Do you Speak German? escrita por Liza


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

É bem diferente do que eu costumo escrever. Essa é uma one de classificação livre e sem drama, foi uma tentativa, espero que gostem!



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Scorpius estava realmente irritado. Como seus pais podiam ser tão intransigentes e injustos? Ele não causava problemas, tirava notas relativamente boas e ainda era do time de natação, o que com toda certeza lhe renderia uma vaga em uma faculdade.

Ainda assim, sua mãe lhe entregou um sonoro “Nem pensar!” Tentou sondar o pai que lhe deu um não na cara e ainda completou que não iria financiar algo tão idiota.

Seus avós eram alemães e eles já tinham visitado a Alemanha tantas vezes...o que custava deixá-lo viajar para conhecer o grande amor da sua vida? Por falar em Heidi, a conheceu em um bate papo e ela era a garota mais bonita do mundo! Tinha os cabelos loiros na altura do ombro que sempre estavam enfeitados com um laço azul. E a sua voz? Parecia a de um anjo enquanto conversavam ao telefone por horas a fio, Scorpius nunca foi tão grato por ser bilíngue.

E aí, deu certo?” O nome da garota apareceu na tela do seu celular.

Não, meus pais são terríveis”  

Achei que finalmente a gente ia se conhecer pessoalmente”

Eu vou dar um jeito nisso”

Sua cabeça trabalhava a mil, precisava encontrar uma forma de conseguir dinheiro para viajar. Podia pedir dinheiro aos avós, mas rejeitou a ideia, com certeza seu pai o mataria. Poderia arranjar um emprego. Também afastou a ideia, os treinos de natação consumiam muito do seu tempo.

Olhou a foto de Heidi no seu celular e as inúmeras mensagens em alemão que trocavam, assim, a ideia perfeita surgiu em sua mente. Daria aulas de alemão!!

Abriu o computador e digitou “DO YOU SPEAK GERMAN?” “ Aulas de alemão em casa” e logo abaixo seu número de telefone. Sentiu-se satisfeito, teria o dinheiro das passagens e seus pais não teriam como dizer não!

Antes de dormir, arrancou algumas folhas do caderno e escreveu uma declaração para Heidi, quando fosse para a Alemanha, declararia seu amor por ela. Caprichou na letra cursiva e selou o envelope com cola bastão, escondeu o envelope na gaveta e foi dormir satisfeito.

No outro dia, chegou na escola cedo e colocou a folha A4 nos murais espalhados pela escola e seguiu para a aula de matemática sem muito ânimo. A busca por seus serviços foi mais rápida do que ele esperava, durante o treino de natação foi abordado por uma garota.

— Você é Scorpius Malfoy, não é? Tenho interesse nas aulas de alemão. -  da beira da piscina, Scorpius encarou a menina. Se lembrava vagamente dela dos campeonatos de soletração que a escola insistia em divulgar. Não lembrava seu nome.

— Sou eu mesmo. Você é? – não sabia bem o que fazer, então só colocou a mão na nuca, segurando a borda da touca.

— Rose Weasley- ela estendeu a mão, Scorpius achou a garota esquisita.

— Você é do clube de soletração- ele afirmou.

— Sim, do de debates, xadrez e matemática . – ela deu um sorriso ladino e Scorpius teve a certeza de que ela estava se gabando. – Por isso preciso das aulas às quartas e sextas, das cinco às sete!

— Você já faz tudo isso, para que precisa das aulas? – ele não conteve a curiosidade e, na verdade, um pouco de afronta também. Rose olhou para Scorpius como se ele fosse doente.

 - Para Oxford é claro! Línguas estrangeiras são primordiais e eu já falo francês então... – ela deu os ombros – mas é claro que você já está se preparando para faculdade também não está?

— Claro! – ele mentiu.

— Bom...- ela deu uma olhada para Scorpius, que tinha apenas uma toalha enrolada na cintura cobrindo a sunga. – quartas e sextas?

Ele confirmou com a cabeça, Scorpius achou ela meio intimidadora. Tinha os cabelos flamejantes divididos ao meio e presos em duas traças com algumas mexas soltas, calçava all Star e carregava uma mochila gigantesca cor de rosa. Além desse conjunto, lhe encarava com olhos azuis enormes.  

— Esse é o meu endereço, não se atrase! - Rose estendeu um papel para ele. Além de esquisita, ela era mandona! Ela nem esperou que ele respondesse para virar e sair do ginásio.

A quarta feira chegou mais rápido do que Scorpius gostaria. A ideia de passar duas horas com a garota estranha não lhe parecia tão atrativa assim, mas colocou a figura de Heidi na cabeça e bateu na porta mesmo assim.

— Oi querido, você deve ser o amigo da Rose, vamos entre. – Uma mulher bonita abriu a porta, muito bem-vestida e pareceu ser bem simpática. Queria corrigi-la, não era amigo da ruiva doida, mas ao invés disso, apenas assentiu.

— Muito prazer Senhora Weasley- a mulher sorriu e o conduziu para dentro tocando na base da sua coluna.

— Segundo andar, primeira porta a esquerda. –  O quarto de Rose Weasley era tão estranho quanto ela. Tudo tão meticulosamente arrumado e limpo que ela duvidou que realmente pertencia a um adolescente. Tinha uma cama grande de dossel ocupando o centro, mas o que chamou atenção de Scorpius, foi um  grande mural que ocupava a parede perto da janela, com uma programação meticulosa que incluía até o horário de escovar os dentes.

— Você não se diverte não? – ela revirou os olhos.

— Você não tem vida para cuidar não? – ele colocou os livros que carregava sobre a cama e apontou para o mural.

— Isso é doentio, sério. – sentou-se na beira da cama acompanhando-a.

— Nós vamos estudar ou não?

Natürlich lass uns gehen -  – ele respondeu em alemão.

— O que você disse? – Percebeu que ela odiava não saber das coisas.

— Eu disse: É claro que vamos. – é claro que omitiu que havia a chamado de foguinho.

As horas que passaram estudando não foram assim tão ruins, Scorpius não era um excelente professor, mas Rose prestava atenção em casa palavra que ele dizia, arriscou até dizer algumas palavras, ela ficava com um biquinho engraçado que o fazia rir. Ao tentar dizer “bom dia” ela se enrolou um pouco e ele não conseguiu segurar o riso e, por incrível que pareça, Rose o acompanhou. A risada dela era espontânea e aberta, totalmente o oposto do que a garota aparentava. Já eram sete e meia quando ele deixou a casa de Rose. O resto da noite, ele passou trocando mensagens com Heidi, mas por incrível que parecesse, o som da risada engraçada de Rose ficou em sua cabeça.

***

As quartas e sextas feiras, por mais estranho que fosse admitir, estavam sendo os dias preferidos de Scorpius, eles geralmente estudavam por uma hora e ficavam o tempo restante conversando e dando risada, as vezes preparam lanches, as vezes até se falavam quando possível nos intervalos das aulas e dos inúmeros clubes que Rose participava.

A academia de Hogwarts dividia os alunos do ensino médio nas chamadas “casas” que nada mais eram do que classes divididas conforme os interesses dos alunos. Lufa lufa para artes e música, Corvinal para exatas, grifinoria para ciências sociais e sonserina para política e esportes. Rose e Scorpius pertenciam a Sonserina, então ocasionalmente se viam perto dos armários verdes.

Hallo seltsam – olá estranho” ela saldou, Scorpius gostou da evolução dela.

— Foguinho – ele costumava sorrir bastante quando estava perto da ruiva, ele culpava a forma como ela estava sempre correndo de um lado para outro, fazendo caras e bocas sem perceber.

— Não me chama assim, idiota – ela encostou no armário.- Nos vemos amanhã, lá em casa?

Amanhã era sexta feira, dia de estudos com Rose e também dia de competição de natação.

— Rose, amanhã eu tenho competição no instituto Durmstrang. – Scorpius amava a natação, mas preferiria a companhia de Rose na sexta a noite.

— Ah... tudo bem então- ela crispou os lábios, Scorpius já havia conseguido perceber que ela fazia isso quando estava chateada.

— Você podia ir me ver! – assim que disse isso, se arrependeu. Sentia-se idiota, não costumavam se ver fora das aulas de alemão- Se quiser, claro!

— Eu adoraria. – ela sorriu, dessa vez um sorriso mais contido que deixava a mostra uma covinha do lado esquerdo fazendo companhia para as dezenas de sardas.

***

Na sexta feira, Scorpius estava mais ansioso que o normal. Ele não entendia o porquê de todo aquele nervosismo. Participava de competições desde que estava na pré-escola, inclusive já nadara na piscina do instituto Durmstrang inúmeras vezes. Olhou para a arquibancada mais uma vez, seus pais, sorriram e acenaram, voltou-se ao técnico que dizia alguma coisa que ele não conseguiu prestar atenção, correu os olhos pela arquibancada mais uma vez. Foi aí que viu, Rose estava vestida com seu habitual moletom de Oxford e quando percebeu que ele a olhava, balançou a mão freneticamente dando tchau, tinha um sorriso gigantesco nos lábios. Depois, ela levantou um cartaz adornado de glitter escrito em letras garrafais “Viel Glück, Scorpius” — boa sorte Scorpius.

Ele abriu um sorriso idêntico ao dela e acenou de volta, finalmente conseguindo prestar atenção no que o técnico dizia.

Quando a competição acabou, Scorpius exibia uma medalha de ouro e um sorriso orgulhoso, correu para Rose que o abraçou com entusiasmo, era o primeiro abraço que davam, mas nenhum deles pareceu perceber.

— Você foi incrível! – elogiou quando se separaram.

— Estou feliz que você veio.

Ambos sorriam, na verdade, não haviam parado de sorrir, nem Scorpius e nem Rose sabiam o porque daquele riso fácil. Involuntariamente Scorpius pegou a mão de Rose a puxando para o meio das pessoas até um casal elegante que aguardava perto das escadas.

— Mãe, pai, essa é a Rose – antes que seus pais pudessem elogiar Scorpius pela vitória, ele apresentou Rose, que tinha as orelhas vermelhas.

Astoria deu um sorriso suspeito para o marido antes de se adiantar e pegar a mão de uma Rose bem envergonhada.

— Muito prazer, Rose, sou a Astoria

— É uma prazer conhecê-la, senhora Malfoy – tão logo Rose tocou a mão de Astoria, Draco Malfoy se adiantou e fez o mesmo, talvez sorrindo um pouco menos que a esposa.

— Que tal jantar conosco, querida? – Astoria passou a mão sobre o ombro de Rose e ela instantaneamente gostou da mulher.

— Me desculpe, senhora Malfoy – começou

— Me chame de Astoria, querida.

— Eu tenho aula de piano hoje, Senho...Astoria. – se corrigiu

— Em plena sexta a noite? – o senhor Malfoy indagou, parecendo apenas curioso.

— Rose é muito inteligente e dedicada, papai – Scorpius a elogiou automaticamente. O que antes brilhava estranheza, hoje soava como uma ótima característica.

Rose conteve um sorriso, mas seus genes Weasley lhe fizeram corar.

— Então tudo bem, Mozart não pode esperar não é mesmo? -  Rose gostou de como a mãe de Scorpius era  espirituosa e quebrava o gelo.

Trocaram algumas palavras antes de despedirem-se. Dessa vez, Scorpius esqueceu-se de conversar com Heidi, na verdade, as conversas estavam cada vez mais escassas, claro que era culpa da falta de tempo! Não havia nenhuma outra explicação. Jantou com os pais e quando estava quase pegando no sono, recebeu uma mensagem de Heidi.

Faz tempo que não nos falamos, como foi o seu dia hoje?”

Oi Heidi, desculpe, tive uma competição hoje”

“ Você sempre me avisava das suas competições, se tivesse me avisado, teria torcido por você”

Ele encarou o celular por um tempo sem saber o que responder. Será que se Heidi torcesse por Scorpius ela faria um cartaz legal como o de Rose?

Começou a digitar uma mensagem, mas apagou em seguida. Ela não faria, Rose era muito mais dedicada e espirituosa que Heidi. Sem querer, Scorpius comparou-as: Heidi era mais sorridente, mas quando Rose sorria, conseguia iluminar o mundo inteiro. Pensou mais uma vez na menina alemã, Scorpius achava que ela combinava muito consigo, tinham gostos em comum, mas agora não tinha tanta certeza assim. Bloqueou a tela e colocou o celular na mesa de cabeceira, pensaria naquilo depois. Tão logo largou o celular, um BIP lhe roubou a atenção, e dessa vez era o nome de Rose que brilhava na tela.

Abriu a mensagem com pressa, ela havia lhe enviado uma foto segurando o cartaz de boa sorte, Scorpius deu zoom na foto, os cabelos estavam soltos e ocupavam toda parte de cima, o sorriso enorme deixando seus olhos pequenos, Scorpius acompanhou esse sorriso.

Você esqueceu o seu cartaz” a mensagem dizia.

não sei como eu pude cometer essa besteira!!!!! - Encheu a mensagem com emoticons chorosos.

Vou pensar se te perdoo”

E se eu te subornasse?”

O quanto você quer ser perdoado ( linguagem do chocolate, por favor)”

“Nível de quatro barras de chocolate”

“Sendo assim está perdoado”

“Graças a Deus!”

Boa noite, Scorp!” -  era a primeira vez que Rose o chamava pelo apelido, se pegou pensando em como o som sairia dos lábios dela.

“Boa noite, Ross”— Será que o coração dela estava tão acelerado quanto o dele?

Scorpius não aguentou esperar até a aula semanal de quarta feira para ver Rose. Os treinos de natação e a agendada cronometrada de Rose impediram que eles pudessem passar um tempo juntos, então ele a esperou na porta da sala de aula durante a tarde de terça feira.

—Oi Ross! – esperava que ela lhe respondesse o chamando pelo apelido, queria ouvi-lo.

— Scorpius! – Se sentiu ligeiramente decepcionado, mas ela o tocou no braço fazendo-o esquecer disso e focar na sensação de calor que o atingiu.

— Sabe, tem um filme alemão passando no cinema...- ele tomou ar-  estava pensando, podíamos assistir! – ele não estava pensando nas aulas de alemão, mas ficou envergonhado de dizer algo assim.

— Seria ótimo, Scorp! – disse sorrindo, ele se sentiu mais aliviado. Realmente o som da voz dela enquanto dizia seu apelido, era realmente espetacular. Não pode deixar de pensar que Heidi sequer conseguia pronunciar seu nome corretamente.

— Posso te buscar em casa, se quiser.

— Seria ótimo-  ela olhou o relógio de pulso – eu preciso ir, nos vemos mais tarde!

Então ela se inclinou e beijou sua bochecha direita, ele sentiu-se anestesiado.

Quando Scorpius buscou Rose em casa, admirou-a antes que ela entrasse no carro. Ele nunca tinha visto ela de vestido, e lá estava ela, com um vestido rodado amarelo e, para Scorpius, parecia brilhar mais que o sol. Eles escolheram as poltronas do meio, onde tinham a melhor visão para a tela grande. Era um filme de ação que se passava na Alemanha e, na verdade, nada se falou em alemão, mas eles pouco se importaram.

Em algum momento, Rose colocou a mão sobre a de Scorpius. Estava gelada e ele achou que era pelo ar condicionado, mas o fato é que ela estava nervosa. Scorpius virou a própria mão, deixando a palma para cima, entrelaçou seus dedos com o de Rose,  aquilo pareceu muito certo. Quando o filme acabou, eles continuavam de mãos dadas.

Scorpius encarou Rose por alguns segundos, ela devolveu o olhar. Então, num ato de coragem, ele selou seus lábios de maneira desajeitada, quando viu que Rose permaneceu estática, ele se afastou dela com espanto. Com as luzes do cinema acesas, ele viu que Rose tinha os olhos ainda maiores.

Fez menção de abrir a boca para pedir desculpas quando Rose avançou sobre ele imitando seu gesto anterior. Dessa vez ela abriu a boca e o beijava com uma paixão que ambos desconheciam. Rose inclinou-se mais sobre ele e colocou a mão em sua cintura, o beijo se tornando necessitado devido aos hormônios adolescentes. Scorpius teve a ideia de colocar a mão na cintura de Rose, mas acabou derrubando o refrigerante no chão. Se separaram e iniciaram um riso compartilhado enquanto recolhiam a sujeira.

Eles não falaram sobre o beijo, mas desde então, agiam como se aquilo fosse comum.

Scorpius ainda ia na casa de Rose as quartas e sextas, mas Rose também passara a ir casa de Scorpius aos finais de semana, e às vezes jantava com os Malfoy. Passaram a estudar juntos, e também passar o almoço em Hogwarts. Rose lia na beira da piscina enquanto Scorpius treinava e ele até arriscava jogar xadrez no clube que o irmão de Rose comandava.

Apesar daquele acordo tácito de não falar sobre a relação em que se encontravam, eles agiam como namorados. Beijavam-se nos intervalos das aulas e passavam a maior parte do tempo juntos. A medida em que o tempo passava, Scorpius deixava de pensar em Heidi e, na verdade, eles nem trocavam mais mensagens. A falta de interesse de Scorpius, gerara desinteresse em Heidi também.

Ele nem se lembrava mais de Heidi, mas infelizmente Rose refrescaria sua memória.

— Caramba, Scorp, você tem muitas medalhas- ela  passou as mãos pelas medalhas, Scorpius estava deitado na cama trocando os canais da televisão.

— Ainda tem um monte na gaveta - por curiosidade, Rose abriu a gaveta. Viu as medalhas das quais ele falava, mas algo chamou sua atenção: uma carta endereçada a uma tal de Heidi, então, ela abriu.

Querida Heidi, se você recebeu essa carta é que eu finalmente consegui arrumar o dinheiro para te visitar na Alemanha. Eu tive a ideia mais sensacional desse mundo, dar aulas de alemão para o pessoal da escola. Queria te dar essa carta pessoalmente, para poder olhar para o seu rosto lindo enquanto lê que eu estou apaixonado por você”

Ela não terminou de ler, seus lábios tremiam quando ela se virou para Scorpius, ele percebendo que algo estava errado levantou-se de supetão. Então seus olhos desceram para a carta que Rose segurava na mão.

A cara culpado que Scorpius fez, machucou Rose.

— Quem é Heidi, Scorpius? - ela não tinha o direito de cobrar nada, nunca disseram que eram namorados, mas Rose não queria ficar com um cara apaixonado por outra.

Scorpius não respondeu porque não sabia o que falar.

— Você é apaixonado por ela? – Rose não aguentou, então chorava enquanto o indagava.

— Não Rose, eu sou apaixonado por...- ele diria que era apaixonado por Rose, que depois que a conheceu, não conseguia pensar em mais ninguém.

Muito menos em uma garota que morava na Alemanha, isso parecia tão bobo agora!

Antes que ele dissesse isso, Rose interrompeu.

—É para isso que você começou a me dar aulas para começo de conversa! – o que Scorpius diria  se aquilo era a mais pura verdade? Tentou se aproximar de Rose, mas ela já recolhia suas coisas espalhadas pela cama.

— Não sei como eu pude ser tão burra! – ela se culpava enquanto secava as lágrimas com força.

— Rose, eu gosto de você! Sou apaixonado por você! – ela deu uma risada que também machucou Scorpius.

—‘Não é, não. Eu sou só um passatempo conveniente antes dessa tal de Heidi.-  exasperou, seu olhar dolorido. Então tirou da mochila algumas notas de dinheiro e jogou em direção a Scorpius.

— Problema resolvido Malfoy, toma aqui o pagamento pelas aulas!

Scorpius estava tão entorpecido com o que estava acontecendo que demorou alguns minutos  para ir atrás de Rose, a carta e o dinheiro poluindo o chão do quarto. Quando Scorpius conseguiu sair do torpor e seguir Rose, seu carro já estava sumindo de vista.

Por todos os deuses, Scorpius realmente tentou falar com Rose; Foi até a sua casa, mas sempre alguém lhe atendia e lhe dizia algo que ele tinha certeza ser mentira.

Ele ainda tentou ligar, mandar mensagem e deixar recados no seu armário, todos sem resposta. Ainda tinha os parentes de Rose, que ele descobriu serem muitos, que lhe olhavam com desconfiança pelos corredores de Hogwarts.

Aquele Scorpius que andava pelo colégio, era a sombra do antigo Scorpius, ele percebeu que não funcionava tão bem sem Rose.

Agora, por exemplo, o treinador havia expulsado Scorpius da piscina e ele estava sentado no vestiário olhando as fotos que havia tirado com Rose. A sua preferida, era uma em que havia tirado de Rose, ela mostrava a língua enquanto segurava um livro enorme. Não existia foto que representava mais Rose do que aquela.

— Você está um caco. - Alvo Potter, primo de Rose entrou no vestiário, treinavam juntos fazia tempo, mas havia passado a conversar com ele após ficar próximo de Rose.

— Obrigado? - respondeu com ironia.

Alvo estendeu um papel a ele com um endereço. Scorpius o olhou com curiosidade.

— Rose foi para o sítio dos nosso avós, para algo que ela classificou de “final de semana para se livrar do Scorpius”, é meio longe, mas acho que você deveria ir.

Com toda certeza ele iria. Agradeceu Alvo rapidamente. Não tinha mais aulas aquele dia, então digitou uma mensagem para a mãe e pegou o carro em direção a um lugar chamado ‘A Toca’. Ele dirigiu por duas horas até chegar em um estrada de terra, ao longe de visualizou um casa com aparência torta, só podia ser ali. Uma senhora baixinha e gordinha abriu a porta, tinha uma face doce.

— Posso ajudar, querido? – sua voz combinava com o conjunto.

— Eu vim ver a Rose.

— Claro, claro pode entrar! Que tal uns biscoitos, está tão magrinho...- a mulher deu tapinhas em suas costas e ergueu o braço de Scorpius como se para confirmar o que dizia. Antes que ele pudesse responder, Rose surgiu na sala como um furacão. A mulher, que depois ele soube se chamar  Molly, saiu pela tangente.

— O que você está fazendo aqui? – bronqueou.

— Eu não aguento mais ficar sem você!

— Pois se vire! – Rose fechou a cara e cruzou os braços. Scorpius estava com saudade até daquela marra toda.

— Eu viajei até aqui por você- ele tentou

— Não fez mais que a obrigação, você ia viajar para outra pais por causa de outra! – Ok, Rose tinha um ponto.

— Eu não estava mais conversando com Heidi, Rose.- se aproximou de Rose e tocou seu braço, ela não se afastou.

— Melhor você ir embora, Scorpius – o tom de voz era brando, mas a tristeza doeu em Scorpius.

— Eu não posso ir embora sem falar tudo o que eu quero. -  Ele suspirou diante do olhar desconfiado de Rose.

— Olha Scorpius...- ela interrompeu, mas Scorpius continuou.

— Você sabe que eu não tenho tantos amigos assim - Isso era mais uma coisa que tinham em comum – Então eu conheci a Heidi em um bate papo sobre vídeo game, conversávamos todos os dias, ela me entendia e eu achei que nós tínhamos tudo em comum!

Scorpius não queria falar sobre Heidi, e Rose não queria ouvir, mas era uma conversa necessária, então ele continuou.

— Tive a ideia das aulas porque achava que precisava conhecer Heidi, eu achei que estava apaixonado, por isso fiz aquela carta idiota! Quando eu conheci você, as coisas ficaram diferentes, Rose.

— O que você quer dizer?

— Eu só quero te dizer que eu sou apaixonado por você. Por você, Rose! Eu sou apaixonado nesse seu vocabulário culto, naquele seu calendário estúpido. – Scorpius pegou a mão de Rose com carinho. – Eu sou apaixonado pela carinha que você faz quando tenta falar em alemão.

Scorpius levou a mão de Rose até a altura do seu coração. Não tirou os olhos dela nenhum segundo.

— Como eu posso mentir se meu coração bate tão desenfreado por você?

—Scorpius, eu.... – ele interrompeu.

— Eu viajaria para Alemanha, América, até para o Brasil, qualquer lugar desde que você estivesse lá. – Rose ainda tinha a mão no peito de Scorpius. Então, ela deitou a cabeça a cabeça ali em um abraço.

Ich bin verliebt in dich . – ela murmurou, o rosto ainda colado ao corpo dele. Scorpius abriu um sorriso de orelha a orelha. Ela havia dito que também era apaixonada por ele!

— Olha, você fala alemão?-  ele perguntou antes de colar seus lábios. Graças a Deus pelo dia em que escreveu aquele cartaz.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham de alguma forma gostado dessa one.



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