Madara era Uchiha e portanto, incapaz de disfarçar seu desdém diante de algo ou alguém. E naquele momento ele definitivamente estava desdenhando de seu sobrinho.  O que ele tinha na cabeça para cultivar tanto pelo entre os lábios? Estava ridículo.  Parecia um cafetão dos anos 70.

Mas, aparentemente, só ele achava isso; todos a sua volta pareciam admirados com Itachi e seu bigode de cafetão aposentado. O tio piscou os olhos, incapaz de acreditar no que estava vendo. Era muito mais do que ridículo, era incomodo.

Eu só quero ver o que a esposa dele vai achar quando ver essa porcaria na cara dele.  Com certeza vai obriga-lo a tirar.  É claro que ele subestimou a demência cognitiva de Ino. A loira gostou tanto do bigode, que se jogou em cima dele ali mesmo, no meio da sala e se não tivesse sido pelo próprio Madara e seu extintor de incêndio para emergências, provavelmente iriam demonstrar todo o fogo da juventude bem ali.

Enfim, o fato é que Itachi estava de bigode.  Estava casado há mais tempo que o tio, e a esposa o achava sexy com bigode. Madara se casou algumas primaveras depois com Sakura, e mesmo sendo contemplado com “os seis anos mais felizes da vida dele” não podia sequer tocar no assunto sem que ela surtasse do nada.

Decidiu que era hora de mostrar que era um homem e não um rato, e mudar seu visual.  Tinha certeza que ficaria bem de bigode – com certeza bem melhor que Itachi.

*

—Gostosinha, cheguei! — anunciou cantarolando.  Nunca se sentiu tão másculo, viril e irresistível quanto naquele momento. Sabia que estava maravilhoso, podia sentir sua maravilha masculina transbordando.

Para deixar o bigode crescer, ele precisou passar algumas semanas evitando se encontrar com a esposa, fazendo com que seus horários e os dela não se batessem de forma alguma.

Abriu a porta de casa e esperou pela recepção da esposa, cem por cento confiante de que seu brilhante plano teria um final feliz. É claro que não podia estar mais equivocado.

—Aqui em cima. — pôde escutar a voz da esposa vindo do alto da escada e rapidamente direcionou seu olhar para ela, somente para gritar histericamente.

Sakura estava careca. Careca. Absolutamente careca e sua cabeça brilhava.

—O que significa isso? — ele recuou alguns passos, assustado.

—Me contaram sobre seu plano ridículo de ficar bigodudo e eu resolvi surpreender você primeiro. Isso aqui — apontou para cima, embora obviamente não houvesse necessidade. — É uma peruca falsa e eu só vou tirá-la quando você se livrar desse bigode desgraçado.

—Mas por que? Eu fico muito bem com ele... Você não gostou?

—É claro que não, Madara! Você está parecendo um cafetão!

Tsc.

Ele estalou a língua.

—Eu não vou tirar o bigode.

—Ótimo, eu vou continuar sendo careca. Teoricamente. — ela fez uma careta.

—Vai usar essa careca falsa em todos os lugares que você for?!

—Sim, até você tirar o bigode.

—Eu não entendo...A Ino gostou quando o Itachi apareceu de bigode. — disse, confuso. — Achei que todas vocês entrassem em consenso que homem fica mais viril quando usa bigode.

—É claro que ela ia gostar do bigode, o pai dela nunca usou bigode!

E então ele compreendeu.

Ahh.

Certo.

—Estou parecido com o seu pai?

—Sim. — ela fez cara de nojo e Madara fez uma careta. — Arranque isso!

Ela não precisava falar duas vezes.

Em um único ato, ele arrancou o bigode de uma vez, gritando histericamente em decorrência da dor e se contorceu todo, revoltado. Porcaria. Tanto trabalho para cultivá-lo e descobrir que estava a cara do próprio sogro!

Meses depois, quando Itachi surgiu com um cavanhaque, Madara sentiu-se ligeiramente tentado a copiá-lo, mas se conteve.

A internet – e sua senhora Uchiha – ainda não estava pronta para vê-lo ousar em um visual mais macho alfa.