Frank - O Caçador 1ª Temporada escrita por L R Rodrigues


Capítulo 10
Noite de Formatura (Parte 2)




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Um pressentimento assombroso não saía da cabeça de Frank enquanto ele descia os largos degraus de uma das escadas curtas de concreto do lado de fora da escola.

— Porcaria de limitação do governo. - reclamou ele, em tom baixo e a expressão mal-humorada - Um engomadinho babaca desses querer ficar de nariz empinado pro meu lado... Era só o que faltava.

Uma voz meio distante o chamou persistentemente, poucos segundos depois chegando aos seus ouvidos e a sua atenção.

— Ei! Ei! Espera aí! - dizia um garoto franzino, cabelo preto curto e meio crespo e usando óculos grandes. Desceu uma escadinha, quase esbarrando num corrimão abaixo - Não vai embora...

Frank parou para olha-lo com estranheza, aguardando o que quer que fosse ser tratado a respeito da fatídica morte de Alex.

Arfando, o rapaz se aproximou do detetive, logo apoiando suas mãos nos joelhos para reaver o ar.

— Tem uma coisa... que preciso te falar, é urgente. - disse ele, em seguida erguendo os olhos estreitados para Frank. O cansaço estimulava sua miopia - Sobre a Alex...

— Peraí, tá insinuando que está a par do caso do fantas... quero dizer...

— Não, você tá certo, é um fantasma. - corrigiu ele, recompondo-se - Vou ser bem direto, deve estar apressado pra ir...

— Não, não, pode desembuchar à vontade, tenho todo o tempo desse mundo já que minha investigação foi anulada por um agente do governo metido a besta. - disse Frank, não abrandando a insatisfação.

— Quer dizer que aquele cara com quem o senhor estava falando tirou você do caso? - perguntou ele, interessado. - Desculpa falar isso, não pude deixar de observar.

— Tudo bem, não tô bravo. - disse Frank, a postura amigável com o garoto - Pois é... Parece que fui chutado do meu próprio serviço. Se isso vai me impedir de ir em frente nesse caso? Não mesmo. Fala aí, o que você sabe, pela sua cara... é algo que vai deixar as coisas bem mais esclarecidas.

— Meu nome é Edward, todo mundo me chama de Ed. - disse ele, meio retraído - A Alex foi morta pelo fantasma do garoto que levou mais tiros no massacre de 15 anos atrás.

— O Albert... - disse Frank, meio que automaticamente.

— Como sabe o nome dele? - perguntou Ed.

— Fiz uma pesquisa autorizada num arquivo específico. - disse Frank, sucinto. - O atirador era uma ex-vítima de bullying nessa escola. Um caso bem parecido aconteceu no Brasil há 6 anos.

— Eu já sabia disso, praticamente moro na biblioteca... - disse Ed, fazendo um leve suspense que precedia uma confissão... - e às vezes me pego lendo coisas secretas. Não me julgue, eu deixo tudo no lugar depois. Não conta pra ninguém tá?

— Ótimo, já que compartilhou um segredo, vou retribuir o favor em dobro. - disse Frank, aproximando-se mais do rejeitado do baile de formatura. - Sou um agente com vida dupla. Caçar monstros e fantasmas é um dos meus hobbys favoritos, mas que nunca deve ser levado como um. Eu vi o Albert na entrada de uma das salas depois que falei com aquele cara...

— Eu o vi também um dia antes da professora Reene morrer. - informou Ed, ficando tenso - Ele matou a Alex porque... ela furou comigo no baile do colegial passado. - lamentou, o olhar baixo - O Albert está punindo qualquer pessoa que magoe ou faça sofrer alguém como eu... um nerd perdedor.

— Para com isso, rapaz, você não é perdedor. - disse Frank, tocando-o no ombro - O que mais sabe a respeito?

— A mensagem que ele escreveu na parede do banheiro... - disse Ed, mal contendo-se - ... é um aviso sinistro. Quando eu disse que o vi anteontem... não foi uma visão super rápida, foi um contato bem próximo. - aquela informação atiçou o detetive - Disse uma mensagem enigmática. Que os escolhidos sentirão a pior dor na pele no mesmo inferno em que ele viveu.

— Escolhidos? Mas pra quê? - indagou Frank, cada vez mais entorpecido de curiosidade.

— Eu não sei. - disse Ed, a voz trêmula - Seja lá o que o Albert ou o demônio ou espírito do mal que está se passando por ele esteja planejando... não é boa coisa.

— Quando se trata de fantasmas vingativos coisa boa mesmo é sal grosso pra se proteger. - atestou Frank, arqueando as sobrancelhas - Ed, fica avisado: O Albert não pode te visitar porque ele está preso à escola, a ligação só pode ser rompida se ele virar um espírito sem rancor. Então nada garante que esse plano dele vá funcionar, porque pela lógica nenhum fantasma possesso de ódio é capaz de inventar um plano mirabolante pra se vingar.

— Ele era conhecido como o garoto mais aplicado da classe. - disparou Ed, confrontando a tentativa de Frank em tranquiliza-lo. - Pode ser capaz de tudo, ele é um fantasma.

— É, mas tem seus limites. - disse Frank, querendo deixa-lo calmo - Meu nome é Frank.

— Seu segredo está seguro comigo, Frank. - disse Ed, assentindo firme para ele, a expressão série num misto de insegurança. - Mas como vai livrar a escola do Albert se tem uma ordem pra não investigar?

O detetive compirmiu os lábios sem nada vindo à mente para driblar um avanço do governo contra seu ofício. Um arriscado e audacioso movimento não estava fora de questão.

— Vou dar o meu jeito. - disse ele, sentindo-se impotente por dentro - Sou de poucos amigos, mas... eles sempre tem um modo de me tirar da lama.

                                                                                         ***

Em um campo de futebol livre completamente deserto, Frank estava diante de seu único porto seguro que acreditava transmitir um conforto.

— Por favor, realmente não posso deixar esse caso passar em branco, quero resolver isso com meus próprios métodos. Não sabia mais a quem recorrer, sinceramente.

Um homem de cabelos e barba grisalhos o fitava com seriedade e um pouco de compadecimento. Atrás dele estava um carro preto exatamente do ano.

— Frank, não passa pela sua cabeça nenhuma ponta de realidade? - perguntou o diretor Duvemport. - A escola é financiada pelo governo, logicamente agentes contratados dele tem permissão judicial para interferir em uma calamidade que envolva qualquer instituição de ensino. Ou seja, obstruíram seu trabalho de forma legal. Em outras palavras, seguir em frente no caso é o mesmo que colocar sua carreira no DPDC em jogo.

— Preciso que converse com o superintendente e depois que ele vá pedir autorização ao Conselho de Segurança. - insistiu Frank.

— Sem chance. A decisão do governo é soberana, isso nunca mudará. - disse Ernest, categórico. - Estou te avisando: Melhor se manter fora da jogada porque se caso meter seu nariz quem vai perder é você, ainda que seja um caso sobrenatural que você já esteja acostumado, vai ter que deixar essa passar, amigo.

A rendição seria um caminho bem confortável. No entanto, a vontade de concluir mais um caso daquela natureza não o deixava sequer considerar a desistência.

— Está bem. - disse ele, fingindo ter concordado - Captei o espírito da coisa. E a coisa tá preta. Obrigado por ter cedido um tempo da sua folga pra vir me socorrer.

— Folga?! - disse Ernest, franzindo o cenho - Mas estou em plenas férias, caso não saiba.

A expressão de Frank se desenhou em espanto absoluto.

— Espera, então não foi o senhor que decretou a transferência da Carrie a pedido dela...

— O quê? Carrie se transferiu? Como assim? - questionou ele, o tom exaltado e curioso. - O que aquela maluca aprontou? Ela não pode sair do departamento, tem um contrato de 10 anos.

— Ah, devia imaginar. - disse Frank estalando os dedos - Foi o superintendente. Ela não ia passar diretamente pelo senhor pois ia contestar a decisão dela. E como o big boss do departamento não vai muito com minha cara, qualquer motivo que ela tenha dado sobre nossa divergência já bastou para ele migra-la a outro agente.

— Vocês brigaram? O que houve? - perguntou Duvemport, preocupado.

— É uma longa história, diretor. - disse Frank aparentando cansaço - Não tô muito disposto pra conversar sobre isso. Liga pra Carrie, se quiser. Ela te conta a versão dela e outro dia falo a minha.

— Outro dia coisa nenhuma. - recusou o chefe, mostrando-se companheiro - Vão fazer as pazes, nem que seja à força.

— Da parte dela não vai ser moleza. - salientou Frank, demonstrando certo desânimo. O celular tocara de supetão, assustando-o de leve. Enfiara a mão no sobretudo para pega-lo, revirando os olhos devido ao estresse causado pela exaustão que sentia nas pernas. Atendera. - Fala aí, Leslie. Qual a nova?

— Um cara chamada Richard... Nexton, se dizendo agente do governo, veio até aqui me entregar um papel aprovado pelo Conselho que torna ilegítima a sua participação no caso, suspendendo a ação da polícia na investigação. Perguntou onde estava o atual chefe gerencial do prédio e o levei até o superintendente que concordou com os termos. Me desculpe. - disse a assistente, sentindo-se mal.

— Ah, filho da pu... - interrompeu a fala para não esbravejar um palavrão que seria referente a Richard. - Tá, tudo bem, não tenho outra escolha. Caio fora do caso, se é para o bem geral da nação.

— Tem... uma notícia nada boa de que precisa saber. - disse Leslie, a voz soando misteriosa - Baixei as fichas escolares com informações pessoais básicas de alguns alunos... e agora há pouco os pais dos mesmos ligaram relatando desaparecimentos.

— Desapareceram?! - soltou Frank, abismado. Ernest apurou a atenção.

— Ao que os pais dizem, todos sumiram sem deixar rastros. - informou Leslie, vidrada no monitor - Esse caso tá tomando uma proporção assustadora. Assassinatos a sangue frio e agora supostos sequestros?! É uma pena ter sido barrado. Aliás, nem devia estar fornecendo essas informações, estou quebrando uma regra prevista no contrato forçado e não me orgulho nem um pouco disso.

Frank se viu mergulhado em pensamentos ao ficar em silêncio na ligação.

"Disse uma mensagem enigmática. Que os escolhidos sentirão a pior dor na pele no mesmo inferno em que ele viveu."

"Escolhidos...", pensou Frank, recordando-se da valiosa informação dada por Ed. "Ai, caramba...".

— Leslie, só pra saber: O governo não fez marcação em mim a ponto de rastrear ligações ou colocar câmeras de segurança na escola, certo?

— Ele não mencionou nada sobre câmeras e rastreamento. - disse ela, pensando em perguntar a razão mas desistindo logo depois - Se tiveram essa ideia, talvez vão colocar em prática só amanhã.

— Valeu, era só isso que eu queria saber. - disse Frank, desligando em seguida. Encarou o diretor por uns segundos que o olhava como se quisesse dizer "você não vai cometer essa loucura". O detetive sorriu fracamente com expressão sem transparecer intimidação - Às vezes precisamos quebrar algumas regras. Sei o que tô fazendo, diretor. Não vou deixar mais sangue ser derramado.

— Você é mesmo um teimoso... - repreendeu Ernest. Baixou um pouco a cabeça, de olhos fechados por um tempo - Vê se toma cuidado, porque juízo, pelo visto, você perdeu completamente. - falou, erguendo um olhar sério e penetrante ao seu solícito empregado.

                                                                                     ***

À alguns quilômetros do colégio... 

Os fios de cabelo preto meio liso daquela mulher estavam ensopados de suor que grudavam no pescoço. O corpo de jovem mulher adulta estava apenas de camisola rosa claro, os pés dela movendo-se pelo colchão bagunçando a coberta à medida que seu desconforto sonífero aumentava.

Apertavam-se os olhos. As cordas vocais produzindo gemidos entrecortados. Os lábios trêmulos. As mãos apertando o lençol branco. E o rosto molhado com gotículas do suor fresco brotando a todo instante. Dentro de sua mente, Albert entrava numa sala de aula cheia, indiferente às vozes murmurantes em conversas paralelas desinteressantes aos seus ouvidos.

Elas pararam assim que o viram chegar. Albert, com uniforme brilhando de limpo, desviou seu olhar frio para a esquerda até se virar para a turma que o observava confusa. O garoto tirou uma caixinha de fósforos do bolso da bermuda de mesma cor do casaco. Os cochichos começaram, progressivos.

Tirando um palito, Albert deu uma última olhada aos alunos. Podia ver a infâmia escancarada em cada um dos rostos. Aproximou a ponta de pólvora a lateral da caixa... riscando-a. A chama brotou.

Por fim, deixou o palito cair de seus dedos. Todos assistiam, em câmera lenta, a ínfima chama ir de encontro ao piso de concreto quadriculado da sala.

— Morram. - disse Albert, em um sussurro lento e sombrio.

Ao tocar o chão, a chama ampliou-se por cada centímetro da sala em milissegundos criando um fogaréu contra os alunos que gritavam em sincronia pelas labaredas ardentes que torravam a carne.

Viera o despertar sobressaltante da mulher. Os olhos arregalados dela fitaram o nada por muitos segundos até recompor sua perspectiva de realidade. O suor quente esfriara. Após finalmente se livrar da visão horrenda, ela se levantara com a respiração ofegante. Com as mãos na frente do rosto e os cotovelos apoiados nas coxas, ela chorou.

Seu pranto foi interrompido por um ruído vindo do seu armário. Era o ranger da porta que se abria vagarosamente. Aos poucos, ela desviava a atenção ao cômodo, afastando devagar as mãos da face.

Pela abertura que se fazia, se via uma escuridão densa.

— Quem está aí? - perguntou ela, se levantando para verificar ao ter tido a impressão ligeira de estar acompanhada. Um passo em proximidade da soleira foi o bastante para parar. - Saia daí agora... - pediu ela, o tom sério na voz.

A resposta veio na forma de uma mão adulta e pálida que irrompeu do escuro agarrando-a pelo braço e puxando-a para dentro em grande velocidade.

                                                                                       ***

Danverous High School; 23h15. 

A câmera do celular de Samantha, a patricinha esnobe e popular do colégio - cabelos de um loiro vivo e usando uma vestido rosa decotado - focava o rosto de Amanda, a típica garota que só tirava notas invejáveis na sala. A mesma sentia-se constrangida pela tentativa de brincadeira. Ajeitando os óculos de armação grande, Amanda se virou para a colega bufando em desconforto.

— O que diabos é isso que você tá fazendo, Samantha? Para, já não basta termos sido abduzidos pra cá sabe-se lá pra qual destino ou por qual razão? - fez uma pausa, fitando a câmera da devassa garota que a olhava com um sorriso um tanto cínico. - Não está com medo?

— Eu tô tentando quebrar o gelo, deixa de ser frouxa. - disse Samantha, persistente - Olha... sabe aquela confissão que me fez um dia desses?

— O que é que tem? - perguntou ela, desinteressada.

— Acho que encontrou sua conselheira de sedução. Como você se sente agora?

Amanda pensara um pouco.

— Hum... Além de apavorada... diria que, sei lá, tenho me sentido carente, necessitando preencher meu coração com amor sincero, um amor que preciso encontrar... Porque eu tô dizendo isso logo pra você? Quer tirar sarro da minha cara? Vai em frente.

— Ô, calma aí, estou sendo gentil porque quero reconforta-la. - justificou-se Samantha - Tem algumas opções aqui mesmo nesta sala...

— Ai, Samantha, volta pra sua cadeira e me deixa em paz. - disse Amanda, indisposta. - Qualquer cosia que eu disser, você vai amanhã espalhar pra sua cambada e fazer piada, não sou tão estúpida.

— Eu prometo dessa vez. - focalizou a câmera em Ed - Está afim do Ed molenga? Hein, hein?

— Ai, você quer me matar de vergonha mesmo...

— Ooou... o Jason. - disse ela, o tom forçadamente animado, focando a filmagem naquele que considerava seu potencial companheiro amoroso, um valentão de corredor que era titular do time de futebol da classe. - E aí? Será que ele vale uma aproximação?

— Eu disse que estava carente, não insana. - retrucou Amanda. - É melhor você voltar pro seu lugar...

— Tá, já que minha companhia é tão dispensável... - disse Samantha, afastando-se decepcionada - Só quis ajudar.

— Você ajudar, Samantha? Conta outra... - disse Pablo, um rapaz de porte atlético e rosto caucasiano atraente. Era considerado o "crush" da maioria das meninas não só da 1-A mas das demais também, fazendo-o ganhar o status de popular entre garotas que sonham com seus príncipes encantados. - Estamos como reféns aqui, vocês dois são os únicos que não tomaram a gravidade da situação. Será que não percebem que isso pode ter tudo a ver com... o fantasma. - mencionou ele, comedido.

— Nós fomos selecionados. - disse Ed, obtendo as atenções - Ele me avisou, devia ter contado à vocês.

— Tá falando do quê, idiota? - perguntou Jason, o tom infame. Pôs a frente do boné para trás. Seu casaco cinza tinha o emblema do time bordado no centro.

— Ele quer fazer um jogo para nos testar. Por que acha que os nomes de vocês dois estão escritos no quadro? - disse Ed, fazendo referência à lousa na qual estavam os nomes de Samatnha e Jason e à frente deles dois traços verticais que simbolizavam pontos. - A escola foi interditada...

— Oh, que novidade. - disse Jason, fazendo mais de suas brincadeiras maldosas. - Viu aí, Samantha? A descoberta brilhante do gênio da classe, Ed molenga. Hahaha!

— É, tá de parabéns. - disse Samatnha, batendo "palmas" com os indicadores lançando uma expressão escarniante à um nervoso Ed. - Já pode ganhar o prêmio Nobel.

— O Nobel não é exatamente para descobertas. - redarguiu Ed, sério.

— E a gente liga pra isso? - indagou Samantha, franzindo o cenho com um sorriso presunçoso.

— Verdade, não damos a mínima pra isso. - complementou Jason. - A gente pode sair daqui a hora que quisermos, mas sempre vale sacanear o Ed molenga pra ver se o tempo passa mais rápido.

O tachado nerd da classe virou o rosto para um lado, grunhindo em raiva e cruzando os braços.

— Cansei de tentar ser bonzinho. Eu odeio vocês.

— Oooooh, olha só que terrível, ele disse que nos odeia... - disse Jason, fazendo beicinho com a boca em comoção descaradamente falsa.

Samantha imitou o movimento do parceiro, logo depois olhando para Ed com um olhar falsamente triste e fazendo com as mãos fechadas movendo-se representando choro.

Jason transformara seu aviãozinho de papel em uma bolinha que, em seguida, jogara certeiramente contra Ed sem nenhum aviso. O garoto levara um susto por ter sido pego de guarda baixa. A dupla de opressores gargalhou ao mesmo tempo. Amanda revirou os olhos, não mentindo para si mesma sobre a pena que sentia pelo colega. Pablo levantou-se, revoltado depois de notar o giz erguer-se sozinho da mesa e traçar duas linhas pequenas e horizontais aos nomes, dando a impressão de estarem para formar quadrados.

— Vocês dois aí, é melhor pararem. Senão vão acertar contas com o fantasma, ele acabou de adicionar mais pontos. - indicou o quadro para ambos.

— Isso é o quê? A forca? - perguntou Samantha, estreitando os olhos, absolutamente sem entender nada. A indagação fez Pablo suspirar pela boca. Ele fazia toda vez que ouvia algo estúpido.

— Essa pergunta foi séria? - disse Amanda, em tom baixo, espantada com a falta de atenção da loira.

— Tô começando a acreditar no Ed, ele pode ter razão. - disse Pablo, saindo em defesa ao amigo que corriqueiramente o protegia das investidas violentas de Jason. - Talvez vocês é quem sejam punidos no final se continuarem a agir dessa maneira desprezível.

— Mas a gente gosta do Ed. - disse Samantha. - Não é Ed molen... quer dizer, Ed legal. - Pablo, o sangue fervendo nas veias, balançava a cabeça em um não de decepção.

Um novo ponto foi adicionado... à Samantha. E uma frase foi escrita no quadro por último.

— Ei, vejam. - disse Amanda, apontando, seu semblante assustado intensificando-se. - É ele...

A frase ditava: "O que tiver maior pontuação está liberado.".

— Hum... Acho que sou eu. - disse Samantha, mal se segurando de felicidade, levantando-se da carteira - Beijinho no ombro pra vocês que ficam. - falou, em tom zombante - Até porque preciso tirar a água do joelho...

Uns dois minutos depois, o companheiro da patricinha se rebelou contra a decisão do sequestrador.

— Ah, qualé! Se ela saiu, também podemos! - reclamou Jason, se levantando com rebeldia - Nenhum fantasma idiota vai me dizer o que fazer...

A fala do bully foi cortada bruscamente por um som alto de "creck". Basicamente de ossos quebrando. O corpo de Jason caíra feito uma estátua no chão.

Pablo, amedrontado, foi verificar o pulso. A confirmação terrificou a todos.

— Está morto. - disse o rapaz, a face lívida - O pescoço dele foi quebrado...

Arquejos de pânico foram dados por Ed e Amanda enquanto uma nova frase era escrita na lousa.

"Fiquem sentados se não quiserem acabar como ele"

O trio permaneceu em seus devidos lugares em obediência verdadeira. O jogo macabro estava apenas no limiar.

                                                                                       ***

A tampa metálica de um duto de ventilação - com brechas verticais e estreitas - caiu com ruído estardalhaçante no piso de granito.

Frank se enraiveceu pelo deslize ao descer de onde vinha se arrastando como uma lagarta na única passagem segura e viável já que romper as faixas amarelas na frente era um ato impensável.

O barulho ainda ecoava nos ouvidos, mas não era pior do que a insegurança gerada pelo silêncio pesante e o vazio do corredor principal. Os interruptores estavam ligados, o que era um sinal evidente da presença obscura que ali montou as bases de seu objetivo.

Em passos vagarosos, o detetive esquadrinhou com os olhos alguns cantos do corredor, de cima à baixo com bastante atenção. Até que pôde, intuitivamente, sentir alguém vir por trás...

— Olá... - disse Samantha, mostrando-se pouco à vontade diante do truculento agente do DPDC que se virou já temendo o pior. Frank suspirou disfarçadamente em alívio. - Será que pode me dizer onde é a saída?

— Você é uma das estudantes que foi raptada, certo? - perguntou ele, suspeitoso.

— Tem que acreditar em mim. Um fantasma nos sequestrou e colocou pressão com um jogo misterioso chamado Noite de Formatura e eu fui solta, não sei porque ... - disse Samantha, exibindo nervosismo - Tô falando sério, por favor, acredite...

— Não, é sério, eu acredito em você. - disse Frank, acalmando-a - Como é mesmo seu nome?

— Sa-Samantha. - respondeu ela, querendo cair em prantos - Tô com muito medo. Não dá pra sair nem pelos fundos?

— Olha, ao que parece, foi tudo lacrado, todas as passagens fáceis estão bloqueadas. - revelou Frank, mostrando apoiador - Mas posso tentar encontrar uma saída alternativa ou arriscar improvisar uma. Você topa esperar alguns minutos?

— Tudo bem, desde que você consiga. - disse ela, comovida, aceitando ir com o detetive a algum lugar onde pudesse manter-se segura do fantasma de Albert.

Ambos se direcionaram à diretoria, cuja porta foi aberta com o velho truque do grampo.

— Muito bem, Samantha - disse ele, sacando um pote com sal grosso e derramando na soleira da porta fechada -, estou me arriscando, mas é por uma boa causa. Com essa barreira de sal, o fantasma não vai chegar até você, então pode ficar de boas que ele nem sequer vai ultrapassar, nem que ele force.

— É, eu sei. - disse ela, deixando uma ponta de estranheza em Frank que ainda mantinha-se de costas depois de terminar a linha - Arde bastante, falo por experiência própria.

Os pelos de Frank eriçaram-se como que por instinto. Ele virou-se devagar, logo tendo sua certeza evidenciada totalmente.

Os olhos de Samantha lacrimejavam um líquido verde escuro parecendo lodo.

"Ectoplasma...", pensou Frank, desesperando-se.

— Esse jogo só acaba quando todos eles morrerem. Mas prefiro começar por você. - disse Albert, revelando-se possuindo o corpo de Samantha. Ergueu uma mão e jogara Frank com telecinesia em direção à uma parede.

— Você quer matar... até mesmo o Ed? - perguntou Frank, tentando se recompor do impacto do seu corpo contra a parede. - Até mesmo alguém que se sente igual à você?

— Com eles eu quis dizer todos os que fazem o perfil de valentões que estudam nesta escola condenada. - disse Albert, chegando perto. - O seu confidente vai sobreviver. Mas posso garantir que aqueles que dedicam tempo de suas vidas miseráveis a machucar outra pessoas deverão morrer.

— Não tem que ser assim, Albert... - disse o detetive, escondendo algo na mão esquerda. - Preciso admitir... que já fui como eles uma vez. Também tive um passado de bullying, não como vítima, mas como praticante.

— Mais uma razão para mata-lo. - disse ele, sibilante.

— Escuta bem... Passei esse tempo achando que seria a forma ideal de extravasar a raiva que eu sentia pela ausência do meu pai. Quando me dei conta do quanto eu estava errado... resolvi parar, e foi aí que valorizei o meu auto-controle. - fez uma pausa, segurando firme o seu trunfo - Eu podia dar umas palestras aqui sobre isso, quem sabe faria uma reversão nos que bancam os valentões ou conscientiza-los que não estão provando nada a não ser suas próprias fraquezas emocionais.

— Isso não muda nada. Você fez! - disse Albert, inflexível, dando mais passos para um próximo golpe.

— É, eu fiz, e me arrependo amargamente disso. - disse Frank, desejando muito reverter a situação com diálogo - Não posso mudar o passado. Mas tudo o que sou e faço no presente me ajuda a esquecer aquela imagem ruim de mim mesmo, me faz sentir regenerado.

— Está confundindo arrependimento com inocência. - acusou Albert, sem facilitar - No fundo você é igual a todos eles. - ergueu a mão para mais uma investida.

Frank mostrara sua cartada que nada mais era que um pouco de sal colocado na palma de sua mão esquerda. Jogara-o contra o corpo de Samantha que emitiu um grito rápido.

O fantasma de Albert se desprendeu rapidamente do corpo da jovem pelas costas, praticamente flutuando no ar por dois segundos, logo desaparecendo como uma projeção ou holograma.

                                                                                     ***

Perambulando pelo corredor, Frank correra em busca dos estudantes confinados na sala 1-A a fim de resgata-los mesmo que fosse atacado inúmeras vezes em impedimento.

As luzes tremeluziram até se apagarem por completo, deixando apenas o luar com fonte de luminosidade. "Pane geral... Essa noite tá cada vez melhor".

Usando a lanterna de seu celular, o detetive reduziu a velocidade mirando nas paredes à procura do número correto da sala. Passou pela sala dos professores... entretanto, um som inconfundível de choro o fez estacar e pensar por um minuto se isso não poderia ser uma armadilha de Albert.

Andou para trás para dar uma olhada no interior. A visão o confundiu por um instante.

— Mas o que... - disse ele, vendo uma mulher vestida com uma camisola rosa sentada no chão encostada na parede em visível pranto. Não hesitou em se dirigir à ela para ajudar. - Ei, ei... Fica calma, sou agente do DPDC.

A mulher ergueu o olhar tristonho ao detetive com o rosto molhado em lágrimas.

— Por que alguém como você se interessaria por esse caso?

Frank emudeceu por alguns segundos, sem saber como explicar de forma a não arruinar o serviço.

— Eu lido com coisas como o Albert. Deve ser a mãe dele, não é?

A mulher fez que sim com a cabeça.

— Me chamo Angela. - disse ela - Fui trazida pra cá de surpresa.

— Então eu estava errado. - disse Frank, agachando-se para ampara-la - Fantasmas como o seu filho não necessariamente se prendem ao lugar onde morreram. Pelo que está dando a entender, o Albert pode se deslocar fora da escola, o que explica o sequestro dos alunos.

— Mas não foi o Albert que me trouxe. - disparou ela, surpreendendo-o - Era a mão de uma pessoa adulta que me levou, mas não vi quem era. Quando cheguei, conversamos, foi como se ele... estivesse na minha frente ressuscitado. Falou que contou com a ajuda de uma amiga.

"Será a professora Reene?", pensou Frank, no limite da desconfiança.

— Ele não citou nomes?

— Não. - respondeu, tremendo - Pra ser sincera... Eu via o Albert todas as noites... nos meus sonhos. Pesadelos recorrentes, na verdade. Eu o assistia matar aquelas crianças de inúmeras formas...

— Isso é comum entre familiares de espíritos. - disse Frank, tocando-a no ombro - Fantasmas cheios de ódio e vingança também podem manipular sonhos, dependendo do quão furiosos estiverem.

— Por favor... se é especialista nisso, precisa salva-lo. - disse Angela, derramando mais lágrimas - Tire meu filho desse inferno particular. Ele tem um plano...

— Sim, já sei qual é. - disse ele, ajudando-a levantar - Exterminar todos os bullys dessa escola. Vou precisar da sua ajuda, esse vai ser o nosso plano para purificar a alma dele. Anda, vem cá... - a pegou pela mão, conduzindo-a até o centro da sala. - Fique parada. - orientou, retirando o pote com sal grosso e despejando até formar um círculo fechado em torno da sofrida mulher.

— Eu não entendo. Purificar o Albert? Isso é possível?

— Se mantenha dentro do círculo. Janelas fechadas, confere. - disse Frank, apontando para elas, depois voltando-se para ela - O sal é repelente de fantasmas. E sim, é comprovadamente possível reverter um espírito maligno, menos quando são controlados por Espectros, mas isso já são outros quinhentos. - tirou de um bolso um papel amassado e dobrado - Olha... - entregou-o à ela - Leia isso em voz alta. Só leia. Eu já volto, tentarei distrai-lo enquanto você faz sua parte.

— Mas...

— Vai ficar tudo bem, Angela. Prometo que ele ficará bem se ler esse recitamento de reversão. - disse Frank, aproximando-se da porta para sair depressa.

— Recitamento? - indagou ela, baixando os olhos para o texto escrito como se fosse um poema.

— Não demoro... - a fala de Frank interrompe-se quando ele fora sugado por uma força invisível que o tirou da sala com um arranco. Angela assustou-se, não conseguindo reprimir um instinto de fuga. Porém, algo nela lhe dizia para confiar inabalavelmente naquele plano.

Quanto à Frank, o detetive acabou indo parar numa das salas próximas à dos professores, suas costas ralando e deslizando no piso até ir parar na parede traseira. Com os dentes cerrados, Frank desconfortou-se com a dor que penetrou fundo na sua coluna e sabia que não teria tempo o bastante para se reerguer e forjar uma luta com Albert.

O fantasma do garoto surgira em um piscar de olhos, exibindo a mesma expressão enfurecida.

Com sua habilidade, fizera as mesas e cadeiras de madeira à sua esquerda e direita voarem contra as paredes à medida em que ganhava proximidade com Frank, sobrando também para os vidros das janelas que estilhaçavam em alto barulho. Uma corrente de vento forte preencheu todo o espaço.

— Albert! - disse Frank, atordoado com a manifestação violenta e quase ficando de pé. - Você tem que parar! Sua mãe... ela sempre esteve orgulhosa de você! Faça por ela, não por aqueles que acha que está protegendo!

— Não posso. - disse ele, o tom sussurrante e soturno de sempre - Não quero. - estendeu o braço direito e abrira a mão incutindo telecinesia para levantar Frank fazendo as costas do detetive roçarem na parede. Depois a fechara. A sensação no caçador foi de que todo o oxigênio estava sendo roubado de seus pulmões, inevitavelmente forçando-o a abrir a boca dada a dificuldade respiratória.

Albert mantinha seu semblante de frieza e perversidade ao assumir a vantagem.

— Rápido... Angela... - dizia Frank, temendo que qualquer minuto poderia ser o último.

A mãe do vingativo garoto brutalmente assassinado há 15 anos preparou-se para finalmente ler.

— Tudo bem... vamos lá. - disse ela, engolindo a saliva - Espírito pérfido que estás cego pelo ódio... Reconheça teu verdadeiro lugar... Engolfado pela luz gloriosa... Que extirpará todo o mal que tu propagas... Para enfim alcançar a eternidade... E ser etéreo como uma força que exala perdão a si e aos que tu afrontas.

Na sala, o detetive a pele gelar imediatamente, mal conseguindo pensar direito.

Uma fagulha luminosa surgira no peito de Albert para o espanto do próprio. A faísca avolumou-se até espalhar-se por toda o corpo como uma luz branca meio azulada claro.

Para a sua alegria, Frank testemunhou o êxito logo quando seu pés tocaram novamente o chão, assistindo Albert ser erguido até o teto. Ele estava tentando gritar, mas a luz silenciava cada palavra carregada de ira e mágoa. Até que, por fim, ela ofuscou-o completamente.

Frank tapava um olho com a mão direita pela forte claridade. "Bom trabalho Angela. Era a pessoa certa para fazer isso.".

A luz reduziu em alto ritmo já no limite. Até desaparecer.

Poucos minutos depois, Angela aparecera na entrada da sala, ávida por saber o que aconteceu.

— O que houve?

— Ele se foi. - disse Frank, ainda reavendo o fôlego recostado na parede já de pé. - Dessa vez pra sempre.

— Pra onde ele foi? - era uma curiosidade normal para um ente querido de um ser sobrenatural como aquele.

— Pra um lugar melhor. - respondeu Frank, sem muita certeza, olhando para cima.

Emocionada, Angela andara até Frank que sentiu-se contagiado pelo clima de pesar gerado pela partida definitiva de uma alma em essência inocente.

Ambos abraçaram-se no meio da sala. Restava apenas libertar os estudantes, recolher o sal na diretoria e escapar sem deixar vestígios.

                                                                                           ***

Noite do dia seguinte... 

O toque da campainha fizera Frank bufar por conta da interrupção que odiava sofrer ainda mais em um jogo de basquete importante televisionado.

Ao abrir a porta, o susto foi tremendo que o coração disparou quase querendo sair pela garganta.

— Já ia dormir? - perguntou Carrie, olhando as vestes do colega.

— Ca-Carrie?! - indagou ele, perplexo - Ahn... não, eu - olhou para a camisa branca que parecia parte de um pijama - ... eu só... é que você nunca viu assim e...

— Tá, não precisa prolongar explicações. - disse ela, aparentando estar menos arisca que da última vez que se falaram - Só vim... me desculpar. - deu de ombros - Ainda sou sua assistente. E você meu melhor amigo. É difícil mudar algo que já se tornou parte de você e se tentar tirar só machuca mais. Quando vi que era impossível, entendi logo que estou onde eu sempre deveria estar. Como sua parceira. Agora estou de volta. - sorrira.

— Err, Carrie, você sabe que definitivamente foi substituída, né? - perguntou Frank, curioso.

— Hum-hum - negou ela, balançando a cabeça - Três palavras: Leslie se mandou.

— O quê? Mas por que ela largou o emprego?

— De repente, uma emergência familiar a obrigou a passar o bastão... de volta pra mim. Ela quis dedicar um tempo à família e como o agente mais remunerado do departamento não podia ficar com vaga de assistente largada às moscas... não deu outra, essa peteca é minha de novo.

— Nossa... - disse Frank, mal sabendo como se portar - Espero que o lance da Leslie não seja grave.

— Eu também espero. - disse ela, sentindo-se um tanto renovada por desvencilhar de um peso nas costas chamado mágoa - Não vai dizer: "Bem de volta, Carrie"?

O detetive rira.

— É, sim. Está convidada a fazer parte da minha vida novamente. Eu realmente achei que nunca mais iríamos nos falar como antes.

— Digo o mesmo. Já passou. Só fazia mal e fingi que não doía pra não parecer fraca. Desculpa.

— Eu também peço desculpas. - disse o detetive, honesto - Estourei com você naquela hora, não vou mentir. - tocou-a forte no ombro - Era para ter considerado aquela possibilidade mesmo que no fim das contas não tivesse a ver com o problema.

A assistente o fitou diretamente nos olhos por uns bons minutos. Depois, balançou rápido a cabeça, como se afastasse um pensamento.

— Enfim, vamos esquecer isso. - olhou para o interior da casa - Tem lugar pra mais um aí?

— Sempre tem. - disse Frank, sorrindo e a permitindo entrar. Fechara a porta que mostrava o número da casa em relevo e dourado: 10.

                                                       ***

Confessionário: 

Fantasma - Definição básica deste que vos fala: 

Projeção espiritual da alma de uma pessoa falecida que pode se manifestar e interferir no plano físico e metafísico sendo visível ou não. Fantasmas podem ser maus ou bons. Geralmente pessoas que morrem por causas naturais não podem ser corrompidas ou se compelirem a ficar presas no plano físico. Já as que são assassinadas ou suicidas tem uma propensão de 90% para caírem nas sombras por diversos motivos, sendo a vingança o mais clássico. 

Proteção adequada: Sal Grosso. Eles odeiam. Sabem porquê? O ectoplasma, a substância que só espíritos vingativos produzem, e o sal são como reagentes adversos um ao outro. Uma vez que entra em contato com o sal, o fantasma desaparece temporariamente. Pode servir também para desfazer possessões. Sim, eles se apropriam do corpo da pessoa para se disfarçarem tal como os demônios.  Pense no ectoplasma como o pus de uma infecção grave em um corpo vivo.
Tanto rancor, tanto ódio acumulado acaba materializando, por assim dizer, essa secreção que tem uma coloração verde bem escuro. 

Ah... esqueci que hoje seria o confessionário do caso de ontem... acabei trocando as bolas pensando que hoje era enciclopédia paranormal. Bem, por sorte, o caso girou em torno de um fantasma. Devem se lembrar do massacre brutal na Danverous High School há 15 anos... 

O atirador ainda é dado como foragido. Pode ter se matado na fuga, acho que ninguém nunca vai saber onde o corpo ou que sobrou dele deve estar. O crime foi impulsionado por anos de sofrimento nas mãos de pessoas covardes que se aproveitavam de gente que não sabia se defender. Eu já fui assim antes. Como valentão, do tipo que olha pra um nerd e diz "te pego na saída". Tô falando sério. Mas me curei, por conta própria. Havia um garoto que marcava sempre de aborda-lo na hora do recreio para fazer brincadeiras agressivas. Ele saiu da escola quando entrei na quinta série e àquela altura já tinha parado. Poucos anos depois descobri que ele se matou. Por conta de depressão provocada por bullying na outra escola. Ele nem tinha terminado o Segundo Grau. E se tivesse sido eu o propulsor dessa fatalidade caso continuássemos sendo colegas e eu um valentão? Eu podia ter criado um maníaco psicótico louco para metralhar pessoas ou um depressivo à beira da morte. Eu podia ter sido responsável como motor para mortes de vários inocentes ou de um só. Hoje me orgulho do homem que me tornei, apesar do peso enorme que carrego nessa vida tortuosa de caçador. 

Até o próximo caso. 

                                                          XXXXX

 


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