Partilhar escrita por WinnieCooper


Capítulo 10
Curioso fenômeno


Notas iniciais do capítulo

Era pro último capítulo chamar Partilhar (porque gosto do título da fic em algum nome de capítulo principalmente o último) MAS eu tinha que colocar esse título. Espero que entendam e que gostem do fim ❤️



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Rose havia sido surpreendida com um beijo duas vezes. A primeira delas foi aos 14 anos com um garoto trouxa durante uma viagem de férias de verão em Portugal. A família havia aproveitado as férias de Hermione para passar uma semana na praia. Conheceu o garoto americano no hotel; era metido e insuportável e se vangloriava o tempo inteiro por ser apenas 6 meses mais velho que ela além de passar horas e horas falando o quanto os Estados Unidos era melhor que Portugal — aliás, que qualquer país da Europa! — e que não aguentava mais ver coisa velha nos pontos turísticos da comunidade europeia. Era simplesmente a pessoa mais insuportável que Rose já conhecera até aquele momento.

Ron e Hermione estavam finalizando o checkout, enquanto Hugo aproveitava os últimos momentos do café da manhã do hotel e Rose o aguardava no corredor próximo à recepção tentando conseguir captar melhor sinal do Wi-Fi. Estava tão absorta mexendo no celular que nem percebeu que "Bruce, O Insuportável", como ela havia o apelidado no decorrer da semana, também estava parado no corredor. Além do apelido carinhoso, Rose também já havia o xingado, empurrado e jogado areia em seus olhos no decorrer da semana. Ainda assim, por algum motivo desconhecido para Rose, o jovem parecia acreditar que todos esses sinais só podiam significar que ela gostava dele e decidiu a beijar no último dia em que se veriam.  Ela havia acabado de guardar o celular na bolsa para ir atrás de Hugo no restaurante quando foi surpreendida com seus lábios sendo atacados pelo maluco. A reação foi imediata: o empurrou e deu uma joelhada no meio de suas pernas, enquanto limpava seus lábios com sua palma da mão. Foi seu primeiro beijo, num trouxa insuportável no meio de várias pessoas num hotel. Sorte seus pais não terem visto. 

A segunda vez foi com um garoto bruxo. Eric Thomas, seu amigo da Grifinória. Apesar de não conversarem todos os dias, o jovem negro sempre era gentil com ela, se portava com um verdadeiro príncipe encantado e parecia não ter medo dela mesmo com todo o alvoroço que causava no Castelo - a jovem era bastante incisiva e arranjava briga com todos os preconceituosos da escola. Foi nessa mesma época em que formara o Clube de Jornalismo com Lorcan em que publicavam desde notícias até denúncias de  abusos na instituição. Ela também tinha um clube que lutava pelos direitos de fantasmas, centauros e outras criaturas mágicas e, depois de muita briga, havia conseguido implementar eleições para monitores. A única coisa que não conseguira erradicar era o péssimo costume de serem divididos por Casas, mas fez seu protesto silencioso e trocou seu brasão da Grifinória por um contendo todas as Casas da Escola. E, ainda assim, Eric Thomas sempre se portava como um perfeito cavalheiro em sua presença.

Foi no Baile de Inverno do 6º ano. Ele havia a convidado poucos dias após anunciarem a data do baile e ela concordara prontamente. Ele era gentil e lhe dizia palavras bonitas. Rose nunca havia namorado ninguém, não achava que precisava, mas pensou por um momento que podia viver um romance para ter sua experiência. Então, permitiu que ele colocasse sua mão em sua cintura, se permitiu dançar com ele durante a noite inteira e permitiu que ele iniciasse o beijo. Fora diferente sentir os lábios dele nos seus, eram completamente diferentes dos lábios de Bruce, O Insuportável. Eram macios e gentis, mas quando ele pediu para aprofundar o beijo, Rose desviou o rosto alegando que precisava de espaço. Não fora nada romântico ou mágico como diziam os contos de fadas e Rose entendeu que seu pai sempre estivera certo no quesito romance com príncipes encantados.

Em todas as suas outras experiências fora Rose quem tomara a atitude: fora ela quem quis beijar, se frustrar ou se permitir amar quem quer que fosse que estivesse interessada. Mas desta vez era diferente. 

A partir do momento que Scorpius uniu seus lábios aos dela, ela desejou mais. Não o empurrou, não o chutou no meio das pernas, nem desviou seu rosto para que o beijo não fosse aprofundado. Pelo contrário, segurou o rosto dele com suas duas mãos e aprofundou o beijo. Precisava e queria sentir todas as sensações que um beijo dele poderia lhe proporcionar. 

Era um beijo carregado de sentimentos. Toda a ansiedade e expectativa de ambos transparecendo no momento, mesclando desespero e calma, mas seus lábios se completavam sem estranhamento ou receio algum. Por isso ela cravava suas unhas no cabelo dele, e pedia por mais, e ele correspondia segurando o rosto de Rose com uma das mãos enquanto a outra se ocupava em segurar sua cintura tentando quebrar um espaço que não existia. 

Diferente do que pensaram algum dia, um beijo entre melhores amigos não era nada estranho. Não mesmo. Rose se pegou pensando como conseguiram evitar aquilo por tanto tempo e como algum dia chegou a pensar que beijar Scorpius poderia ser estranho. Poderia até ser para alguns, mas a ideia de estranhamento parecia simplesmente incabível agora. Eles só queriam aproveitar o momento, a concretização de que tudo o que estavam sentindo era real e estava finalmente chegando à superfície. Beijar Scorpius era como concretizar que tudo que haviam vivido nos últimos meses valera a pena. Eles eram ótimos juntos, partilhavam momentos felizes e tristes, eram melhores amigos e agora estavam unidos por um acontecimento que nenhum dos dois poderia ignorar. 

Beijar Rose ela como concretizar que seu sentimento por ela não era em vão, que o seu sentimento ia sim, além do amor de melhores amigos, que queria viver com ela todos os momentos que ainda não haviam partilhado. Por isso ele preencheu seu rosto de pequenos beijos quando precisaram de ar e ela sorriu aproveitando o gesto dele de olhos fechados enquanto acariciava seu pescoço e o abraçava, ele pode então sentir o cheiro do perfume dela se misturando em seu pescoço e sabia que era o melhor cheiro do mundo. Desejou poder engarrafar e guardar para sempre. 

Rose esticou seu pescoço e o olhou nos olhos, seus olhos azuis-acinzentados brilhantes e felizes. Não se conteve e iniciou outro beijo com ele. Mais calmo desta vez, precisavam aproveitar todas as sensações: os corações acelerados e os suspiros que davam entre um selinho e outro. Ela o abraçou apertado fechando seus olhos o acariciando no pescoço ao que ele retribuiu prontamente a abraçando de volta, não conseguia parar de sorrir. 

Gryffin apareceu ao lado deles pulando e abanando o rabo, o cão parecia estar em êxtase. Mas, bastou olhar para o Golden Retriever que amava para Rose receber um choque de realidade. Lembrou de Amanda novamente e consigo a constatação de que o que haviam feito fora errado. Imediatamente saiu dos braços dele se sentindo suja e começou a caminhar muito rápido para a porta da sala. 

— Espera, Rose, onde você vai? — Scorpius começou a andar atrás dela. — Rose, me espera… 

Ela não podia olhar para trás. Seus olhos já estavam cheios d’água, por um momento, por um breve momento, se permitiu ser feliz com ele e preencher seu coração com ele. Não queria sofrer e ouvir de sua boca que estava namorando outra garota, não queria ser a outra, se sentiu suja. 

Conseguiu chegar até o corredor de fora do apartamento dele e não parou nas sucessivas vezes que ele a chamou. Apenas aparatou para longe dali. 

Kat a recebeu na porta de sua quitinete assustada. Ela parecia triste, seus olhos estavam vermelhos, havia chorado de novo. Contou tudo a amiga: da discussão que tiveram, da confissão e do beijo. 

— ...Você estava certa o tempo todo, Kat, estou mesmo apaixonada por ele. — Kat deu um sorriso, apesar de a voz de Rose estar triste enquanto relatava o que havia acontecido minutos atrás, deitada no colo de sua amiga, tinha o olhar vago, pensando nos últimos acontecimentos. — Estava enlouquecida de ciúmes, mas quando confessei o que sentia em voz alta e ele me beijou, eu percebi que queria o beijar de volta, e eu o beijei. Beijei com todo o amor do mundo. Era como flutuar, estar em uma órbita diferente, era mágico, nada estranho. Mas aí o Gryffin pulou na gente e eu lembrei da Amanda. Eu não quero ser a outra, não quero atrapalhar ele. 

— Atrapalhar ele? Como assim, Rose? Do que você tá falando? Você acabou de dizer que ele te beijou, ele! Acha mesmo que existe essa tal de Amanda? — Para Kat era simples, mas para Rose era tudo tão complicado. 

— Ele me disse que é uma garota que conheceu no parque em que sai para correr com o Gryffin…

— Mas ele disse com todas as letras que estava saindo com ela? 

— Não… — agora Rose estava mais confusa do que nunca, seu celular não parava de vibrar, era sempre Scorpius que aparecia na tela e ela ignorava, precisava de um tempo para pensar em tudo, precisava de um tempo para digerir e depois falar com ele.

xx

— Eu não sei mais o que faço! Ela aparatou sem me dizer para onde ia. Estou quase indo na casa dos meus sogros, ela deve estar lá, preciso falar com ela, Al! Precisamos conversar e esclarecer tudo, mas ela sumiu e não atende minhas ligações!

Scorpius estava desesperado. Ouvir a confissão de Rose em voz alta de que estava com ciúmes e considerava os dois um casal, com todas as formas que um casal poderia ser formado, o fez iniciar o beijo, que foi retribuído por ela com tanto ardor e entusiasmo. Pensar no beijo que trocaram horas antes só o fazia se sentir mais confuso pela "fuga" dela. Afinal, ela havia retribuído o beijo e o desejado tanto quanto ele a desejava, não havia? Mas agora, sozinho em seu apartamento enquanto andava de um lado para o outro com Gryffin em seus calcanhares enquanto conversava com Albus pelo telefone tentando localizá-la, sentia que tinha a ganhado e perdido no mesmo dia e no mesmo momento.

— Você pode até me odiar pelo o que vou falar e repetir: precisa dizer tudo a ela, explicar o que sente, que essa mulher do cachorro não é sua namorada. Isso sem contar toda parte do pseudônimo… É sério, cara, vocês precisam conversar.

Era claro que precisavam conversar, mas Scorpius não sabia onde ela estava. Pensou em enviar uma carta a Hermione, ou talvez a Hugo. Quem sabe aparecer na lareira da casa dos sogros com alguma desculpa. Só para saber se ela estava lá. Foi quando a cabeça de Lorcan Scamander surgiu na sua lareira. 

— Olá, Scorpius, tudo bem? A Rose está por aqui? Preciso muito falar com ela.

Lembrava de Lorcan Scamander na escola, ele era gêmeo de Lysander, mas apesar de serem idênticos fisicamente, era bem diferente de seu irmão. Lorcan escrevia para o jornal do colégio que havia sido implementado com a ajuda de Rose, já Lysander gostava de animais e plantas, e era sempre o preferido dos professores de Herbologia e Trato das Criaturas Mágicas. Olhar Lorcan o fez lembrar de como havia sido injusto com ela quando leu a revista. 

— Lorcan, ela não está, mas se você a encontrar, pode dizer a ela que preciso muito conversar com ela, e que não me arrependo de nada do que fizemos há pouco?

xx

— Rose, Lorcan está desesperado atrás de você, me chamou na lareira e disse que ia tentar te localizar. O que aconteceu? Você brigou com o Scorpius? Ele me disse que seu namorado estava triste e abalado quando o viu e pediu para conversar com você… Onde está? — Hugo parecia impaciente e preocupado por telefone. 

— Estou na casa de uma amiga. Tive alguns desentendimentos com Scorpius. Não diga nada aos nossos pais… Vou entrar em contato com o Lorcan pela lareira. 

E lá estava ela, conversando com seu colega Lorcan pela lareira. Observou a casa dele do outro lado: pilhas e mais pilhas amontoadas de papéis dispersas pelos cantos da casa, revistas espalhadas e alguns restos de comida misturados. Assim que viu a garota, Lorcan já foi logo dizendo as novidades. 

— ...Seu chefe me ameaçou. Disse que uma revista de quinta categoria como a minha, não podia ter o nome de um jornalista respeitável dos Estados Unidos, me ordenou o contato dele. 

— O quê? — Rose estava em choque diante do que havia ouvido. — E o que disse a ele? 

— Fingi que estava com medo dele e que respeitava o nome "Profeta Diário", disse que o contato que tinha com o Ethan McGawer era estritamente profissional, e que pediria para encontrá-lo na redação amanhã. 

— Na redação do jornal? Do Profeta? 

— Amanhã quando você for trabalhar, em algum momento do dia, revele que é você a dona da reportagem da revista. Vendemos essa edição feito água, quero te tornar minha escritora oficial, posso te pagar um salário e quero encomendar alguns outros temas com você. Seu nome é de respeito, só consegui as fotos dessa reportagem porque o Albus te conhecia e queria te ajudar, não por causa de Ethan McGawer correspondente internacional, mas por Rose Weasley, a jornalista Rose Weasley. Está na hora de você se destacar. 

Ficou um pouco menos triste depois de conversar com Lorcan, poderia enfim descarregar todas suas frustrações no chefe quando revelasse tudo a ele no dia seguinte. Contou a Kat e começou a elaborar com ela alguns passos que poderiam dar para o dia seguinte ser perfeito. 

— … Ah! Scorpius Malfoy está desesperado atrás de você, me disse que precisam conversar e pediu para dizer que ele não se arrepende de nada do que aconteceu agora há pouco com vocês… 

Lembrou das últimas palavras de Lorcan a ela antes de sair da lareira. Amanhã ela teria muitas coisas para fazer. Primeiro, colocaria um ponto final em toda história com seu chefe preconceituoso e machista. Por fim, iria atrás de Scorpius esclarecer tudo o que estava confuso. Perguntaria com todas as letras o que eram.

"Precisamos conversar, uma conversa que não é por telefone Eu estou bem, não se preocupe. Durma bem, amanhã conversamos. Eu prometo". 

xx

Rose acabou dormindo no quitinete de Kat, estava cansada de chorar pelos dois motivos em que só ela poderia consertar. Levantou decidida a fazer seu dia dar certo. 

Durante todos os meses em que trabalhou no Profeta Diário, nunca teve chance de encarar seu chefe e lhe afrontar. Aprendeu a respeitar as autoridades, apesar de ser conhecida em Hogwarts por tentar impor suas ideias, sabia que em um trabalho em que era subordinada não podia fazer isso. Mas as sensações que sentia quando encarava seu chefe não eram de respeito, mas sim medo. Entrou em sua sala logo que chegou ao jornal e entregou seu texto, minuciosamente escrito, dos preconceitos dos nascidos trouxas durante a Segunda Grande Guerra. 

— Obrigado, vou ler. — era a primeira vez que ele lhe agradecia por algo, mas não começou a ler imediatamente, colocou o pergaminho no canto. 

— Tudo bem, eu posso esperar. Afinal o interesse é seu, não meu. — com toda coragem que reuniu durante a noite, cruzou seu braço e sentou de frente ao chefe esperando que ele lesse seu artigo. Fazia questão de assistir todas suas expressões. 

Enquanto o senhor Pfeiffer passava os olhos por seu texto escrito de mais de 10 mil palavras se lembrou das vezes que chegou em casa chorando se sentindo inútil, de quando seus cabelos começaram a cair de estresse e em como descontava suas frustrações brigando com sua mãe ou comendo coisas erradas. 

Observava o rosto de seu chefe se mesclando nas mais diversas reações: primeiro, seriedade no começo do artigo, depois testas franzidas e confusas com o que lia, e, por fim, a boca levemente aberta enquanto reconhecia familiaridade no texto. Ele parou momentaneamente sua leitura e pegou uma edição da revista guardada na gaveta da sua mesa. Colocou o texto lado a lado com a reportagem, seus olhos pulavam de uma escrita a outra. Parecia descrente com a verdade.

— O senhor é um machista. — ela concluiu. 

O chefe observou Rose, ela parecia segura de si.

— O senhor marcou dois encontros comigo hoje. — ela esticou sua mão direita para que ele apertasse. — Prazer, sou Ethan McGawer. 

xx

Scorpius não conseguiu dormir direito naquela noite, tinha treino logo cedo, mas mandou um pergaminho avisando que estava mal e não conseguiria treinar naquele dia. Não conseguiu sequer sair para correr com Gryffin, ir ao parque lhe fazia lembrar de Amanda e Rose confusa a respeito dela. 

Observava Gryffin enquanto fazia café, o ato de fazer a bebida preferida de Rose lhe fazia pensar que havia sido mais burro ainda em não ter esclarecido logo com ela que não estava com Amanda e que não era nada dela. Seu cão parecia triste ao seu lado, sentia falta de Rose, o olhava pedindo com seus olhos que fosse atrás dela. 

— Também sente falta da Rose, não é, amigão? — perguntou afagando o cão que  imediatamente levantou as orelhas ao ouvir o nome de Rose —  Você acha que eu devo falar com ela? — Gryffin mexeu sua cabeça para o lado, latiu brevemente a ele. — Eu sei, mas ela deve estar brava comigo, entende? O quê? Você acha que devo ir atrás dela? — o cachorro latiu novamente. — Agora? — desta vez latiu três vezes seguidas. — É, amigo, você tem razão, preciso agir logo! Preciso esclarecer tudo agora!

Levantou decidido da cadeira e parou de se lamentar. Se encaminhou até o jornal, sabia que ela estaria trabalhando. 

xx

— Não, eu estava esperando a visita de um repórter internacional. Resolvi te receber aqui antes dele chegar para dar uma chance a você na sua…

— O quê? Reportagem sobre as represálias que os nascidos-trouxas sofriam na época da Segunda Grande Guerra? — Rose tentava parecer displicente e calma, mas por dentro fervia de raiva. — Não achou os textos parecidos? — Ela apontou para a revista. 

Ele a olhou desconfiado e tentando pensar em tudo o que estava acontecendo. 

— Isso é algum tipo de piada? Está querendo ser demitida, garota?

— Oh, não, eu estou saindo… Tenho um emprego novo. Não sei se o senhor conhece O Pasquim. Fui contratada como Rose Weasley, jornalista, não como Ethan McGawer, meu pseudônimo. 

O chefe de Rose começou a entender o que ela dizia e todas as pistas escancaradas a sua frente. 

— Você traiu o jornal levando uma matéria nossa para uma revista rival? 

—Nossa? Nossa?! — Rose parou de tentar se manter calma; já estava quase gritando — Como você se atreve a chamar a minha matéria de nossa?! Mas, quer saber? Eu nem me surpreendo mais com isso vindo de você. É bem a sua cara mesmo dizer uma coisa dessas. Depois de eu ter escrito com tanto cuidado e afinco, de passar dias me rebaixando para que você simplesmente a lesse e conseguir uma mínima chance de publicá-la... Depois de você deixar minha matéria simplesmente mofando nessa mesa! É muita audácia sua chama a MINHA matéria de nossa!

— Sabe que o que fez foi errado, tão errado que nem usou seu nome na matéria! — ele parecia estar com ódio, levantou de onde estava sentado e deu um murro na mesa. — Fez tudo isso de propósito!

— Foi, foi de propósito sim! Inclusive o pseudônimo masculino. Provei por a mais b que o senhor nunca me deu uma chance por eu ser uma mulher. Eu fiz de tudo para o senhor me dar uma chance, até fingi estar em um relacionamento para isso! Mas, no fim, eu entendi tudo. Eu estava certa o tempo todo, o senhor não passa de um velho machista e preconceituoso! 

xx

Scorpius chegou à redação procurando a mesa que sabia que Rose ficava, mas estava vazia. Kat estava na mesa ao lado, muito concentrada em olhar para a porta com uma plaquinha que dizia "Senhor Pfeiffer - Editor-chefe". 

— Oi… — ele estava um tanto quanto constrangido em chamá-la, mas já havia chegado até ali e não desistiria. 

Kat levou um susto quando o olhou. Não conseguiu responder seu cumprimento.

— Olha, eu preciso muito falar com a Rose! Não consegui esperar...

— Eu sei! E a Rose precisa muito falar com você também! — Kat prontamente respondeu. — É hoje que a vida da Rose se completa em todos os segmentos, amoroso e profissional. 

A amiga de cabelos negros e lisos de Rose parecia empolgada, como se estivesse assistindo de camarote uma das novelas que a ruiva amava ver. 

— Olha, não saia daqui! Pode sentar aí na cadeira dela! Rose está tendo uma pequena conversa com nosso chefe, quando ela finalizar com ele vem conversar com você. 

Scorpius obedeceu a sugestão dela, observou a porta que Kat olhava segundos atrás, tentou imaginar o que Rose falava ao chefe. 

— Eu fui muito injusto esses dias em que desconfiei dela, em que não dei os méritos que ela precisava ouvir. Rose é bem fechada em relação ao trabalho… — ele confessou não encarando Kat. 

— Em relação a tudo… Estava morrendo de ciúmes de você com aquela tal de Amanda e não admitiu. Você está namorando ela? 

— Amanda? — Scorpius a encarou negando com a cabeça. — Não, claro que não! Tudo não passou de uma grande confusão, nunca tive nenhum tipo de interesse amoroso por essa Amanda. Não com a Rose do meu lado, eu nunca pensei que… 

Parou de falar um minuto com Kat, não havia se confessado a Rose ainda, era justo dizer a melhor amiga dela que estava apaixonado? 

A porta se abriu e Rose gritava, seu rosto todo vermelho, da cor de seus cabelos que caiam do emaranhado em que ela havia os prendido. Ela quase chorava, mas estava se libertando. 

— ...É isso mesmo! O senhor não passa de um machista que só pediu para ler meu texto porque eu comecei a namorar! Só que depois usou esse argumento para dizer que eu jamais poderia te questionar sobre você nunca ter me dado uma chance! Pois saiba que eu não preciso namorar ninguém, não preciso ter o nome e nem apoio de homem nenhum ‘pra ter voz nos lugares! Estou me demitindo! 

Ela virou seu rosto para a plateia que assistia à discussão e seu olhar encontrou o de Scorpius. Ele parecia triste, fechou os olhos e aparatou para longe dela. 

— É melhor sair logo daqui! — seu chefe estava atrás de si nada conformado, raivoso com tudo o que ouviu. — E saiba que não vai receber dinheiro nenhum pelo tempo que trabalhou aqui, isso o que você fez foi traição ao jornal. 

Rose riu pelo nariz e encarou o ex-chefe novamente. 

— Ah! Eu vou receber todos os meus direitos. Nem que eu tenha que pedir ajuda do meu pai, da minha mãe e do meu namorado… — ela abriu a boca em choque lembrando de Scorpius. Se aproximou de Kat. — O que ele estava fazendo aqui? 

— Veio te ver! Não aguentou esperar! Disse que precisava falar com você! Rose, vocês têm que conversar! Ele nunca esteve com a Amanda! Nunca! — Kat disse tudo muito rápido e atropeladamente. 

— Nunca? — ela sorriu. — Mas, por que ele não me esperou ‘pra conversar? — Kat abriu a boca tentando explicar a ela, mas Rose se lembrou da sua última fala ao chefe e que ele havia ouvido. — Ah, não, Kat... Eu não disse aquilo por causa dele…

— Eu sei…

— Eu disse aquilo porque…

— Eu sei, eu sei! Você não tem que se explicar ‘pra mim! Anda logo, vai atrás dele! Vai ser feliz! 

Ela acenou com a cabeça decidida. Antes de aparatar disse a amiga. 

— Você vai trabalhar comigo no Pasquim, vai sim! Não vou ficar longe da melhor diagramadora desse jornal e da minha melhor amiga. Você vai comigo! 

Ela então aparatou e toda redação observava Kat. 

— Vocês não têm nada para fazer, não? Ah sim… — ela encarou seu chefe que permanecia observando tudo. — Estou me demitindo também. E quero meus direitos trabalhistas de 7 anos trabalhados aqui pagos. 

xx

Eram muitas coisas para se dizer, ele precisava explicar que Amanda estava interessada no Gryffin não nele, que ele acreditava em sua escrita, que nunca quis ofendê-la quando acusou o tal Ethan McGawer de roubar sua voz, afinal, não sabia que era ela. Mas depois que a ouviu falar em alto e bom som que não precisava de homem nenhum, que não precisava se esconder em relacionamento nenhum, sentiu que tudo estava acabado. Rose não precisava dele, não do jeito que ele precisava dela.

— É Gryffin… Como vou olhar para essa cafeteira novamente sem pensar nela? Como vou olhar para você e não pensar nela? 

O cão abanava o rabo para o dono parecendo compreender o que ele dizia. 

— Vou ter que doar a TV…

Gryffin latiu e segurou a barra da calça dele com a boca o puxando.

— ...talvez ela não tenha TV no quarto dela onde ela mora com os pais, não é? Talvez ela aceite a TV…

O Golden Retriever de Scorpius, parou de tentar puxá-lo e se encaminhou para a porta da sala, começou a arranhar a madeira com suas patas e chorar.

— ...talvez o Albus aceite uma TV de presente ‘pra Sunny se a Rose não quiser… 

O loiro não tinha notado os sinais que seu cachorro dava, senão não teria se assustado quando ouviu a campainha. Percebeu então que Gryffin não latia, devia ser alguém conhecido. Talvez sua mãe, seu pai? Pensou em várias possibilidades enquanto abria a porta, em nenhuma imaginou ser ela.

— Rose? 

Ela respirava forte e, pela primeira vez, não pensou nem retrucou com sua consciência que dizia para não fazer isso, apenas se lançou em seus braços e o beijou. 

 Scorpius se surpreendeu com a atitude dela, mas retribuiu o beijo com todo amor que sentia. Por fim, quando Rose desgrudou seus lábios do dele, disse olhando em seus olhos ainda com as mãos em seu rosto:

— Eu precisava te ver, te beijar, te abraçar, conversar com você… 

Ele sorriu quando ela voltou a se lançar em seus braços lhe dando beijos breves nos lábios um em seguida do outro. 

— Precisamos esclarecer algumas coisas… — ele começou quando ela o abraçou forte, escondendo seu rosto em seu peito tentando fazer sua respiração voltar ao normal. — Eu juro para você que tenho muito orgulho do que você escreve e nunca pensei que aquele Ethan fosse você. Pensei que ele ‘tava roubando seu lugar no Pasquim, eu só queria que todo mundo visse o quanto você é incrível... Me desculpe. 

— Eu sei… — ela estava com o nariz enfiado em sua camiseta aproveitando o cheiro de seu perfume amadeirado. — E Amanda? 

— Nunca tive nada com ela, nunca! Ela está interessada no Gryffin.

Rose saiu do abraço e o olhou surpresa. Enfim reparou no cão de Scorpius que estava agachado em seus pés esperando carinho. Rose se agachou, o abraçou e fez carinho em seu rosto, Gryffin fechou os olhos aproveitando o gesto da ruiva. 

— Pois fique sabendo que eu também tenho ciúmes de você, Gryffin… — ela abraçou o cão novamente.

Ele sorriu explicando toda conversa no parque, ela enfim entendeu toda confusão, Scorpius permaneceu em pé, admirando ela que conversava agora  com Gryffin ameaçando que jamais o perdoaria se preferisse a Amanda a ela. 

— Impossível isso acontecer. Gryffin já está completamente apaixonado por você.

— Ah, é? — Ela sorriu, parou de abraçar o cão e se levantou na altura dele o encarando. — Então é verdade o que dizem? Que todo cachorro parece com o dono? — ela riu zombeteira.

— É a mais pura verdade! Digamos que eu já estou praticamente domesticado. — ele riu a acompanhando. — E apaixonado. Definitivamente apaixonado. 

— Apaixonado por mim? De verdade? — ela não deixaria de perguntar. — Mas, isso não estava nos nossos planos.

 

— Bom, muita coisa não estava nos nossos planos… — ele ainda tinha dúvidas em relação a ela, apesar de toda calorosidade em que ela se apresentou a ele quando abriu a porta. — Já que você infelizmente você não precisa de um homem na sua vida, não é?

Ele torcia para que ela fosse sincera consigo, mas se a resposta fosse positiva ele acabaria machucado. 

— Não, não preciso, posso me defender sozinha. — ela negou com a cabeça e ele pareceu decepcionado diante da revelação, mas Rose completou: — Porém, eu quero você na minha vida, por inteiro. 

— Eu? 

— Sim, você! Eu quero namorar você, e morar com você, com todos os malefícios e benefícios que um relacionamento pode ter. — ele sorriu enquanto ela voltava a lançar seus braços em volta de seu pescoço. Rose tinha suas orelhas vermelhas, mas seria dona e protagonista de sua história de amor e não poderia perdê-lo tão facilmente. — Eu quero você, Scorpius, eu quero tudo com você. 

Ele iniciou o beijo desta vez, um pouco mais empolgado do que da última vez, Gryffin parecia ter compreendido tudo o que ela havia dito, pois, pulava nos dois, empolgado. Ela desgrudou os lábios dando risada diante da felicidade que sentia e do cão. 

— Se vai morar comigo preciso te avisar algumas coisas… — Scorpius não conseguia parar de sorrir observando os lábios dela ainda vermelhos e molhados por sua causa. — Eu tenho uma família horrível, são super preconceituosos, mas infelizmente não posso ignorá-los. 

— Eu vou amar sua família, adoro esfregar verdades na cara dos outros. 

— Bom, sou um jogador de quadribol um pouco famoso, os fãs podem ser terríveis às vezes…

— Meu pai sempre quis um genro com benefícios no quadribol e podemos despistar os fãs fazendo programas trouxas…

— Talvez você se incomode com meu cachorro, ele é um pouco grande e carinhoso demais… 

— Eu sempre convivi com animais domésticos, e sou apaixonada pelo Gryffin. — ele sorriu, a felicidade eminente o fazia seguir com os olhos brilhantes, coração pulsando e com os dentes todos a mostra. — Agora, preciso te dizer que tenho defeitos terríveis…

— Ah, é? — Ele fazia carinho nas bochechas dela com seus dedos, ela passava suas unhas em sua nuca. Novas intimidades alcançadas em pouco tempo. 

— Odeio acordar cedo, sou metódica com limpeza, preciso de meu café todos os dias de manhã, tenho o péssimo hábito de assistir programas estranhos em uma língua estranha e odeio que me contradigam.

— Acho que posso conviver com isso. — ele ponderou mexendo a cabeça e aproximando seus lábios do dela novamente. 

— Fizemos tudo ao contrário Scorpius. — ela comentou quando seus lábios se separaram do dele novamente. 

— Não, não, não... Fizemos tudo no tempo certo e do nosso jeito. 

— Quero partilhar toda minha vida com você, as partes ruins, mas as boas também.

— Eu sei, eu também, eu também…

— Sabe que acredito que isso daria um bom enredo de um romance. — ela voltou a sorrir enquanto ele confirmava com a cabeça dizendo o que sabia ser verdade. 

— Já deu. 

Afinal, após enfrentarem todas as partes ruins e difíceis que um relacionamento poderia ter — os jantares com parentes, os problemas que doença e tristezas traziam —, eles podiam enfim viver seu romance, com direito a cenas de ciúmes resolvidas e um cachorro alegre que pulava em volta deles quando não conseguiam parar de sorrir ou se beijar. 

xx

— “… Não cabe a mim julgar relacionamento nenhum, desde que ele não tenha abusos físicos ou psicológicos de ambas as partes. Acredito que cada pessoa é livre para se sentir e ser feliz com quem bem entender no relacionamento que quiser ter, ou não ter relacionamento nenhum. Você pode se casar e ter filhos, ou simplesmente morar juntos e criar um animal de estimação no lugar de uma criança, pode sair com alguém sem compromisso, ter uma relação à três ou não ter relação nenhuma. O importante é respeitar seu companheiro e viver uma relação saudável. Ou não viver relação nenhuma e ser feliz sozinho. O mundo te deu o direito de ser o que quiser ser. Aproveite sua chance". — Kat terminou de ler o artigo de Rose. 

A amiga ruiva estava ansiosa esperando a opinião dela. 

— Quem te viu e quem te vê, hein, dona Rose?! Estar apaixonada te faz otimista. — Kat resolveu a cutucar. 

— Só disse a verdade e eu sempre fui verdadeira. — ela deu dê ombros. 

Estavam na redação d’O Pasquim que se resumia basicamente ao casebre de Lorcan, extremamente mal arrumado com milhares de papéis espalhados por todos os cantos, algumas plantas exóticas em outros e nenhum tipo de tecnologia instalada. 

— Lorcan, ok, eu sei que  cheguei agora, mas, ‘pra gente fazer isso aqui funcionar,  você precisa estabelecer o mínimo de ordem! Talvez colocar uns armários para arquivar a papelada por data te ajude e, francamente, é necessário mesmo uma árvore de ameixeiras dirigíveis no meio da sala? — ela apontou um vaso gigante que atrapalhava a visão de todos os ângulos do lugar. 

— Rose, sua amiga precisa entender que ter plantas dentro de casa trazem boas energias. E ela está precisando, tem diversos zonzóbulos envolta da cabeça dela essa manhã… - Lorcan comentou encarando Rose e ignorando Kat. 

— Eu sou a favor de plantas. Mas, isso aqui, meu querido, é outra coisa. Ninguém pode simplesmente plantar uma árvore no meio da sala! A propósito, suculentas são minhas preferidas. E, outra coisa que você precisa aprender é usar lixo. Lixo no lixo, Lorcan. Lixo no lixo. — ela disse quase soletrando. — Como se diz defensor das plantas e não joga o lixo no lixo? 

— ‘Tá maluca? Mas é claro que eu jogo lixo no lixo. Tudo que tem aqui dentro dessa sala é estritamente essencial.

— Essencial? Como isso aqui pode ser essencial? — ela disse apontando para uma pilha de papéis amassados jogados no canto da parede.

Rose começou a virar seu pescoço de um para outro, como num jogo de ping-pong tentando não perder nenhum lance, as discussões variavam entre organização, plantas, áureas, e alguns costumes trouxas que Lorcan precisava conhecer. 

— ... E outra coisa: só trabalho com internet. Já estou cedendo o meu computador pessoal para sua empresa. — Kat finalizou e Lorcan resolveu ir até à cozinha preparar um chá reparador, pois sua cabeça, segundo ele, também estava agulhada de zonzóbulos. 

— Lorkat… Katcan… Lorine… — Rose começou a pensar e enumerar nos dedos. — Acho que gostei mais de Lorine. 

— O que está fazendo? — Kat perguntou brava para ela já entendendo tudo em questão de segundos. — Juntou meu nome com o Lorcan?

— Ah… É que eu amo um enemies to lovers, sabe? E, como foi que você disse mesmo? Acho que foi Shippo muito e não nego, no batizado dos seus filhos a gente conversa, não é?

Rose estava feliz com sua vida caminhando, seu nome tinha peso ao escrever para a revista, seu processo contra seu chefe do Profeta estava sendo encabeçado por sua mãe, que ficou triste e indignada quando ela resolveu contar toda a verdade a seus pais. 

— Eu tenho vontade de dar um soco na cara daquele…!

— Não, Ron, vamos nos vingar judicialmente. Vou fazer de tudo para te ajudar, filha. 

Ela não precisava mais se esconder e guardar seus sentimentos e frustrações dentro de si, não tinha vergonha de pedir socorro aos pais nem tinha medo do que encararia judicialmente, estava feliz e realizada escrevendo para a revista. 

O Pasquim não era muito bem-visto pelos bruxos tradicionais, mas ela pediu a Lorcan para publicarem uma edição especial sobre os sobrenomes importantes da sociedade bruxa, os preconceitos enfrentados e os malefícios dos nomes que os heróis precisavam carregar. Draco leu a edição especial em que ela  havia feito uma retratação com o sobrenome Malfoy, também com uma entrevista exclusiva com seu padrinho Harry Potter e o peso do sobrenome de herói. Apesar de Lucius não comentar nada sobre a edição, ela sabia que ele havia lido, pois, mandou uma carta a Draco dizendo que a namorada de Scorpius de fato sabia escrever bem. Draco lhe agradeceu pessoalmente e disse que ela estava  fazendo bem não só ao filho, mas a sua família por inteira. 

Scorpius era imensamente grato a ela, estava mais feliz que nunca, sua família estava enfim conseguindo uma harmonia que Astoria tentava alcançar há anos, e unido a sua paixão por ela, conseguiu ajudar o time a alcançar a taça de campeão do campeonato para os Chudley Cannons, Scorpius também ganhou o título de artilheiro do campeonato. Estava orgulhosíssimo das novas aquisições observando a prateleira de sua casa, quando ela o abraçou pelas costas, sorridente. 

— Feliz profissionalmente, feliz familiarmente, feliz amorosamente, isso é o que chamo de: curioso fenômeno. 

Ele virou para ela sorrindo depositando um beijo de leve em sua testa. 

— Gryffin, finalmente terminei seu casaco, bem a tempo para usar no inverno, que começará amanhã…

Ela foi até sua bolsa depositada na bancada da cozinha, e pegou o casaco de lã que havia feito para o cão, minuciosamente tricotado sem magia. Um grande G se destacava na cor laranja em meio ao marrom que compunha o corpo da peça. Rose se aproximou do cachorro e o vestiu. A roupa lhe serviu direitinho. 

— Agora você é oficialmente um Weasley, não tem mais volta…

Scorpius não conseguia parar de sorrir diante de tudo o que vivia. Sentia-se um sortudo. Agradeceu a ela pelo casaco a Gryffin, estava curioso pela frase que ela dissera anteriormente. 

— Me explique mais sobre esse curioso fenômeno que falou há pouco. 

Ela puxou Scorpius pela mão para se sentarem no sofá.

— Curioso fenômeno implica em ter felicidade conjugal, felicidade profissional, nenhum problema familiar e o maxilar doendo de tanto sorrir o dia inteiro.

— Bom… Então, acho que estamos vivendo um curioso fenômeno. — ele sorriu novamente. Segurou as mãos dela enquanto Rose realizava comandos no controle remoto com a outra mão colocando uma novela. — Sabe que com o fim do campeonato posso tirar umas férias, o que acha de uma lua de mel? 

—Tipo um mochilão pela Europa de trem? Vou amar. Quero viver tudo com você… 

 — Eu também… Aliás, prometi ‘pro Al que iríamos cuidar da Sunny amanhã o dia todo, levar ao parque para um piquenique, o que acha?

— Eu amo a Sunny e vou amar treinar para quando tivermos nosso próprio bebê. — ela comentou displicentemente. 

— Nosso próprio bebê? — Scorpius sorriu diante do que ela havia falado. Não haviam conversado sobre filhos ainda. 

— Bom, não posso desperdiçar esse seu talento incrível com crianças, não é? Além disso, eu vou adorar ter filhos com nome de flores e constelações. O que acha? 

Ela o encarou sorrindo, como se estivesse feito uma pergunta banal sobre o sabor de pizza que pediriam por delivery. 

Scorpius se lançou até ela lhe beijando nos lábios. 

— Realmente é um curioso e maravilhoso fenômeno que estamos vivendo. 

No começo era só uma ideia absurda, talvez nenhum dos dois pudessem imaginar tudo o que passariam juntos, talvez nenhum dos dois sequer sonhassem tudo o que ainda partilhariam juntos, mas por hora, aproveitariam o curioso fenômeno que viviam com a certeza de que tinham feito as melhores escolhas.


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Notas finais do capítulo

Eu quero muito agradecer as meninas idealizadoras do JS porque sem elas eu não teria voltado a escrever com tanto afinco ano passado e não tinha começado a conversar com tantas fanfiqueiras incríveis. Esse projeto pra sempre vai estar em meu coração. Obrigada a Paty que é minha amiga faz menos de um ano (apesar de conversarmos por reviews desde 2010), lembro da gente começando a conversar de verdade no twitter por causa de a cantiga dos pássaros e das serpentes e descobri ela uma noveleira apaixonada por chocco with Pepper além de tantas coisas em comum que temos. Ela se tornou uma grande amiga. Muito obrigada pelo apoio nessa fic por suas ideias e pitacos que só acrescentaram coisas maravilhosas. Obrigada também a todos os leitores daqui que me encorajaram a continuar a escrever e terminar essa fic em junho. Eu meio que fiz uma loucura em escrever tudo isso num mês tão caótico pra mim de escola, mas deu tudo certo e ver cada Review, cada favorito e que de alguma forma minha escrita ainda toca vocês me faz muito feliz.
Me digam o que acharam desse curioso fenômeno que scorose vive. AHHHHHH GENTE Paty achou o Instagram da família scorose de Partilhar, temos um Golden Retriever e um baby scorose que na minha cabeça nasceu dia 19 de Agosto igual ao filho deles é leonino e se chama Léo (a vá) se quiserem o link pra fanficar com a gente só pedir no meu twitter. (Quase pedimos pra ela pintar o cabelo de ruivo porque só falta isso).
Obrigada a quem leu até o fim, me fale o que achou por favor. Vou ficar tão feliz em ler. Obrigada mais uma vez, só agradecer ❤️



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