Desde que consigo me lembrar, me entender por pessoa, me chamam de fraco ou covarde, pelo simples fato de não gostar de lutar, pode ser um paradoxo, mas as vejo como desnecessárias quando há outras maneiras, outros caminhos para se resolver problemas que não seja usando os punhos ou cosmo.

Apesar disso, eu nunca fugi de uma luta, encarei meus inimigos nos olhos, apanhei sem vergonha de admitir, apanhei muito, mas os derrotei — com ou sem a ajuda de meu irmão Ikki —, a ideia de matar, de tirar a vida de alguém é aterradora, assustadora, desagradável, e só fiz quando me vi sem nenhuma outra alternativa, matar ou morrer, não é como chamam o ditado de uma guerra?

Perdi companheiros em batalhas sem sentido, mortos de maneira covarde como foi o ataque à Ilha de Andrômeda, a forma ainda mais covarde com que meu mestre Albion foi morto, tudo por ordens de um Grande Mestre maligno, um Saga possuído por uma entidade maligna auto intitulada Ares. Como o Deus da Guerra.

Ah, esqueci de mencionar, eu sou um Cavaleiro — entendem agora o paradoxo? —, sirvo a deusa grega Atena, deusa da Guerra Estratégica e Sabedoria; uma deusa que acredita em um mundo pacífico, livre de brigas, guerras e ódio; onde o amor é capaz de triunfar e conquistar tudo e eu também acredito nesse mundo, assim como ela também acredito e tenho fé na humanidade.

Assim como fui chamado de covarde e fraco também fui chamado de a alma mais pura algo que me estarreceu... Como eu, um cavaleiro que já tirei vidas com minhas próprias mãos, matei inimigos, carrego o sangue deles em minhas mãos, posso ser chamado de a alma mais pura e bondosa? Era por causa da minha crença em um mundo pacífico? Minha recusa em tirar vidas? Aquela indagação possivelmente me atormentaria pelo resto da vida, incapaz de entender o porquê me intitularam de “A Alma Mais Pura...”. E como se isso não fosse o suficiente, em plena Guerra Santa, descobri que era o receptáculo de um deus maligno, Hades, Imperador do Mundo dos Mortos, sua alma escondida dentro do meu corpo, coabitando durante anos, esperando o momento certo de despertar e tomar-me o corpo para executar seus planos. O que eu fiz? Dispus-me ao sacrifício para impedir seu êxito. Implorei ao meu irmão que tirasse minha vida para isso.

Ikki, meu irmão mais velho que também passou por tantas coisas, seu cruel treinamento na Ilha da Rainha da Morte para conseguir a armadura de Fênix; o qual se eu realmente tivesse ido, teria morrido pelas mãos de Guilty, não teria aguentado nem resistido aquele treinamento e aos métodos dele. Ikki, minha única família de sangue, mas não minha única família, também havia meus amigos, meus irmãos de armas, órfãos como eu e Ikki.

Aguentei coisas que muitos não...

Cresci com um único propósito, servir e proteger Atena, mas me questiono se esse seria mesmo meu único objetivo de vida, ser apenas cavaleiro, lutar até meu último suspiro, se não há outras formas de auxiliar Atena em sua missão de uma Terra pacífica. Como mencionei antes, não gosto de lutar, no entanto, não hesitarei em proteger aqueles que eu amo!

Quem eu sou? Eu sou Shun de Andrômeda, Cavaleiro de bronze a serviço de Atena.