A Saga E - A pirâmide Colossal escrita por Diego Farias


Capítulo 25
Seja Íntegro


Notas iniciais do capítulo

Ela estava desaparecida...
Mas o importante que está de volta.



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O deus da lua vagava pelos mundos do Sansara. Ele amaldiçoava Shun de Virgem, mas principalmente, a si mesmo por ter caído tão facilmente em seu ataque: O cíclo das seis existências. Ele ainda tentou acessar seu cosmo ou seu modo divino, mas era impossível, seu próprio poder não respondia ao seu chamado. Ele vagaria para.... 

  — O quê? - exclamou ao se ver caíndo. 

  Um sorriso deslumbrante se abriu no rosto cansado ao ver todo o céu vespertino do santuário. O servo dos deuses primordiais caía velozmente, mas parecia tão aliviado que nem demonstrou resistência em chocar-se contra o chão. Mas faltando poucos metros, o deus da lua virou-se numa cambalhota e aterrissou numa escadaria, às portas de uma casa zodiacal.

  Khonsu olhou para trás e viu que estava próximo do topo das doze casas, ou seja, estava muito perto de Athena. A sua gargalhada cortou o ar, como um vento frio e cruel e aparentemente, não havia mais nenhum cavaleiro de ouro pelas redondezas para enfrentá-lo.

   – A ironia do destino me diverte! - ele virou para a casa zodiacal e ficou surpreso. - Eu mesmo derrotei seu guardião. Não há nada que me impeça de te atravessar, oh casa de Aquário.

   Sem cerimônia, o deus da lua começou a correr para dentro da casa, sem medo de um possível ataque surpresa. Ele mantinha um sorriso vitorioso no rosto e a adrenalina corria por cada veia de seu corpo.

   – Eu só sinto a presença do mestre Hórus e do mestre Seth... — pensou. - Quando eu voltar com a deusa Athena, o mestre Rá me perdoará pelos meus pecados e me engrancederá em seu reino.

   A luz da saída estava bem a sua frente. Logo, a última escadaria que levaria à última casa zodiacal, poderia ser acessada.

   – Peixes! Aí vou... - havia algo errado. - Não... De novo, não...

   Todo o ar vitorioso desapareceu do seu rosto ao ver-se novamente de frente para a escadaria que dava visão para as doze casas. Ele virou-se e certificou-se de que estava novamente na entrada de Aquário. Seus dentes trincaram e ele começou a elevar o seu cosmo branco, trazendo uma nuvem pesada e fazendo nevar sobre o santuário.

  – Eu fui tirado de um inferno e não serei colocado em outro! SAIA CAVALEIRO DE AQUÁRIO!              

  A casa zodiacal começou a ser tomada por uma cosmo energia dourada que trouxe estranheza ao deus da lua. Aquele cosmo não era de Hyoga, apesar de ser tão poderoso quanto.

  Então, ele ouviu os passos característicos de um cavaleiro. O som do metal contra o chão de pedra era inconfundível, assim como a luz do seu cosmo que ascendia a noite fria que Khonsu conjurou.

  O deus da lua torceu o seu nariz para o guerreiro que surgiu no seu campo ocular. Era um guerreiro de média estátura, cabelos azuis e presos num rabo de cavalo, olhar sereno e lábios levemente pintados com um batom vermelho.

   – Uma mulher cavaleiro? - ele desfez a sua guarda e riu da amazona dourada à sua frente, sem claro notar os seios da armadura de Gêmeos. - O que está fazendo aqui, amazona de Gêmeos?

  – Desculpe, meu atraso, deus egípicio.

  – Por algum acaso seu penteado atrasou? - abriu a boca para gargalhar, enquanto a amazona fechou os olhos, serenamente. - Ou quem sabe tinha um assado para preparar? - o silêncio continuou sendo a sua resposta. - Ah, vamos! Tenha um pouco de senso de humor. Athena deve estar de brincadeira ao enviar-me uma mulher para o combate.

  – Já terminou? - Khonsu ergueu uma sobrancelha ao notar o tom firme. - Por que preciso saber se o senhor vai se retirar ou tentar invadir Aquário, novamente?

  – E por que eu iria embora? Não vê que você não tem...

   Dessa vez, Khonsu derramou algumas gotas de suor de pavor. Ele encarou o rosto da amazona sério e viu que os céus de Aquário mudaram. Eles pareciam ser a entrada de um buraco negro ou o limite de uma galáxia.

   – É impossível... Nenhum humano é capaz de conjurar as portas do Duat... Quem é você?

  – Eu sou a segunda amazona dourada de Athena! Íntegra de Gêmeos! - disse ela voltando para dentro da casa zodiacal.

  

[ ***]

   — Íntegra! - exclamou Athena de seu salão, encarando as doze casas. - Você voltou!

   A deusa da sabedoria colocou as mãos em seu peito, animada e preenchida por uma nova fé. Ela encarou a sua estátua às suas costas e logo em seguida, demonstrou-se apreensiva.

   – Estamos às portas da maior batalha que já enfrentamos... Já tivemos muitas baixas e cavaleiros mortalmente feridos. Eu preciso manter-me forte! Só assim venceremos, Rá... - ergueu seu cetro e ele liberou o brilho dourado de seu cosmo. - Vamos Íntegra!

 

[ ***]

    O Deus da lua a seguiu de perto e parou ao ver que a amazona ficou de costas para ele, sem se importar de ser atacada. Khonsu começou a elevar o seu cosmo e as pilastras e chão da casa de Aquário começaram a congelar, instantaneamente.

   — MORRA! - ele gritou e abriu a palma da mão, liberando uma violenta geada. - O quê?

   Por um momento, ele viu Íntegra sendo congelada, mas percebeu que era apenas uma ilusão. A amazona surgiu às suas costas com aquele mesmo olhar sereno e o deus da lua já começava a irritar-se.

   – PARE DE BRINCAR COMIGO, MULHER! - um grande jogo de pega-pega começou. Íntegra desaparecia e aparecia ao redor de Khonsu que disparava seu ataque a esmo e não conseguia distinguir o que era ilusão e o queria era realidade. - ENFRENTE-ME, SUA COVARDE!

  – Está bem, deus egípicio...

   Khonsu começava a ficar nervoso com o deboche da amazona. Ela havia se multiplicado pela casa de Aquário, elevando o seu cosmo e exibia aquele mesmo rosto sereno, beirando a inexpressívidade.

   – Vou mostrar com quem você está lidando! BENÇÃO LUNAR! - gritou ele socando o chão.

   Íntegra, pela primeira vez, encarou a batalha com os olhos sobressaltados. A luz branca congelou a casa de Aquário, instantaneamente, e Khonsu gargalhou ao não ver mais a defensora da casa por perto.

   – Aposto que congelou-se com esse ar das profundezas do Duat. Nem o santo de Aquário que controla o zero absoluto conseguiu resistir a benção lunar... Há, há, Há...

  – O que é tão engraçado?— o riso embolou-se na sua garganta, a ponto de se engasgar. - O que foi, deus da lua? Parece frustrado.

   Ele olhou às suas costas com o rosto tomado de medo. O suor pingava livremente, mesmo com a temperatura tão fria ao redor. Khonsu dera alguns passos para trás, nitidamente, amedrontado com o poder da amazona.

   – Que truque é esse? Não pode existir uma humana tão poderosa.

  – Nem que libere seu modo divino, você me vencerá! Essa batalha acabou muito antes de começar.

  – Não seja ridícula! Vai pagar por sua insolência!

  – Minha vez...

   Íntegra começou a elevar o seu cosmo e Khonsu se colocou em guarda. De repente, o deus menor se viu no espaço sideral pisando sobre o cosmos. A amazona de Gêmeos estava cercada de estrelas, planetas e galáxias.

   – O que vai fazer, Íntegra?

  – Destruir você com o preço de esmigalhar o universo! Explosão Galática!

 

  Khonsu desesperou-se ao ver os astros e o cosmo racharem e a quebra converter-se em uma energia avassaladora. O brilho cegou o deus da lua e em seguida o impulsionou para o ar, inflingindo-lhe grande dano. Mal acreditou, quando colidiu contra o chão congelado de Aquário com aquela amazona à sua frente, exibindo-lhe aquele olhar inespressivo.

   – Não acredito... - ele sentia todo o seu corpo doer. - Como um ser... como uma mulher pode ter tanto poder...

  – Desde que comecei os meus treinamentos aqui no santuário, eu sempre fui julgada pela minha aparência doce e delicada! - o deus encarou-a com atenção. - A ponto deu mesma não acreditar na minha força. Eu precisei perder a minha irmã para as trevas para ter coragem de lutar contra o que as pessoas pensavam de mim e me fizeram acreditar. Hoje, eu sigo o caminho da minha irmã Paradox e levo em punho a determinação de nós duas.

  – Entendo... - Íntegra se surpreendeu ao ver a soberba de Khonsu desaparecer e o deus da lua, colocar-se de pé, apesar de seus ferimentos. - Eu ainda não entendi como você evadiu todos os meus ataques, mas agora, lhe atacarei com todo o poder que tenho. Eu a reconheço como uma guerreira de elite.

   O deus da lua surpreendeu-se ao ver que a amazona sorriu em agradecimento e pareceu ter ficado sem graça, corado. Os cosmos começaram a se elevar, rapidamente e Íntegra viu Khonsu se desfigurar-se diante de seus olhos.

   – Modo divino... — a cosmo energia do deus explodiu de uma forma avassaladora. Mesmo protegida por planetas e galáxias, Íntegra se surpreendeu com a ombreira direita e sua perna esquerdas, congeladas instântaneamente. - Acho que seu truque não vai funcionar.

   A amazona de gêmeos parecia ter sido pega, finalmente. Ela encarava uma lua cheia que orbitava sobre alguns metros da sua cabeça. A voz de Khonsu ecoava pelo universo com ecos e ela via tudo naquele pequeno universo resfriar-se, rapidamente.

   – Sua sorte de que estamos no espaço sideral e como o ar não se propaga no vácuo, você terá mais alguns segundos de vida! — Íntegra começou a suar. - Eu contarei a sua história em todas as gerações. Mulheres do mundo inteiro te admirarão, Íntegra de Gêmeos... Chegou a hora de morrer. EXECUÇÃO LUNAR!

  – Eu não vou morrer, deus egípicio! - o cosmo dourado brilhou mais uma vez. - OUTRA DIMENSÃO!

 

  Khonsu liberou um brilho de luz, assim como, o cosmo dourado de Ìntegra jogou galáxias e mais galáxias sobre ele.

   – Ah! - exclamou a amazona caindo de joelhos, quando sua outra perna e o braço direito se congelaram, instantâneamente. - Droga!

  – Parece que seu ataque não funcionou em mim... — ele riu. - Mas de alguma forma evitou que você congelasse de vez...

   A lua cheia começou a carregar um novo ataque e Íntegra, por mais que, não sentisse mais três dos seus membros, colocou-se de pé, novamente, queimando o seu cosmo como nunca. E com seus gritos de guerra, ambos lançaram os mesmos ataques de novo.

  Khonsu gargalhou ao ouvir o grito de dor da amazona dourada ao sentir o seu peito ser congelado, cabelo e anti-braço esquerdo. Íntegra inclinou o corpo para frente e parecia que perderia os sentidos a qualquer momento.

   – Desista, Ìntegra... — a voz cheia de riso de Khonsu ecoou pelo universo. - Eu não sei como você está sendo congelada aos poucos, mas o próximo ataque será o último.

  — N-não... Não será...

  – O que disse?

   Um sorriso surgiu no rosto da amazona de gêmeos e seu cosmo ascendeu-se como o sol da manhã. Íntegra urrou como um animal insano e as partes congeladas do seu corpo começaram a trincar com o calor do seu cosmo.

   – ÍMPOSSÍVEL! MINHA EXECUÇÃO LUNAR É O GOLPE MAIS FRIO DO UNIVERSO! COMO ELA PODE QUEBRÁ-LO APENAS COM ESSE COSMO HUMANO.

  — Na distância que está, seu ataque perdeu e muito o seu poder.

  – Como assim: Na distância em que eu estou? Eu estou bem à sua frente.... Não!

   Íntegra abriu um sorriso e desfez-se completamente das partes congeladas de seu corpo. Em seguida, permitiu que Khonsu visse as milhares de linhas de destinações que o cercavam.

   – Quando você lançou a “Outra dimensão”, você estava me empurrando para as profundezas do universo? Por isso que meu ataque não chegava até você com a plenitude dele.

  — Como você mesmo disse: Seus ataques consistem em criar ares mais gelados que o próprio zero absoluto. E o ar não círcula no vácuo, mas você sendo um deus, ainda consegue que eles sigam por anos luz até chegarem ao inimigo. Eu só precisava enviá-lo a uma dimensão tão longínqua, para que, eles não me congelassem, instantaneamente.

  – Quer dizer que você se arriscou a esse ponto? Numa teoria?

  — Nós - os cavaleiros de Athena estamos mais do que preparados para darmos as nossas vidas em batalha! E será desse jeito que eu vou destruí-lo.

  – Eu a parabenizo por essa belíssima estratégia... Mas não acha exagerado dizer que tem poder para destruir um Deus?

  — Nenhum pouco.

   Ìntegra estendeu seu braço direito para frente e Khonsu se surpreendeu ao ver as linhas do destino, tecendo-se e formando redes que o envolveram. O cosmo da amazona de gêmeos não parava de se elevar, enquanto o Deus começava a ficar apavorado.

   – Maldita! O que pensa que está fazendo?

  — Eu me mantive ausente por anos, porque eu precisava ficar mais forte. Eu não era tão forte quanto a minha irmã, Paradox. Infelizmente, meus amigos e companheiros caíram nessa batalha, porque eu não era forte o bastante. Mas agora, eu o sou, deus da lua.

  – Ìntegra! Solte-me agora mesmo.

  — Tem razão de algo. Eu não tenho poder para destruir a essência de um Deus, mas longe, do jeito que está, basta que eu o exploda e se perderá nas camadas mais profundas do universo e jamais conseguirá achar o caminho de volta... Mesmo que o preço seja a minha própria vida.

  – O que adianta ter uma vitória e no fim, você morrer?

  — É por Athena, Khonsu!

   O grito de Khonsu ecoava por toda parte e Íntegra queimava o seu cosmo para continuar a contê-lo, mas ainda sim, parecia ter muita dificuldade.

   – Ajude-me Paradox! Me empreste o seu poder! - a guerreira surpreendeu-se ao ver a imagem holográfica de sua irmão gêmea ao seu lado, segurando e dando apoio ao seu pulso extendido. Íntegra arregalou os olhos e em seguida, chorou um pouco. Mas rapidamente, encarou o inimigo a sua frente e a cosmo energia explodiu. - Adeus Khonsu - EXECUÇÃO GALÁTICA!!!

   A rede das dimensões liberou uma luz dourada e explodiu. Cada partícula daquele universo infinito começou a explodir e Ìntegra encarou a imagem de sua irmã por uma última vez, feliz de ter cumprido à sua missão. O holograma de Paradox trouxe a cabeça de sua irmã para o seu peito e ambas ficaram em silêncio, aguardando o fim chegar.

  

[ ***]

   Ìntegra abriu os olhos e mal pode acreditar quando viu o teto da casa de Aquário. Sentou-se e olhou ao seu redor. Nenhum sinal de Khonsu ou da presença do seu cosmo. Tinha certeza que havia detonado todas as linhas temporais e destinais para que o deus da lua não pudesse escapar, então por que...

   – Pa-paradox... - uma espécie de portal se abriu no teto da casa de aquário. Tão pequeno que apenas uma partícula de cosmo dourado passou por ele. A amazona de Gêmeos abriu a palma da mão e reconheceu aquele cosmo pequeno e quente. Suas lágrimas começaram a percorrer pelo rosto e viu que pela segunda vez, sua irmã mais velha, havia lhe salvado. - Obrigado irmã... Obrigado.


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Notas finais do capítulo

Quem mandou o Deus da lua não entender de física?



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