Tempos Modernos escrita por scararmst


Capítulo 10
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Miguel queria muito poder dizer que se sentia instantaneamente confortável, que não pensou em mais nada disso durante a festa e que seus receios não lhe incomodavam mais, mas isso seria mentira.

É claro, saber que tinha seus amigos o apoiando era uma mudança da água para o vinho. Não tinha pensando no quanto queria uma rede de apoio ao seu redor até a perceber ali, até voltar para a mesa com seus amigos e ver como eles prosseguiram com a celebração como se nada tivesse acontecido. À exceção de Lucas, quem sentou diretamente ao seu lado e adotou uma postura mais relaxada e um sorriso mais leve, ambos muito atraentes nele e, Miguel percebeu, resultado de uma nova injeção de confiança, provável resultado de descobrir não ser o único garoto gay na mesa mais.

Miguel sabia se tratar disso, pois sempre se sentia mais confortável ao lado de Lucas. No começo tinha ficado desconfortável, Lucas parecia muito confiante em sua própria pele, com toda a maquiagem e o jeito único de agir, certamente atraindo holofotes para si sem parecer se importar com as consequências. Mas com o tempo, essa confiança dele tinha se tornado como um conforto em seu subconsciente, um aviso de se Lucas podia agir daquela forma e se sentir bem consigo mesmo, então tudo ia ficar bem para Miguel também.

Em algum momento, aquilo se tornou paixão. E agora tinha também camadas de admiração e atratividade misturadas nisso, um turbilhão de emoções e hormônios adolescentes se manifestando em um outro desviar de olhos na direção de Lucas com um queixo caído e um silêncio absoluto de sua parte. Se Lucas reparou, não disse nada. Miguel esperava não ter reparado. Ia morrer de vergonha e não estava o fazendo de forma exatamente consciente.

Pedro ia e vinha para a mesa, rodando pela festa para dar atenção a todos os convidados, e volta e meia buscava Clara para apresentá-la a alguém, então na maior parte do tempo eram apenas os garotos ali. Arthur, agora com um pratinho de salgadinhos em sua frente, tinha parado de reclamar e quase de falar também, se ocupando de comer. Zé Dois e Lucas conversavam sobre assuntos variados — alguns filmes, uma partida de futebol, a lasanha vegana que a mãe de Zé Dois tinha feito pro jantar — e Miguel estava muito satisfeito em assistir.

A mistura de alívio e tensão depois de se abrir para eles tinha o deixado cansado. Não sabia explicar o motivo e não era um resultado o qual esperava, mas não precisar ficar em estado de alerta o tempo todo estava mostrando o quanto a situação anterior vinha consumindo seus pensamentos. Agora, relaxado, sentia-se muito bem por poder observar o ambiente ao seu redor sem precisar intervir a qualquer custo ou se proteger de alguma coisa. Era agradável. Gostava disso.

Em algum momento, ele percebeu que Lucas vinha enchendo seu copo de refrigerante para ele — o que agradeceu com um sorriso simpático — e depois de pegar um pão de queijo percebeu também como o garoto vinha o dando cutucões discretos quando uma bandeja de salgadinhos passava por perto, para analisar se queria algo ou não. Algumas horas mais tarde, acabou retornando para a conversa, aos poucos, com um tom mais leve e bem menos preocupação em acabar dizendo algo comprometedor. A história da apresentação de teatro veio à tona em algum momento, para a admiração de Zé Dois e risada de Arthur, quem parecia achar muito engraçada a ideia de Miguel em cima de um palco.

— Puts, queria ter visto isso, deve ter sido ótimo! Travado que nem você é!

— Eu não sou travado! — Miguel rebateu, inclinando-se por cima da mesa com talvez um pouco mais de energia que o necessário. — Eu estava travado, é diferente.

— Como está se sentindo, por falar nisso? — Zé Dois interrompeu, bebendo um gole longo de seu refrigerante. — Se sente mais tranquilo? Está melhor?

Tranquilo? Miguel encarou a superfície do refrigerante em seu copo por um instante, bebendo um gole em seguida e dando de ombros.

— Leve, acho. Obrigado… Por tudo.

Zé Dois concordou, abrindo um sorriso pequeno e muito breve, antes de inclinar para trás na cadeira para dar espaço a Arthur, quem passou o braço na frente de seu rosto para alcançar a bandeja de salgadinhos passando ali. A garçonete felizmente deu a volta para mais perto do garoto, livrando Zé Dois da situação.

— Você parece mais leve — o garoto comentou. — Antes eu te reparava prestando atenção em tudo ao seu redor de um jeito quase paranoico. E quando não estava ouvindo as conversas parecia meio nervoso. Agora fazem horas que você tá sentado aí e se tivesse dormido eu não saberia a diferença.

— Isso é uma boa coisa, espero — Miguel brincou, e Zé Dois respondeu com uma afirmação.

— Eu quero aquela barquinha com patê, será que tem ainda? — Arthur perguntou, se levantando e olhando em volta devagar. — Acho que vou dar uma andada por aí pra procurar.

E Arthur se virou, deixando a mesa. Miguel o observou caminhar para longe por alguns segundos, até algo se clicar em sua cabeça: se antes não queria conversar sobre o que tinha acontecido com Arthur por medo de, caso tentasse entrar na vida privada de um de seus amigos ter de expôr a sua também, agora isso não era problema mais. Tinha sido o único a ver o que tinha acontecido mais cedo, e depois de receber um apoio nada esperado de Arthur, talvez ele precisasse de ajuda também.

— Licença, já volto — Miguel disse de uma vez, levantando-se e correndo por alguns passos para alcançar Arthur. — Ei, Arthur!

O garoto se virou para ele com a expressão um pouco desconfiada no rosto, e deu um passo discreto para trás, mas não discreto o suficiente para Miguel não perceber.

— Que foi?

Bem, não dava para esperar milagre. Arthur tinha dito que não teria trocado de roupa na frente dele se soubesse, era de se esperar ele não se sentir assim tão confortável com a situação a ponto de ficar tranquilamente sozinho com ele em algum lugar. Mas para Miguel isso era apenas detalhe. Ia ganhar a confiança dele com o tempo, não é? Ele ainda era seu amigo afinal de contas.

— Eu só queria dizer… Eu vi o que aconteceu quando você chegou. Eu não sou muito bom falando essas coisas, e não queria me meter na vida de vocês porque não queria vocês se metendo na minha, mas agora não faz tanta diferença mais, se vocês já sabem, então… Bem, acho que o que quero dizer é que se precisar de alguma coisa, eu posso ajudar.

A resposta de Arthur foi dar de ombros. Ele voltou a andar, mas mais devagar, dando um sinal sutil com a mão para Miguel o acompanhar. O garoto o fez, mantendo um espaço saudável de uns dois palmos entre os dois apesar do espaço apertado entre as mesas.

— Não tem muito o que fazer, ele é assim mesmo.

— Por que ele estava bravo daquele jeito? Pode me dizer?

— Ele fica bravo daquele jeito com qualquer coisa, Miguel. Um dia desses eu deixei um copo em cima da pia. Deu naquilo ali que você viu. Hoje ele tava puto porque eu perdi nota na última prova de matemática.

Miguel abaixou a cabeça, um tanto incomodado com a revelação. Já tinha perdido nota algumas vezes, e em todas as ocasiões seu pai tinha se sentado com ele para o obrigar a refazer a prova todinha até aprender todas as questões e ensinar tudo pra ele. O castigo surtia efeito tanto para aprender, quanto para estudar muito antes das provas e prevenir o castigo porque ficar refazendo era um pé no saco. Funcionava, com certeza muito mais que uma seção de gritaria daquelas.

— Você perde muita nota?

— Quase nunca. Tenho um ódio de ver ele daquele jeito, estudo até o dedo cair se precisar pra não perder nota. Mas não adianta, eu simplesmente não consegui aprender esse negócio de logaritmo por nada no mundo. Não deu, saca? Mas não, eu sou a vergonha da família porque tirei UMA nota ruim, apesar de tá sempre aí beirando no oito, nove. Papai não ia nem me deixar vir hoje, eu tive que pedir minha mãe pra interferir.

Que merda. Miguel não sabia muito o que dizer, mas decidiu continuar caminhando com Arthur até ele achar a tal barquinha com patê dentro. O garoto pegou logo umas cinco, pra vergonha de Miguel, mas mesmo assim continuou ali com ele enquanto Arthur comia as barquinhas e caminhavam de volta para a mesa.

— Mas se quer saber — Arthur disse, de repente. — É bem feito pra mim. Papai é coronel, daí ele ficava alocado numa base lá no Mato Grosso, e eu vivia perguntando quando ele ia voltar. Mamãe sempre dizia preu parar de pedir uma coisa dessas. Agora eu to sabendo porque. Boca maldita.

Céus. Se nem a esposa do homem o queria por perto, a situação era mesmo séria. De repente, Miguel desejou poder fazer alguma coisa. A capacidade de Arthur de falar aquilo com aquela expressão plena, empanturrando-se de salgadinho como se não fosse nada demais, contrastava muito com como tinha o visto, reduzido a quase nada dentro do carro.

Miguel queria muito saber o que dizer depois disso, mas depois de ter oferecido seu apoio ficou mesmo sem mais nada a comentar. Talvez sua companhia ali fosse boa o suficiente, então se ateve a acompanhar Arthur por mais algumas voltas pelo local antes de voltarem para a mesa deles, com um guardanapo empilhando salgadinhos e copos cheios de refrigerante.

O resto da noite passou como se nada de mais tivesse acontecido nela. Não fosse a presença de Lucas em seu lado, um lembrete constante de sua situação atual e de como as coisas estavam diferentes, talvez tivesse até se esquecido do ocorrido. Mas Lucas estava ali, e não fez um comentário sequer sobre os dois. Miguel tinha percebido muito bem o motivo. Lucas estava deixando ele controlar a situação, decidir quando iriam falar sobre o assunto, isso se falassem.

Falariam. Miguel queria, percebeu, ter um momento a sós com Lucas depois de tudo isso, não apenas por gostar dele, mas por sentir de certa forma que haviam partes em sua história as quais apenas Lucas iria entender. Podia já ter falado tudo, mas não tinha ouvido tudo. Queria ouvir.

Depois de comer ainda mais salgadinhos, e uma porção de prato quente — macarrão com molho de queijos e filé — cantaram parabéns e aproveitaram docinhos e bolo de pão de ló com doce de leite. Em algum momento, Pedro, Clara e Lucas foram dançar, e depois Zé Dois, com uma das primas de Pedro, e então Arthur com uma colega de classe. Miguel conseguia dizer, de sua cadeira, como Lucas estava esperando a companhia dele na pista, mas não conseguiu se dispôr a isso. Não queria dançar com outra pessoa, e não tinha coragem de dançar com Lucas, então esperou algumas músicas de grupo para poder se juntar aos outros em coreografias prontas e palhaçadas generalizadas.

Eram duas horas da manhã quando as pessoas começaram a ir embora de vez. Pouco a pouco a festa foi esvaziando, e Clara precisou ligar para seu pai buscá-la antes de correr o risco do homem chegar lá e achar a festa vazia demais. Ele não demorou, e logo ela foi embora também. Às três da manhã, a casa já estava vazia, com exceção dos garotos e da avó de Pedro, com quem ele morava, e já tinha ido dormir há muito tempo.

— Minha nossa — Zé Dois comentou, olhando em volta de repente para a bagunça de copos no chão, papéis de doces, pratos, toalhas e todo o resto no jardim. — A gente vai ter trabalho amanhã.

— Que a gente o quê — Pedro respondeu, passando o braço pelos ombros dele. — Vai vir equipe de limpeza tirar tudo, amanhã a gente vai aproveitar na piscina. Ou no video-game, onde vocês preferirem. Agora… — o garoto bocejou, se espreguiçando um pouco. — Eu acho que vou dormir. Miguel e Zé Dois, coloquei vocês no quarto mais de trás. Arthur tá comigo e Lucas no segundo quarto. As mochilas de vocês estão nos lugares já, cama arrumada, é só deitar e dormir quando quiserem. Boa noite pra vocês.

Despediram-se de Pedro, se sentando na grama do jardim ao lado da mesa de docinhos. Zé Dois foi o próximo a ir, pouco tempo depois, e então Arthur pareceu entender que estava sobrando. Ele se despediu, pegou mais alguns docinhos na mesa e foi subindo para o quarto.

E era isso. Estava sozinho com Lucas. Sentia-se nervoso, certamente, mas era um nervosismo diferente dessa vez. Não estava com medo como antes, apenas não sabia como proceder, e se perguntava se sua falta de jeito para esse tipo de situação espantaria o garoto. Esperava que não.

— Então — Lucas comentou. — Você tinha um namorado?

E é claro que iam começar por aí. Era justo, pensou. Em tese não fazia tanto tempo desde o término da relação, mas não fazia diferença para Miguel, nunca tinha sido algo sério ou sentimental. Esperava conseguir mostrar isso para Lucas.

— Nem. Era mais… uma amizade colorida. E olha lá, a gente nem era muito amigo. Era um conhecido colorido. Acho que isso explica melhor.

— Entendi — Lucas respondeu, brincando distraído com a grama do chão. — Eu só tava me perguntando… Bem, não acho que seja da minha conta, mas eu fiquei curioso com que tipo de relacionamento era. Quer dizer… Eu nem sabia que você era gay e agora to descobrindo que você é muito mais experiente que eu. É uma mudança meio repentina.

Miguel percebeu no tom de voz de Lucas o que ele queria dizer. Estava inseguro. Se fosse haver algo entre eles — e Miguel queria ter, imaginava que Lucas também — era uma dinâmica inesperada para Lucas, tinha certeza. Seu passado o ameaçava, percebeu. Era impressionante perceber isso quando o presente de Lucas tinha ameaçado tanto Miguel ao se conhecerem.

— Era bem o tipo que você está pensando que era. Eu experimentei bastante coisa. Mas eu já disse, e mantenho, não é importante.

— Meio que é — Lucas murmurou. — Você foi meu segundo beijo.

Oh.

— Ah. E não foi muito bom, não é? Sinto muito.

— Até foi, apesar de você estar tão nervoso — Lucas brincou, com um sorriso divertido no rosto, puxando mais um tufo de grama de vez.

Ao menos estava sorrindo. Talvez ele não estivesse tão nervoso assim, ou apenas fosse muito bom em disfarçar. Miguel coçou a nuca, perguntando-se o que deveriam falar em seguida. Lucas parecia confortável em silêncio, seja apenas ouvindo o nada ou seus próprios pensamentos. Se quisesse falar sobre o elefante na sala, teria de ser ele mesmo a fazer isso.

— Então… Eu disse que gostava de você. Você disse que a gente ia conversar depois, e… Bem…

— Eu não sei, Miguel. Eu nunca pensei em você desse jeito, mas não é porque eu não goste, é só porque eu tento ser muito cuidadoso com meus sentimentos ao redor de garotos héteros. E você finge muito bem.

Aquilo fazia sentido, e Miguel entendia o sentimento muito bem. Ele mesmo desde quando se entendera gay tinha tentado controlar qualquer minúsculo indício de sentimento que pudesse aparecer em relação a qualquer garoto hétero para evitar problemas. Ao menos isso tinha conseguido fazer. Embora não fosse sempre possível controlar os sentimentos, era possível evitar alimentá-los e esperar irem embora. Devia ter esperado a mesma tendência em Lucas, e tendo se feito de hétero por tanto tempo, a reação dele não devia ser uma surpresa. Mas era.

— Eu sou ator, né — Miguel brincou, sorrindo para disfarçar o leve aperto em seu coração. Felizmente, foi mais um momento no qual suas habilidades de atuação triunfaram.

— Verdade — Lucas respondeu, rindo e se recostando contra a parede atrás de si.

Miguel olhou para trás um pouco, encarando o garoto e se perguntando onde toda aquela situação iria chegar. Não poderia dizer ter medo de ser rejeitado agora, pois medo não era a palavra correta. Estava mais… curioso. Não podia deixar de se perguntar se as coisas seriam diferentes caso não tivesse se escondido no começo, e Lucas não tivesse levantado barreiras convencionais em relação a si.

— Você até faz meu tipo, se quer saber. Eu não sou cego — Lucas continuou. — Eu tenho uma queda por atletas.

— Eu não quero que sinta que tem que fazer alguma coisa só porque…

— Eu não sou esse tipo de pessoa — Lucas cortou, levantando a mão. — Se eu estiver interessado, estou. Se não estiver, não vou mentir.

Tanto melhor. A última coisa a qual Miguel precisava agora depois de ter passado uma notável vergonha com todos os seus receios de se assumir era de começar a sair com Lucas apenas pelo garoto ter pena de si. Pena era demais. Não ia aguentar.

— E quer saber… Acho que estou sim — Lucas completou, descolando da parede e se inclinando para frente, colocando o rosto na mesma altura do de Miguel. — Curioso, no caso. Você é interessante. Divertido. Gato. Acho que quero experimentar isso.

Miguel piscou os olhos, atordoado, quase como se tivesse dificuldade para absorver as palavras de Lucas. Não queria entender nada errado, não seria nada legal a essa altura, mas não parecia ter muito duplo sentido naquilo ali.

— Então… — respondeu, ainda com receio de tomar uma conclusão definitiva. — Isso é um sim?

— Minha nossa, você é meio lerdo assim mesmo ou só finge? Quer dizer, sendo bom ator como é, daria pra fingir, não é?

Miguel deu de ombros. Não estava fingindo nada, realmente não sabia o que esperar. Para seu alívio, Lucas sorriu, fazendo um carinho em seu rosto e puxando seu queixo de leve.

— Sorte sua que eu acho fofo — ele completou, puxando o rosto de Miguel mais para perto e deixando um beijo sobre seus lábios.

Diferente de antes, dessa vez Miguel não se sentia nervoso, ou desesperado. Ou pressionado. Nada disso. Estava até calmo, uma surpresa se considerasse como seu coração tinha acelerado com o contato, uma reação física natural para aquele tipo de situação.

Ele ajeitou a postura, esticando a coluna e levando as mãos à cintura de Lucas, puxando-o mais para perto. Havia um tipo de felicidade nisso a qual nunca tinha experimentado antes. Ter sentimentos verdadeiros por alguém, e depois estar de fato com essa pessoa, era… Novo. Incrível. De repente, Miguel se sentiu a pessoa mais sortuda do mundo.

Aquele beijo, um pouco mais elaborado e tranquilo que o anterior, levou algum tempo para acabar. Quando eles se separaram, Lucas tinha um sorriso um pouco convencido no rosto, o tipo que Miguel achava lindo no rosto dele.

— Pois bem — o garoto comentou, se levantando. — O papo tá ótimo, o beijo também, mas eu to caindo de sono… Acho que vamos ter de continuar depois.

O próprio Miguel bocejou depois de ouvir isso, então mesmo querendo passar mais tempo com Lucas, não conseguiu argumentar. Estava muito tarde — ou muito cedo, dependendo do ponto de vista — e se sentia exausto.

— Eu também preciso dormir. Te vejo amanhã.

— Vê.

Lucas se aproximou, e os dois trocaram mais um selinho de despedida. Então o garoto foi caminhando para dentro da casa, deixando Miguel parado ali completamente atordoado por uns bons instantes, perguntando-se como podia ter dado tanta sorte.

Mesmo com receio, foi dormir. Achava que ia acordar no dia seguinte e descobrir que tinha sonhado. Esperava que não. Por melhor que o sonho teria sido, essa era a primeira vez em anos em que se sentia livre e seguro. Queria continuar assim.


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