Extinção escrita por Alina Black


Capítulo 3
Jacob: Código Morse


Notas iniciais do capítulo

Bem amores, é necessário compreender tudo que aconteceu antes de Sara encontrar Renesmee, e porque ela desapareceu.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/801614/chapter/3

— Então, o que fez durante essas horas longe de mim? — perguntei enquanto caminhávamos pelos corredores da ala leste. Sara deu um sorriso encantador ao erguer a cabeça na minha direção. — Eu li dois livros — respondeu ela, orgulhosa de si.

Sorri timidamente. — Apenas dois? Que decepção, eu esperava mais de você, baixinha.

— E você, pai, leu quantos, por acaso? Cinco?

Ergui as sobrancelhas. — Quem disse que não leio?

— Eu esqueci que lê, pai. Mapas de regiões próximas à nossa.

— Cadê o respeito, projeto de gente? — falei em tom zombeteiro, curvando meu corpo. Sara deu um gritinho quando minhas mãos se direcionaram à sua barriga, fazendo cócegas.

— Deixa ver se eu adivinho, 10 a 0 pra menina — disse Seth, vindo ao nosso encontro. Sara, que até então estava entre meus braços, imediatamente tirou minhas mãos de sua barriga.

— Seth! — gritou ela antes de correr indo ao seu encontro.

Sorri timidamente. Eu já estava acostumado com essa reação sempre que Sara via Seth; era como se eu deixasse de existir instantaneamente. Mas, apesar do “ciúme” de pai, uma parte minha sentia-se tranquila. Era bom saber que ela tinha alguém que a protegeria e a amaria como ninguém mais conseguiria, nem mesmo eu, o pai dela.

— Que bom ver você, Seth — falei ao me aproximar. Sempre que um grupo saía de nosso esconderijo para buscar alimentos e medicamentos, corria o risco de não retornar. — Me diga que todos retornaram dessa vez.

— Todos estão bem — respondeu Seth. — Mas precisaremos criar um novo grupo e seguir para Ames. Não conseguimos muita coisa em Dacoma — explicou ele enquanto voltávamos a caminhar.

— Você vai precisar sair novamente? — perguntou Sara.

Seth sorriu, tocando uma mexa do cabelo dela. — Nós precisamos de alimento, pequena.

O olhar de Sara se direcionou para mim. “Pai, o Seth já foi. Você pode pedir ao tio Col ou Brad”, disse ela em um tom de preocupação.

— Hey — dei um sorriso, parando meus passos e me ajoelhando à frente dela. — Você precisa confiar em mim e no Seth, filha. Quando foi que saímos e não voltamos?

Os braços dela se cruzaram. — Eu tenho medo, medo de perder vocês dois.

As mãos de Seth pousaram sobre os cabelos de Sara, bagunçando-os. — Ah, qual é, baixinha? Você acha mesmo que vai se livrar tão facilmente de mim?

Sara fez uma careta, tentando segurar a mão de Seth, e eu me levantei sorrindo. — Nos encontramos à noite na sala de reunião e montamos um novo grupo de busca — dei um beijo na testa de Sara e voltei a seguir pelo estreito corredor. Eu sabia que Seth cuidaria de Sara durante o restante do dia; era assim desde o dia em que ele a viu pela primeira vez, quando a magia aconteceu com ele.

Ansioso, retornei para a sala de segurança, esperando que Howard tivesse boas notícias para mim. Aquela gota de esperança de reencontrar meu pai vivo havia voltado a existir.

Sala de Reuniões: 54 horas antes do desaparecimento de Sara Black.

— Não consegui entrar na frequência deles; eles podem ter tido algum tipo de interferência, e por isso as mensagens que enviaram há algumas horas estão criptografadas — explicou Howard, deixando alguns papéis sobre a mesa.

— Com certeza alguém entrou na frequência deles antes de nós, e por isso eles desapareceram — disse Collin, olhando em seguida para mim.

— E tem como decifrarmos as mensagens? — perguntei, pegando os papéis e tentando compreender aqueles inúmeros quadradinhos.

— Apesar de ter estado na guerra, amigo, eu não sei decifrar código Morse — respondeu Howard. — Vamos ter que torcer para que algum outro habitante dessa fortaleza saiba.

Puxei a cadeira e me sentei, ainda com os olhos nos papéis. — Droga! — murmurei em um tom de desolação.

— Talvez exista uma pessoa que saiba — disse Collin, puxando a cadeira ao lado da minha e se sentando. Brad, Howard e Leah puxaram as cadeiras restantes, sentando logo em seguida.

Lancei um olhar curioso para Collin.

— Sara! — disse Leah, respondendo minha pergunta antes mesmo que eu a fizesse.

Sacudi a cabeça em reprovação. — Sara apenas aprende tudo com mais facilidade. Ela não entende de códigos de guerra.

— Tem ideia de quantos livros sua filha já leu apenas este mês, Jake? — insistiu Leah.

— Por que não perguntamos a ela? — sugeriu Howard.

— Ah, qual é? — falei, me levantando. — Ela é só uma menina de 9 anos. Deixem-na fora disso.

Apesar de desejar imensamente saber notícias de Billy Black, não me sentia confortável em envolver minha própria filha naquele assunto. Leah, Collin, Brad e Howard mantiveram seus olhos sobre mim. Fechei os olhos e suspirei. — Tudo bem, mas sem pressão, okay?

O som da cadeira de Leah ecoou pela sala ao ser arrastada por ela, e em seguida ela se levantou. — Não se preocupe, Jake — disse ela, passando por trás da cadeira onde eu estava sentado. — Ela está com Seth. Vou buscá-los.

Mesmo contra minha vontade, eu concordei.

Nos minutos em que esperávamos por Leah, Sara e Seth, organizamos o novo grupo que sairia em busca de suprimentos. Apesar de sempre termos alguns soldados entre os civis que protegíamos, ir em busca de alimentos era uma missão muito arriscada para humanos. No entanto, os lobos estavam em minoria. Além de mim, Seth, Leah, Brad e Collin, existiam os dois filhos de Brad e Collin, mas ambos só tinham 14 anos. O aumento no número de sanguessugas havia ocasionado a transformação dos garotos, mas eles ainda eram novos demais para saírem em missões.

Quando Leah, Seth e Sara finalmente entraram na sala, Sara veio ao meu encontro, e a acolhi com um abraço. — Hey, Sara, que bom ver você — disse Howard, dando um sorriso gentil.

— Oi, tio — respondeu Sara, passando um dos braços em torno do meu pescoço. — Tia Leah disse que precisam da minha ajuda.

Lancei um olhar de reprovação para Leah. “É…” sussurrei, pegando os papéis com a mensagem codificada. “O que queremos saber é se você viu em algum livro…”

— Códigos Morse! — disse ela, me interrompendo em um tom animado, pegando os papéis das minhas mãos.

Seth sorriu. “Você conhece isso, Sara?”

— Sim — respondeu ela. — É um sistema de representação de letras, algarismos e sinais de pontuação através de um sinal codificado enviado de modo intermitente.

— Alguém traduz o que ela disse… — murmurou Collin.

— Filha, você consegue decifrar? — perguntei, fazendo carinho em uma mecha do seu cabelo.

Sara balançou a cabeça de forma positiva. — Esses são de intervalo longo — explicou ela e, em seguida, olhou para todos que estavam em volta da mesa. — Quem tem uma caneta?

Baixei a cabeça e ri.

Me levantei da cadeira para que Sara se sentasse, e enquanto ela estava concentrada no pedaço de papel, voltamos a planejar a nova busca. — “Eu posso ir novamente, se quiser,” — disse Seth.

— “Dessa vez eu vou,” — disse Collin, e eu concordei.

— “Vocês poderiam falar mais alto? Não estou conseguindo me concentrar aqui,” — reclamou Sara.

Seth não controlou a sua risada.

— “Tem certeza que essa menina tem só 9 anos?” — murmurou Howard.

— “Ela tem,” — respondeu Leah. — “Só é superdotada.”

— “Ela não é superdotada!” — falei em um tom de reprovação. — “Só aprende as coisas com facilidade.”

— Você sabe o que ela é? — insistiu Leah.

— Uma criança “normal” — respondi, dando ênfase ao “normal” na minha resposta.

— Eu consegui — disse Sara, nos interrompendo. Rapidamente, me aproximei, ficando ao seu lado. — O que diz a mensagem, filha?

— São coordenadas — respondeu ela, entregando-me a folha.

— Com isso, posso entrar novamente na frequência deles — disse Howard. — Vou fazer isso agora mesmo.

Concordei com a cabeça e abracei Sara, tirando-a do chão. — Você foi bem, garota. Estou orgulhoso — elogiei, enquanto Howard saía da sala apressadamente.

Finalmente, eu estava perto do momento de reencontrar Billy Black.

Setor Sul, dormitórios: 48 horas antes do desaparecimento de Sara Black.

Howard passaria a noite tentando entrar na frequência de comunicação de Charlie, e eu organizando as rotas para Ames. Enquanto eu observava atentamente o mapa, ouvi o som da porta do meu quarto se abrindo.

— Vai me ajudar a encontrar rotas seguras na floresta? — sussurrei, sorrindo.

— Eu também senti sua falta, Jake — disse Jessica, deixando uma bandeja sobre a mesa ao lado do mapa. — Você não comeu, para um lobo, você anda se alimentando bem pouco.

— Estamos com pouco estoque — respondi, sem tirar os olhos do mapa.

— Se você morrer, como ficamos?

Dei um sorriso e ergui meus olhos na direção de Jessica. — Eu estou condenado à morte, ou esqueceu que Aro Volturi colocou minha cabeça a prêmio?

— Morra alimentado — insistiu ela.

Confesso que ri. Em seguida, peguei o sanduíche que estava no pequeno prato e o levei à boca, voltando a olhar para o mapa.

— Me convenceu — respondi enquanto mastigava.

— A propósito — disse Jessica, encostando-se na mesa ao meu lado —, fiquei sabendo que a Sara conhece códigos de guerra. Todos não falam de outra coisa.

Olhei para ela de soslaio.

— Ela apenas leu livros sobre isso — justifiquei, enquanto marcava um local no mapa com a caneta.

Jessica sorriu. — Jake, você sabe que ela é diferente.

Fechei os olhos e suspirei, voltando a olhar para ela. — Ela é uma criança normal. Nós já conversamos sobre isso.

— Não sei por que você sempre reage dessa forma quando falamos da Sara, com tanta agressividade.

— Deve ser porque ela é minha filha, e só quero que ela seja uma criança normal.

— Do que você tem medo, Jake? Que ela vire uma vampira como a mãe dela? — disse Jessica em um tom mais exaltado de voz. Apesar da irritação, a ignorei quando o cheiro de Sara invadiu o meu quarto.

Jessica e eu direcionamos nosso olhar para a porta.

— A mamãe virou uma vampira? — perguntou Sara, me deixando totalmente imóvel.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Extinção" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.