Rude escrita por bonvierrr


Capítulo 1
Rude - Capitulo único.


Notas iniciais do capítulo

Meu primeiro Junho Scorose!! Que felicidade participar desse mês com esse casal que amo tanto. Gratidão eterna a Miss A e a Tahii por organizarem esse projeto lindo reunindo todas minhas autoras favoritas!

Essa história foi escrita na mesma época do lançamento da musica (sim, em 2014!!!) e eu nunca tive coragem de trazer a publico. Quando conheci o JS, vi uma oportunidade de voltar a esse universo que eu acho incrível, então fiz alguns ajustes e uma betagem rápida (me perdoem caso encontrem algum erro!) e cá estou.

Hoje eu divido o dia de postagem com a Liza, deixo aqui um beijo para ela!

Boa leitura!



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“Can I have your daughter for the rest of my life?”

 

— Saia daqui, moleque! — gritava o homem na porta, puxando a garota para dentro. — Você, nunca mais, nunca mais mesmo, irá encostar na minha filha! 

— Senhor, por favor, eu imploro… — tentou mais uma vez o rapaz, sendo novamente interrompido. 

— Quem lhe deu permissão pra me dirigir a palavra? Ainda não entendeu? Vá embora! — a garota chorava e se debatia nos braços do homem. — Aquiete-se, Rosa! Você merece algo melhor. 

 

O homem pegou a garota pela cintura e ia levando-a para dentro contra sua vontade. Ela chorava, olhando para o rapaz que estava de cabeça baixa no quintal. 

 

— Eu o amo!

 

[...]

 

— Entendi, ela disse que te amava e você pirou, foi isso? — perguntava o Potter com as mãos no queixo parecendo pensar. 

— Não pirei, Alvo! Quando vai entender isso? — retrucou Scorpius, levantando-se outra vez e recomeçando a caminhar de um lado para o outro. 

 

Repassava aquele dia várias e várias vezes na sua mente. E sempre ficava preocupado. 

 

Namorava Rose Weasley desde os dezesseis anos, eles saiam para o cinema, iam ao teatro, à biblioteca, e a todos os lugares que ela quisesse. Scorpius era feliz, vendo-a feliz. Mas o pai da garota era o que mais temia. Nem o seu próprio pai ele temeu tanto na vida, e convenhamos que Draco Malfoy sempre foi um homem intimidador. 

 

O rapaz queria oficializar as coisas com a garota. Não queria ter que tirá-la as pressas de sua cama para que chegasse em casa antes do pai acordar, queria poder ficar com ela o dia todo. Fosse conversando, fosse namorando, brigando, o que fosse! Ele a queria. E queria que ela fosse a única, mas Rose tinha mais medo do pai que tudo na vida. 

 

[...]

 

— Scorp! Você não pode ir lá, estamos ótimos assim. — disse a ruiva, cruzando os braços e jogando-se na cama outra vez. 

— Mas, Rosie, amor, eu quero você pra sempre. Acha que vou te sequestrar, casá-la comigo e depois devolver ao seu pai? — perguntou sentando-se ao lado da namorada, que descruzou os braços e envolveu o pescoço do loiro.

— Sabe, até que não é uma má idéia… Ia adorar ser sequestrada por você. — disse começando a distribuir beijos pelo pescoço do rapaz, o fazendo perder totalmente o foco da conversa e jogá-la na cama outra vez. 

 

[...]

 

— Rose é maluca, te avisei antes de se envolver com ela. — disse o Potter, olhando para o amigo que continuava a andar de um lado para o outro no quarto. — Dá pra parar?! Daqui a pouco teremos um buraco no chão! 

 

E tudo que Scorpius queria era um buraco, para se enfiar em todas as suas frustradas tentativas de fazer com que Ron Weasley aceitasse o namoro dele com sua filha. 

 

Na primeira tentativa, que lhe havia custado uma semana longe de Rose, já que a ruiva temia a morte do namorado e havia ficado extremamente chateada quando ele disse que iria com ou sem o consentimento dela, Ron quase teve um ataque do coração. 

 

Rose chegou de mãos dadas com Scorpius, e tocou a campainha. A mãe abriu a porta com os olhos arregalados ao ver os dois ali, juntos. E Scorpius podia jurar que os olhos dela quase saltaram para fora quando ela viu a mão dos dois entrelaçadas. A morena simplesmente deu passagem e os dois adentraram a casa. 

 

Hugo jogava videogame no sofá, e seu pai estava na cozinha. Rony Weasley voltava com um copo na mão, quando viu aquela cena, o copo caiu. Depois o silêncio, seguido de uma exclamação de Hugo:

 

— Fodeu. 

 

[...]

 

— O que o filho do Malfoy está fazendo com os pés imundos no tapete da minha sala?! — gritou o homem. 

 

Scorpius e Rose se entreolharam. Ela assentiu, dizendo que iria ser ela quem iria falar. 

 

— Ahn, papai? Ér, o Scorp veio falar com o senhor sobre nós. — a ruiva falou apertando a mão do namorado com força. 

— Nós?! Como assim, nós?! — ele olhou para Hermione, que estava calada, só esperando a tempestade vir à tona. — Hermione, querida, dá pra me explicar o que está havendo aqui? 

 

Hermione olhou para Rose, que já estava a encarando com aquele olhar “por favor, mãe.” E sentiu pena da própria filha, Rony era bastante severo quanto a questão de se envolver com os inimigos. E para ele, não importava quem da família, se era tio, avô, neto ou seja lá o que, todos eram inimigos. 

 

— Rony, meu amor, Rose está namorando. — disse sem mais nem menos, e se impôs entre o marido e o genro, prevendo o que iria acontecer. 

Mas Rony não partiu para cima do garoto, pelo contrário. Assim que Hermione fechou a boca, ele olhou para a mão dos dois entrelaçadas, a outra mão do Malfoy - a mão grande e pegajosa - na cintura de sua menininha, ele percebeu que a esposa estava certa. E caiu para trás de uma só vez.

 

[...]

 

— Ah, cara! Foi muito engraçado quando soube que o tio Ron desmaiou. Eu ri muito. — disse o moreno, rindo ao lembrar-se de como Hugo encenou a queda do pai. 

— Claro, Potter, algum sogro seu já desmaiou e ao acordar te expulsou de casa com apenas um olhar? — perguntou Scorpius jogando uma almofada na cara de Alvo. 

— Ah, bem, o pai da Amanda nunca me expulsou de lá, mas teve uma vez que ele chegou bem perto disso. — ele pôs a mão na testa e deu uma risada seca. — Foi realmente engraçado e constrangedor, ele nos pegou no maior amasso. No quarto dela. 

 

Scorpius olhou para o amigo e tentou imaginar o que Rony Weasley faria com ele se pegasse-o no quarto de Rose. Ele, provavelmente, não duraria dois segundos. Tentou imaginar então o que Ron faria se soubesse quantas vezes a garota havia pulado a janela e dormido com ele. Quantas vezes havia cabulado aulas pra sair com ele. Quantas vezes havia mentido para ficar com ele. 

 

Os momentos juntos passaram a ser bastante raros após a primeira tentativa de Scorpius de conversar com o sogro. O homem passou a pagar o filho menor para vigiar a irmã, e Rose, que não era nada burra, sabia bem disso e lutava com todas suas forças para parecer que estava brigada com Scorpius. Que estavam sem se falar. Que não suportava olhar pra ele. 

 

Tudo fachada. Tudo por causa de Ronald Weasley. 

 

— Você também é muito burro, Potter. Não lembrou de trancar a porta? — perguntou, tentando desviar os pensamentos por um momento. 

— Como? O pai dela tirou a tranca, cara. — Alvo riu alto. — Coitado, mal sabe que todas vezes que eu e Amanda vamos fazer ‘’trabalhos’’ lá em casa, trancamos a porta. 

 

O celular de Alvo tocou, e ele mostrou a foto que apareceu na tela para Scorpius antes de sair do quarto para atender. Era Amanda. 

 

Suspirou, pensando em como seria se pudesse ligar para Rose. O pai da garota foi até os confins do universo para descobrir seu número de telefone, e não adiantava ele ligar, sempre dava sem sinal ou caixa-postal. Se perguntava como alguém podia ser tão rude. 

 

Eles eram jovens! Se amavam! Porque deixar um nome estragar aquilo tudo? 

 

Jogou-se na cama e fechou os olhos. Tinha que ser forte por ele e por ela. Não queria parecer uma mulherzinha chorona, mas as lágrimas insistiam em vir. Porque o amor tinha que ser tão difícil?  Ele poderia ter se apaixonado por qualquer outra garota.  “Qualquer outra garota que não seria, Rose.” Só o pensamento de estar com alguém que não fosse ela, já o deixava tenso outra vez. Deus, como amava aquela ruiva birrenta. 

 

[...]

 

— Scorp? — chamou a garota sentada em seu colo, a cabeça apoiada em seu peito. 

— Sim. — disse com o queixo apoiado na cabeça dela.

— Acha que… Que.. Vamos continuar juntos, tipo, para sempre? — Scorpius levantou a cabeça para observá-la. — Não pra sempre, até porque sempre é muito tempo, e eu não sei quanto tempo seria esse sempre, mas enfim… Ai desculpe, estou com medo. 

 

Scorpius se surpreendeu quando ela soluçou contra sua camisa. Rose não era aquelas meninas totalmente controladas, mas chorar, assim, do nada, não era coisa dela. 

 

— O que houve, Rosie? — perguntou acariciando os cachos ruivos da garota. — Eu estou aqui com você, do que tem medo? 

— De que o meu pai consiga fazer com que você se afaste. Eu posso estar sendo egoísta, Scorp, mas eu te amo tanto, que não me imagino mais sem você. 

 

O loiro olhou para ela, tão pequena em seu colo. Indefesa. Inocente. 

 

— Seu pai vai ter que fazer muito mais que me ameaçar e jogar uns vasos em mim para que eu me afaste de você, princesa. Eu também te amo. 

 

[...]

 

— Puta que pariu! Eu não estou vendo isso, cara. Sério. — Alvo jogou o celular na cômoda enquanto Scorpius se levantava assustado e secava os olhos apressadamente. — O que minha prima te deu? 

— Nada que lhe interesse. Cale a droga dessa boca, você não viu nada aqui. — disse Scorpius, jogando-se na poltrona dessa vez. 

 

Alvo olhou para o amigo. Estava com olheiras, o cabelo sempre brilhante - embora fosse bem gay admitir isso - estava oleoso, estava magro demais, sinal de que não estava se alimentando direito. Tinha que fazer algo a respeito, lembrou-se então da ligação da namorada. 

 

— Scorpius, o que você faria se soubesse que nesse instante tem um cara, que por sinal, sempre foi afim de uma certa ruiva bem gata, lá na casa do Hugo? 

 

O loiro pôs-se de pé, e olhou para Alvo esperando ele dizer que era brincadeira para descer-lhe a porrada. Mas Alvo não negou. 

 

— Não está falando sério, está? — perguntou Scorpius já passando as mãos pelos cabelos outra vez. Estava nervoso. 

 

Alvo colocou as mãos sobre os ombros do amigo. Scorpius parou e olhou para o Potter, que o abraçou. Sabia como o loiro estava tenso. Amava mesmo a sua prima, e por ele, aquilo daria certo. 

 

— Certo, não minto. Amanda me ligou para dizer isso, recebeu uma mensagem de Rose pedindo para avisar-lhe. 

 

Scorpius já ia virando-se para sair correndo pela porta, quando o Potter o segurou pelo braço.

 

— Cara, isso vai soar gay, mas eu te amo. E quero você e a minha prima felizes, vocês dois merecem e saiba que se for preciso, eu enfrento meu tio com você para isso. — Scorpius abaixou a cabeça, apenas ouvindo. — Mas você está um caco, e eu não quero que apareça na casa deles assim, o cara que está lá é muito boa pinta e meu tio acha que ele é o “cara certo” para Rosie. Mas não é. Ela te ama, ela te quer e isso é mútuo. Vá tomar um banho, vista-se direito e vamos a luta. Te espero no carro. 

 

 

Já fazia meia hora que Rose havia falado com Amanda e pedido pra ela avisar Scorpius. Sabia que ele faria alguma coisa, sabia que ele iria aparecer para salvá-la, ele tinha que aparecer. Estava a exatas quatro horas com aquele cara em casa, e não aguentava mais a voz dele. 

 

Lorcan Scarmander poderia ser o pecado em forma de pessoa, para qualquer garota. Barriga tanquinho, cabelos loiros sedosos, olhos escuros, uma boca sexy. Rico, popular, gostoso e lindo. Era a ruína para qualquer garota e sabe-se Deus porque ele decidiu que queria ela. O problema era que ela não sentia nada além de repulsa pelo cara, ele era muito chato. 

 

Mas seu pai queria que ela casasse com ele. Ela não sabia se era pelo fato de os Scamander serem amigos bem próximos da família ou por Rony ser extremamente contra seu atual namorado. Aquilo só piorava a cada dia, e a vontade que ela tinha de sumir era enorme toda vez que o pai vinha lhe falar sobre um cara com quem havia conversado e sobre como ele tinha falado bem de seu filho e blablabla. 

 

Estava brincando com a comida no prato já fazia uns quinze minutos, se perguntava onde Scorpius estaria, quando a voz do pai a tirou de seu transe:

 

— Ah, desculpe. — disse endireitando-se na cadeira. — O que disse? 

 

Ronald olhou friamente para a filha. 

 

— Lorcan perguntou o que gosta de fazer em seu tempo livre. — disse, voltando a atenção para seu prato. 

 

— Oh, sim. Não tenho tempo livre, Lorcan. — disse e lançou um sorriso na direção do rapaz. 

 

O pai lançou aquele olhar que ela sabia bem, queria dizer “pare de agir como uma criança’’ e ela lhe devolveu com o olhar “pare de me tratar como uma’’. O rapaz estava claramente envergonhado, mas não desistiria de Rose Weasley. 

 

— E o que faz com todo seu tempo, então? — perguntou olhando diretamente nos olhos da garota que pensou seriamente em se levantar e ir ao banheiro vomitar com aquela babaquice. 

 

— Eu estudo, leio, e saio com meu namorado. — Ronald bateu com a mão na mesa na hora que a palavra “namorado’’ saiu da boca de Rose. 

 

— Já lhe disse que aquele marginal não é seu namorado! 

 

A garota bateu a mão com mais força ainda, nem se importando com a dor. 

 

— E eu já lhe disse que ele não é um marginal! 

 

Rony ficou olhando para a filha, que o olhava de volta com a mesma intensidade. Ele poderia insultar Scorpius quantas vezes quisesse. Ela sempre iria defendê-lo. Sempre. 

 

[...]

 

— Querida, sabe que seu pai não tolera essa relação, não sabe? — dizia Hermione, enquanto lavava as louças e as passava para a filha, que secava. 

— Sim, e eu não me importo mãe. Não vou desistir dele porque o papai quer, é simples assim. 

 

Hermione olhou para a filha. Ela se sentia extremamente orgulhosa de ver a filha lutando por algo que ela queria com afinco, não se deixando levar por opiniões alheias... assim como ela sempre fez. Não pode evitar o sorriso enorme que se abriu em seu rosto.

— Sei que seu pai surtaria se me ouvisse falando isso, mas.. não desista filha. Nós só encontramos o amor da nossa vida uma vez. 

 

E antes que Rose pudesse dizer como estava grata pela mãe estar ao seu lado, Ronald Weasley entrou na cozinha.

 

— Falando sobre amores, huh? — perguntou, pegando uma maçã da mesa. 

— Não, estou falando sobre o amor da minha vida. — disse Rose, ao continuar secando a louça como se não fosse nada. Hermione lhe lançou um olhar severo, para que não perturbasse o pai agora, mas ela não conseguia. 

 

— Os livros? — perguntou Ron. Ele desejava no seu íntimo mais profundo que sua filha dissesse algo ao menos relacionado com aquilo.

 

Mas nunca o que ela disse.

 

— Scorpius. — disse e virou-se para o pai com um sorriso no rosto. Ronald ficou vermelho e apertou a maça com tanta força que a mesma quebrou-se em suas mãos. 

— Já lhe disse que esse moleque não é nad.. — não conseguiu terminar. Foi interrompido.

— Não o conhece, então não fale coisas que não sabe. 

 

A ruiva jogou o pano sobre a pia e saiu pisando duro em direção a seu quarto.

 

[...]

 

Hermione percebeu o clima tenso que se estabeleceu após o confronto de Ronald e Rose, e decidiu retirar os pratos. Hora da sobremesa. A garota só se perguntava onde Scorpius estava. Ele tinha que chegar e pôr um fim naquela palhaçada. Tinha! 

 

— Então, Rosa, me fale o quê você pretende cursar quando acabar o ensino médio. — perguntou Lorcan, e Rose suspirou. Tinha que ser educada, o garoto não tinha culpa do seu pai ser um velho chato e turrão. 

— A princípio nada. Quero tirar um tempo de folga para mim — “e Scorpius’’ acrescentou mentalmente. — Estou me dedicando bastante para isso. E depois, quero estudar arqueologia. 

 

O pai não dizia nada quanto às escolhas profissionais de sua vida, apenas se preocupava com o nome que ela carregaria. E ele não queria que ela tivesse o peso de um Malfoy nas costas. Draco havia comandado e ordenado vários roubos, ele não queria que sua filha tivesse o nome de um ladrão. 

 

Rose não ia sujar o nome da família. 

 

— Querida, venha buscar as sobremesas comigo. — pediu Hermione da cozinha, e Rose quis dar um beijo na mãe por tirá-la daquela sala. 

 

Na cozinha, Hermione colocava os pratinhos com pudim na bandeja. Rose estava surtando, precisava falar com a mãe. 

 

— Mãe, Scorpius está vindo pra cá. 

 

Hermione soltou um prato no chão. Ron gritou da sala.

 

— Hermione? Está tudo bem por aí? — Rose se abaixou e começou a recolher os pedacinhos do vidro com as mãos mesmo.

— Oh, sim, querido. Está tudo ótimo! 

 

Foi até a porta da cozinha e fechou-a. Voltou para a filha e se abaixou para ajudá-la. 

 

— Rosie, querida, você enlouqueceu? Seu pai vai ter um colapso quando ver aquele garoto no nosso portão!

— Eu sei, eu sei! — disse. — Mas eu não aguento mais o Lorcan aqui fazendo perguntas sobre minha vida, sendo que eu não me importo nenhum pouco com o que ele pensa, ou com o que ele quer. Ai!

 

Hermione olhou para a mão da filha, onde um caco de vidro estava enfiado. Ela levantou a mão para ajudar a filha, não suportava ver sua garotinha machucada. Estava em dúvida se pegava a mão da filha ou se ia preparar um curativo, quando Rose pegou o pedaço de vidro e extraiu com a própria mão. O sangue saiu com mais veemência por algum tempo, e Rose pegou uma manga da blusa e estancou. 

 

Hermione ficou paralisada. Sua menininha já sabia se virar sozinha. Ela não era mais uma garotinha. Deus, o que Ronald estava fazendo?

 

— Rose… — Hermione começou, vendo a filha se levantar e ir em direção a pia lavar a mão. 

— Sim, mãe. — disse, lavando a mão, e jogando um pouco de álcool em cima, a fim de parar o sangramento. 

 

Hermione terminou de pegar os cacos de vidro e após enrolar tudo em uma folha de jornal, jogou no lixo. Se aproximou da filha e lhe deu um abraço. Rose estranhou, sabia que a mãe era emotiva, mas ela sentiu algo diferente naquele abraço. Confiança. 

 

— Filha, perdoe o seu pai. Ele sempre teve o emocional de uma colher e esses ciúmes impossíveis, ele só quer o melhor para você. 

 

Rose sorriu, ela sabia daquilo.

— Acredite mãe, eu sei. Mas meu pai apenas acha que sabe o que é melhor para mim na minha vida amorosa, e isso eu não aceito.  — Hermione não pode deixar de sorrir ao ouvir aquilo. Ela não era mesmo mais uma garotinha. 

— Só não deixe que Scorpius faça um escândalo enorme aqui, ou que bata em Lorcan. Seu pai infartaria e assim como ama o Malfoy, eu amo seu pai, preciso dele vivo. — e foi a vez de Rose sorrir. 

— Tudo bem, mãe. Só fique do meu lado. — pediu segurando as mãos da mãe.

— Sempre, meu amor. — deu um beijo na testa da filha e virou-se. — Vamos levar logo isso pra lá, antes que seu pai venha aqui buscar. 

 

Rose suspirou, e pegou os pratos e os talheres limpos, enquanto a mãe levava a bandeja com o bolo que tinha feito. 

 

— É sangue na sua blusa? — perguntou Lorcan, assim que Rose passou ao seu lado colocando um prato. A ruiva revirou os olhos, “calma, Rose, sua salvação está a caminho’’.

— Sim, mas nada de grave, só me cortei. — Hermione começou a servir o bolo, e olhou apreensiva para a filha quando o celular da mesma começou a tocar “All Of Me’’ na sala. Era a música dela e de Scorpius. Só tocava quando ele ligava. — Licença. 

Foi apenas o que conseguiu dizer antes de ir andando na menor velocidade possível atender, para que o pai não a seguisse, já que ainda estava olhando-a com aquela cara de repreensão. Pegou o celular, e sorriu com a foto do seu loiro na tela. 

— Scorp? — disse baixinho. 

Linda, cinco minutos e eu tô ai. Você confia em mim certo? — ele não deixou-a responder e continuou. — Hoje é o dia, o que tiver pra ser, será. Te amo. 

A ruiva soltou um suspiro e se jogou no sofá. Lorcan apareceu dois minutos depois, e ficou olhando-a.

— Está tudo bem, Rosa? — seu pai tinha a apelidado assim, dizia que ela era a flor dele. E para a garota, apenas ele devia chamá-la assim. 

— Perfeitamente bem. — disse se recompondo e sorrindo. Tinha que dar um jeito de tirar Lorcan dali. Ele não era obrigado a presenciar sua briga com o pai e o namorado. Sabia de que lado ele iria ficar e Scorpius não se controlaria. 

 

Pensou o mais rápido que pôde, e teve uma ideia. 

 

— Licença. — pediu ao rapaz, e saiu correndo para o banheiro deixando o mesmo ali, olhando para o nada. 

 

Fechou a porta e entrou no WhatsApp, correu a lista de contatos. “Lysander”. Clicou no nome da garota, que era irmã de Lorcan e sorriu ao ver o “online”. Enviou um áudio. 

 

— Faça um favor e juro que faço James te chamar pra sair. Tire seu irmão daqui, agora, de preferência o mais rápido possível. Diga que alguém morreu, não sei, mas tire-o daqui. 

 

Recebeu uma resposta em dois segundos. 

 

— Espero que esteja falando sério sobre o James me chamar pra sair, ruiva. Estou ligando para Lorcan agora. De nada. 

 

Rose respirou fundo, lavou as mãos e saiu do banheiro. Viu a movimentação na sala de jantar e foi até lá. Lorcan falava ao telefone, e passava as mãos no cabelo. 

 

— Tem certeza? — perguntou para quem Rose deduziu ser Lysander no outro lado da linha. — Mas, Lys, como assim… Não! Estou indo, estou indo! — desligou e olhou para a família de Rose, que o encarava. 

 

Rose notou que era sua vez de atuar. 

 

— O que está acontecendo? — perguntou tranquilamente. 

— É, está tudo bem, Lorcan? — emendou, Hermione. 

 

O rapaz olhou para as duas, já se direcionando para a porta. 

 

— Minha irmã, problemas com o fogão, ela disse que está com medo e… Ela é louca. Tenho que ir, peço que me desculpem. — direcionou seu olhar a Ronald, sabia que seria o que mais ficaria chateado ali. Aquela era sua chance de se mostrar um bom partido para Rose, e ele estava jogando fora pela irmã. Lysander o pagaria! 

 

Despediu-se de Rose e de Hermione com um abraço, dando um beijo na mão da primeira, a qual fez um olhar de repulsa quando ele virou as costas. Recebeu uns tapinhas nas costas de Ronald, seu ex-possivel-sogro, quando o homem o olhou soube que tinha perdido sua chance. Entrou no carro e saiu. 

 

Quando todos estavam entrando em casa, ouviram o barulho de outro carro entrando na rua. E Rose apenas sorriu, sabia muito bem quem era. 

 

— Mas o que… — o pai da garota não teve tempo de terminar. O carro estacionou no local onde o carro de Lorcan estava há exatos dois minutos. Albus saiu por uma porta, e Scorpius por outra. 

 

Rose até se surpreendeu. O namorado estava de terno, coisa que ela nunca havia visto. O cabelo despenteado, como sempre. Mais lindo? Impossível. Ela sorriu, esperando ele vir em sua direção, mas ficou surpresa quando ele foi até o seu pai. O homem estava de braços cruzados, com uma expressão furiosa. Rose imaginou o que seu pai já teria feito a Scorpius se tivesse visão de laser. Seu amor estaria em pedaços. 

 

Hermione também observou o rapaz ir até seu marido apreensiva, reconheceu aquela expressão de Scorpius. Ele ia pedir. Estava, obviamente, nervoso. Quem não estaria depois de ouvir tantos e tantos “não” de uma mesma pessoa? Mas foi ali, que ela percebeu que Rose havia encontrado o homem certo para ela. Notou que Scorpius faria de tudo pela sua filha quando ele parou na frente de Ronald, e começou a falar, com a voz firme. 

 

— Senhor Weasley, serei direto com o senhor. — começou o loiro, sério. — Quero ficar com sua filha para o resto da minha vida. E não importa o que o senhor pensa sobre mim, irei casar com ela de qualquer jeito. 

 

Alvo ficou parado ao lado da prima, e reagiria se Ronald tentasse matar seu amigo. Rose estava apenas olhando a expressão de seu pai. Hugo havia aparecido com um balde de pipoca na janela quando viu Scorpius descer do carro “isso vai ser interessante”, pensou de onde se encontrava, na janela da sala. Scorpius apenas esperava a resposta do sogro. 

 

— Eu não vou lhe dar minha benção, até o dia que morrer. Que azar, Malfoy, a resposta continua sendo não. 

 

Hermione abaixou a cabeça cabisbaixa, já à espera de que Scorpius virasse as costas outra vez e fosse embora. Mas ele não o fez.

 

— Eu odeio fazer isso, mas o senhor não me deixa escolha. Vou casar com ela de qualquer jeito. Sabe que ela está apaixonada por mim, ela vai para qualquer lugar que eu for.

 

Rose sorriu, e foi para perto do namorado. Pegou a mão dele e apertou. 

 

Ronald apenas bufou. 

 

— O que isso significa? — perguntou apontando para a mão dos dois entrelaçadas. — Eu já disse que nã…

 

Não conseguiu terminar, pois foi a vez de Rose se manifestar. 

 

— Desculpe, pai. Mas eu só tenho uma vida, eu decidi que não vou dar ela para o senhor, e sim para o Scorpius. 



“Love me or hate me we will be boys standing at that altar

Or we will run away to another galaxy, you know”








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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam? Espero que tenham gostado e vejo vocês em breve!



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