles estão aqui. – Murmurei

— Eu sei, Elena. – Ele respondeu a meia voz e depois se abaixou para me dar um beijo. – Muito obrigado!

E eu comecei a chorar.

Com pouco uma enfermeira o levou dali, o papel dele tinha acabado, nos veríamos no quarto, em pouco tempo. Eu agora tiraria um cochilo, enquanto ele anunciaria para nossa família e para nossos amigos que tudo tinha corrido bem.

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Como uma boa madrinha, depois que foi expulsa por um bando de grávidas raivosas, injuriadas com a minha roupa e pela altura do meu salto, voltei à Maternidade, com uma roupa bem mais apropriada e fiquei lá na sala de espera, vendo famílias irem e virem, futuros papais quase terem um infarto de tão nervosos e observando a família de Elena e Chris, isso sem falar da família agregada.

Derek, Savannah, JJ, Will, Matt e Kristty eram os mais tranquilos. Tara tentava esconder a ansiedade, mas não estava tendo sucesso. Penelope andava de um lado para o outro, praticamente correndo pela minúscula salinha, Luke tentava acalmar a namorada, mas não estava funcionando não. Reid estava soltando uma enormidade de estatísticas que iam desde o número de partos de gêmeos por ano, até o percentual de nascimentos de meninas e meninos. Por fim, começou a falar quais eram os nomes mais comuns.

E, os únicos com razão para estarem nervosos eram os avós. A família de Chris, que eu não conhecia muito bem, estava sentada em um canto, conversando entre si. Já Dona Emily, Sr. Hotchner, Jack e Lara estavam nervosos. Eu sabia que Dona Emily era ansiosa, mas não sabia que era tanto. Pois ela não parou de bater o pé nem por um minuto! Mesmo que o Sr. Hotchner pedisse que ela parasse.

Sean só me cutucava na cintura cada vez que algum deles começava com uma nova rodada de crise de ansiedade.

Eu estava preocupada com a minha amiga, claro. Sempre pode acontecer complicações. Mas ela estava bem amparada. E se a descoordenada da Elena sobreviveu nove meses de uma gravidez de gêmeos, não seria agora que algo iria acontecer.

Todos estavam em seus cantos, até que Scott, o irmão de Chris lembrou das apostas.

E, a julgar pela hora, eu e Sean havíamos ganhado.

Sra. Evans foi dura na queda e mandou o filho mais novo ficar calado. Mas tudo foi para os ares quando levaram uma Elena tranquila até demais para a sala de parto e um Chris completamente desesperado, respirando como se fosse ele quem teria os bebês, tropeçando atrás da maca.

Uma cena e tanto, que eu me segurei para não rir. Olhei para Sean e ele tentava entender como os dois haviam trocado de lugares tão rápido. Eu não podia perder o momento. Se eu havia acertado que seriam gêmeos, teria que coroar a minha vitória acertando o momento de nascimento. Assim falei, para chamar a atenção da Elena:

— Podem pagar, nós levamos a aposta! – Apontei para Sean e para mim.

— É assim que você se importa comigo? – Elena brigou comigo, me olhando com uma cara feia entre uma contração e outra.

— Eu me importo com você, Mortícia, só não posso fazer mais nada agora! Boa sorte!! Nos vemos daqui a pouco. E não se esqueça, o primeiro que nascer é o meu afilhado!! – Avisei.

Elena, sendo ela, e estando sentido dores inimagináveis, só levantou o dedo do meio para mim.

— Creio que a gravidez fez o bom senso dela voar pela janela. – Jack falou rindo.

E ainda bem que Elena não escutou, ou era bem capaz que ela saísse xingando o irmão em russo.

E os minutos passaram. Dona Emily ia e voltava toda hora, agora comendo os dedos, as unhas já tinham ido há tempos. Sr. Hotchner, que já tinha desistido de tentar acalmar a esposa, estava encostado na porta, olhando do corredor que levava às salas de parto para o relógio a cada trinta segundos. Jack e Lara estavam até tranquilos, não tinha muito tempo assim que eles estavam no lugar de Elena.

Quando me escorei em Sean para poder dar uma descansada, Dona Emily parou do meu lado e enlaçou o braço no meu.

— A Elena vai ficar bem, né?

Tinha quase vinte pessoas na sala e ela veio perguntar justamente para a única que não fazia ideia do que estava acontecendo na sala de parto?!

— Vai! – Garanti.

— Nem você sabe, né? – Me perguntou sorrindo.

— A Elena já passou por coisa pior, Dona Emily. VAi dar tudo certo. É muito bom isso acontecer, afinal, ninguém aqui quer tomar conta dos clones dela que estão chegando, né?

E a mãe da minha amiga riu.

— Você tem razão, ela já passou por coisa pior. Já foi até presa!

— Exatamente. Daqui a pouco chegam as notícias. – Afirmei. E eu achei que ela ia para o lado do marido, mas Dona Emily ficou ali, do meu lado, como se eu pudesse fazer algo para acalmá-la. Logo eu!

Sean me deu um chute na canela, como que me perguntando o que estava acontecendo, tudo o que eu pude fazer foi dar dois beliscões nele, espero que ele tenha entendido que eu não estava entendendo nada.

Cinco... Dez... Quinze... Era meia-noite. Do lado de fora os fogos começaram as estourar. Era Ano-Novo. Mas na sala, ninguém se mexeu. Ninguém desejou um ótimo ano para quem estava do seu lado. Era como se fosse uma noite comum. Uma noite qualquer. Todo mundo só olhava para a porta, na espera do médico ou de Chris.

Os fogos continuaram, alguns andares abaixo, alguém gritou:

— FELIZ ANO NOVO PARA TODO MUNDO!

Não houve resposta.

Eu não saberia dizer se essa demora é normal. Nunca passei por isso. E também nunca perguntei para ninguém. Até porque, minha mãe, não tinha dado a luz a mim, então ela não saberia me informar.

A única pessoa próxima a mim que saberia dizer algo era Ziva... Mas, o parto de Tali foi tão rápido, que a única coisa que me lembro foi de Tony com a mão imobilizada por duas semanas – Ziva quebrou os quatro dedos dele na hora em que Tali nasceu. Assim, acho que nem a Ziva seria um bom parâmetro para o que estava acontecendo agora.

Ainda de braço dado com Dona Emily, percebi que JJ começou a ficar inquieta, achei isso um mal sinal. Afinal, ela tinha passado por dois partos. E, quando ela começou a remexer, foi como se todos estivessem interligados, pois logo em seguida foi Will, então Savannah até que Spencer se levantou e disse que ia pegar algo. A essa altura Penelope, de tão nervosa, saiu para rezar na capelinha.

Mais alguns minutos e, finalmente, Chris apareceu. E só de olhar para a expressão dele, todos nós relaxamos.

Thomas e Paget estavam nesse mundo e nada tinha dado errado.

— Eles estão aqui! – Foi a única coisa que Chris falou. E eu podia jurar que ele tinha chorado.

Dona Emily soltou o meu braço e correu para genro, chegando até ele antes mesmo que a mãe dele pudesse se levantar do banco. E, por incrível que pareça, vi o Sr. Hotchner abrir um sorriso imenso.

A fila de abraços de parabéns seguiu, acabei que fui a última, porque assim que avisaram a PG, ela veio correndo e deu um abraço de urso em Chris que eu achei que ele iria quebrar no meio.

E quando foi a minha vez de parabenizá-lo.

— Então... sou madrinha de menino ou de menina? – Perguntei depois de abraçá-lo.

— Menino. Thomas nasceu primeiro. No primeiro minuto do ano.

Sean só olhou para mim e disse:

— Você perdeu a aposta. 25% do que você ganhou com a aposta do nascimento é meu.

Esse menino mal tinha chegado e já tinha me feito perder dinheiro!!

Como as visitas foram proibidas por conta do horário, nos despedimos de Chris ali. Ele ficaria ao lado de Elena que deveria estar sedada e morta para o mundo uma hora dessas.

— Eu volto para conhecer o meu afilhado amanhã! – Avisei.

— Espero que traga um presente! – Chris brincou.

— Você trocou de lugar com a Elena?

Ele só riu. Esses dois doidos se mereciam mesmo.

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Acordei um tanto dolorida e com a cabeça aérea, tive que piscar muitas vezes para me situar. E foi só então que eu me lembrei.

— MEU DEUS!! MEUS FILHOS! – Falei assustada e tentei me levantar da cama.

— Calma, filha. Eles estão bem. – A voz da minha mãe soou em algum lugar perto de mim.

— Onde eles estão? – Agora eu estava desperta e desesperada.

— Ali! – Ela apontou e eu segui a direção com olhos. Só para ver Chris com uma bolinha rosa no colo e meu pai (MEU PAI!!!) com uma azul, e os dois conversavam com Ella, mostrando os bebês para ela.

— E esse aqui...- Dizia o meu pai em um tom de voz mansinho. – Esse aqui é o Thomas.

Tive que balançar a cabeça e olhei espantada para minha mãe.

— Acredite. Ele realmente incorporou o vovô babão. Quando não está com Thomas, está com Paget nos braços. E eu só peguei meus netos no colo, uma vez. – Ela reclamou.

— Melhor do que eu. São meus filhos e quando eu os vi ainda estavam sujos. Como eles são? – Perguntei curiosa.

— Veja você mesma! – Me disse. – Aaron, Chris. Agora é a vez da mamãe ver os filhotes!

E quando meu pai e meu marido se viraram para mim, eu senti a mais estranha das sensações. Eu fiquei nervosa, ansiosa, eu precisava ter meus filhos em meus braços e logo. Eu precisava conhecer aquelas duas pessoinhas que eram o meu mundo.

Eu deixei de existir como pessoa. Agora tudo era para eles. Meu mundo tinha se rearranjado para que tudo girasse em torno deles. Meus filhos eram o meu sol e eu gravitava em torno deles.

— Oi bebês!! – Saudei os dois, que foram colocados um em cada braço meu. Paget dormia tranquila, com a mãozinha sob os olhos, já Thomas estava acordado e me olhou atentamente. – Eles são lindos!! – Murmurei e comecei a chorar.

— Sim, eles são. – Os três concordaram comigo.

— Valeu cada crise nos últimos meses. – Falei. – Cada uma delas. – Dei um beijo na cabecinha deles. – Como podem ser tão pequenos? – Eu falava encantada com a presença de meus filhos nesse mundo.

— Você também foi assim. – Meu pai falou. – Mas tenho que admitir, meus netos são mais bonitos que você.

Arregalei os meus olhos. Ele realmente estava falando sério?

— Pai?! – Olhei para ele e meu pai encarava os dois netos, já com Ella nos braços.

É... ele tinha virado o vovô babão. Com os três netos. Quem diria.

— Eu acho que agora a sala do Diretor do FBI vai ter só foto dos netos... e nenhuma foto do resto da família. – Eu falei.

— Não é má ideia! – Papai respondeu.

— Onde está o Jack? Preciso do meu irmão agora! – Comecei a rir.

Ele demorou para aparecer, e claro, depois de pegar cada um dos sobrinhos no colo, só falou.

— Que Deus permita que Paget não seja a cópia de Elena também nos tombos... senão ninguém vai sobreviver para vê-la chegar na idade adulta!

— Muito engraçado, Jack. Nossa, estou morrendo de rir. E só por isso, você é o padrinho dela! Você e Lara que se virem para mimar a minha filha enquanto educam Ella.

Meu irmão me encarou, já Lara, ela só pegou Paget no colo e começou a niná-la.

— Xiii.... alguém está com saudades de bebês!! – Ouvi a voz de tia JJ na porta, brincando com Lara. – Oi Paget! Sou sua tia-avô!

— Isso soou tão... – Minha mãe começou rindo.

— Coisa de velho!! – Tia JJ completou e riu junto.

Aos poucos minha família começou a aparecer, e junto com eles, os balões, presentes e bichinho de pelúcia. Mas a melhor cena veio quando um entregador chegou com dois balões pretos, estampados com caveirinhas. Um tinha lacinhos e chupeta cor de rosa, o outro tinha um gorrinho e chupeta azuis.

— Abby! – Falamos ao mesmo tempo.

E foi aquele rodízio de gente indo e vindo e pegando meus filhos no colo e prometendo as coisas mais absurdas com eles. Até tio Spenc prometeu que iria levá-los para uma guerra de bexiga d’água em Las Vegas!

E a bagunça durou por toda a parte da manhã e precisou que a Enfermeira viesse e expulsasse meus tios e tias do quarto.

Faltava pouco para a minha alta quando eu comecei a ouvir o barulho de saltos no corredor e logo uma cabeça ruiva apareceu na porta.

— É seguro entrar ou corro o risco de ficar surda com o choro? – Liz perguntou.

— Já estava passando da hora de você vir conhecer o seu afilhado, madrinha desnaturada.

— Pra que eu viria cedo, sendo que isso aqui estaria lotado?? Sua família é igual a minha, Elena, todo mundo quer ver tudo antes de todo mundo! Além do mais, eles vão ficar por esse mundo por muito mais tempo do que nós! – Ela falou e entrou, atrás dela, vinham Sean e Chris, meu marido tinha saído para tomar um café e vinha conversando com o noivo da minha amiga. – E então, como você está? – Liz perguntou dando uma olhadinha nos bebês que estavam dormindo nos berços.

— Realizada! – Falei.

Liz levantou uma sobrancelha.

— É sério. Todas as confusões dos últimos nove meses valeram a pena. – Falei feliz e tentei me levantar da cama... para tomar um escorregão e quase cair sentada.

— É... e a Elena está de volta! – Liz disse tentando segurar a risada. – O que prova que seus filhos serão muito mais equilibrados do que a mãe... porque bastou eles saírem de dentro de você, para que você começasse a cair de novo!

— É... obrigada. Pode ir parando. – Fechei a cara.

— Só digo as verdades! Você sabe disso! – Se defendeu.

— O que aconteceu aqui? – Chris perguntou, parando atrás de mim.

— Só a Elena que voltou à velha forma e quase que cai ao se levantar da cama. – Liz explicou e saiu de perto de mim quando ameacei a arremessar o controle da TV na cabeça dela. – Você é péssima de mira... vai acertar em quem não deve. – Falou e se escondeu atrás de Sean só para garantia, até porque o Marine era praticamente à prova de balas, ou era a prova de Gibbs, pelo menos.

— Não vai pegar o seu afilhado? – Perguntei.

Liz olhou para Thomas, olhou de novo e depois de dar um sorriso muito sem graça, disse:

— Ele tá dormindo... deixa ele ali.

Foi a minha vez de rir.

— Você está com medo de fazer algo errado!

— Olha o tamaninho dele!! Ele mal nasceu! Quando ele for maiorzinho...

— Sean?? Você será o corajoso, ou vai deixar o seu afilhado na mão? – Peguei Thomas no colo e parei na frente do casal. O Marine Suicida olhou para Liz e só falou.

— A Liz pega!

A essa altura meus pais apareceram e estavam na porta, minha mãe rindo da cena.

— Vai lá, Liz... é natural.

E a Ruiva Maluca suspirou e estendeu os braços.

— Não me responsabilizo por nada disso. – Disse.

Estendi Thomas para ela e antes que Lizzy o pegasse, falei.

— Bem... Thomas, esses dois malucos aí são seus padrinhos, mamãe queria que você tivesse padrinhos melhores, mas fiz escolhas erradas quando era mais nova, espero que você seja mais inteligente que sua mãe e escolha os amigos certos.

E os dois me olharam atravessado.

Lizzy pegou Thomas no colo e só falou.

— Relaxa pequeno Tom! Somos nós que vamos te salvar de uma mãe destrambelhada que nem sabe dirigir um carro automático!

Deixei Liz me enchendo a paciência pra lá e entreguei Paget para Sean.

— Para você ir treinando! Um dia será você carregando um pacotinho desses!!

E o Marine ficou feliz da vida ao pensar nisso, ao contrário da ruiva ao lado dele.

— O que, só digo as verdades! – Respondi o que ela tinha acabado de dizer.

— Sabe, Elena, eu só não te mato agora, porque tem duas vidas dependendo de você, mas um dia eles estarão independentes... – Ela ameaçou.

— Faz o favor, preciso arrumar as coisas para a minha alta... segurem os dois. – Eu falei e deixei Liz e Sean com os meus filhos nos braços.

— Ei! Ei! Ei! Volta aqui! Tá indo aonde?! São seus filhos!! – Liz chiou.

— E se você continuar a falar alto, vai acordá-los, mantenha o tom de voz baixo e calmo. Eu já volto.

— Se ela tá achando que eu vou ser babá, está muito enganada! – Escutei Liz comentar antes que eu fechasse a porta do banheiro para me trocar.

Duas horas e muita reclamação da minha amiga depois, eu tinha alta do hospital, e eu banquei a folgada, pois deixei que Liz levasse Thomas e Jack carregava Paget.

— É para isso que padrinhos e madrinhas servem! – Falei em tom autoritário.

— Vai sonhando. – Liz comentou, ao prender Thomas na cadeirinha.

— E como você fez isso tão rápido? – Perguntei espantada, eu ainda tentava prender Paget.

— Fui babá da Tali, do John e da Morgan. É uma coisa que não se esquece. E você trate de aprender a fazer isso rápido, pois um dia, os dois estarão chorando ao mesmo tempo... – Ela avisou e se despediu. – Brincadeiras à parte, amiga, seja muito feliz com seus filhos! Eles são lindos!! Parabéns.

— Está achando que eu não vou mais te encher a paciência, te ligando chorando no meio da madrugada.

— Você não vai ter tempo! – Ela garantiu.

— É aí que você se engana! – Eu ri!

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DOIS MESES DEPOIS

— ELIZABETH! PELO AMOR DE DEUS!! COMO EU FAÇO PARA CALAR ESSES SERZINHOS QUE NÃO PARAM DE CHORAR??

— Mas o que? Quem é? – Perguntei olhando para a tela do celular. – Ah! Pelo amor de Deus! São três e meia da manhã, Elena! Me deixa dormir!!

— DORMIR?? O que é isso?? Eu não sei o que é dormir há dois meses! Porque você saberia? Sabe o que é mais engraçado? Ninguém, absolutamente ninguém, me avisou que bebês choravam tanto! E quer...

Abaixei o volume da ligação e deixei minha amiga se lamentando no fundo, virei para o lado e comecei a cochilar... no fundo, no fundo, Elena só queria desabafar... e não ligava se eu estava falando alguma coisa, porque ela simplesmente não me deixava falar, até que:

— Nas férias de primavera eu vou mandá-los para a sua casa! Os dois! Eu preciso dormir! Liz?? Você está aí?

VOCÊ VAI O QUE?!!— Gritei tão alto que acordei o prédio inteiro.

— Eu preciso de ajuda.

— E eu de descanso!

— Eu também tenho direito de descansar! – Ela retrucou.

— São seus filhos.

— E um deles é seu afilhado! Você e Sean que tomem conta dele, nem que seja por uma noite.

— Sean está no Japão. Não volta antes de maio.

— Preciso de ajuda! Você vai me ajudar, não vai??? Diz que vai! Chris tá trabalhando igual a um louco! E eu não sei mais o que fazer tomando conta de dois!! – Elena começou a chorar.

E lá ia meus planos de viajar para ver meu noivo para água abaixo.

— Tá Elena, mas só dessa vez. Eles são seus filhos.

— OBRIGADA!! OBRIGADA!! AMIGA, VOCÊ É A MINHA SUPER-HEROÍNA FAVORITA!

Eu tava ferrada. Elena era a mãe, não eu! E pelo visto, a encrenca dela tinha que sobrar para mim!

— Ah! E Liz!

— O que foi agora? Eu preciso dormir, tenho aula daqui a pouco!

— Você sabe, né? Quando uma se encrenca, a outra se encrenca junto!

— Eu juro, Elena, eu vou jogar isso na sua cara um dia! Ah, eu vou!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! As duas reaparecerão novamente. Só não tenho data!
Muito obrigada a você que leu!
Até qualquer outra história!!
xoxo



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