Lágrimas Ininterruptas escrita por Hazel Valsher


Capítulo 2
Tomioka


Notas iniciais do capítulo

Como o prometido, aqui está, mais um capítulo. Espero que gostem, boa leitura ~♡



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Estava frio, mais que os últimos dias, o sol estava obscurecido, o mundo pintado por tons neutros de cinza e branco. O punho de sua espada nichirin, parecia gelo sob sua palma.

 

Ele não deveria está fora com a nevasca eminente, mas ele ouviu os rumores. Sentado a apreciar o chá quente, a palavra fantasma, tomou parcialmente sua atenção. Há muito, ele aprendeu que coincidências dificilmente existiam. Na montanha, distante o suficiente da vila, o que garantiria uma jornada de pelo menos meio dia, havia uma velha cabana aos pedaços.

 

As vezes, sempre no inverno, um homem, completamente escondido por vestes pretas e verdes, aparecia com o vento e desaparecia sem qualquer vestígio a nova aurora. As aparições, variavam entre, meses, anos e mesmo, décadas. Quando Tomioka demonstrou interesse pelo conto, lhe foi informado que aquela história começou há mais de três gerações e se mostrou real a cada uma delas, como se o homem estivesse imune ao tempo. Eles chamaram fantasma, o caçador, entretanto, estava certo de que o correto seria oni.

 

A neve abafou o som de seus passos, oni ou não, seria difícil de detectá-lo cedo o suficiente para uma fuga. O ar gelado entrou em seus pulmões a cada inspiração, um pouco mais e a ação provinda de uma luta, faria seu corpo mais quente. Esperançosamente, acabaria rapidamente e ele teria tempo de buscar um abrigo, morrer de hipotermia, seria uma vergonha. Com seu tipo de sorte, por outro lado, era melhor não contar com a sorte e estar preparado.

 

Um pouco mais e a cabana estava lá, solitariamente esquecida e abandonado, a um sopro de desabar. Mais uma respiração profunda e ele expandiu seus sentidos, havia uma outra presença próxima, a sensação que lhe trouxe, como um arrepiar na nuca, o fez ver que seu palpite não estava equivocado afinal.

 

Enquanto ele avançava, seu aperto firmou sobre a arma, a respiração em foco. Ele se questionava o quão distraído poderia está aquele oni, para que mesmo aquela distância, ainda não o tivesse notado. Talvez, não importasse, ele poderia está apenas confiante demais em seu poder, que a presença de um caçador, em nada lhe atemorizava. Era apenas suposições, entretanto, havia mais de uma possibilidade, mas certamente, nenhuma delas se comparava a realidade que se mostrou ao usuário da água.

 

Por um momento, seu avanço se deteve, descrença enchendo sua mente, franzido suas sobrancelhas. O oni, estava ajoelhado, mãos unidas, túmulos limpos a sua frente. Ele parecia rezar, um oni, lamentava... Parecia algum tipo de piada, apenas o toque gélido em sua palma, garantiu que tudo aquilo, era bastante real.

 

Ele já havia protelado o suficiente, não imperava nada daquilo, aquele ainda era um oni, Tomioka ainda era um caçador, como tal, havia apenas um caminho a tomar. A respiração veio facilmente, bem treinada, afiada. Ele se moveu com a fluidez da água, sobre a neve, seus passos continuaram inadiáveis, o único som sendo o silvo da lâmina ao romper o ar.

 

Rápido demais para seus sentidos, o oni despertou de seu transe e se moveu. Uma mão envolveu a lâmina azulada, recebendo o total impacto do golpe e ainda sim, enquanto qualquer outro teria seu membro arrancado, tudo que resultou, foi em pele rompida e sangue pingando, maculando o coberta de branco sob seus pés.

 

Controlado, o caçador puxou sua lamina nichirin, um estalo alto, como vidro quebrando, se propagou. Tomioka tropeçou um passo para trás, sua espada dividida em duas, o cabo e menos da metade da lâmina em sua mão, o resto da lâmina permaneceu em posse do demônio.

 

Um sentimento desagradável comprimiu seu peito, sua determinação o impediu de vacilar. Ele assistiu com cuidado, a espera do movimento do oponente, sua imprudência quebrou sua arma, ele seguiria com mais cautela.

 

O oni levantou a lâmina, indiferente ao sangue da fedida já curada. Uma rajada de vento, sobrou mais forte, fazendo a cabana quase dobrar sobre si, o capa do oni agitando-se loucamente ao seu redor, puxando seu capuz para trás.  Tomioka viu cabelos vinhos de uma tonalidade profunda, as mechas presas em um coque. Brincos de hanafuda balançaram, uma marca do mesmo tom de seu cabelo, na forma de chamas, enfeitava um dos lados seu sua testa. Ele havia sido jovem, antes de tornar-se o que era. Contudo, o que de fato fez a respiração do caçador estagnar e seu coração disparar, foi a única linha esculpida em olhos de um vermelho quase lilás.

 

Era de conhecimento comum entre os caçadores, a existência dos doze kizuki. Aqueles servindo diretamente a Muzan. Dentre as doze luas, havia ainda a distinção entre o inferior e superior. O poder exercido por um superior, excederia em muito, aquele apresentado por um inferior. O que não se conhecia até então, entretanto, era a existência de um zero.

 

Tomioka, era frio, pelo menos, essa era a impressão passada a quem não lhe conhecia de fato. Enquanto a verdade era, ele sentia muito, mas pouco sabia demonstrar. Naquele momento, todavia, ele não sentiu nada. Seu coração voltou ao ritmo, sua mente silenciosa. Ele uma vez temeu a morte, agora, ela era uma velha conhecida.


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Notas finais do capítulo

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