Like a fairytale escrita por Black, Miss Serenity Blue


Capítulo 1
Chapter one - once upon a time


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal! Eu e a Blue escrevemos essa história com muito carinho e esperamos que vocês gostem. Logo mais, postamos os próximos capítulos!
Até mais!
Black ♥



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Era uma vez uma garota.

O nome dela era Rose, como a flor preferida de sua mãe, e ela adorava jogar quadribol, como seu pai. Mas o que Rose mais gostava era quando seu irmão mais velho lia histórias fantásticas para ela antes de dormir e, às vezes, ouvia as histórias que ela mesma criava. Todas as noites, Rose se aninhava na cama ouvindo sobre como a Cinderela perdeu seu sapatinho de cristal, como a Ariel sonhava com o mundo dos humanos e sobre a coragem de Mulan ao lutar por sua nação. Em uma dessas ocasiões, Hugo leu João e Maria, e prometeu que estaria com ela para sempre, igual aos personagens da história.

Mas Hugo quebrou sua promessa.

As férias de verão não foram boas naquele ano. Em uma noite ruim, de uma semana esquisita e um mês péssimo, Hugo foi chamado no Quartel General dos aurores, junto com seu pai, para conterem uma organização dedicada às artes das trevas. Rose tinha pedido para passar seu aniversário na casa do irmão mais velho e viu, pela última vez, o momento em que ele entrou na lareira a caminho do Ministério da Magia.

Naquela noite, diferente das demais, não houve uma história antes de dormir.

Hugo saiu de casa em uma terça-feira chuvosa, atípica quando comparada às outras noites de verão. Rose tinha 14 anos. Ele disse a ela que havia esquecido seu presente no escritório e entregaria na manhã seguinte, enquanto comessem bolo de limão.

Na quarta-feira nublada, que destoava dos outros dias do verão, Rose acordou, aos 15 anos, com a casa vazia e um aperto no peito. Seu pai apareceu para buscá-la e contou, com certa dificuldade, que a operação da noite anterior foi um sucesso, mas que havia lhe custado muito caro.

Vítima de uma maldição imperdoável, Hugo Granger-Weasley não retornou para a casa.

Quando chegou em casa, não conseguia dizer uma palavra. Seu pai lhe entregou um embrulho amassado, preso com cordões brancos e uma caligrafia corrida no papel pardo que dizia “Feliz aniversário, Rosie”. Quando abriu, ainda não emitia som algum. O livro envelhecido, com as páginas amareladas e a capa marrom, tinha flores desenhadas em dourado por toda sua extensão. Todas as páginas estavam em branco, exceto pela primeira, que estava rabiscada com os desejos de Hugo para ela.

Rose foi uma boa filha e fez o possível para ajudar seus pais em casa. Foi uma boa prima e ajudou a consolar James Sirius e Fred II, que passaram horas com os olhos inchados e vermelhos pelo choro. Foi também uma boa neta, cuidando de perto de seus avós, mas Rose achava que não havia sido uma boa irmã.

Foi ao velório, mas não chorou. Vestiu-se de preto para mostrar seu luto, mas não conseguiu falar sobre o irmão por vários dias. Emoldurou mais fotos de Hugo em sua estante, porém não conseguia entrar no antigo quarto dele e muito menos no apartamento no centro de Londres. Por semanas, Rose apenas escrevia.

Ela nunca escreveu sobre ele, mas as palavras que registrava nas páginas em branco a faziam sentir-se mais próxima do irmão. Tentando colocar os pensamentos no lugar, Rose reescrevia os contos que Hugo costumava ler para ela. Em sua releitura, colocava um pedaço de si e deixava que seus sentimentos fluíssem pelos personagens dos quais tanto o ouvira falar.

E foi através das histórias que recriava que Rose apresentou aos amigos o universo trouxa dos contos de fada que dividiu com Hugo por tanto tempo. Sentados na sala do Largo Grimmauld, na biblioteca da Mansão Malfoy, na areia do Chalé das Conchas, no porão dos Johnson-Weasley, no telhado dos Zabini e nos jardins da casa de tijolos de Rose, foram inúmeras as vezes que, atento, o grupo ouvia a cada detalhe do que fora escrito pela ruiva. Algumas histórias, porém, Rose guardava apenas para si.

Depois que Rose perdeu seu irmão, seus amigos se tornaram os alicerces que a mantiveram de pé. O grupo formado no pequeno vagão número três do Expresso de Hogwarts criou uma tradição: durante os três meses das férias de verão, fariam rodízios para passarem cada semana em uma casa; Rose, Scorpius, Luke, Roxanne, Albus e Dominique se recusavam a passar mais de dois dias longe uns dos outros. Foi aquele pequeno grupo que, quando Rose perdeu uma parte de si, a que ela mais amava, esteve presente e impediu que o resto dela também se perdesse.

Dois anos se passaram desde o dia em que Hugo a deixou. Daquela vez, a última semana do verão se resumiu a conversas sobre como seria o último ano deles em Hogwarts, quando Rose finalmente terminaria a história que guardava a sete chaves e várias horas de filmes trouxas na casa dos Potter.

— Albus, me passa a pipoca - pediu Rose, deitada no sofá, cutucando a cabeça do primo que estava no chão perto dela.

— Acabou - respondeu ele, passando o balde para ela - Faz mais.

— Não é vez do Luke?

— Lucas já foi - respondeu Roxanne, aconchegando-se mais perto do seu (finalmente) namorado.

— Já é sua vez, Ross - disse Dominique.

— Tá bom, tá bom - respondeu ela, levantando-se e caminhando até a cozinha.

— Traz mais chocolate! - pediu Luke, sendo seguido por Ronan, agregado ao grupo quando começou a sair com Albus.

— E suco de abóbora!

— Eu não vou levar tudo sozinha! - Rose gritou de volta, separando os ingredientes para a pipoca e esperando que algum de seus amigos aparecesse para ajudá-la. 

Alguém apareceu, justamente aquele que ela tentou evitar o verão inteiro.

— Eu faço o suco - disse Scorpius, atravessando a cozinha.

— Tanto faz - resmungou Rose.

Por alguma razão que ela tentava ignorar, a presença do Malfoy passou a ser estranha. Scorpius era um bom amigo e tê-lo por perto ajudou bastante quando seu irmão a deixou, mas estar perto dele a fazia sentir coisas que não entendia. Além disso, os dois compartilhavam uma conexão especial: ele foi o primeiro a ler uma das histórias de Rose.

— Vou deixar sem açúcar, só para atormentar o Al! - Brincou o loiro, misturando o suco de abóbora.

A ruiva deu de ombros, depositando toda a sua atenção na panela à sua frente.

— E se a gente fizesse um bolo? - perguntou Scorpius, alcançando uma forma de metal em um dos armários - A gente pode fazer de limão, já que você gosta.

— Faz o que quiser, Scorpius - respondeu Rose, indiferente, assustando-se ao ouvir o metal bater com força contra o balcão de mármore no centro da cozinha.

— Tá certo, qual o seu problema?

— Problema nenhum - resmungou em resposta, cruzando os braços - Eu só tô ocupada.

— Você não é grossa assim - apontou, repensando em seguida - Bom, pelo menos não o tempo todo. E quase nunca com a gente.

— Talvez a Lysander seja mais delicada - ironizou, fazendo uma careta e arrependendo-se logo em seguida ao ver a surpresa no rosto do amigo.

— Ross, eu não estou te entendendo, sério - Scorpius passou a mão pelos cabelos loiros, já um pouco longos, numa pose claramente preocupada - Primeiro que a Lysander, ela… Ela é passado. Bem passado. E segundo que não faz o menor sentido você reclamar dela, a não ser que você…

— Eu nada - interrompeu ela - Já fez o suco? Pega os chocolates aqui no armário de cima, por favor.

Scorpius ficou em silêncio, refletindo sobre o que aconteceu enquanto acatava o pedido da ruiva. Rose e Lysander nunca tiveram problema nenhum, até foram amigas por um tempo e agora, depois do curto namoro que tiveram e que terminou antes mesmo de começar, a Weasley parecia ficar irritada só de ouvir falar na Scamander. Seria possível que Rose finalmente, finalmente, estivesse se permitindo pensar nos dois como algo mais?

Malfoy suspirou, aproximando-se de Rose, que estava de costas para ele tentando alcançar a prateleira alta do armário cheio de doces. Quando percebeu a presença do loiro atrás de si, já era tarde demais para conseguir escapar e sair de onde estava, então limitou-se a encará-lo de frente.

— O que pensa que está fazendo? - perguntou, prendendo a respiração conforme ele chegava mais perto.

— Eu vou fazer uma coisa agora - disse ele, baixo - É algo que quero fazer já faz um tempo. E eu preciso que você não surte.

— Por que eu surtaria?

— Você vai ver.

E, então, o que Rose tanto temia - e ansiava sem admitir - aconteceu. Scorpius a beijou, e ela jamais havia experimentado uma sensação melhor do que aquela.

Foi um beijo lento, com as bocas tocando-se tão delicadamente que era como se experimentassem o ato pela primeira vez - afinal, era a primeira vez que se beijavam. Com os braços ao redor da cintura da garota, Scorpius explorou seus lábios, permitindo-se tocá-los por um segundo a mais antes de se afastar apenas o suficiente para olhar em seus olhos.

— O que você…  - Rose balbuciou, os olhos bem abertos.

— Eu te beijei. - Respondeu ele, com calma, lançando-lhe um pequeno sorriso de canto.

— Mas por quê…?

E então, aquela que parecia sempre ter todas as respostas, naquele momento, ficou sem palavras depois de escutar o que Scorpius lhe disse.

— Você sabe o porquê, Rose.

Antes que ela pudesse processar o que havia acontecido, o leve ranger da porta da cozinha a despertou, fazendo-a voltar-se para a panela que havia esquecido no fogão. Por sorte não havia queimado nada, então despejou as pipocas nas vasilhas, desviando do olhar do rapaz a todo custo e sentindo suas bochechas corarem.

Scorpius sabia que não conseguiria conversar com Rose naquele momento e que a garota precisaria de seu próprio tempo para processar o que havia acabado de acontecer. Contudo, sentiu-se feliz pelo ato e, tal qual a adolescente apaixonada que seus amigos diziam que ele era, levou o polegar e o indicador aos lábios, desejando secretamente pelo próximo momento que teriam a sós. Quando virou-se, porém, viu que Rose já havia saído da cozinha, deixando-o sozinho com seus pensamentos.

De volta a sala de estar, Scorpius encontrou seus amigos sentados nas mesmas posições de antes, mas tudo parecia muito artificial. Rose, sentada agora em uma poltrona, mordia os lábios e, mesmo que olhasse para a televisão, era possível perceber que sua mente estava em um lugar completamente diferente. Scorpius nunca havia desejado tanto poder ler mentes sem precisar de um feitiço.

O semestre começou em um sábado, então os seis decidiram aproveitar o castelo enquanto ainda tinham tempo. Sentados à beira do Lago Negro naquele fim de tarde de setembro, os primos aproveitavam com seus amigos os últimos momentos de sol antes que o inverno começasse a dar sinais. Roxanne, que finalmente havia cedido às investidas de Luke Zabini durante férias de verão, estava sentada na grama entre as pernas do rapaz, com as costas apoiadas em seu peito enquanto Dominique lia um livro sobre as Redes Sociais e sua influência no Mundo Bruxo. Rose e Albus jogavam pedras no lago, numa competição bastante séria de quem conseguia fazê-las quicar mais vezes.

— Esse será o nosso ano! - Disse Luke, brincando com uma mecha do comprido cabelo da morena em seus braços. - Com Scorpius como apanhador e Albus como goleiro, a Sonserina vai acabar com as outras casas! 

— Você delira, Zabini - Rose respondeu, distraindo-se do arremesso e perdendo aquela última tacada para Albus.

— Acho que isso foi um presságio, Weasley - Luke provocou, sabendo que a ruiva perdia a paciência facilmente e, assim como o pai, ficava com o rosto tão vermelho quanto seus cabelos.

— Ah, seu imbecil! Você me fez perder! - Bradou a ruiva, jogando uma pedrinha que estava em sua mão na direção do rapaz. Para aumentar ainda mais o ódio da garota, Scorpius, que assistiu a discussão acontecer quando chegou, pegou a pedrinha no ar, impedindo-a de alcançar o amigo.

— Segura a onda, Rose - O loiro pediu, caminhando na direção da garota e tomando as pedrinhas que restavam nas mãos dela - Ah, e obrigado pelo treino. Foi uma boa jogada.

Rose, então, tentou correr na direção de Zabini, mas Scorpius a impediu novamente ao segurá-la pela cintura, levantando-a do chão enquanto ela se debatia. Albus, Domi e Roxy, que acompanhavam toda a situação, tentavam (sem sucesso) segurar a risada. Especialmente por ser seu último ano em Hogwarts e tendo assumido o posto de capitã do time de quadribol da Grifinória, Rose estava decidida a levar seu time a vitória e a esfregar na cara dos Sonserinos que, diferente do último ano, aquele seria o ano dos leões.

— Você é muito folgado, né, Malfoy? - perguntou ela, empurrando-o para longe quando ele a soltou - Para de se meter onde não é chamado!

— Quando você estiver em problemas, conte comigo. Eu te ajudo!

— Faz isso de novo e eu acabo com você e sua cabeça loira antes de você piscar!

— Você promete? - pediu ele, com um olhar esperançoso. Rose respirou fundo, revirando os olhos, e pegando suas coisas.

— Não sei porque você achou isso ruim, Rose - implicou Albus, sabendo do perigo que corria - Você parecia estar gostando bastante aquele dia na minha cozinha.

Scorpius entrou em desespero. Não havia comentado com os amigos sobre o dia que beijou Rose na casa de seu melhor amigo, mas devia ter imaginado que eles tinham visto alguma coisa. O Largo Grimmauld era grande, mas não tanto assim. O problema era que as coisas com Rose precisavam ir devagar; se ela se assustasse, sairia correndo antes que Scorpius pudesse fazer alguma coisa. Se ela pensasse que ele havia se gabado sobre aquele dia, já era. Ele pensou que Rose fosse espernear, bater os pés ou bater nele, mas ela só ficou quieta por um tempo.

— Vamos Roxy, temos que nos preparar pro treino - disse Rose, finalmente, ainda mais vermelha do que antes.

— Mas Rose, ainda faltam… - Começou Roxanne.

— Anda! - Rose a cortou, batendo os pés no chão, nitidamente irritada. Não sabia de onde vinha tamanha raiva, mas se recusava a tentar entendê-la naquele momento. Estava ocupada demais para isso.

Roxanne, dando-se por vencida, concordou e levantou-se do chão, juntando suas coisas e despedindo-se dos amigos e do namorado. Como sempre faziam, combinaram de se encontrar mais tarde, depois dos treinos. Enquanto as grifinórias seguiam para o treino no campo de quadribol, os que restaram às margens do Lago Negro não perderam a oportunidade de tentar extrair informações de Scorpius e de Albus, que havia simplesmente soltado a bomba sem aviso.

— Eu não acredito que escondeu isso de nós - Luke reclamou, inconformado.

— Eu não acredito que Scar saiu dessa sem um belo soco no nariz - Domi zombou.

— Ei, não fala assim do meu menino! - Albus jogou o braço no ombro de Scorpius, bagunçando seu cabelo com a outra mão - Nem nossa Rosie foi capaz de resistir aos encantos desse príncipe alto, loiro e atraente com esses olhos cor de tempestade.

— Seu namorado vai adorar ouvir isso, Al - Scorpius se viu rindo das idiotices do amigo, acompanhado pelo restante do grupo.

— Ronan concorda comigo, sabe? - respondeu Albus, ainda brincando com os amigos, mas dessa vez Scorpius estava sério.

— Mas é sério, pessoal. Sem piadinhas a respeito. Vocês conhecem a Rose, ela vai ficar irritada e depois esquisita e depois não vai nem falar comigo.

— E você não vive sem ela - completou Albus, sabendo que o amigo não o refutaria.

— Certo, sem brincadeiras demais. A gente pode falar do meu problema só um minutinho? - pediu Dominique, cruzando os braços - Sabe, rapidinho.

— Desembucha, Domi - disse Luke, virando-se para a amiga enquanto os outros dois sentavam-se ao seu lado.

— Certo, vamos supor que alguém me chamou pra sair - ela disse, mexendo as mãos enquanto tentava encontrar uma forma de conversar com os amigos - E que esse alguém é ex de outra pessoa que eu sou apaixonada e jamais faria algo que ela não gostasse.

— Foi o McLaggen? - tentou Luke.

— A Chang? - disse Scorpius.

— Gente, vocês são burros - disse Albus, tomando a frente - É claro que foi a Nott.

— Foi a Lysander - disse Dominique, em alto e bom tom, sentindo-se nervosa ao ver que seus amigos ficaram em completo silêncio - Scorpius? Dá pra dizer alguma coisa?

— Bom - disse ele, dando de ombros - Lysander não é bem minha ex. A gente ficou poucas vezes.

— É, até ela te dar um pé na bunda - brincou Albus.

— Pelo visto foi por causa da Domi - completou Luke, divertindo-se ao ver a amiga com vergonha.

— Você gosta dela? - perguntou Scorpius, recebendo uma resposta positiva de Dominique - E ela gosta de você?

— Sei lá. Eu acho.

— E qual o veredicto, Malfoy? - perguntou Luke.

— Certo - respondeu ele - Fica à vontade. Se ela magoar você, avisa a gente.

— Avisa a Rose - corrigiu Albus, surpreendendo Scorpius - Ela ia adorar jogar uma azaração na Scamander.

— Cara, tem alguma coisa que você não escutou naquele dia? - perguntou o Malfoy.

— Eu gosto de ser uma pessoa informada.

— Uma pessoa fofoqueira, você quer dizer - interrompeu Dominique, causando risadas nos amigos.

No campo de quadribol, porém, a situação era diferente. Mesmo que tenha seguido a prima-barra-melhor-amiga até o campo de quadribol, Roxanne estava irritada com a situação. Antes de levantarem voo, disse a Rose tudo o que pensava - ou quase.

— Sabe, Ross, eu acho que você devia parar de encher nossa paciência - disse - E a do Scorpius também. A gente é amigo desde criança e você começou com essa enjoeira do nada. O que tá acontecendo com você?

— Não tem nada acontecendo, Roxanne - explicou Rose, mexendo nas mangas do uniforme - A gente pode treinar logo?

— Não até você me explicar porque tá tratando o Scorpius desse jeito desde o fim do verão. Na verdade, acho que foi desde aquele dia na casa do Al e…

— E nada, Roxanne!

— Meu Deus! - disse a cacheada - Era disso que o Al tava falando no lago!

— Não era, não!

— Vocês totalmente se beijaram!

— Não! - respondeu Rose, ainda nervosa, enquanto Roxanne a sacudia pelos braços.

— Rose Granger-Weasley! Você pode me explicar o motivo de não ter me contado isso antes?

— Porque você ia reagir assim!

— Você provavelmente está certa.

— Claro que estou.

— Mas você ainda podia ter contado.

— Eu prefiro escrever, então escrevi.

— Tipo contando os fatos ou inventando coisa?

— Um conto de fadas, onde a bruxa má chamada Roxanne morreu no final.

— Você não vive sem mim, Ross - constatou Roxanne, dando de ombros - É melhor você me contar isso direito depois, se não eu pergunto pro Al.

— Mais tarde, prometo.

— Ótimo.

— A gente pode treinar agora, Roxy?

A Johnson-Weasley deu de ombros, levantando voo em sua vassoura e treinando alguns passes com a prima; Rose atirava as goles e Roxanne as defendia, revezando as posições algumas vezes. Depois de treinar no ar, as duas correram por um tempo ao redor do campo até Roxanne decidir parar, alegando cansaço. Rose decidiu dar mais algumas voltas, então não deu muita atenção quando a prima informou que levaria suas coisas para o vestiário.

Depois de se lavar, Roxanne se vestiu ainda pensando no que a ruiva havia lhe dito mais cedo, afirmando que preferia escrever sobre a situação antes de contar em voz alta. Ao juntar seus pertences em uma bolsa, lembrou-se das histórias que Rose havia compartilhado com eles nos últimos tempos, os contos de fadas que a prima tanto gostava. Decidiu, então, tentar a sorte: o livro que Rose havia ganhado do irmão há alguns anos com certeza estaria na bolsa dela. Vigiando a porta constantemente, Roxanne alcançou o caderno marrom dentro da mochila da ruiva; não tentou abri-lo, pois sabia que não conseguiria em decorrência do encanto que permitia que apenas Rose pudesse lê-lo.

Depois de um tempo encarando os desenhos na capa, Roxanne teve uma ideia melhor. Ao invés de executá-la, porém, decidiu guardar o caderno de volta no lugar. Era ano de pegadinhas dos setimanistas, afinal; não tinha motivo para pressa.

Rose ainda estava acordada durante boa parte da madrugada. As paredes e escadas de pedra a lembravam de Hugo e de como ele adorava aquele castelo, então era difícil aguentar os dias que passava presa ali dentro; as lembranças quase não a deixavam dormir. Além disso, a memória do beijo que Scorpius lhe deu se repetia em sua cabeça como um filme. Sua estratégia, porém, era dedicar-se às histórias que tanto gostava durante as noites estreladas visíveis do parapeito da janela de seu dormitório no alto da torre da Grifinória. Sem conseguir pregar os olhos, Rose se levantou e, em silêncio, abriu as vidraças para sentar-se do lado de fora com seu livro e uma caneta em mãos.

Liber aperio — sussurrou ela, movendo a varinha para os lados e para o centro em direção à capa do caderno. Hugo desenvolveu o feitiço e a ensinou enquanto liam um livro de aventuras quando Rose era mais nova; foi um dos primeiros feitiços que aprendeu e a melhor parte era que aquele era um segredo deles.

No escuro da noite, sentindo a brisa gelada balançar seus cabelos, Rose começou a escrever. Escreveu uma história fantástica, com príncipes, princesas e os defeitos mais humanos que podia imaginar, como costumava fazer. Naquela noite, porém, acrescentou um personagem que há muito não aparecia em seus textos: o guerreiro leal, valente, e com os mais belos olhos que Rose já havia visto. A história fluía através de sua pena com tanta facilidade que era difícil acreditar. Ao dar-se por satisfeita, terminou o conto, mas não sentiu-se capaz de registrar o “felizes para sempre”; voltou, então, para dentro de seu dormitório, deitando-se em sua cama e sendo tomada pelo sono assim que trancou seu caderno novamente, guardando-o na mesa de cabeceira.

Assim que Rose dormiu, começou a sonhar como há muito não fazia.

No fundo das masmorras sonserinas, preso em um sono profundo, Scorpius Malfoy teve um sonho.

Era uma vez um garoto.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem, pessoal! Comentem (bastante) pra gente saber o que vocês acharam.
Até o próximo capítulo!!
Beijos, Black ♥



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