Dancing is a Dangerous Game escrita por prongs


Capítulo 5
You took me home but you just couldn't keep me




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Na segunda-feira de manhã, ele estava indo para o estúdio a pé, a fim de parar numa padaria para tomar café da manhã, e não parava de pensar em como estava feliz que Rose tivesse vindo para a Califórnia. Ela definitivamente tinha o ajudado a não só dar nomes aos seus sentimentos, mas também, em especial, motivação para fazer algo concreto em relação a eles. Albus estava fortemente inclinado a voltar a falar com mais frequência com a família, assim como também estava determinado a se sentar (ou deitar) com Rigel e contar a ele todos os sentimentos e pensamentos que o atormentavam incessantemente.

Foi quando, ao diminuir o ritmo dos passos para entrar na padaria daquela quadra, ele cometeu o erro de olhar para uma banca de jornais e, principalmente, para as capas das revistas expostas. Seus olhos demoraram a reconhecer o tão familiar sorriso nas fotos tiradas pelos paparazzis de Rigel e Alice Longbottom, seu par romântico na série que estava sendo gravada. Eram diversas fotos onde eles encontravam-se sentados juntos para almoçar ao ar livre, aos risos, abraçados ao se despedir, os olhos de Alice brilhando enquanto ela olhava para o rapaz e vice-versa.

Albus sentiu seu coração fazer alguma coisa que ele não sabia como descrever. Falhar? Quebrar? Fechar-se? Sua mente repetia que ele tinha sido estúpido em sequer achar que aquilo era uma boa ideia e que poderia, algum dia, ter um bom desfecho. Scorpius havia lhe avisado e Albus não quis ouvir, sabia dos riscos e, mesmo assim, deixou-se envolver, e o único culpado pelo sufoco que Albus sentia em seu peito era ele mesmo. 

Albus não conseguiu nem pensar em tomar café da manhã sem sentir o estômago embrulhando. As fotos, os sorrisos e os olhares que havia estupidamente achado que eram exclusivamente para ele tomavam conta de todos os seus pensamentos e a única coisa que Albus conseguiu fazer foi andar até o set de gravação respirando fundo, tentando expulsar aquela sensação idiota do seu peito para que pudesse trabalhar direito. Era a única coisa que importava agora, como sempre deveria ter sido: seu trabalho.

Então durante todo aquele dia, Albus sequer olhou para Rigel quando teve que acompanhar a gravação de alguma cena de longe. Ele não passou em seu trailer como tinham combinado e ignorou as batidas na porta de metal do camarim de Scorpius, como se ninguém estivesse lá. Albus apagou todas as notificações das mensagens que Rigel estava lhe mandando perguntando o que tinha acontecido e, quando Scorpius o olhou com um semblante de pena depois de ver as fotos na internet, Albus balançou a cabeça e disse:

— Não precisa me dizer que você avisou, eu sei.

E continuou a trabalhar.

Ele também evitou os olhares de pena de Rose, e pediu que ela não tocasse no assunto dali pra frente. Albus continuou ignorando Rigel, tanto pessoal quanto virtualmente, e se distraía com o seu trabalho e com a aparente amizade (ou algo maior que isso) que havia surgido entre sua prima e Scorpius Malfoy, que não paravam de conversar e tinham até saído para tomar café da manhã juntos em algum final de semana.

As semanas se passaram e Albus achou que aquele sentimento nunca mais deixaria seu peito, pois mesmo nos últimos dias de gravação, quando ele olhava para Rigel nem que fosse por um segundo, não conseguia evitar ou desviar da forte pontada que atingia seu coração. Talvez ele nunca mais fosse conseguir se apaixonar, já que aquela dor parecia não o abandonar mais, e ele não podia fazer nada a não ser admitir que ao beijar Rigel pela primeira vez, naquela fatídica festa, ele sabia que o karma o faria pagar.

E foi por isso que ele não ficou nada animado quando a festa de encerramento das gravações foi anunciada para aquela terça, o último dia em que Albus teria que lidar com o rosto e a voz de Rigel Thomas-Finnigan o perseguindo o tempo inteiro. Ele só queria focar em fazer seu trabalho e ganhar seu dinheiro, e o ator estava atrapalhando sua concentração e arruinando tudo. A sorte de Albus, ele pensava, era que Scorpius era um amigo muito bom e sabia sobre tudo que estava acontecendo, então não iria fazer nenhuma reclamação à agência sobre o rendimento caótico de seu assistente nas últimas semanas.

— Você vai amanhã? — A voz de Scorpius interrompeu os seus pensamentos dentro do trailer do ator, e Albus levantou o olhar distraído para o amigo. — Para a festa. Eu fiquei sabendo que vai ser na casa da Alice em Beverly Hills, e achei que talvez você fosse… sei lá — Ele deu de ombros, tentando não deixar Albus ainda mais desconfortável.

— Não sei — Albus admitiu, sentindo-se um pouco derrotado. Querendo ou não, ignorar Rigel com tanto empenho era exaustivo. — Você acha que eu deveria ir?

— Eu acho que é uma boa oportunidade de você se divertir e tirar a sua mente de tudo isso — Scorpius disse com sua voz gentil de sempre. Albus odiava gostar tanto daquele garoto, e precisava admitir que a amizade deles era a coisa mais saudável da sua vida ultimamente. — Mas eu disse isso da última vez que você foi para uma festa, então não sei se minha opinião deveria ser considerada.

— Aquela festa foi boa, o problema foram as coisas que vieram depois — Albus sorriu tristemente. — Mas eu acho que você tá certo dessa vez.

Scorpius assentiu e mexeu na gola de seu figurino ao se olhar no espelho despretensiosamente.

— E você acha que a Rose gostaria de ir para a festa também?

— E conhecer todos os famosos que ela ama? Com certeza — Albus riu, voltando a revisar os horários da temporada de divulgação da série que Scorpius teria que estar presente. — Por que a pergunta?

— Ah, eu pensei em convidar ela. Uma verdadeira experiência hollywoodiana para ela experimentar em L.A., coisa e tal.

Abus levantou um olhar suspeito para o loiro, que ainda se observava no espelho, evitando o assistente. 

— Você quer convidar minha prima para a festa de encerramento das gravações?

— Bem, na verdade eu pensei que você podia convidar ela e aí eu podia encontrar ela já na festa. Você sabe que eu sou meio tímido para tomar a iniciativa das coisas, eu…

— Tem mercúrio em câncer, é, eu sei, você sempre diz isso — Albus riu, balançando a cabeça. — Não se preocupe, ela vai estar lá amanhã comigo.

Scorpius sorriu em um misto adorável de alívio e animação, e Albus divertiu-se muito com a informação que o galã em ascensão Scorpius Malfoy estava interessado em sua prima, que vinha do interior da Inglaterra quando todos esperavam que ele fosse engatar um romance com alguma de suas companheiras de cena.

Bem, não com Alice Longbottom. Todos sabiam que ela estava engatada em outra pessoa, e Albus mais uma vez se torturou com esse pensamento, e continuou a fazê-lo até a terça-feira de noite, quando ele se encontrava na frente da mansão da atriz com sua prima sentada no banco do passageiro. Albus respirou fundo e repassou em sua mente o plano simples que ele tinha para a noite: ignorar Rigel Thomas-Finnigan, não importava o que acontecesse.

— Não precisa ficar nervosa — Ele sorriu para a prima, que enxugava as mãos suadas no banco do carro. — A maioria deles é um saco, se você quer saber.

— Não estou nervosa — Ela desconversou, arrumando o cabelo uma última vez. — Por que eu estaria nervosa? Que bobagem, Alb.

O garoto riu e eles entraram juntos na festa, povoada de atores, seus acompanhantes, grandes nomes da indústria e alguns membros do pessoal que trabalhava mais nos bastidores, como Albus, que eram importantes e influentes o suficiente para estarem lá. Todos ali tinham o mesmo objetivo: ascensão social. Não demorou para que Albus perdesse Rose de vista, porém ele se tranquilizou ao avistar uma cabeça ruiva perto de um loiro alto que conhecia muito bem e resolveu deixá-los em paz.

Albus passou um bom tempo sozinho, perto das bebidas, observando o movimento de cada um na festa, como gostava de fazer. Viu atores se beijando que definitivamente não deveriam estar se beijando, pessoas vomitando perto da piscina, conversas importantes acontecendo entre alguns produtores e muita dança, como sempre acontecia em ocasiões como aquela. Era interessante observar como pequenas atitudes poderiam influenciar a carreira de algumas pessoas indefinidamente, e Albus não cansava de se deslumbrar com Hollywood.

Ele estava confortavelmente entretido com seus próprios pensamentos e observações no momento que, como em um sonho ou um pesadelo, escutou a voz que não cansava de lhe atormentar em seus sonhos, mas dessa vez perigosamente perto de seu ouvido.

— Você quer dançar comigo?

Ele fechou os olhos e ignorou o arrepio que percorreu sua espinha da melhor maneira que pôde.

— Não.

— Por quê? — A voz aveludada de Rigel perguntou, e mesmo que ele estivesse parado do seu lado, Albus não olhava para o ator.

— Dançar com você é um jogo perigoso — Albus respondeu, sentindo seu coração acelerar em seu peito, fosse de ódio ou pela proximidade do corpo de Rigel. 

— Albus, por favor — Rigel disse mais baixo, embora a música estivesse alta demais. — Você tá me ignorando há semanas, e eu sinto sua falta. Será que podemos pelo menos conversar?

Albus bufou. Não queria escutar as desculpas dele para não se irritar, e não desejava ouvir a voz de Rigel para não sentir seu coração despencando em seu peito mais uma vez. Aquela situação era insuportável e ele só queria acabar com tudo de uma vez por todas para poder ter paz.

— Vamos lá para fora, eu não quero fazer isso aqui. 

Os dois andaram juntos até a área da piscina, mais aberta e surpreendentemente mais vazia que o interior gigante da casa. Albus se virou e olhou para Rigel pela primeira vez, e seu coração falhou uma batida em seu peito. Ele estava, como sempre, deslumbrante, e Albus se segurou para não beijá-lo bem ali. Sentia tanta falta de ter os lábios dele grudados nos seus, mas não podia se deixar levar por isso. Não podia se deixa levar e ser impulsivo mais uma vez.

— Não pareceu que você tava sentindo minha falta quando você saiu num encontro com Alice Longbottom — Ele resmungou irritadamente, sem conseguir segurar as palavras por muito mais tempo, e Rigel suspirou, colocando uma mão na ponta do nariz como se aquela conversa estivesse lhe dando dor de cabeça. — O quê?

— Você é tão idiota — Rigel balançou a cabeça, e Albus riu amargamente.

— É, eu descobri isso quando eu vi aquelas fotos. Não sei como eu achei por um segundo que você fosse diferente… 

— Será que você pode calar a boca por dois minutos e me escutar?

Albus travou o maxilar com a interrupção, segurando-se para não começar uma discussão no meio da festa, e percebeu que alguma música mais lenta, talvez de John Mayer, começou a tocar do lado de dentro.

— Você tem até o final da música para dizer o que quiser.

— Você vai me escutar? — Rigel o encarou.

— Eu tô aqui, não tô?

— Alice e eu somos amigos — Ele começou firmemente, não deixando espaço para questionamentos. — Se você tivesse olhado qualquer uma das minhas mensagens, você saberia que no dia daquelas fotos eu saí para almoçar com ela para contar para ela sobre esse cara implicante e ridiculamente charmoso que eu conheci e estava me encontrando.

— Você realmente quer que eu acredite nisso? — Albus o interrompeu, sem paciência como sempre. — Vocês estavam prestes a se beijar em algumas daquelas fotos!

— E se você tivesse atendido minhas ligações, também saberia que o cara que mandou que tirassem aquelas fotos e vendeu elas para praticamente todos os jornais dos Estados Unidos é meu ex-namorado que me odeia, eu já te contei sobre ele — Rigel continuou, sua voz soando cada vez mais frustrada. — É lógico que ele só escolheu as fotos onde parecia que a gente ia se beijar ou algo do tipo, Albus, ele queria que alguma fofoca ruim sobre mim saísse antes da estreia da série. Mas depois que ele fez isso, a minha agência de publicidade achou que as fotos eram uma ótima propaganda, e promoveram elas mais ainda, mesmo que eu tenha reclamado disso um milhão de vezes.

Albus não soube exatamente como reagir ou o que dizer. Estava claro que Rigel não estava mentindo sobre tudo aquilo. De repente, sentia-se estúpido de um jeito que não acontecia há anos. Depois de ter culpado tantas circunstâncias pelo que estava acontecendo, o único responsável por todo o seu sofrimento era ele mesmo, sua teimosia e sua inabilidade de se comunicar com as pessoas para resolver qualquer problema pessoal que surgisse, como sempre.

— Então você… não… — Ele nem sabia o que dizer, e Rigel sorriu pela primeira vez e balançou a cabeça.

— O que quer que esteja se passando pela sua cabeça mirabolante, não, seu estúpido. Eu só passei esse tempo todo tentando falar com você para te mostrar que foi um grande mal-entendido e se você tivesse me escutado antes em vez de gastar toda sua energia em me ignorar, minhas últimas semanas não teriam sido insuportáveis como foram. 

Albus sentiu o rosto esquentar debaixo das luzes fracas do jardim e passou uma mão pelos cabelos, sem saber como se portar depois daquilo.

— Fico feliz em saber que suas últimas semanas também não foram agradáveis — Foi o que sua mente emocionalmente constipada conseguiu dizer, e Rigel riu.

— Nem um pouco. Será que agora você pode dançar comigo?

Albus olhou para o interior da casa através das portas de vidros, para todos os atores, produtores e nomes importantes ao redor deles.

— Você não se importa com as pessoas?

Rigel deu de ombros.

— Nem um pouco.

Albus se permitiu sorrir, seu peito um pouco mais leve do que antes, e segurou a mão que Rigel estendia para ele, deixando que o arrastasse pela porta e por entre as pessoas e colasse o corpo no seu ao ritmo da música doce que ainda tocava. Rigel grudou os lábios à orelha de Albus num sorriso e sussurrou:

— Eu espero que você já tenha percebido, mas com você é bom deixar tudo muito claro, eu gosto muito de você, Albus, e quero continuar te vendo, dentro e fora do meu apartamento também.

O rapaz sentiu mais uma vez um arrepio no corpo, e algumas sensações novas que ele achou que nunca fossem acontecer com ele. Sentiu seu estômago se revirar agradavelmente e talvez aquelas fossem as borboletas que todos insistiam em falar sobre. Havia também um calor estranho em seu peito, que parecia ser a tão sonhada segurança de estar com alguém que se importa com você tanto quanto você se importa com ele, e que não liga para o que o resto do mundo vai pensar.

Era tudo estranho e novo, além de completamente fora dos planos de vida de Albus, mas ele não queria parar de sentir tudo aquilo tão cedo.

— Um dia essa sua coragem em excesso ainda vai te colocar em apuros — Ele sussurrou de volta.

— Até agora ela só me trouxe papéis bons e beijos excepcionais de rapazes um pouco teimosos e muito bonitos.

Albus gargalhou e desistiu de se conter; colocou os braços ao redor do pescoço de Rigel e finalmente o beijou, matando a saudade dos lábios e do toque que o torturava há semanas. O gosto inconfundível da canela ainda estava lá, e as mãos de Rigel percorreram suas costas como se sua pele fosse o único caminho que as levavam ao lar. 

Nada mais importava; nem os traumas que Albus carregava, nem as histórias nas revistas sobre Rigel, nem qualquer olhar de julgamento que poderiam estar recebendo no agora ou no futuro — se aquilo realmente funcionasse —, muito menos as preocupações se as coisas entre eles de fato iriam funcionar. Ele não ligava para como aquilo iria afetar sua carreira, sua reputação ou suas finanças a longo prazo. No momento, Albus só conseguia pensar nos lábios de Rigel Thomas-Finnigan e em como nunca mais conseguiria amar alguém daquele jeito.


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