Ginevra escrita por Morgan


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Essa é a minha primeira fanfic solo (porque a primeira mesmo foi What Ifs sobre o Fred com o anjo que é a Lady Anna e que está no nosso perfil para quem quiser ler) para o Maio Weasley! Eu tô muito animada com esse projeto que só tá trazendo histórias maravilhosas sobre a melhor família do mundo. Não vou falar muito aqui, mas espero que vocês me encontrem nas notas finais. Beijo, boa leitura! ♥



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Por muitos anos, Arthur Weasley nunca teve “o dia mais feliz da sua vida” e se alguém o perguntasse isso, ele não sabia o que dizer. Sempre tivera uma vida agitada e cheia de momentos felizes que, para ele, eram impossíveis de serem ranqueados.

Molly era tudo que ele sempre havia sonhado e não se importa de soar idiota ao falar isso: ela era divertida, irreverente e muito mais inteligente do que ele – o que Arthur adorava. Ela nem sempre era calma, mas aquilo nunca o incomodou. Eles eram parecidos em todas as coisas que importavam. Nunca houveram dúvidas: eles namoraram por quase todo o tempo que passaram em Hogwarts e depois se casaram.

William foi o primeiro a vir e eles tinham apenas vinte anos. Arthur lembrava-se de ficar igualmente feliz e assustado. Tudo que sempre quisera fora um filho, mas os tempos eram incertos e, bem, eles ainda tinham só vinte anos. Para muitos, ainda era uma idade impensável para um casal criar uma criança.

Mas Bill foi o melhor presente do mundo. Em meio ao estresse diário no Ministério, o pequeno Bill foi um sopro de ar fresco em sua vida. Assim como Charlie, que veio dois anos depois. Enquanto Bill era calmo e independente, Charlie mostrou desde cedo um espirito aventureiro que viria a ser explicado com o passar dos anos. Percy só nasceu quatro anos depois e este, Arthur tinha que admitir, fora o que mais mudara sua vida. Percy o seguia pela casa, fingia ler os mesmos livros e documentos que o pai e muitas vezes não se deixava ser colocado para dormir por ninguém a não ser o mais velho. Já era pai há seis anos, mas Percy foi o primeiro a fazer com que ele se sentisse necessário.

Para a surpresa de ninguém, dois anos depois vieram os gêmeos. Arthur não esperava gêmeos, embora pensando agora, ele se arrependia de não ter cogitado isso ao ver a barriga da esposa crescendo mais e mais a cada dia, muito mais do que nas outras gestações. Fred e George vieram para colocar A Toca de cabeça para baixo. Toda a agitação que Bill, Charlie e Percy nunca tiveram, os mais novos tinham, quase como se para compensar que os primeiros filhos vieram sem dar trabalho. Mas Arthur não se importava. Gosta dos sorrisos divertidos e maliciosos dos filhos, gostava como eles estavam sempre correndo para lá e para cá, enchendo a casa com suas risadas. Era fácil. E foi fácil com Rony dois anos depois também. Já aos 30 anos, Arthur Weasley não se enrolava com fraldas, mamadeiras ou banho. Nem mesmo tinha problemas em evitar xingar na frente das crianças. O único problema aos 30 anos e com seis filhos eram as dívidas que aumentavam exponencialmente, de uma forma que o casal não estava preparado para encarar.

E não muito orgulhosos disso, dois anos depois Molly ficara grávida de novo. Essa, eles garantiram a si mesmos, era a última gravidez. Eles gostavam de ter filhos, gostavam da casa cheia, dos novos ruivinhos correndo por aí, mas o dinheiro não era favorável a isso. E foi por isso que Molly deu tudo de si, apelou para todos os santos, pois depois de seis filhos, tudo que ela queria era uma garotinha. E Arthur entendia o lado da esposa, entendia mesmo.

Mas não torcia tanto quanto ela.

Criar Bill, Charlie, Percy, Fred, George e Rony era fácil. Ele sabia o que fazer. Todos gostavam de quadribol, exceto Percy. Mas Percy gostava de livros e cálculos e isso ele sabia fazer. Mesmo aos 20 anos, Arthur nunca achou que teria realmente algum problema em criar um garoto. Garotos eram simples, fáceis e ele já os conhecia – ora, era um deles há 30 anos, não era?

Então, aos 31 anos, Arthur não compartilhava do mesmo desejo avassalador da esposa de quebrar a sequência de garotos ruivos – e para ser sincero, nem acreditava ser possível. Ninguém na família achava que uma garota surgiria naquela altura do campeonato. Ele nunca se sentiu tão feliz em estar errado.

Em 1981, Ginevra nasceu e aos 31 anos, Arthur Weasley que ainda não tinha o que responder quando perguntado sobre o dia mais feliz de sua vida, havia marcado o dia 11 de agosto como o dia mais assustador de todos. As dores começaram de madrugada, muito mais fortes do que em qualquer outra gravidez, Molly havia alegado, e eles seguiram para o St. Mungus, deixando Bill ciente do que havia acontecido e Tia Muriel cuidando das crianças.

Foram 16 horas até Ginevra nascer. Molly estava suada e parecia muito mais fraca do que das outras vezes. Arthur devia ter notado nesse momento que havia algo errado. Quando o bebê finalmente saiu e eles souberam que era uma garota, o sorriso da esposa foi fraco e incerto e enquanto Ginny era levada, Arthur notava o olhar diferente que o medi-bruxo e a enfermeira trocavam.

Tudo naquele momento pareceu um borrão. Eles começaram a correr de um lado para o outro, falar sobre sangue demais e mandaram Arthur fazer com que Molly continuasse acordada quando ela claramente não queria fazer isso.

Arthur pensou que perderia o amor de sua vida.

Mas Molly sempre fora muito mais forte do que todos pensavam e em meio a choros, gritos de dor, toalhas ensanguentadas e palavras desesperadas para que se mantivesse acordada, seu sangramento estancou. Arthur apenas saiu do quarto quando os medi-bruxos o garantiram que sua esposa estava bem e continuaria acordada enquanto ele ia buscar sua filha recém-nascida no quarto ao lado.

Foi apenas quando entrou no outro cômodo e viu a pequena Ginny enrolada em uma manta verde-clara com seus olhos castanhos piscando alertas para o homem ruivo que pairava sob si que as lágrimas começaram a cair sem aviso algum. Seu coração estava a ponto de parar e ele só havia percebido naquele momento. Quase perdera Molly, quase perdera o alicerce de sua vida. Enquanto estava ao lado dela, tudo se resumiu àquilo, nada mais passou pela sua cabeça, mas agora, vendo a pequena bebê à espera de colo, ele se dava conta do quanto perderia se Molly não fosse a mulher mais forte que já havia conhecido. Perderia a mulher que mais amava no mundo e seus filhos perderiam a melhor mãe que ele já havia conhecido. Ginny, que não possuía nem sequer uma hora de vida, estaria sozinha.

Arthur jamais deixaria qualquer um dos filhos desamparados, mas ele não era Molly e tinha plena consciência de que jamais conseguiria dar a filha o mesmo que a esposa. 

Aquele dia não havia como ser o mais feliz de sua vida. Nem os seguintes foram, na verdade, Arthur passou as semanas seguintes vigiando a esposa de perto, impedindo que ela fizesse esforço demais e repetindo a mesma coisa aos garotos. O susto e o medo de perder Molly não haviam passado e isso fez com que, de alguma forma, Arthur se visse mais distante da pequena garotinha do que gostaria de estar em qualquer outra situação.

Não por culpá-la de algo, é claro que não, mas para o homem, Ginny estaria muito melhor contanto que estivesse com a mãe.

Exatamente um mês depois, poucos dias depois de Bill partir para o seu primeiro ano em Hogwarts, Molly levou Charlie, Percy, Fred, George e Rony ao dentista, deixando apenas Arthur e a pequena Ginny em casa. Se Arthur fosse um pouco mais observador, teria percebido que a esposa já havia notado sua hesitação e aquela situação tinha sido muito bem planejada por ela.

Ginny havia adormecido em seus braços após a mamadeira, mas ao colocá-la no berço, ela logo voltou a chorar novamente fazendo com que o pai a pegasse de volta. Arthur percebeu, com certo espanto, que o que a garotinha queria mesmo era ficar em seus braços. Ele caminhou até o lado de fora d’A Toca, sentando-se no banco enquanto admirava os pequenos morros que se formavam à distância.

A maioria dos pais têm medo de trocar fralda, de dar mamadeiras, de colocar para dormir ou fazer arrotar. Arthur sabia como fazer cada uma dessas coisas. Olhando para baixo e vendo a pequena bebê piscar para ele como se estivesse à espera de algo, Arthur percebeu que o que tinha mesmo era medo de criar Ginny Weasley.

Tinha ainda mais de tentar e falhar e olhando sério para a bebê em se colo, ele resolveu avisar de uma vez:

— Eu não sou um bom pai. Não sei amarrar cabelos, não sei comprar roupas para você, não sei o que te dizer quando aquele momento chegar e definitivamente não sei metade das coisas que sua mãe sabe. Não importa o que. Eu nunca vou saber tanto quanto Molly sobre qualquer assunto. – Ele hesitou. – Bem, talvez sobre assuntos trouxas, mas se você for parecida com seus irmãos ou com ela, nada disso vai te interessar.

E como se o entendesse, Ginny riu. Uma risada alta, gostosa e Arthur não se lembrava de nenhum de seus filhos rindo para ele com tão pouco tempo de vida. Talvez Fred e George, mas eles quase nasceram trocando sorrisos um para o outro.

Ele balançou a cabeça, inconformado. Aquela garota não sabia para quem estava sorrindo, não sabia nem no que estava se metendo.

— Você não devia estar sorrindo, você é a sétima filha de uma casa com oito bruxos! Não tem motivo para sorrir! – Disse ele novamente, dessa vez apontando o dedo indicador para ela, que ergueu o braço na mesma hora e o agarrou com toda a força que tinha, quase gargalhando quando ele o ameaçou puxar de volta.

Ginny continuou sorrindo mesmo quando as primeiras lágrimas começaram a encher os olhos de seu pai, que percebia lentamente que sua pequena Ginevra não entendia uma palavra do que ele dizia, nem sabia o que estava acontecendo ao seu redor, mas ainda assim, confiava nele mais do que confiava em qualquer outra pessoa.

— Mas... posso te ensinar alguns feitiços. Aqueles de combate que sua mãe vai pensar que não deve ensinar a você só por ser uma garota, mas que na verdade devemos te ensinar justamente por isso. – Disse em voz baixa. – Posso te ensinar a jogar quadribol, podemos conversar sobre o time que você quiser. Eu não tenho nenhum time, mas posso torcer para o que você escolher. Vou gostar de qualquer opção sua. Ou, então, posso te falar sobre algumas leis mágicas. Você sempre vai saber o que não descumprir... ou então como descumprir e se safar. – Ginny sorriu, puxando um pequeno sorriso do pai também. – Vou gostar de tudo que você fizer, querida... Tudo. Garotos, garotas, os dois ou nenhum, não importa. Você pode ser o que quiser. Não sei algumas coisas, mas vou tentar... Não, eu vou aprendê-las por você.

Arthur passou sua mão livre no rosto, limpando as lágrimas que escorriam.

— Vou ser um bom pai, contanto que você consiga me desculpar por trazê-la para uma família tão grande e em uma situação nem tão boa assim. Se eu ficar sempre do seu lado nas discussões com seus irmãos, você acha que pode me perdoar? Porque eu vou ficar. – Ele se aproximou, depositando um beijo delicado na testa da mais nova, que piscava divertida seus olhos castanhos em direção ao pai. – Vou te proteger de tudo, mas se você for minimamente parecida com a sua mãe, sei que não vai precisar. Mas vou fazer isso mesmo assim.

Ginny continuava inocentemente ouvindo a voz calorosa e calma do pai e Arthur passava lentamente o dedo sob os finos fios ruivos que já despontavam na filha quando pôde-se ouvir um barulho na parte de dentro da casa. Provavelmente Molly e os meninos voltando através da lareira.

Teve suas suspeitas confirmadas quando Charlie foi o primeiro a ser ouvido.

— Perce, eu já disse que não! Não vou te emprestar os meus dragões para você desenhar!

— Eu vou contar para mamãe! – Gritou Percy de volta.

— Conte! Continua sendo meu!

Ouviu Percy começar a chorar e Fred e George começarem a cantarolar a música de ninar que ouviam todas as noites a fim de se sobrepor ao choro do irmão mais velho.

— Fred, George, fiquem quietos! – Ordenou Molly. – Vocês vão acordar Ronald! Sabem como ele demorou para dormir enquanto esperava o irmão de vocês. E Charlie, o que custa você deixar o seu irmão desenhar? Fique com ele, segure o bendito do dragão, mas acabe com esse choro. Você é irmão mais velho!

Charlie resmungou alguma coisa e o choro de Percy, ao contrário da música de Fred e George, deixou de ser ouvido, apenas para ser substituído pelo choro do recém desperto Ronald. Arthur trocou um sorriso com Ginny, que embora ouvisse toda a confusão, continuava a encarar o pai com serenidade, quase hipnotizada pela figura que a segurava.

— Somos uma família grande em uma casa pequena – disse –, mas você se acostuma e até passa a gostar depois de um tempo. Ainda tenho um pouco de medo, pela sua mãe, por seus irmãos e por você. Cada um por um motivo diferente. Mas isso não importa, porque temos algo muito maior. Sabe o que, Ginny?

Ele ficou de pé, seu sorriso aumentando quando os gêmeos finalmente persuadiram a mãe a cantar junto com eles e logo Charlie e Percy começaram a bater na mesa em um ritmo animado como se estivessem em uma banda. Ginny abriu um sorriso exatamente como o que estava no rosto de seu pai.

Arthur abriu a porta e entrou na sala fazendo Fred e George abandonarem a música e a roda que faziam em volta de Molly para correrem até o homem.

— Papai! – Disseram os dois juntos.

— Papai, adivinhe qual foi o doce que mamãe nos comprou hoje! – Falou Charlie, animado, enquanto Percy concordava. Sentiu os pequenos gêmeos de apenas três anos o empurrarem em direção ao sofá enquanto Molly abria um sorriso doce ao vê-lo, encostada na poltrona, balançando Ronald para lá e para cá, tentando fazê-lo dormir mesmo em meio a gritaria dos irmãos. Ela provavelmente conseguiria. Toda criança Weasley aprendia a dormir em meio ao barulho de uma casa cheia.

Arthur trocou um último olhar com Ginny enquanto sentava-se no sofá vermelho, com os gêmeos de um lado, Percy do outro e Charlie parado a sua frente explicando sobre a Bomba Vermelha de Dragão que a mãe havia comprado para cada um e Percy completava dizendo que não havia comido a sua ainda, pois queria dividi-la com o pai.

Isso aqui, Ginevra, pensou Arthur, temos tudo isso aqui.

E foi naquela tarde comum aos 31 anos, um mês após Ginny já ter vindo ao mundo, que Arthur finalmente teve o dia mais feliz de sua vida. Não porque deixou de se preocupar com as contas da casa, do que poderia acontecer com Molly ou de sentir medo de como seria criar uma garotinha depois só ter tido garotos em casa. Arthur Weasley apenas entendeu que haviam coisas mais importantes, como a pequena ruiva enrolada em seus braços e de como ele seria capaz de dar a volta ao mundo por ela e pelos seus irmãos.

 


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Notas finais do capítulo

Eu sempre pensei que deve ter sido complicado ou no mínimo diferente para o Arthur ter a Ginny depois de seis garotos. Homens, em sua maioria, já acham que ter uma filha é mais díficil do que ter um filho, imagine então, ter uma depois de só criar homens durante toda a vida? Deve ter sido um contraste muito grande n'A Toca para todo mundo. Principalmente na situação em que eles estavam, afinal, a Ginny nasceu quando a família já não estava com uma situação financeira muito boa. E ela definitivamente não ia poder usar as roupas antigas dos irmãos. Muito obrigada, Maio Weasley, por me permitir falar um pouco sobre isso e sobre eles. E se eu dramatizei um pouco o parto dela, ninguém pode me julgar, eu ainda sou fanfiqueira hahaha.

Espero muito que tenham gostado e possam me dizer o que acharam! Beijo, até a próxima! ♥



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