Just a Kiss escrita por Saori


Capítulo 1
It's just a kiss.


Notas iniciais do capítulo

Oi, sim, eu escrevi mais uma fanfic impulsivamente, caso esteja se perguntando. Fazer o que? Do nada bateu essa inspiração para o dia dos namorados. Não consegui evitar. Tô postando atrasada? Sim, mas tô postando kaljfdgk. Enfim, espero que goste da minha oneshot. ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/801777/chapter/1

Rose detestava o dia dos namorados e, em sua opinião, aquela era, definitivamente, a pior data do ano. Seus amigos e primos diziam que era porque ela nunca havia namorado antes, mas ela estava convicta de que esse não era o real motivo, porque simplesmente odiava tudo sobre aquela data. Não suportava as superficialidades; as fotos falsas nas redes sociais; os presentes bregas e, tampouco, as declarações tediosas de amor.

Não era como se Rose fosse adversa ao amor, na verdade, ela era uma romântica incorrigível. Apenas não dera a sorte de encontrar a pessoa certa até então. Era exatamente por isso que ela tinha certeza que seu ódio pelo dia dos namorados não estava vinculado ao sentimento de amar alguém ou à inveja por não ter encontrado a sua alma gêmea, mas sim ao fato de venderem o amor como se fosse apenas um produto a ser exibido em uma vitrine para ser comprado. Algo puramente comercial e capitalista.

No entanto, seria mentira se dissesse que estava se divertindo servindo de vela para os seus primos naquela tarde de junho. Ainda que o dia dos namorados fosse uma festividade tão deplorável, fútil e focada apenas em dinheiro, Rose não podia impedir que todos ao seu redor comemorassem e, embora soubesse que era convidada para esses encontros apenas por pena, sentia-se sem graça de negar aos convites insistentes e quase obrigatórios. A verdade era que seus primos não queriam que ela passasse o dia sozinha, porque imaginavam que se sentiria mal, quando tudo o que iria fazer seria viver o dia normalmente.

Rose suspirou pela terceira vez em menos de quinze minutos, despertando a atenção de Albus, que parecia prender um riso.

— Está tão entediante assim? — Albus perguntou, com uma careta.

Rose não hesitou em concordar, acenando positivamente com um movimentar de cabeça.

— Eu posso te ajudar a fugir, se quiser.

Ela estava inclinada a aceitar a proposta do primo, porque tudo o que queria era sair dali o mais rápido possível. Contudo, fora interrompida pelo som da voz de Dominique, chamando-a do outro lado da roda.

— Rose! — a prima gritou, sorridente. — Sua vez, qual foi a maior loucura que já fez por amor?

Esse era mais um motivo para Rose odiar o dia dos namorados. Os seus primos sempre faziam esse tipo de questionamento idiota, que ela detestava responder com todas as suas forças.

— Eu não sei. — A ruiva deu de ombros, parecendo não se importar com aquela pergunta.

Dominique ergueu as sobrancelhas em espanto, enquanto seus lábios boquiabertos expressavam surpresa.

— Você nunca fez uma loucura por amor? — dessa vez, foi Victoire quem se pronunciou.

Rose manteve a sua feição impassível e respondeu com um movimento de ombros, como se não se importasse com aquela baboseira.

A verdade era que ela sonhava em encontrar o amor da sua vida, mas não se importava com atos grandiosos. Rose sempre se contentara com o simples e imaginava que era o suficiente para que fosse feliz.

— Ok, precisamos mudar isso urgentemente — Victoire falou, apavorada. Rose achou graça, mas segurou o riso. — Sugestões?

— Rose, você está apaixonada por alguém atualmente? — Dominique perguntou, eufórica. Obviamente esperava por uma resposta positiva.

— Não — Ela retrucou, fazendo as suas primas murcharem e parecerem perder as esperanças.

— Ninguém mesmo? — ela perguntou novamente.

— Não — Rose respondeu de novo, um pouco impaciente.

— Tem certeza? — insistiu.

— Acho que ficou bem claro que não tem ninguém — Ethan, o namorado de Albus, interviu, fazendo Rose agradecer em silêncio.

— Podemos mudar isso hoje, é dia dos namorados e não existe data melhor para duas pessoas se apaixonarem! — Victoire falou, animada e sorridente.

Para Victoire, o dia dos namorados era a melhor data do mundo. Primeiro, porque Teddy Lupin, nosso amigo de infância, a pediu em namoro exatamente nessa data, há seis anos e, segundo, porque, no ano passado, nessa mesma data, ele a pediu em casamento.

— Não, nada disso. Vocês sabem que eu odeio o dia dos namorados — Rose resmungou e revirou os olhos.

— Qual é, Rosie. Dê uma chance, por favor! — Victoire implorou.

— Não — falou, quase irredutível.

— Nós fazemos qualquer coisa em troca, vamos. Você precisa dar uma chance ao amor! — Victoire disse, com um sorriso tomando conta dos seus lábios.

— Acho que não tem para onde fugir — Albus sussurrou. — Você conhece a Toire, quando ela coloca uma ideia nessa cabecinha, ninguém tira.

Rose respirou fundo, porque sabia que o que Albus estava falando era verdade, e a irritava profundamente o fato do seu primo ter razão. Victoire nunca desistia de suas ideias, por mais mirabolantes que fossem, por isso a ruiva decidiu que tiraria o máximo de proveito possível daquela situação.

 — Qualquer coisa? — indagou novamente, apenas para se certificar de que havia ouvido corretamente.

— Qualquer coisa — a loira reafirmou.

— Certo — Rose concordou, sentindo-se vitoriosa. — Vocês nunca mais vão me obrigar a participar desses encontros ridículos de dia dos namorados.

— Essa doeu — Victoire proferiu, pessoalmente ofendida. Aqueles encontros anuais eram uma ideia originalmente dela. — Ok, é justo.

— E o que eu tenho que fazer? — A Weasley perguntou, despreocupada.

Nada que Victoire ou Dominique falassem tiraria a alegria de Rose ter se livrado daqueles encontros, que mais eram um fardo em sua vida.

Victoire adotou uma feição pensativa, e a ruiva permaneceu encarando-a intensamente. Ao notar as duas primas cochichando algo completamente inaudível, seu olhar se tornou fuzilante. Quando Toire e Dominique sussurravam daquela forma, nunca era coisa boa, especialmente quando terminavam com uma risadinha um tanto quanto suspeita, que, normalmente, só era divertida para elas.

— Que tal beijar o primeiro garoto que aparecer na sua frente na rua e ver o que acontece? — Victoire sugeriu, animada.

Rose estava prestes a matar a sua própria prima por ter ouvido aquela ideia idiota. Sua reação automática foi rir, como se aquela houvesse sido uma grande piada e, ao seu lado, Albus fez o mesmo, acompanhando-a naquela gargalhada sem fundamento algum, uma vez Toire estava falando sério. Ao perceber que não era uma brincadeira, Rose arqueou as sobrancelhas, em completa surpresa por sua prima ter sido tão maquiavélica.

— Eu não vou fazer isso — Retrucou, completamente decidida.

— Então pode ter certeza de que virá em todos os encontros do doze de junho até você morrer — Dominique provocou, maldosa.

— Não — A Weasley bufou. Já estava prestes a explodir. — Eu não vou beijar um estranho no meio da rua!

— E por que não? — Victoire falou. — É só um beijo, não é um pedido de casamento. Se odeia tanto o nosso encontro de dia dos namorados, está tendo a oportunidade perfeita para se livrar, basta agarrá-la.

Naquele instante, Rose lançou um olhar fulminante para Victoire, que pareceu engolir seco. Ela detestava quando a sua prima a provocava daquela forma, porque Rose sempre fora muito teimosa, então todos os seus instintos a diziam para realizar aquele desafio. No fundo, ela não tinha absolutamente nada a perder. Não tinha um namorado; não nutria sentimentos por ninguém e se livraria daqueles encontros anuais ridículos com os primos para o resto da sua vida. Pensando bem, só existiam bônus, tudo em troca de um único beijo. Ela conseguia fazer aquilo.

— Ok. — Foi tudo o que ela respondeu, antes de se levantar da poltrona.

Afundando os pés fortemente contra a grama baixa do quintal da casa de modo irritadiço, ela caminhou até a parte da frente da residência e atravessou o pequeno portão de entrada, para que finalmente chegasse ao lado de fora. A rua não estava nem um pouco movimentada, entretanto, do outro lado da avenida, era possível ver os restaurantes lotados e ouvir as músicas românticas que tocavam desde de manhã. Vendo toda aquela baboseira, tudo o que ela fez foi revirar os olhos, quase com nojo.

Retomando o seu foco inicial, a menina olhou de um lado para o outro e, ao longe, observou uma figura masculina caminhando em sua direção. De repente, sentiu o seu coração acelerar e quase saiu correndo em um impulso. No entanto, suas pernas estavam trêmulas demais para se mexerem.

“Vamos, Rose. Você consegue. É para um bem maior”. Repetiu essa frase mentalmente três vezes, antes de caminhar em direção ao garoto e parar bem na sua frente, deixando-o completamente sem reação e com uma feição que expressava pura dúvida.

O menino era lindo. Sua estatura era alta, e Rose chutaria por volta de um metro e oitenta. Seus olhos tinham um tom cinzento nebuloso, que não permitiam que ela os desvendasse facilmente, o que era completamente fascinante. Os fios de cabelo eram loiros e não muito curtos, permitindo que se movimentassem com a brisa leve que rondava os dois. Seja lá quem fosse o rapaz, ele era bonito, muito bonito.

Insegura, ela se aproximou dele e, curiosamente, o garoto não se afastou. Sem pensar duas vezes, pois, caso o fizesse, desistiria, ela envolveu os braços ao redor do seu pescoço e colocou-se na ponta dos pés, em um impulso, fazendo, assim, com que os seus lábios fossem pressionados contra os dele. O rapaz pareceu sem reação a princípio, mas não demorou para que ele repousasse as mãos sobre a cintura dela e retribuísse o seu beijo, como se eles já tivessem feito aquilo centenas de vezes antes. Como se fossem realmente um casal.

Quando o ar pareceu faltar, Rose finalmente deu um passo para trás, sentindo-se altamente constrangida. Suas bochechas levemente rosadas faziam questão de denunciá-la. O garoto, que parecia um pouco atordoado pelo calor do momento, não disse nada. No entanto, era Rose quem o havia abordado daquele modo repentino e era ela quem lhe devia explicações. Mesmo assim, negava-se a explicar qualquer coisa. A vergonha a estava matando.

— Eu sinto muito — foi tudo o que ela disse, antes de correr para se trancar dentro de casa.

Assim que ela fechou o portão, apoiou as suas costas contra ele, sentindo as penas vacilarem um pouco. Era como se a adrenalina do seu ato de rebeldia corresse em suas veias. No entanto, Rose não teve muito tempo de descanso, já que em questão de segundos a campainha tocou, assustando-a. Só podia ser o tal amigo de Albus da faculdade, a nova vítima dos encontros anuais de dia dos namorados.

Quando Rose abriu o portão, sentiu como se o seu coração tivesse parado por um milésimo de segundo. Suas mãos gelaram, e as pernas bambearam ainda mais do que anteriormente. Seus olhos provavelmente estavam mais arregalados do que ela imaginava, em um misto de surpresa e desespero, e sua garganta parecia mais seca do que nunca. Parado, exatamente na sua frente, estava o garoto que ela havia acabado de beijar no meio da rua, sem qualquer explicação. Ela estava feliz por ter cumprido o seu desafio, mas havia se esquecido por completo da possibilidade de ter que se responsabilizar pelo seu próprio ato imprudente.

Será que ele estava trás de satisfações? Respostas? Um outro pedido de desculpas? Qualquer alternativa que fosse, a ruiva estava inapta a falar, porque encontrava-se paralisada devido a um estado de choque bem evidente.

Apesar de todos os pensamentos que rondavam a sua mente, tudo foi por água abaixo quando o garoto loiro ergueu a mão direita na sua direção, enquanto um sorriso divertido tomava conta de seus lábios.

— Prazer, eu sou o Scorpius.

Rose manteve-se quieta por mais alguns segundos, até conseguir recobrar o seu estado de consciência. Ou quase isso, porque tudo o que ela fez foi erguer a sua mão na direção da dele e apertá-la, sem nem mesmo dizer o seu nome.

Então, sem dizer mais nada, Scorpius entrou na casa e cumprimentou cada um dos Weasley.

...

Rose evitou ao máximo possível qualquer contato visual que por ventura pudesse fazer com Scorpius. A verdade era que estava constrangida e completamente arrependida de ter caído na lábia de Victoire. Jamais cairia no mesmo erro novamente. O lado bom era que estava livre dos próximos encontros anuais, mas, infelizmente, não encontrara um jeito que fugir daquele.

— Então, quem foi que você beijou, nós não conhecemos mesmo? — Victoire perguntou pela terceira vez, enquanto Dominique olhava a prima com atenção.

Rose quase engasgou com a própria bebida ao ouvir o questionamento de Toire, isso porque Scorpius encontrava-se perto o suficiente para ouvi-lo. Automaticamente, os seus olhos voltaram-se para ele, que carregava um sorriso discreto em seus lábios, deixando nítido que havia escutado cada palavra dita. Aquele era o fim de Rose Weasley. Ela morreria naquele dia.

— Será que eu posso ir embora agora? Estou cansada — implorou Rose.

— Não enquanto não vasculharmos o instagram até encontrarmos o garoto que você beijou, eu sou uma stalker profissional — Dominique proferiu, orgulhosa.

— Claro — Rose respondeu, desanimada. — Eu só preciso ir ao banheiro. Volto em alguns minutos.  

Sem nem mesmo esperar pela resposta das primas, Rose saiu do quintal, em passos apressados. Estava se sentindo sufocada por toda aquela pressão, que parecia vir de todos os lados. Imaginava se Scorpius havia contado algo do acontecido para Albus e rezava para que não, caso contrário, o Potter a encheria pelos próximos meses, questionando-a sobre aquele beijo impulsivo e inconsequente.

— Quer dizer que você quer o meu instagram? — Scorpius falou, de repente, despertando-a de seus pensamentos e assustando-a. — Vou facilitar o seu trabalho, é @malfoyscorpius.

— Por acaso está flertando comigo? — Rose perguntou, incrédula.

— Foi você que me beijou no meio da rua, e eu é que estou flertando? — indagou, risonho.

Todos os argumentos de Rose, que sempre tinha as palavras na ponta da língua, foram por água abaixo.

— Você sempre beija os garotos desprevenidamente assim ou só no dia dos namorados? — Scorpius perguntou, provocativo.

— Eu já pedi desculpas — Rose rolou os olhos de um lado para o outro.

Fugir das suas primas havia sido uma péssima ideia.

— Mas isso não apaga o que fez. Por que fez aquilo? — Scorpius parecia verdadeiramente surpreso.

— Foi coisa dos meus primos, eles disseram que se eu fizesse uma loucura por amor, eu me livraria desses encontros anuais do dia dos namorados. Olha, eu realmente não queria te envolver nisso. Será que podemos fingir que nunca aconteceu? — ela sugeriu, com o melhor sorriso inocente que tinha.

— Não, porque aconteceu. — Ele riu. — Seus primos são sempre... Uh, intensos assim no dia dos namorados, é?

Sempre — falou, quase como se estivesse sendo torturada.

— O que acha de fugirmos daqui? — Scorpius propôs, com um sorriso travesso ocupando os seus lábios.

— Acho uma excelente ideia. Eu tenho tentado fazer isso o dia todo — confessou, aliviada.

— Bom, acho que temos chances de sair pela porta da frente agora. Se formos pegos no flagra, falamos que vamos a um encontro.

— Nada de encontros — A Weasley retrucou, irredutível.

— Você quer continuar aqui?

— Não.

— Então, para eles, iremos a um encontro, caso sejamos pegos.

— Ok — concordou a menina, completamente a contragosto. — Vamos.

Do modo mais discreto possível, Rose atravessou a casa, passando pela parte de dentro, na esperança de ser não ser vista, e saiu no jardim da frente. Quando estava prestes a abrir o portão, com todo o cuidado do mundo, ouviu Victoire chamá-la de longe.

— Droga — ela murmurou, irritada por ter sido pega no flagra.

— Por que é que você tem tantos primos? — ele sussurrou.

— Eu não sei, ok?

— Rose Granger-Weasley, não finja que não está me escutando. Aonde pensa que está indo? O acordo só começa no ano que vem!

 — É que eu e o Scorpius vamos ter um encontro — Rose cuspiu aquelas palavras do modo mais convincente que pôde.

— Um encontro? — perguntou, desconfiada.

— É tão difícil assim de acreditar?

— Não é isso! — ela retrucou, ofendida. — Bem, se for para o bem do amor e da minha priminha, eu te deixo ir. Eu explico para os outros.

— Ótimo, obrigada. — Rose sorriu.

Sem pensar duas vezes, a menina terminou de abrir o portão, segurou uma das mãos de Scorpius e o puxou para o lado de fora, logo depois que saiu.

— Eles quase nos pegaram — ela disse, tensa. — Obrigada por me livrar disso antes da meia noite, acho que te devo uma.

— Onde você quer jantar? — Scorpius perguntou, subitamente, fazendo Rose assumir uma feição de dúvida, que o fez rir.

— O que? — perguntou, completamente confusa.

— Onde você quer jantar? — repetiu exatamente as mesmas palavras, e Rose não ficou menos confusa.

— Está me chamando para sair? — Rose questionou, sem acreditar no que estava ouvindo.

— Sim, mas não precisa ser um encontro — falou, despretensioso. — Pense comigo: somos duas pessoas sem nada para fazer nessa data horrível. Você não tem planos melhores, eu também não, já que os nossos planos para o dia eram os mesmos: a festa anual dos seus primos. Podemos ter a companhia um do outro até meia noite. Não como namorados, não como um encontro. Apenas para tornar o dia menos detestável.

Embora Rose estivesse disposta a assistir Netflix pelo resto do dia, a proposta de Scorpius parecia um tanto quanto interessante. Especialmente porque, aparentemente, ele odiava a data tanto quanto ela, então não havia motivos para que expectativas fossem criadas. Seriam apenas dois recém-conhecidos saindo para jantar para que não passassem o dia sozinhos.  

  — Eu topo — respondeu, decidida.

— É sério? — ele indagou, desacreditado.

— Sim, não temos nada a perder com isso.

— Que tal comida italina? — Scorpius sugeriu.

— É a minha preferida.

...

 

Rose e Scorpius estavam sentados na mesa do restaurante mais chique que ela já havia entrado em toda a sua vida. Não estava acostumada com lugares tão formosos e bem decorados, mas aquele, definitivamente, era de tirar o fôlego. As decorações em tons de branco e dourado eram belas, finas, e encantavam os olhos de qualquer um.

Apesar dos restaurantes das redondezas estarem cheios, Scorpius conhecia o dono do Vincent’s e, por causa disso, conseguiram arrumar uma mesa com facilidade.

— Vamos fazer um jogo de perguntas — Scorpius sugeriu, do nada.

— Voltamos para a adolescência? — falou, sarcástica, e tomou um gole do seu vinho.

— Não. — Ele piscou, impaciente. — Será que não posso querer conhecer melhor a garota que me beijou no meio da rua?

— Será que dá para parar de ficar repetindo isso toda hora? — Rose murmurou, como se fosse um segredo.

Scorpius não conseguiu segurar a risada.

— Ok, pergunta número um: qual é a sua cor favorita?

— Isso é sério? — Ela resmungou. Scorpius, por sua vez, assentiu. — Lilás.

— Sua vez de perguntar.

— Mas eu não quero perguntar.

Ouch. Será que eu sou tão desinteressante assim? Deve ter algo que queira saber.

— Hm, ok. — Ela se calou por um momento, pensativa. — Por que você me chamou para jantar com você?

— Porque nenhum de nós tinha planos melhores para a noite, e você é bonita.

Rose foi pega desprevenida por aquela resposta inesperada, e suas bochechas rapidamente esquentaram, adquirindo um tom rosado que revelava o seu lado tímido pouco aparente.

— Certo, minha vez. — Scorpius continuou. — O seu prato favorito é lasanha à bolonhesa?

— Definitivamente — respondeu Rose, sem pensar duas vezes. — A sua cor favorita é preto?

— Como adivinhou? — Scorpius perguntou, irônico, já que toda a sua veste era dessa cor. Rose, por sua vez, gargalhou. — Por que você odeia tanto a festa anual dos seus primos?

— Porque eu odeio o dia dos namorados — respondeu, sucinta. — Você contou para o Albus sobre o nosso... beijo? — sussurrou a última palavra, como se fosse um crime.

— Não. — Ele riu, achando a atitude de Rose engraçada. — Por que você odeia o dia dos namorados?

— Porque é uma data inventada para suprir o capitalismo com a venda de produtos em nome do amor, mas o amor não pode ser simplesmente comprado — respondeu. — Por que você odeia o dia dos namorados?

— Porque eu acho ridículo que as pessoas resumam o amor a um único dia.

— Não é simplesmente horrível? — Rose perguntou retoricamente. — O amor não é um produto. É um sentimento único. O mais verdadeiro de todos. O amor é gentil e forte, é acolhedor e nos conforta. É como um abraço caloroso em um dia frio de inverno, capaz de transformar os piores dias em dias bons — proferiu, um pouco sonhadora. — E as pessoas acham que podem resumir tudo isso em presentes. É deplorável!

— Minha vez de perguntar — Scorpius falou, com seus olhos fixos nos dela. — Você já se apaixonou?

Rose encolheu os ombros, um pouco chateada. Ela não esperava que aquela pergunta aparecesse no pequeno jogo deles. Ela detestava se lembrar do fato de que nunca havia experimentado o amor verdadeiro do qual tanto falam nos seus livros de romance prediletos.

— Não. — Ela suspirou, frustrada. — Você já?

— Não — respondeu. — Você se arrepende de ter me beijado?

Ficou surpresa ao escutar aquela pergunta, o que a fez ficar quieta por um certo instante, apenas ponderando acerca de sua resposta. Seus lábios se contraíram, um pouco hesitantes, enquanto ela sentia as mãos gelarem cada vez mais. Tentando aliviar a tensão, Rose pegou a sua taça de vinho e tomou um gole, antes de reunir toda a coragem que tinha para finalmente respondê-lo.

— Não — falou, em um tom de voz baixo e desviou o próprio olhar para o chão, envergonhada. — Você se arrepende de ter retribuído o meu beijo?

— Nem um pouco.

Um silêncio repentino pairou na mesa depois daquela resposta. A verdade era que nenhum deles havia imaginado que uma brincadeira tão inofensiva quanto um jogo de perguntas chegaria a esse ponto.

...

 

— Isso foi divertido — Rose falou sorridente, parada de frente para Scorpius, já na porta da sua própria casa.

— É, foi — Scorpius concordou e ergueu o braço, a fim de checar a hora em seu relógio de pulso. — Ainda são onze e cinquenta e seis, temos quatro minutos. Existe algo que ainda queira fazer?

— O que poderíamos fazer em quatro minutos? — Ela deixou uma risada divertida escapar.

— Bom, é a minha vez de perguntar, não é?

Rose demorou um pouco para entender do que ele estava falando, mas, assim que compreendeu que era sobre o jogo das perguntas, ela respondeu com um acenar positivo de cabeça.

— Você me beijaria de novo?

A princípio, a Weasley pegou-se sem reação, enquanto o fitava, sentindo o nervosismo tomar conta do seu corpo. Ela não foi capaz de verbalizar qualquer resposta, por isso, decidira respondê-lo por meio de um gesto.

Assim como na primeira vez em que se beijaram, Rose se aproximou dele, até que fosse capaz de sentir os seus narizes se tocarem. Suas mãos repousaram sobre o rosto de Scorpius, movimentando-se lentamente em uma espécie de carinho. As mãos do Malfoy tocaram a sua cintura e, de modo delicado, puxaram-na para frente, até que o seus corpos estivessem completamente colocados um contra o outro. Por fim, os lábios deles se tocaram, dando início a um beijo lento, romântico e demorado.

— Isso te responde? — Rose perguntou, em um sussurro, permanecendo tão próxima dele, que seus lábios ainda se tocavam conforme ela proferia aquelas palavras.

Então, ele a beijou de novo. E de novo. E mais uma vez.

— São onze e cinquenta e nove. Você ainda pode me fazer uma pergunta.

— Nosso jantar foi um encontro?

— Definitivamente — Scorpius respondeu, sem pestanejar. — E você me daria a honra de sair comigo de novo, Rose Weasley?

— Definitivamente — ela respondeu, imitando-o, enquanto um sorriso largo tomava conta de seus lábios.

— Rose Weasley, você foi a melhor coisa que já me aconteceu em um dia dos namorados — confessou. — Obrigado por ter me escolhido para ser o seu beijo aleatório.

Inevitavelmente, Rose desabou em uma gargalhada.

— Obrigada por ter aparecido no timing perfeito — brincou.

— Eu te pego amanhã, às oito? — perguntou Scorpius.

— Só se você quiser ir embora — Rose falou, sugestiva.

— Isso é um convite para eu passar a noite aqui?

— Meia noite, Malfoy. Sem mais perguntas.

Rose Weasley detestava o dia dos namorados, mas seria eternamente grata ao 12 de Junho de 2021. Ela não sabia sobre o seu futuro, como estariam as coisas entre ela e Scorpius Malfoy nas próximas horas, dias, meses ou anos, mas sabia que sentira-se feliz ao acordar com ele ao seu lado no dia 13 de junho. Seja lá o que o futuro lhe reservasse, ela se permitiria aproveitar o momento. Afinal, quais eram as chances de ela ter encontrado o amor da sua vida com apenas um beijo completamente imprudente e acidental?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Foi uma oneshot bem bobinha e leve, mas espero que tenha aproveitado. De qualquer forma, obrigada por ter lido até o final, viu? ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Just a Kiss" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.