Canto escrita por kuriyamanyah, Kacchako Project


Capítulo 1
As ventanias que trazem minha curiosidade


Notas iniciais do capítulo

Olá!! Boa leitura ^^

[ evento de criaturas - fadas ]



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“Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada.”

Água-viva, Clarice Lispector



Meu fascínio é a minha ruína. 

O desconhecido atiça minha curiosidade, me tira do chão e me faz voar mais alto que qualquer outra fada. Pergunto-me todos os dias o que estaria depois daquela estrela, seriam outras fadas que se perderam? Seriam uma forma corpórea dos deuses primordiais? Se eu passo tanto tempo estudando os Ocultos, sejam eles das sombras ou filhos da Oceania… Por que não me dão a chance de explorar o céu? Eu já sou uma fada dos ventos, embora eu sinta que isso está errado. 

Contudo, na noite de soltísticio, eu tive a certeza de que minha curiosidade seria minha desgraça. Descobri o que era uma estrela, seu brilho e o seu espetáculo. Poesia nenhuma conseguiria dizer o que senti quando vi as asas do loiro, as tatuagens douradas nos braços e os olhos vermelhos penetrantes. Seu voo era imperfeito, suas tentativas eram várias e o brilho amarelado ao redor do seu corpo me deixavam fisgada, apaixonada

Seus conhecimentos e falta de educação trouxeram à tona uma parte minha pouco conhecida, sua busca sem fim contagiou-me com a determinação. Os dias tornaram-se meses, que tão breve tornaram-se anos e deixou-me de presente diversos questionamentos que o loiro não quis responder. Controlar os ventos perdeu o sentido, guiar as estações pareceu-me estranho e as histórias viraram algemas. 

Meu dever era um estranho inoportuno, eu deveria estar fazendo algo a mais, porém encontrava-me presa neste lugar.

No equinócio de primavera eu já estava cansada de tudo isso, o encurralei para conquistar minhas respostas. Entrei em sua nova casa, não o deixei desviar de minhas perguntas e nem fugir de minha presença.

— Eu preciso saber, Katsuki.

— Eu não posso te dizer o que é, você precisa conquistá-lo! Eu não sei o que é o seu canto, não posso contar algo tão íntimo de alguém que conheço há tão pouco tempo e nem sequer de um irmão de vários anos. 

— Então, o que é o seu canto?

— Minha voz, essência, existência! — Pronunciava como um louco apaixonado, exibindo seu lado infantil e sonhador, onde a arrogância típica não era bem-vinda.  — No começo foi ser uma estrela, seguir meu rumo sem ninguém me dizer qual era. Depois foi a minha queda e procura, as melodias que cantarolei, as marcas dos meus braços, os meus novos conhecimentos e os antigos. Foi, principalmente, a minha recusa em ser uma fada da luz e apenas isso, sabe? Odeio a ideia de viver numa verdade sã e lógica, negando a racionalidade dos impulsos e a ciência dos delírios que os deuses primordiais me deram. Eu sei, Bochechas, não faz sentido, mas isso também é o meu canto. Não tem sentido que o explique, pois é um conceito tão complicado e uma busca tão difícil que no final é tudo que foge ao comum. Meu canto é a minha liberdade. E o que é ser livre para você, Bochechas? Tenho meu canto quando sou livre, sou livre quando sou dono de minha voz. Se quer tanto saber o que é, está procurando nos lugares errados — respirou fundo — O que você quer fazer?

— Eu quero flutuar.

— Que? 

— Isso!

 

Meses depois, eu distorci as leis da gravidade ao meu favor, encontrando minha voz. Foi uma trágica morte para o meu belo renascimento. 

Eu estava arruinada como fada, as rainhas me expulsaram com grande decepção. Tive a certeza que tamanha curiosidade que os ventos trouxeram, perderam-me do caminho certo, como elas disseram que fariam; todavia, os olhos rubros eram uma lembrança constante do meu verdadeiro lugar. O péssimo linguajar me colocou nos trilhos novamente, sua mente não subestimou a minha e seus beijos ternos me transformaram em Lua. 

Um astro com a própria gravidade, enfeitando o céu das fadas com sua estrela mal educada. Foi uma maravilhosa ruína, poética para o meu passado enigmático e claro futuro, que misturava-se em uma desarmoniosa ocasião chamada “presente”. 

No fim, eu entendi sua busca árdua e complexa demais para ter sentido. Achei o meu âmago em verdades inventadas e caóticos amores. Como tudo é vida, todos os detalhes eram minhas cordas vocais ecoando uma melodia avoada e libertária.


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Notas finais do capítulo

Olá!! Eu li um fragmento desse livro da Clarice Lispector em uma aula de filosofia e ele nunca mais saiu da minha cabeça UHIASUHFIUASj e eu tive que usá-lo de novo no meu evento favorito aaaaaa. A louca da fantasia e do rpg ataca novamente, as fadas são um dos meus seres favoritos e eu fui obrigada a rever Tinker Bell para escrever HFUIAFHIASUHFIUASHF e usar uma pitada de Stardust.
Bakugou como uma estrela é uma das minhas coisas favoritas agora.

Deixo meus agradecimentos a Ivy pela betagem maravilhosa, mais uma betagem rápida que me deixa sem reação UHDIAUSHD. Também agradeço ao Flamme (ID: 793843) por essa capa divina, a busca por fanart foi difícil, mas valeu tanto a pena aaaaa não consigo parar de encarar a capa ♥♥♥♥ Mais uma história para o Evento do Kacchako Project, muito feliz em participar desse projeto incrível.

O perfil da Ivy no Wattpad: https://www.wattpad.com/user/ivych4n

Também conheça o Kacchako Project :) estão com as vagas abertas por tempo indeterminado


Até a próxima ♥



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