Detention escrita por Arin Derano


Capítulo 2
Capítulo 1




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Pink nada disse sobre a detenção para suas colegas. Esperava que Spinel e a diretora também não dissessem nada sobre isso. Não gostaria que ninguém além delas descobrisse ou sua reputação de boa aluna iria pelo ralo. Não estava preparada para tal.

Na semana seguinte, chegou no colégio talvez cedo demais. Passou pela sala de música disfarçadamente, mas ninguém havia chegado ainda e a porta estava trancada. Suspirou e se encaminhou para a sala de aula. Evitaria pensar em qualquer coisa relacionada até que as aulas terminassem. Não queria se distrair.

Todavia, não podia enganar totalmente a si de que havia uma ponta de empolgação surgindo.

— Uau, Pink. – Yellow Pearl começou. – É o seu recorde. – Ela apontou para a tarefa da mesma já terminada em cima da carteira. – Você deveria me ensinar a ficar rápida assim.

A de cabelos rosados olhou sem graça para o próprio caderno, com todas as fórmulas copiadas e resolvidas. Nem tinha percebido o que fizera.

— Ah. É. Deveria. – Disse mais para si do que para as outras duas que estavam ao seu lado. – A propósito, vou chegar mais tarde no treino. Podem ir começando sem mim.

— O quê? Por quê? – A loira foi surpreendida. Pink nunca havia faltado ou chegado tarde em nenhum treino da equipe.

— Esqueci de pegar um material na biblioteca. – Tecnicamente, não era uma mentira. Ela realmente havia esquecido de pegar o livro que queria na sexta passada.

— A gente vai com você – Blue sugeriu.

— Ah não, não se preocupem. Vai ser rápido. – Enunciou e logo se arrependeu. Teria que ser mais rápida para que não desconfiassem.

“Droga. Por que estou pensando nisso como se fosse algo proibido?” pensou consigo.

Talvez fosse algo que nem ela sabia dizer o porquê. Que talvez, fosse algo que ela nem queria admitir.

As horas passaram devagar. Quando o sinal soou, tentou não transparecer pressa enquanto guardava seu material.

— Nos encontramos na quadra, então? – Yellow perguntou e Pink assentiu. – Certo, até daqui a pouco. – Observou a mesma segurar a mão de Blue e a levar para fora da sala.

As vezes Pink imaginava que as duas poderiam ser mais do que amigas, mas nunca disse a elas.

Colocou a mochila nas costas e andou rapidamente para o térreo, onde ficava a sala de música. Ao virar para o corredor de seu destino, notou que a vocalista esperava escorada na batente da porta da sala. Ao perceber que a outra chegara, fez um sinal para que se aproximasse e entrasse.

Ao entrar, uma parte de si quis surtar. Eram fios para todos os lados, uma verdadeira bagunça. Tentou não deixar sua expressão dizer que estava levemente desconfortável estar no meio de tudo aquilo.

— Oi. – cumprimentou tímida e com um aceno para as outras da banda.

A de cabelo azul que já havia visto acenou com a cabeça, estava afinando seu baixo vermelho. A baterista lhe respondeu com um aceno, segurando as baquetas da bateria. Tinha dreads das minhas diversas cores. A última, de cabelos longos e de tom lilás dedilhava algumas notas na sua keytar.

— E aí. – responde e voltou sua atenção para o instrumento.

— Então... – Pink começou pra de cabelos rosados escuros que estava ao seu lado. – O que queria me dizer?

— Toma. – Spinel a estendeu uma guitarra reserva.

Ela pegou, sem jeito. Nunca havia pegado em um instrumento como aquele antes. O máximo que já soube tocar fora uma flauta transversal.

— O que devo fazer com isso? – Ela continuou.

— Tocar.

— Mas eu não sei tocar.

— Então aprenda. – Dava para notar um tom irritado na voz da menor.

— No que isso vai ajudar? – Não tinha intenção de ser grossa, mas sem querer acabou parecendo.

— Não eram vocês que diziam que não nos esforçávamos o bastante nas competições para ser como vocês? – Spinel indagou.

— Não fui eu quem disse isso. – Pink se lembrou de quando Yellow disse isso a ela e a Blue no refeitório. Talvez tenha falado alto demais para o grupo de musicistas da mesa ao lado ouvirem.

— Estou só te ajudando a ver como é um dia na nossa rotina. – Continuou. - Afinal, temos uma no final do mês. Seria legal você acompanhar para entender que nos esforçamos tanto quanto vocês. – Ela sugeriu, passiva-agressiva.

— Foi uma perda de tempo vir aqui. – A mais alta diz e apoia a guitarra que segurava na parede, saindo em seguida.

Do corredor, ouviu a porta bater. Respirou fundo e se encaminhou para a biblioteca para buscar seu livro e em seguida, para a quadra de vôlei.

—--

Yellow e Blue foram para casa após jogarem os diários 3 sets de sempre. Pink ficou por mais um tempo, treinando manchetes e saques-viagem. Notou alguém de moletom e capuz se aproximar e se sentar em um dos bancos do lado de fora da quadra.

Ela sabia quem era, mas não disse nada até recolher a bola que jogou do lado oposto.

— Sabe, pelo pouco que sei de você, sei que é bem competitiva. Que tal fazermos um acordo? – A atleta pergunta, decidida. – Se eu ganhar uma partida, faço o que você quiser. Se você ganhar, você me deixa em paz e não fala nada sobre o episódio da detenção, o que acha?

— Isso é bem injusto. – Spinel retirou o capuz e se apoiou na rede que cercava a quadra.

— Você é quem sabe. – A outra continuou a treinar suas jogadas.

— Se você não aceitou fazer o que eu gosto, por que eu deveria fazer o que você gosta?

— Bem, eu lhe dei uma condição. Você ganha e eu faço tudo que quiser. Não te parece tentador? – Pink sorriu.

— Tá. – A vocalista adentrou a quadra e arregaçou as mangas do agasalho. – Pode começar.

Começaram. Pink marcou o primeiro ponto rapidamente.

— Não é justo! – Spinel protestou. – Você é melhor e mais alta.

A outra riu e nada disse. Continuou a partida.

Apesar de Pink ser mais experiente, Spinel era ágil e tinha reflexos rápidos.

Jogaram por pouco mais de uma hora. O som da bola era a única coisa que ouviam. A esse ponto, todos os outros alunos já deviam ter ido embora. O sol terminava de se pôr.

No penúltimo ponto, empataram.

— Tá me zoando. Não acaba nunca! – A mais baixa se jogou no chão, com os membros estendidos e ofegante. Devia ser a primeira vez em muito tempo que mexia tanto seu corpo assim.

Pink riu de leve.

— Vamos logo. É o último ponto.

Ela se levantou com pesar. Suas pernas e braços doíam, mas seu espírito competitivo falava mais alto.

Pink sacou e Spinel recebeu sem dificuldade. A atleta cortou, todavia a outra conseguiu impedir que a bola caísse ao chão, levantando-a com uma manchete. Pink tocou e a outra reuniu toda sua motivação para sua próxima jogada...

E cortou longe.

Pink tinha certeza que a bola cairia fora da linha que delimitava a quadra. Mas não caiu. Pelo contrário, Spinel havia marcado o último ponto e, portanto, ganhado.

— Eu ganhei? – A de coques assentiu, sem saber o que mais dizer. – Eu ganhei! Ha ha! – Ela comemorou, pulando e gritando de alegria. – Já sei a primeira coisa que vou pedir.

— Já?

— É. Quero que me prometa uma coisa. – Ela ergueu seu mindinho.

— O que?

— E faz diferença? Você vai ter que prometer de qualquer jeito. Disse que eu poderia fazer qualquer coisa não é?

A mais alta suspirou. Foi até ela entrelaçou seu mindinho no da outra.

— E mais uma coisa.

Ela revirou os olhos. – O que é?

— Me dá um beijo. – A vocalista vira o rosto para o lado e aponta para a bochecha.

— Por quê?

Spinel só a olhou de relance.

Então o fez. Selou um beijo rápido na bochecha da outra, não o suficiente para que ouvisse um clique característico de foto.

— O que está fazendo? – Pink perguntou, em choque.

— Só para garantir que você não vai descumprir o que me disse. Sua equipe e sua reputação não iriam ficar felizes se descobrissem que está afim de uma aluna nada exemplar, né? E ainda, ficou na detenção com ela. – Ela balançou o celular com a foto tirada como provocação. – Nos vemos amanhã, namorada! – Sorriu e saiu saltitando.

Seu rosto corou. A atleta recolheu suas coisas e fora para casa. Deixaria para se preocupar com isso amanhã.

 

 

 

 


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