Escrito em Linhas Tortas escrita por Siaht


Capítulo 1
Escrito em Linhas Tortas


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas lindas!!!
Tudo bem com vocês?
Bom, estou de volta com mais uma fanfic sobre os incríveis membros da família Delacour-Weasley e agora chegou a vez da Dominique. Antes de mais nada, quero agradecer às organizadoras do Delacour's Month por esse projeto feito sob medida para me deixar muito feliz e recomendar que passem vocês passem na página do DM no Twitter (@delacoursmonth), porque só fanfic maravilhosa..
Para quem se interessar, temos aesthetics das personagens: Dominique (encurtador.com.br/mACRT) e Nina (encurtador.com.br/ilxL8)
Enfim, espero realmente que gostem! ♥



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{escrito em linhas tortas} 

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“and isn't it just so pretty to think

all along there was some

invisible string

tying you to me?”

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Dominique Weasley tinha sete anos na primeira vez que seu destino se entrelaçou com o de Nikolina Krum. Bom, não exatamente. Era altamente provável que as duas já houvessem se encontrado antes, visto que suas famílias eram amigas. Ainda assim, isso teria acontecido quando eram jovens demais para que sequer conseguissem se lembrar. Logo, não importava. O que importava era que as duas tinham sete anos e era verão. 

Os pais de Nikolina, que eram búlgaros, estavam passando algumas semanas de férias na Grã-Bretanha e resolveram visitar seus antigos amigos, os Weasley. As duas meninas tinham a mesma idade, sendo assim, todos supunham que ficariam contentes em brincar juntas. Não foi o que aconteceu. 

Nina, como a Krum preferia ser chamada, usava uma fita rosa nos cabelos escuros, um vestido branco com estampa de florezinhas e carregava com cuidado uma linda boneca loira. Dominique usava calças e camiseta e tinha os cabelos claros presos em um rabo de cavalo bagunçado – sua mãe já havia desistido de enfiar a filha do meio em vestidos ou prender seus cabelos em fitas ou penteados delicados – e detestava bonecas, preferindo sempre brincadeiras que envolvessem correr por aí e se sujar. 

Além disso, os últimos tempos não estavam sendo fáceis para a pequena Weasley. Desde o nascimento de seu irmão mais novo, Louis, há dois anos, a menina sentia que estava sendo deixada de lado. Não era exatamente verdade. Porém, não era exatamente mentira. Fleur havia experimentado uma gravidez complicada, que colocou sua vida e a de seu bebê em risco. E, mesmo após o parto, não encontrou paz, pois Louis nascera muito doente. Fora um período difícil para toda a família, especialmente para a (agora) irmã do meio, Dominique, que não conseguia entender o motivo da ausência constante dos pais e por que não era mais o alvo toda a sua atenção e mimo. A menina chegara até mesmo a se ressentir do irmãozinho e, apesar de seu coração ter sido inevitavelmente roubado pelo garotinho, ainda havia uma parte dela que se contorcia em ciúmes e fazia todo o possível para recuperar o destaque familiar que havia sido dela. 

O fato era que Domi tendia a se sentir injustiçada e ser obrigada a brincar com aquela garota entediante, naquele sábado de verão, lhe pareceu a gota d’água. Victoire, sua irmã mais velha, estava em algum lugar com Teddy Lupin. Os dois eram melhores amigos e pareciam compartilhar um mundo mágico, no qual Dominique nunca era autorizada a entrar. Enquanto isso, os adultos conversavam, passando Louis de colo em colo e falando sobre como ele era fofo. E ela tinha que fazer companhia para Nina Krum, suas bonecas e brincadeiras chatas de casinha. Aquilo não parecia certo. Não parecia nenhum pouco certo. 

Talvez tenha sido por isso que a garota se irritou mais do que deveria. Talvez não. Ela era uma criança, afinal, e era sempre difícil compreender motivações infantis. De uma forma ou de outra, a questão era que Dominique Weasley se estressara, quebrara uma das louças de chá da nova amiguinha e correra para o quarto, gritando sobre como não gostava da menina. Enquanto isso, Nina Krum foi deixada para trás, aos prantos, tentando juntar os cacos de sua xícara favorita. 

Talvez aquela primeira interação houvesse inspirado Deus, o Destino, as Moiras ou quem quer que tecesse as histórias de nossas almas. Porque aquela cena estava fadada a se repetir. De novo, de novo, de novo. Era sempre assim, afinal. Uma estava constantemente saindo de forma brusca e repentina da vida da outra, deixando apenas estilhaços e lágrimas para trás. 

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Na segunda vez que o acaso aproximou Dominique Weasley e Nikolina Krum, as duas tinham 13 anos. Nina levava uma vida um tanto nômade com os pais, um ex-jogador de Quadribol e agora respeitável técnico e uma escritora de romances de época. A profissão do pai fazia com que estivesse sempre aceitando empregos em lugares diferentes e a mãe achava que a mudança constante era algo positivo para seu processo criativo. A menina, que não tinha irmãos, nunca conhecera nenhuma vida diferente e, portanto, não se incomodava. Era sempre interessante conhecer um lugar novo, uma cultura nova e principalmente pessoas novas. Além disso, Merlin era testemunha de como Nina podia ser sociável e comunicativa. 

Naquele verão, os Krum estavam apenas de passagem pelo Reino Unido, que sediaria alguns jogos de um campeonato importante. Aproveitaram a oportunidade, então, para entrar em contato com os Weasley. O recesso escolar possibilitou que, daquela vez, Nina conhecesse o clã inteiro e não apenas a família de Fleur. E logo ela se viu cercada por vários rostos risonhos e sendo convidada para passar dias e noites n’A Toca. Para uma filha única como ela, fora uma experiência diferente e incrivelmente prazerosa. 

Dominique, que naquele verão havia tingido seus cabelos de ruivo, colocado um piercing no nariz e passado a usar maquiagem preta em excesso, apenas para irritar a mãe, não estava exatamente feliz com aquela configuração. Nina era sorridente demais, felizinha demais, simpática demais. Estava sempre com aqueles tênis cor de rosa ridículos e saias florais. Tinha aqueles lindos cabelos escuros, aqueles olhos amendoados que pareciam ouro derretido ao sol, aquele sorriso irritantemente iluminado. Tinha também o sotaque de alguém que nunca tivera um lugar fixo para chamar de lar e fora coletando pedacinhos de todos os cantos por onde passara. Era uma ótima apanhadora e conseguia conversar com as pessoas sobre qualquer assunto. Havia algo um tanto magnético na menina e Dominique a odiava um pouco por isso. Por fazer com que não conseguisse desviar os olhos. Por fazer seu coração disparar. Por fazer algo dentro dela gritar “quero, quero, quero” toda vez que estava por perto. 

A Weasley, então, tentou evitar a búlgara, assustada demais com o que tudo aquilo poderia significar. E, embora seu comportamento apenas despertasse mais a curiosidade de Nina, a tática funcionou durante a maior parte do verão. Até o fatídico sábado em que um grupo de primos e amigos resolvera jogar o famigerado “jogo da garrafa”. As regras eram simples: todos se sentavam em um círculo perfeito e você precisava beijar a pessoa para quem a garrafa – roubada e vazia de Whisky de Fogo –  apontasse. Na vez de Dominique, a garrafa apontou para Nina. Ela paralisou por meio segundo, o coração acelerando em expectativa, até alguém argumentar que ela deveria girar de novo, porque garotas não deveriam beijar garotas. Algo murchou dentro da Weasley, porém, ela apenas fez como solicitado, incapaz de expressar o misto de frustração e decepção que cresciam dentro dela. 

Mais tarde naquela noite, Domi encontrou Nina sentada em um canto solitário do jardim. A noite estava estrelada e não havia ninguém por perto. 

— Eu gostaria que você tivesse me beijado. — a Krum admitiu em um sussurro. 

Então Dominique a beijou e foi como se a galáxia inteira se realinhasse. Ela já havia beijado muitos garotos antes, sempre tentando entender o apelo, sempre tentando sentir alguma coisa, sempre falhando miseravelmente. Até aquele momento. O momento em que percebeu que não queria beijar nenhum garoto. Que jamais iria querer beijar alguém que não fosse Nikolina Krum. Aquela certeza a apavorou. Garotas não deveriam beijar garotas, ela se lembrou. Certamente não deveriam gostar de fazê-lo. Sendo assim, se levantou de súbito e saiu correndo. Deixando Nina para trás e um rastro de lágrimas também. 

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Aos 14 anos, Nikolina Krum pediu transferência para Hogwarts. A menina nunca gostara do clima soturno da Durmstrang. Além disso, ouvira tanto sobre o ano que o pai passara no colégio britânico, durante o Torneio Tribruxo, que sempre se sentira curiosa sobre ele. Isso, no entanto, não chegou a aproximá-la de Dominique. A garota ainda se ressentia um pouco da Weasley que, por sua vez, parecia decidida a ignorá-la. Não que fosse difícil. As duas estavam no mesmo ano, o que fazia com que compartilhassem algumas aulas, porém, isso era tudo o que tinham em comum. 

Dominique era uma sonserina taciturna, bastante influente e popular, com um talento único para se envolver em todas as confusões possíveis (e impossíveis). Já Nina era uma lufana que, embora fosse bastante sociável e tivesse vários amigos, evitava problemas e dedicava a maior parte de seu tempo ao Quadribol ou a leitura de romances açucarados. Sendo assim, as duas apenas se evitaram naquele primeiro ano. 

Foi no quinto ano que tudo mudou. Mais especificamente em um sábado nublado de outubro. Sonserina e Lufa-Lufa se enfrentavam em uma partida acirrada de Quadribol e a nova batedora das serpentes acabara enviando um balaço forte demais à apanhadora dos texugos. Ou melhor, Dominique Weasley, em seu primeiro jogo oficial,  derrubara Nina Krum de sua vassoura, a impedindo de capturar o pomo de ouro e quebrando seu braço direito.  Não fora algo intencional e, embora houvesse conquistado a vitória para sua casa,  Domi se sentiu bastante mal pelo ocorrido. Por isso, acabou indo até a ala hospitalar para pedir perdão. Aquela fora a primeira vez que ficou sozinha com Nina, desde o beijo maravilhosamente catastrófico que compartilharam. E, olhando nos olhos amendoados da outra garota, ela se deu conta de que lhe devia desculpas  por muito mais do que um braço quebrado. 

Nina não precisava tê-la perdoado por nada, mas acabara perdoando e aquilo estranhamente selou um vínculo entre as duas. Elas começaram a conversar com frequência, a passar muito tempo juntas e  a inevitavelmente trocar beijos e carícias secretas. Aquilo durou por meses e as meninas chegaram até mesmo a falar sobre amor. Primeiro amor. Pela primeira vez, Dominique se sentia confortável consigo mesma e a própria sexualidade e estava até mesmo pronta para pedir a Krum em namoro e deixar que o mundo inteiro soubesse sobre ela. Sobre elas. Fora então que a vida entrara no caminho. 

A mãe de Nina ficara muito doente e a garota precisara voltar para casa. Ou a qualquer lugar que os pais chamassem de casa naquele momento. Se separar de Domi não era algo que ela desejava fazer, entretanto, também não podia abandonar a mãe em um momento tão delicado. Não podia arriscar não ter a chance de se despedir. Racionalmente, a Weasley entendia isso. Sabia que a quase namorada precisava estar com a família naquele instante. No entanto, seu lado emocional gritava em revolta, sentindo-se novamente uma garotinha abandonada. Era egoísta, ela sabia, e, ainda assim, não conseguia evitar o ressentimento. Daquela vez, fora Nina a partir, deixando Dominique para trás e um rastro de lágrimas também. 

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Dominique Weasley e Nikolina Krum só voltaram a se encontrar aos 17 anos. Trocaram algumas cartas durante esse período. Contudo, logo ficou claro que Domi estava magoada por Nina ter partido. E que Nina estava magoada por Domi estar magoada. Além disso, nenhuma das duas sentia ter muito a dizer a outra. Então, a correspondência foi se tornando cada vez mais escassa, até desaparecer completamente, deixando apenas ausência e silêncio. 

De uma forma ou outra, ambas as garotas aprenderam a lidar com isso. Juntaram os cacos de seus corações e varreram as lembranças para debaixo da cama. Haviam quase se esquecido, quando Nina retornou para fazer o sétimo ano em Hogwarts. Sua mãe havia finalmente se recuperado e ela estava cansada de estudar em casa. Queria aproveitar aquele último ano e queria que fosse na escola que a fizera tão feliz. Dominique havia tingido o cabelo para o tom loiro original – o que apenas a deixava mais bonita – e agora namorava Eleanor Hasttings, tendo, mesmo sem a Krum, encontrado um caminho para uma vida orgulhosa e fora de seu armário. 

As duas estariam mentindo, se dissessem que o reencontro não as abalara. No entanto, Dominique tinha uma namorada e Nina queria apenas aproveitar sua última chance de ser adolescente e despreocupada. A história que compartilharam parecia algo do passado e que deveria permanecer no passado.  Ainda assim, aquilo não as impedira de roubar um último beijo na noite anterior à formatura. Um beijo ilícito, um beijo torto, um beijo traidor, um beijo de despedida. Haviam tentado evitar que suas vidas se entrelaçassem por um ano inteiro, sobrevivendo de olhares furtivos e desejos secretos. Nunca ousando se aproximar ou cruzar a linha invisível que as separava. Até aquela noite. Iriam se formar e seguir caminhos diferentes. Aquela podia ser a última vez que se viam. Precisavam de um adeus. Então trocaram um último beijo e se despediram mais uma vez. Seguiram em frente, estraçalhadas. Em seus corações, no entanto, havia uma vírgula e não um ponto final. 

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Aos 20 anos, Dominique Weasley percebeu que estava farta de viver com os pais. Não acontecera nada  grande ou dramático. E ela até achava que, pela primeira vez na vida, conseguia entender a mãe e se entender com ela. A família inteira passara anos repetindo – como alguma espécie de mantra ou maldição – que Dominique e Fleur eram iguaizinhas e a garota finalmente conseguia enxergar as semelhanças. Conseguia ver a matriarca em seu reflexo. Não fora esse o problema. Na verdade, não houvera problema algum. Ela apenas desejara um espaço que fosse dela. Um lugar para poder extravasar todos os seus instintos jovens e selvagens. A chance de liberdade e independência. Havia acabado de encerrar seu treinamento como auror e estava solteira. Era um ótimo momento para um recomeço. 

A Weasley, então, empacotou suas coisas e encontrou um lugar aceitável para viver. O aluguel cabia em seu orçamento, a vista era tolerável e sua vizinha de porta se chamava Nikolina Krum. Não fora algo planejado. Não fora algo que qualquer uma das duas houvesse sequer previsto.

Aos 20 anos, Nina estava traçando uma carreira interessante no Quadribol e acabara recebendo um convite para jogar pelo Tutshill Tornados, na Inglaterra. Um convite que fora prontamente aceito. Era, de longe, sua melhor oferta até o momento. Ela nunca imaginara, contudo, encontrar Dominique Weasley, ao bater na porta da vizinhade frente, para pedir um pouco de açúcar emprestado. Domi não tinha qualquer açúcar – ou qualquer coisa realmente comestível – em seu apartamento. Mas foram doces as memórias que as duas criaram ali. 

Por dois anos, puderam ser tudo o que sempre quiseram ser.  E então a mesma vida que as havia colocado no mesmo lugar, em uma linda coincidência, as forçara a uma nova separação. Nina recebera uma proposta para jogar pelos Fitchburg Finches. O time era grande e estava em seu melhor momento. Era a oportunidade de uma vida inteira, porém, era também algo que faria com que precisasse se mudar para os Estados Unidos. O conflito foi instalado. Nina queria ir. Dominique queria ficar. Nenhuma das duas parecia disposta a ceder ou a enxergar um meio termo. Nenhuma das duas acreditava em relacionamentos à distância. Sendo assim, cortar aquele laço de uma vez parecia a melhor opção. A mais dolorosa, mas também a mais racional. Foi o que fizeram, ignorando o fato de que alguns laços jamais poderiam ser desatados. 

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Cerimônias de casamento existiam para torturar os solteiros. Ou, pelo menos, era o que Dominique Weasley pensava, aos 25 anos, ao se ver sozinha em uma festa de casamento bastante monótona. Era o matrimônio de antigos colegas de escola e a moça sequer sabia por que se dera ao trabalho de comparecer. Nunca gostara particularmente de nenhum dos noivos, porém, não tinha nenhum plano para aquele sábado e até mesmo a pieguice dos românticos lhe parecia melhor do que ficar em casa sozinha. A moça, no entanto, começou a reconsiderar aquela ideia, no instante em que teve um vislumbre de um oceano de cabelos escuros, muito familiar. 

Nikolina Krum era uma romântica incurável e uma amiga muito leal. Dessa forma, não pensara duas vezes, quando recebera o convite do casamento de Matthew Scott e Lydia Green. Os dois, afinal, haviam sido grandes amigos para ela, durante seu período em Hogwarts. Então, ela planejou uma viagem rápida ao Reino Unido, para prestigiar aquele amor. A última pessoa que esperava encontrar ali era Dominique. A Weasley nunca gostara muito do casal e apenas os tratava com educação em consideração à Nina. E, mesmo assim, ali estava ela. Deslumbrante em um vestido justo e preto. 

As duas sabiam que deveriam fingir que não haviam se reconhecido. Que deveriam virar as costas e não ousar se aproximar. O problema era que sabiam também, por muita experiência, que era inútil tentar ignorar o estranho magnetismo que existia entre elas. Logo, foram em direção ao inevitável. Correram para a colisão. Para o acidente automobilístico cheio de vítimas fatais.

Conversaram durante horas, se embebedaram bastante e, quando o batom vermelho de Nina e o batom preto de Dominique se fundiram, formando vinho em suas bocas, as duas moças resolveram procurar um lugar reservado e só para elas. Um lugar no qual podiam se entrelaçar, da forma como suas vidas estavam sempre fazendo. 

Nina acordou sozinha no dia seguinte, o sol batendo em seu rosto, as roupas espalhadas pelo quarto do hotel. Nenhum sinal de Domi. Nenhum bilhete de adeus. Talvez houvesse sido uma despedida fria. Talvez, se esgueirar para fora da cama e deixar a amante ainda adormecida, fosse uma atitude cruel. Porém, Dominique sabia que Nina voltaria para os Estados Unidos em questão de horas e não aguentaria ver a garota saindo de sua vida novamente. Não suportaria vê-la partir mais uma vez. Sendo assim, sua única escolha fora ser aquela que partia primeiro. 

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Dominique Weasley tinha vinte sete anos na última vez que seu destino se entrelaçou com o de Nikolina Krum. Era uma noite chuvosa, ela tinha um coração partido e um copo de Whisky de Fogo em mãos. Sua namorada havia lhe dado um belo pé na bunda e a moça queria apenas afogar as mágoas em seu bar favorito. O destino, em mais uma das suas piadas cruéis, levou Nina ao mesmo bar. A búlgara havia se  ferido em seu último jogo. Uma lesão séria em seu ombro direito que a fizera ir até a Inglaterra, consultar os melhores medi-bruxos, apenas para descobrir que toda sua carreira estava ameaçada. Estava desolada com tal perspectiva a queria apenas afogar as mágoas em seu bar (britânico) favorito. 

Naquele ponto, as duas apenas riram ao se avistar. Não fazia sentido se surpreender com as coincidências que faziam com que estivessem sempre atravessando a vida uma da outra. Beberam juntas, falaram sobre suas mazelas e choraram juntas. Nina não fazia ideia do que fazer em seguida, Dominique apenas não queria ficar sozinha. Ambas sabiam, de qualquer forma, que qualquer envolvimento mais íntimo entre elas causaria apenas dor. 

— Talvez nós devêssemos tentar ser amigas. Dominique sugeriu. 

Domi, nós já fomos muitas coisas, mas não acho que já tenhamos sido amigas. 

Talvez esse seja o problema.

Então, elas foram amigas. E por um tempo foi apenas isso. O coração da Weasley cicatrizou. O ombro da Krum nunca se recuperou, porém, ela encontrou um novo caminho, escrevendo livros sobre destino e  amores difíceis, mas que valiam a pena. Em algum momento a amizade se tornou pouco para os sentimentos que as duas compartilhavam. Só que isso já não importava. Porque, pela primeira vez, Nina havia encontrado um lugar para firmar raízes e decidira ficar. E Dominique se cansara dos rompantes e fugas loucas e decidira nunca mais partir. 

Por muito tempo fora como se a vida estivesse sempre no caminho das duas, as forçando a percorrer direções opostas. As afastando. Essa mesma vida, no entanto, sempre encontrava um modo de unir seus destinos novamente. O fato era que Dominique Weasley e Nikolina Krum escreveram sua história de amor da forma mais torta possível. A única coisa que importava, contudo, era que todas aquelas linhas sinuosas continuaram a se entrelaçar. De novo e de novo e de novo. Até que tudo ficou bem. Até que as duas simplesmente ficassem.


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Notas finais do capítulo

Ok, eu definitivamente preciso escrever mais e algo maior sobre essas duas. Mas espero realmente que vocês tenham gostado dessa história e das linhas tortas que Dominique e Nina percorreram para ficarem juntas. ♥
Beijinhos,
Thaís



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