CN Beyond Tales: Estrela Cadente. escrita por Primus 7


Capítulo 1
Capítulo Único: Estrela Cadente


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores! Esta é uma One-Shot do CN Beyond, um universo compartilhado de histórias que reimaginam os desenhos da cartoon em novas abordagens, tudo em um mesmo universo compartilhado. Sinta a vontade para ler as outras histórias

Eu fiz esta história quase como um "teaser trailer" para o meu universo. Uma pequena amostra de tudo que ele abordará.

Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/801741/chapter/1

Destino. Ele é engraçado, vive pregando peças na vida das pessoas. Ele muda, ele transforma e une a vida de cada um de nós das mais variadas formas. Não há como parar o destino. Ele está lá, ele é inevitável e imprevisível. Esta história não é uma história de heróis, esta é uma história sobre ele, o destino, apesar dela envolver alguns dos maiores heróis que esse mundo iria conhecer. Haverá um tempo do futuro em que o destino juntará esses heróis para um bem maior, mas, o que esses heróis talvez nunca saberão, é que o destino já os uniu em momento do passado de suas juventudes.

Tudo começou há alguns anos atrás, quando uma estrela cadente apareceu no céu...

Townsville, casa da família Utonium.

— Eu vou destruir o mundo! Boah hà há há! — Gritava uma menina de dez anos de cabelos morenos usando uma fantasia de crocodilo enquanto fingia uma gargalhada do mal.

— Oh não! — Disse uma outra menina da mesma idade de cabelos alaranjados e usando uma laço vermelho na cabeça. — Um crocodilo gigante está destruindo a cidade. Vou ligar para a Harmony Bunny!

— Não tema, Sra. Prefeito! — Disse uma terceira menina de cabelos loiros, usando uma fantasia de coelho. — A Harmony Bunny já está aqui.

A menina loira então pega um de seus travesseiros e usa para bater em sua irmã gêmea morena

— Hey! — Resmungou ela. —  Eu pensei que não valesse usar os travesseiros. Agora você vai ver só.

E rapidamente a garota arremessa um travesseiro na sua irmã, porém, a loira consegue se esquivar, atingindo a outra irmã ruiva.

— Ops! — Disse a garota fantasiada de crocodilo. — Foi mal Florzinha.

— Ops o caramba! Você vai ver só Docinho.

E ruiva pegou seu travesseiro e as três começaram a bater uma na outra com seus travesseiros enquanto davam risadas e gargalhadas animadas.

— Florzinha, Lindinha e Docinho — Chamou o seu pai observando a pequena baderna que as filhas haviam feito — O que eu disse de brigas de travesseiro? Aliás, eu não mandei vocês irem pra cama? Eu sei que suas férias de verão começam hoje, mas não é desculpa para desrespeitar a hora de dormir. Vocês terão muito tempo para brincar depois.

— Desculpa, pai. — Disseram as três.

Florzinha, Lindinha e Docinho. Talvez vocês já as conheçam, as tais garotas recriadas pelo esforço do cientista, Professor Utonium, que desafiou as leis da natureza e, por consequências inesperadas, suas filhas adquiriram novos dons nunca antes vistos. Contudo, elas ainda eram as suas menininhas perfeitas que ele amava muito e as protegia a todo custo. Nessa época, essas garotinhas ainda nem imaginaram as situações que lhes aguardavam em um futuro não muito distante que iriam virar suas vidas de cabeça para baixo.

Após chamar a atenção de suas filhas, o cientista e pai, desmanchou sua expressão séria ao ver pelas três janelas redondas do quarto rosado de suas filhas um fenômeno curioso que surgiu bem naquele momento.

— Meninas, olhem! — Disse ele. — É uma estrela cadente.

E as três irmãs correram até a janela para testemunhar aquela beleza cósmica que repentinamente surgiu por ali no céu. Um pequeno facho de luz com cauda luminosa decorando o céu azul daquela noite de verão.  

— Que linda! — Disse Florzinha de cabelos ruivos.

— Vamos fazer um pedido. — Sugeriu Lindinha vestida de coelho — Eu quero ter um montão de sorvete.

— Eu quero um Xbox One! — Pediu Docinho que estava fantasiada de crocodilo.

—  Eu quero ir pra lua um dia. — Pediu Florzinha. — E você, papai, o que vai pedir?

— Eu gostaria que sua mãe estivesse aqui conosco. — Desejou ele.

— Eu também, papai. — Concordou a menina.

— Nós também — disseram Lindinha e o Docinho ao mesmo tempo.

As três abraçaram seu pai que retribui as abraçando de volta em um caloroso momento em família.

— Sua mãe, estando aqui ou não, eu sei que sempre teremos um ao outro. Não importa o que aconteça, eu sempre vou amar vocês.

— Nós também, papai — disseram as três ao mesmo tempo.

O que eles não sabiam, era que destino sem dúvidas iria testar a força dessa família no futuro. Por sorte, era uma família muito poderosa. Enquanto, os Utonium apreciavam aquele fenômeno, ele era curiosamente estudado por dois garotos de uma cidadezinha vizinha da grande cidade de Megaville.

Genius Grove, casa da família Tartakovsky.

Dexter e Susan eram melhores amigos, unidos por duas paixões: A ciência e os seus heróis favoritos da televisão e dos quadrinhos. Já tinha algum tempo que o jovem Astronomonov foi adotado pela família de Dexter depois de perder seus pais e também passou a querer ser tratado como um menino, preferindo usar roupas de garoto e ser reconhecido como tal. Ambos eram jovens diferentes e excluídos pelos outros, mas a amizade deles os fortalecia. Infelizmente, será por pouco tempo, pois chegará um dia que estes dois melhores amigos entrarão em conflito e se tornarão inimigos mortais. Porém, este dia não é hoje, e esta seria outra história. Nesta, esses dois jovens apenas observavam os céu em no gramado de sua casa

— Eu sabia que não teria dia melhor para analisarmos o céu. Esse meteorito é perfeito! — Declarou Dexter, o menino baixinho ruivo e sardento  e de óculos ao observar o fenômeno em seu telescópio. Esse telescópio era um do tipo eletrônico e se conecta ao notebook de Sue na qual transmitia as mesmas imagens que ele observava na lente. — Tá gravando?

— Eu acho que tô. — Afirmou Susan, que tinha cabelos pretos em formato tigelinha. Era notavelmente mais alto e mais velho que Dexter. — Eu calculo que ele deve estar a 29km/s indo para leste.

— Não acredito que estamos testemunhando isso. Estou muito empolgado! — Declarou o ruivo.

— Eu também. Imagina só a cara dos professores quando mostrarmos a eles que filmamos isso.

De repente, a irmã mais velha de Dexter, Dee Dee, aparece gritando ao notar o curioso fenômeno no céu.

— Uma estrela cadente! — Gritou ela antes de correr para o para o telescópio com tanta selvageria que não percebeu que empurrou seu irmão fazendo-o cair de cara no gramado.

 — Dee Dee, você não tem mais o que fazer não? — Perguntou retoricamente ao tentar-se levantar

— Que isso, Dex. Não seja tão mesquinho. Divida um pouco do seu telescópio comigo. — Disse a garota ao observar a estrela cadente pelas lentes do telescópio. — Meu Deus! Ele é lindo! Vou fazer um pedido.

Dexter não gostava muito da presença de sua irmã nos seus assuntos científicos. Seja qual for a situação, sua irmã Dee Dee chegava de supetão e fazia a maior bagunça nas suas coisas. Ele a amava, mas eram fortes as dores de cabeça que as traquinagens dela lhe causavam. Susan, por outro lado, pensava o contrário. Ele apreciava tanto a presença de Dee Dee que só de ficar no mesmo cômodo que ela, o garoto ficava vermelho como pimentão e permanecendo com a maior cara de bobão, esquecendo-se por completo de qualquer outra coisa. Sue tentava esconder seu crush por Dee Dee, quase sempre sem sucesso, pois era quase impossível disfarçar as expressões de gamado que fazia em sua presença. Garota apareceu por cinco segundos e ele já ficou dizendo em sua mente “Dee Dee”. Se fosse um personagem de desenho animado, corações iriam pipocar de sua cabeça.

— OK. Tcau meninos. — Disse a menina depois de fazer o seu desejo para e estrela cadente e logo em seguida, ir embora de forma ainda mais inesperada do que de quando chegou, e é claro, cantarolando animada no meio do caminho —

— Essa minha irmã é DOIDA, viu? — Apontou Dexter enquanto limpava seu jaleco de cientista que sujou na grama. — Sue você gravou as imagens?

Sue não respondeu pois ainda estava distraído demais, preso em seu mundinho mental em que só Dee Dee existia enquanto babava sem sequer perceber.

— Sue. Você tá bem? — Perguntou Dexter, curioso em entender a condição de “gamado” do melhor amigo. Até que finalmente ele acaba e desperta.

— Oi! Desculpa, eu gravei sim. — Respondeu ele.

— Perfeito! Isso vai ser bem legal. — Apontou Dexter.

Os laços que criamos entre os nossos iguais são o que nos constrói como pessoas e como indivíduos. Contudo, nem sempre esses laços se mantêm firmes como se acredita. Há vezes em que eles se desgastam e até mesmo se rompem e, para o destino infeliz dessa amizade, isso iria acontecer. Por outro lado, em Orchid Bay City, os laços de uma adolescente com sua família eram tão fortes que atravessavam gerações, um laço não só forjado com sangue e amor, mas com uma missão pelo bem do mundo.

Orchid Bay City, próximo a praia.

Talvez uma das cidades mais bonitas do país. O nome provém dos antigos campos de orquídeas que existem até hoje por lá. É conhecida pelas suas praias e sua riqueza cultural e por ter sido palco de diversas imigrações nos séculos passados, com famílias de todos os continentes vivendo harmoniosamente. Mas, a beleza e riqueza cultural desta cidade litorânea não era o mais interessante. Esta cidade guardava segredos obscuros, forças misteriosas e sobrenaturais que desafiavam a compreensão humana, contudo, apenas aqueles que herdaram o dom do escolhido podiam perceber. Juniper Lee era uma dessas pessoas.

Nessa época a jovem tinha por volta de treze ou catorze anos. Era de uma família sino-americana e foi por parte de sua avó paterna que herdou a tal capacidade e muitas outras. Mas, a história da adolescente que tenta equilibrar sua vida normal com combate a monstros ainda está por vir. Hoje, esta jovem estava apenas andando de bicicleta no início da noite indo para um encontro com seus amigos da escola em um local que ficava entre um pequeno parque e a praia. A garota estacionou sua bicicleta perto de uma árvore e foi ao seu encontro de amigos. Ela deu um olá a seus melhores amigos: Jody, Ophelia e Roger que devoravam várias pizzas enquanto tiravam conversa fora. Contudo, a verdadeira razão de Juniper estar ali era ele, Marcos Conner. Um jovem um pouco mais velho que June. Era o garoto mais “legal” da escola. Não só por ser bonito e descolado, mas por ser realmente legal com todo mundo. Ao ver o belo rapaz de dreadlocks encostado em uma pedra tocando seu violão completamente isolado dos demais, a menina penteou para trás da orelha seu longo cabelo que era preto com parte pintada de rosa, em seguida, respirou fundo e foi até ele.

— Oi. — Disse ela em tom desajeitado e tímido.

— Oi. — Ele disse.

— Noite bonita, né?

— Sim. — Ele concordou sem sequer ter notado isso pois na verdade estava admirando a garota. — Eu... gostei da camisa. — Disse sobre a camiseta verde de June com uma estampa de um silhueta de uma libélula.

— Valeu. — Ela agradeceu.

— Você está sempre usando coisas com esse símbolo. É de família?

— É. Digamos que sim. — June Confirmou. — Estava tocando o que?

— Uma música que eu compus. Eu só bolei a música, ainda não tem uma letra.

— Por que você não me mostrou antes? — Ela perguntou a ele.

— Eu ia te mostrar ontem. E também anteontem, e semana passada também, mas... — ironizou ele.

— Tá, eu já entendi. — Disse ela. — Desculpa, por isso. Saiba que eu não tô te evitando nem nada. Eu só tenho muitas responsabilidades. Minha vida é uma loucura só.

— Tá tudo bem, June. Eu entendo. O que eu queria de verdade é que você me ajudasse na letra. Sei que você também toca e é muito boa nisso. — Ele propôs olhando nos olhos da garota.

— Seria legal. — Ela concordou retribuindo o silêncio.

Foi nesse momento que aquela mesma estrela cadente apareceu no céu.

— Olhe ali! — Apontou Marcos. — É uma estrela cadente.

— Bem grande ela. Deve ser uma rocha espacial das grandes. — Ela brincou. — Ela é linda.

— Sim. É mesmo. — De repente, uma ideia surgiu em sua cabeça. — Já sei sobre o que vai ser a música.

— Sobre o que? — Ela perguntou olhando em seus olhos.

— Sobre eu e uma linda garota vendo uma estrela cadente na primeira noite de férias.

Ao ouvir isso, June ficou vermelha e sem graça.

— Eu acho que vai bombar. — Ela elogiou olhando nos olhos dele bem de perto.

— Eu também.

E os dois adolescentes trocaram olhares e se beijaram bem ali, com aquela única estrela cadente no céu como testemunha daquele primeiro amor.

A história de Juniper ainda será contada um dia, mas nem todas as histórias se dão ao luxo de serem lembradas. Há algumas que são involuntariamente esquecidas, como esta que vem a seguir, que conta um pouco da apagada infância de outro futuro herói. Seu nome é Rex Salazar. Um dia este jovem irá promover uma revolução no mundo. Mas, até lá, ele irá perder boa parte de seu passado, inclusive de quem é e isso o fará se redefinir por completo.

Em algum lugar do México.

Segundo filho de pais cientistas, Rex Salazar era um garoto de dez anos que amava futebol. O trabalho de seus pais os faziam viajar muito e quando chegava o período de férias, eles o deixavam em uma pequena vila do interior do México. Lá, Rex brincava e socializava com outras crianças latinas de sua idade. Sua atividade favorita, é claro, era o futebol.

Os garotos da vila eram tão adoradores do esporte que no primeiro dia de férias, realizaram nove partidas consecutivas. O engraçado, era que tudo ali era feito de improviso. Usavam uma bola de futebol feita de pano, pintavam em linhas tortas para formar uma quadra de futebol no chão árido da vila e usavam duas latas de lixo alinhadas para determinar a área do gol. Apesar de simples, aos olhos daquelas crianças, era quase que equivalente a um campo de futebol profissional.

Faltavam alguns segundos para terminar a partida. Um jovem chamado Frederico, um grande amigo de Rex, estava com a bola e cruzava o meio da quadra. As outras crianças corriam atrás dele determinadas e esperando uma brecha. Esperto, Frederico passa a bola para o seu amigo Rex e este corre em direção ao gol e chuta a bola com a força perfeita. A bola foi tão rápida que o goleiro mal teve tempo de percebê-la e a bola atravessou o ponto do gol virando o jogo bem em seus últimos instantes.

Gol! Las Cabezas de Trapos ganharam.

Uma senhora de cabelos brancos atuava como árbitro. Ela soprou seu apito dando fim a partida. As crianças do time foram pulando e correndo até Rex o prestigiar pela virada final perfeita, uma quinta vitória consecutiva.

— Você foi demais, Rex! — Elogiou Frederico.

— Valeu amigo. Não achei que fosse conseguir.

— Sério, cara. Você tem pés de ferro. — Elogiou novamente.

— Da próxima vez eu quero ser o goleiro. Quero ver se minhas mãos são de ferro também.

A senhora latina de cabelos grisalhos e uma faixa na cabeça, aproximou-se das crianças com a bola e ordenou.

— Muito bem, niños. Por hoje já deu. Vão para suas casas e suas camas, amanhã vocês continuam.

— A não, Abuela! Só mais uma partida, para termos a nossa revanche. — Disse um dos garotos do time rival.

No. Já brincaram o suficiente por hoje. Amanhã vocês continuam. Agora, tratem de jantar e descansar para poder crescer e ficar ainda melhores no futebol.

A Abuela era chamada assim por todas as crianças da vila. Ela era abuela de todo mundo. Ela cuidava de várias crianças que não tinham pais ou que os país estavam ausentes. Ela era uma pessoa gentil e carinhosa, mas nem por isso deixava de dar um puxão de orelha de vez em quando.

Abuela levou Rex e as outras crianças para uma mesa cheia de comida. Lá, se tinha o hábito dos jantares serem à céu aberto. Não levou muito tempo para as crianças devorarem as carnes e bifes como se nunca tivessem comido na vida. Foi naquele jantar que a nossa estrela cadente apareceu no céu, mais distante e com menos brilho e em uma posição diferente das outras vezes, mas ainda possível de admirar sua beleza e quem a viu primeiro foi Rex enquanto devorava uma coxa de frango.

— Abuela, olha! — Disse ele apontando.

E a senhora olhou e notou o fenômeno lá no horizonte, apesar de o local dificultar a admiração dele, ele não deixava de ser estupendo.

Estrella fugaz

— É muito bonita. O que será que é? — Perguntou Rex.

Una roca espacial qualquer. Nada demais. — Explicou Frederico.  

— Nada disso — Abuela apontou — Mi Abuelo dizia que a aparição de uma estrela cadente era um sinal de boa sorte. Que algo importante iria acontecer com você.

— Será que é comigo, Abuela? — Questionou Rex.

E a gentil senhora colocou a mão sobre a nuca de Rex, lhe dê um sorriso acolhedor e afirmou:

— Eu tenho certeza, niño. Você é um garoto muito especial.

E assim, Rex sorriu de volta com a boca encharcada de molho e frango, o que fez a senhora rir.

Algumas lembranças são valiosas, e assim como qualquer outro tesouro, podem ser perdidos ou tomados de nós. É o que aconteceria com essas felizes lembranças de infância que seriam apagadas da mente de Rex Salazar em um futuro próximo, junto a tudo o que ele sabia e acreditava de si mesmo e assim, quando assumisse seu papel de herói, iria se redefinir por completo. Às vezes, certas coisas ruins tem de acontecer para que possamos nos tornar pessoas melhores.

Como você pode ter visto, todas as crianças contadas aqui olharam para aquele fenômeno cósmico curioso com os mesmos olhares. Olhares de surpresa, admiração e alegria. Entretanto, havia uma criança que olhou esse mesmo fenômeno daquele momento com desgosto e repulsa, era uma criança amarga e perversa, que quase nunca sorria. Seu nome era Mandy. O que nos leva a parte final deste conto onde agora vamos a Endsville, talvez a cidade mais sinistra já vista.

Endsville, casa dos Uglio.

Mandy Maxwell e Billy Uglio eram completamente opostos. Billy era um garoto pouco inteligente, mas curiosamente positivo e irritantemente animado. Já Mandy, era uma criança vazia, teve sua humanidade tomada de si mesma muito cedo e ela se tornou uma pessoa amarga e cruel. Em um momento do passado, a garotinha fez uma aposta com a morte, um ceifador sinistro que apareceu para levar a alma de seu amigo e acabou vencendo, tornando-o seu servo eterno. Puro-Osso era como ele gostava de chamado, agora aparecia ao lado deles diariamente. Ninguém mais o via, além dessas duas crianças de doze anos estranhas.

Naquela noite, os três resolveram começar as férias de verão acampando no quintal de sua própria casa. Ideia de Billy que insistiu nisso a semana toda. O garoto burro estava em sua barraca cantarolando coisas com seu gato Milkshake enquanto Mandy estava sentada sobre a grama, entediada e desanimada. Repentinamente, o Ceifador Sinistro, de manto longo preto e corpo ossudo, materializou-se ao lado da garota, e a alertou sobre o fenômeno que acontecia no céu.

— Olhem ali! — Apontou o Puro-Osso com seus dedos esqueléticos para a nossa estrela cadente que apareceu no céu naquele instante. — Não é lindo?

— Não acredito! — Gritou Billy em tom de assustado. — Uma estrela fez cocô espacial.

— Não é cocô sua besta! — Ofendeu a garota. — É uma estrela cadente.

— Pra mim parece cocô brilhante de estrela. — Insistiu o garoto burro.

— Billy, tudo pra você é cocô, menos o que é cocô de verdade. Lembra quando você “limpou” a caixa de areia do MilkShake achando que foi ali onde sua mãe escondeu os chocolates?

— Era gostoso. — Argumentou o garoto claramente retardado.

— Billy você é a criatura mais nojenta e asquerosa que tive o desprazer de conhecer em minha não-vida. — Debochou Puro-Osso. — E olha que eu tenho muito tempo de idade e sou a própria morte.

— Tá. —  Interrompeu a garota loira querendo mudar de assunto. — Seja cocô espacial ou não, é só uma pedra, que aliás, estou torcendo pra cair bem na cabeça de alguém. Talvez até destruir uma cidade.

— Sabe, pra uma garotinha de 12 anos você desvaloriza muito a vida humana. — Apontou o ceifador.

— E para encarnação da própria morte você a supervaloriza ela demais. — Contra-argumentou Mandy.

— Tuché. — Ele concordou, mas deu o seu ponto. — Você está certa. A vida humana é insignificante, mas não quer dizer que ela não seja importante. Entenda, o universo está cheio de coisas tão insignificantemente pequenas que mal se dá para enxergar e, ao mesmo tempo, há coisas enormes e colossais que sequer podemos nem mesmo nos aproximarmos sem sofrer as consequências. Neste Universo, há eventos tão rápidos que nem dá pra se dizer que existiram, e outros duram milhões e milhões de anos. Mas, é aí que está a graça. Não importa o tamanho ou a duração do evento, todos são importantes. Pois tudo está conectado, faz parte de um equilíbrio de caos e ordem que molda a nossa realidade e escreve o nosso futuro. Um simples bater de asas de uma borboleta, cria um tufão do outro lado do mundo. E ali no céu, diante de nossos olhos está mais um desses eventos que irá moldar o nosso futuro. Por isso ele é belo e lindo.

— Aquela pedra espacial besta? Sério? — Questionou Mandy.

— E quem disse que é uma pedra espacial? — Retrucou Puro-Osso. — É o que eu estou tentando explicar. Aquilo não é uma estrela cadente como todos estão pensando. Aquilo é outra coisa ainda mais fantástica.

— Se não é uma estrela cadente ali no céu, então, o que é? — Perguntou a garota sinistra que ficou confusa e curiosa.

Puro-Osso gargalhou com sua voz assustadora e depois respondeu à pergunta da garota com tom de mistério. — Aquilo, minha cara, é o Destino. Ele está se preparando para pregar sua próxima peça, procurando sua próxima vítima. Basta um pequeno empurrãozinho, uma pequena mudança na trajetória e... BOOM! Uma nova lenda, uma nova história começa.

Talvez vocês, reles mortais, achem as palavras de Puro-Osso confusas, mas ele estava certo. Aquilo que as trigêmeas Utonium assistiam fazendo pedidos, que os melhores amigos Dexter e Susan registravam em seu computador, que testemunhava o primeiro beijo de Juniper lee, e era visto por Rex Salazar em sua lembrança de infância que lhe será apagada, aquilo esse tempo todo não era uma estrela cadente. O destino estava moldando essas crianças e sem elas saberem que estavam testemunhando a criação de mais um herói, aquele que um dia seria o Herói dos Heróis.

Um garoto de dez anos que usava uma camisa branca com uma faixa preta no centro, andava por um parque que não ficava muito longe de sua cidade natal. O garoto tinha saído pra pensar um pouco, pois estava chateado. Achava que suas tão aguardadas férias de verão não seriam como ele planejava, até que aquilo apareceu no céu. Aquilo que era visto simultaneamente por tantas outras crianças com futuros igualmente grandiosos era o que iria moldar o destino desse menino. O garoto olhou para aquela estrela cadente e se deslumbrou com sua presença achando que era mesmo o que achava que via. No entanto, sua alegria durou pouco, pois, repentinamente, aquele objeto no céu mudou sua trajetória original, indo direto para o jovem.

O garoto se assustou e começou a correr o máximo que conseguia até que veio o BOOM. Ele sentiu o impacto da coisa no chão, mas não sofreu danos. Depois que a poeira abaixou, o garoto se levantou e foi ver que havia criado aquela cratera. Inicialmente, ele ficou assustado demais para chegar perto, mas um pequeno tremor o fez escorregar para o centro do impacto onde havia uma esfera de metal estranha. Sem explicação, a esfera se abre para revelar um tipo de relógio, um relógio esquisito. Apesar da curiosidade enorme, o garoto estava mais assustado e confuso do que qualquer outra coisa. Porém, a ideia de pegar o tal relógio dominou sua mente e para sua surpresa, quando o garoto vai pegá-lo, ele pula e se gruda em seu braço. Assustado, ele sai correndo e vai embora. O que aconteceu com ele depois? Bem... isso é para outro dia. 

E assim o destino pregou sua nova peça. Uniu por um instante aqueles jovens que estavam destinados à grandeza e ainda criou mais um. Como a própria morte havia dito, um bater de asas de uma borboleta cria um tufão do outro lado do mundo. Este conto chega agora no seu fim, meu caro leitor. Todavia, não pense de forma alguma que este é o final da história. Pelo contrário, este é o princípio.

Foi aqui que a história começou...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

[Dicionário de Referencias e Easter-Eggs e curiosidades]
1) As roupas que Docinho e Lindinha usam são referencias ao desenho. A roupa de crocodilo do mal foi usada pela Docinho em “The Powerpuff Girls' Best Rainy Day Adventure Ever” (Season 2, Episode 10-A) inclusive da ideia para essa parte eu tire desse mesmo episódio. Já a roupa de Harmony Bunny, foi usada pela Lindinha em “Super Zeroes” (Season 3, Episode 7B)
2) A história que levou a criação das meninas é contada em “CN Beyond: Elemento X”
3) Megaville é uma cidade importante onde os eventos do Mangá PPGD se passam. Aqui ela tb faz parte desse universo.
4) Genius Grove é a cidade onde Dexter e Mandark moram.
5) O sobrenome de Dexter é uma homenagem a um seu criador Genndy Tartakovsky.
6) Susan é nome “verdadeiro” de Mandark dado pelos seus país depois que nasceu. O nome e os roupas que usava quando criança fez muito fãs especularem que personagem fosse transgênero, por isso, nesse universo ele é de fato um.
7) Assim como no desenho, Mandark tem uma queda pela irmã de Dexter, Dee Dee. Em “ CN Beyond: O Laboratório” que se passa 5 anos depois, e dito que eles namoraram.
8) Baía das Orquídeas ou Orchid Bay é a cidade onde o desenho “A vida e Aventuras de Juniper Lee” se passa. Em breve ela ganhará também a sua história neste universo.
9) Assim como no desenho, June tem uma queda por Marcos Conner.
10) O símbolo da Libélula será abordado como um símbolo ancestral da família de Juniper.
11) Quando se afirma que Rex irá fazer uma “revolução” é um referência a música de abertura do desenho, chamada de “Revolution” da banda Orange.
12) A cidade e os personagens mostrados aqui na parte do Mutante Rex, são do episódio Night Falls (Season 2, Episode 13) que mostra essa pequena cidade onde Rex visitava na infância.
13) “Las Cabezas de Trapos” é apelido que davam a Rex e o Frederico que gostavam usar panos na cabeça e se passar por lutadores mexicanos. Nesse universo, eles batizaram seu pequeno time de futebol com esse nome.
14) Quando se diz que Rex tem “pés de ferro” é uma referencia ao fato dele poder criar construtos de mãos e pés gigantes.
15) Endsville é cidade onde os personagens de Billy e Mandy moram.
16) Assim como no desenho, Billy como os excrementos do seu gato Milkshake.
17) A história da aposta de Mandy e Puro-osso é contada em “CN Beyond: Terrível”
18) A última parte da história conta a origem do Ben 10 desse universo.
19) “O termo “Herói dos Heróis” é como a versão futura de Ben Tennyson, Ben 10.000 é chamado na estátua em sua homenagem.
20) “Os termos “relógio esquisito” e “História começou” são referências a música da abertura do Ben 10 Clássico.
21) Ben 10 também ganhará a sua história neste universo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "CN Beyond Tales: Estrela Cadente." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.