Race in Heels - Corrida em saltos escrita por badgalkel


Capítulo 15
Quatorze




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Para honrar o fato de Eliza nunca ter ido a Mônaco antes Charlie quis que ela conhecesse de tudo um pouco, incluindo os seus lugares favoritos.

Foram à casinos, onde aproveitaram algumas noites de farra e jogos divertidos; subiram pelo Rochedo de Monte-Ville e apreciaram a vista infinita do mar azul; fizeram uma visita ao palácio do príncipe de Mônaco, assim como aos jardins de rosas; foram à alguns restaurantes e provaram de seus pratos preferidos; visitaram o circuito do Grande Prêmio, que era realizado nas ruas de Monte Carlo utilizadas no dia-a-dia; além de, claro, navegarem de barco e nadar em alto mar.

— Eu passo, obrigada. – diz Priscilla de braços cruzados a bordo do La Lacroix no meio do canal da baía de Larvotto Beach, recusando o traje que o monegasco à oferecia.

— Pri, você não precisa saber nadar para fazer mergulho. – Liza diz se enfiando na roupa colada de borracha assim como Fael e Joseph – Por conta dos equipamentos, colete e nadadeiras, exige menos técnica do que natação convencional.

— Tá, claro. – a loira responde de forma sarcástica.

— É verdade. – Charlie garante, insistindo com o traje em sua direção – Tem gente que até aprende a nadar mergulhando.

Priscilla pega a roupa e a encara de forma duvidosa.

— E se eu afundar e ir afundando e afundando e não conseguir voltar? – ela questiona encarando os demais com olhos amedrontados.

— O colete não te deixa ir afundando e afundando. – Joseph diz aos risos – E vamos estar junto de você, te guiando a todo o momento.

O irmão de Charlie a pouco se assemelhava à ele, com os cabelos loiros, nariz mais longo repleto de sardas e pele tipicamente bronzeada do litoral. Mas era tão gentil quanto.

— Vamos fazer uma aula rápida de respiração pelo cilindro para você se adaptar antes de descermos. – ele diz, passando mais confiança á brasileira.

— E quantos metros vocês pretendem descer?

— Uns dezoito, no máximo. – Charlie dá de ombros.

— Dezoito metros? – ela repete incrédula. – Não, eu não vou. Vocês são loucos!

— Você nunca fez mergulho antes? – Fael pergunta. – Esse é o mínimo de profundidade que os mergulhadores fazem.

— Uma vez fomos à Ilha Bela, mas ela fez o snorkel, que é só ficar com o respiradouro na superfície. – Liza informa. – E ela adorou. Quando ela ver o quanto é bonito lá em baixo vai esquecer desse medo na hora. – a morena se vira para a amiga – Pri, os meninos fazem isso há anos. Eles têm mais experiência nisso do que em carros. – ela diz e logo desvia de uma nadadeira que Charlie joga em sua direção aos risos. – Tô brincando. – em seguida se aproxima da amiga para dizer – Pode confiar, eu vi a licença do Charlie com meus próprios olhos.

— Ai, caralho.— Priscilla resmunga se enfiando dentro da roupa. – Eu juro que se tiver um tubarão lá, eu vou usar o corpo de vocês como escudo. Ele se distraindo com a carne de vocês primeiro dá tempo para eu tentar voltar ao barco.

— O seu companheirismo é tocante. – Fael diz ajustando os seus óculos.

Os demais riem.

Charlie se aproxima de Liza para ajustar o seu regulador e bússola.

— Fica sempre próxima de mim e não mexe no cilindro, pode desregular. – ele diz arrumando os óculos dela na cabeça e tirando os fios que estavam soltos da longa trança de seus olhos.

— Como queira, capitão Charlie Marc Harold Pencial Lacroix. – ela pronuncia zombeteira e ele ri abertamente.

— Você não vai esquecer isso tão cedo, não é? – ele indaga risonho.

Mon amour, você não deveria se envergonhar por ter um nome que demora dois minutos só para pronunciar. – ela diz divertida e ele gargalha. – Eu acho um charme, sério. – ela sorri – Como aquela foto de você pequenininho pelado comendo melancia.

— Eu nunca me arrependi tanto de uma tarde do chá com minha avó e minha mãe. – ele declara. – Eu nem sabia que tinha tanta lembrança guardada naquele baú. Aquelas duas juntas é o complô da vergonha.

— Não fala assim. – ela pede passando os braços ao redor da cintura do rapaz de forma carinhosa.

— É fácil para você falar. – ele exclama aos risos – Eu te vi até tirando foto da foto d’eu com aquele cabelo tigela lambido.

— Porque achei uma gracinha. – ela sorri.

— Você nem disfarçou o quanto estava se divertindo com aquilo.

— Porque eu realmente estava. – ela ri. – Não se preocupe, você vai ter a sua vez. Minha mãe ainda tem o meu quarto do jeito que deixei quando saí de casa, e tem de tudo do mais vergonhoso lá. Posters, CDs, fotos e uma penca de cartas com declarações para o Felipe Dylon.

— E vocês estão bem?

Liza faz entorta a boca parcialmente para rir em seguida.

— Não acho que de uma hora para a outra teremos a melhor das relações, como a minha com meu pai. – ela suspira – A confiança é algo que se conquista com o tempo e... Bom, até então, digamos que ela não fodeu com tudo.

Charlie ri, envolvendo-a com os braços com certa dificuldade devido ao cilindro nas costas da jovem.

— Agora que você sabe de literalmente todos os detalhes minuciosos da minha vida, vai fugir?

— Ao contrário. – ela sorri aproximando seus lábios para um beijo leve – Quero ficar ainda mais.

— Estamos prontos! – Joseph exclama da ponta do barco.

Terminados os ajustes e todas as medidas preventivas, depois de Priscilla ficar vinte minutos com Joseph aprendendo a respirar com calma a poucos metros da superfície, eles finalmente pulam do barco e caem na água.

Os cinco descem em uma caída silenciosa e leve, a todo o momento com olhos às maravilhas ao seu redor. A iluminação do sol refletia em faixas onduladas nos corais e era possível ver de perto toda a vida marinha.

O fundo do mar é uma das coisas mais bonitas e fascinantes que tem no mundo, e o privilégio de poder contempla-lo de perto deixava Eliza maravilhada.

Peixes coloridos e de diferentes formatos, esponjas marinhas, cardumes de inúmeros nadadores, era tanta informação que os espectadores não sabiam dizer com que mais se encantavam.

— Ainda bem que me convenceram. – Priscilla diz ao retirar os apetrechos de suas costas, já de volta ao barco depois de uma hora submersa. – Foi a experiência mais fascinante que eu já tive.

Após o descanso e um lanche bem servido, eles se permitiram em só aproveitar a água naquele resto de tarde. Em um cooler repleto de cerveja grudado à margem do barco, eles brincavam com jet-skis na água e houve até uma saudável competição de velocidade entre Charlie e Liza, Joseph e Fael.

Eles ficaram no mar até que o céu se tornasse laranja no horizonte e a noite começasse a cair. As luzes da cidade já estavam acesas quando o barco encostou no porto.

— Vamos mesmo a uma festa em um iate passar a virada de ano? – Priscilla questiona com os olhos brilhado ao entrar no carro.

— Temos pouco mais de duas horas para nos arrumar, se realmente quisermos ir. – Liza diz passando os olhos no relógio de pulso. – Acho que eles saem do porto por volta das oito da noite.

— Duas horas para se arrumar? – Charlie indaga espantado.

— Você acha que é rápido tirar todo sal e areia desse cabelo? – ela rebate segurando a trança. – Vai ir todo o meu estoque de shampoo nessa brincadeira.

Charlie ri e dá partida no carro.

Uma hora e meia depois o rapaz se vê deslumbrado com a imagem de Eliza descendo as escadas de seu apartamento num vestido prata longo, de decote profundo e abertura lateral. Os cabelos arrumados em ondas intencionalmente regulares estavam soltos e jogados para um lado, caindo pelo seu ombro desnudo.

Ele assobia alto quando ela chega ao último degrau e Liza ri.

— Eu vou até bater palma. Você é um espetáculo. Belíssima!— ele se livra dos objetos que estavam em suas mãos na mesa de centro da sala para aplaudir. – Gente, vem aqui aplaudir. Por favor. – ele chama Joseph e Priscilla, que estão sentados no sofá mexendo nos celulares e eles se levantam rindo. Param ao lado de Charlie e aplaudem também.

— Tá bom, já chega. – Liza diz rindo e se aproxima do monegasco – Engraçadinho.

As palmas se sessam e Priscilla e Joseph retornam ao sofá.

— Você está maravilhosa. – ele diz colocando as mãos na cintura dela, olhado diretamente em seus olhos.

— E Mamma mia, você está parecendo um James Bond. Só que mais gato. – ela diz olhando para o seu terno caríssimo e ajeitando a sua gravata borboleta. – Eu até sei onde usar isso mais tarde.

Ele sorri maliciosamente.

— Terminei. – Fael anuncia alisando o nó da gravata vermelha longa que usava. – Demorou, mas consegui.

Os cinco então partem ao porto onde inúmeros iates de todos os tamanhos estavam completamente iluminados e embarcando pessoas da mais alta classe milionária de Mônaco – o país mais luxuoso e badalado do mundo.

Passar o ano novo com pessoas estranhas já era costumeiro para Liza e Charlie, em diferentes lugares ao redor do mundo. Mas aquele em específico se tornava cada vez mais especial porque estavam juntos, e não poderiam estar mais imersos no clima de casal apaixonado – desta vez esquecendo-se realmente quem eram e o que faziam.

Logo que subiram ao iate foram recepcionados por champanhe, vinho, cervejas e petiscos dos mais variados. Uma música de batida pop soava em volume ambiente nos alto falantes, tornando um clima agradável para conversar. O iate estava cheio e para onde eles olhavam grupos de pessoas vestidas com trajes igualmente finos e de aparência cara se destacavam.

Vindo de dentro do salão do iate um homem, já sem o blazer do terno, gravata afrouxada, com um copo de uísque na mão e sorriso fácil no rosto caminha até a direção de Charlie.

— Daniel Richarts, eu não acredito. – Charlie diz sorridente ao tocar a mão do rapaz de pele parda, cabelos encaracolados e escuros, nariz pontudo e olhos castanhos. – Não sabia que ia passar as festas aqui.

— Eu fui para a Melbourne no Natal ficar com meus pais e então surgiu esse convite para essa festa de grã-finos. – o homem diz fazendo uma careta enojada, porém zombeteira. – Ainda bem que você apareceu, agora eu sei que podemos dar uma animada nisso aqui.

 - Pode ter certeza que sim. – o monegasco ri e logo chama a atenção de Liza – Ma belle, esse é Daniel Richarts. O piloto mais cômico da escuderia Renou.

— Cômico, mais engraçado e mais bonito também. – Daniel complementa sorrindo enquanto pegava a mão de Liza e depositava um beijo nela.

— É um prazer conhecer o mestre das ultrapassagens. – Liza diz alegremente quando ele volta à postura. – O que você vem fazendo desde a Rang Blue é impressionante.

— Uma fã de Fórmula 1! – Daniel salda entusiasmado, cutucado Charlie na barriga. – Já gostei dela.

— Você está olhando para a futura pilota de Fórmula 1, Danny. – Charlie diz encarando-a com olhar encantado.

— Está brincando. – Daniel diz exasperado, com as sobrancelhas arqueadas. – Eliza Benedetti, claro!

— Eu mesma. – Liza ri quando o rapaz volta a pegar a sua mão e sacudi-la animadamente.

— Não acredito que não te reconheci de imediato. Mas, também, quem iria imaginar que o macacão esconde tudo isso?! – ele sorri girando-a na ponta dos dedos em 360º e Liza ri – Foi uma puta sacanagem o que fizeram contigo em Barcelona. Inadmissível! – o homem diz com a face fechada enquanto cruzava os braços. – Mas, não se preocupe gatinha, quem tem o talento que você tem vai longe. Não liga para aqueles engravatados, você é melhor que aquilo.

— Obrigada. – a jovem sorri verdadeiramente.

Daniel cumprimenta os demais do grupo animadamente, abraçando-os como se fossem velhos amigos. Sua simpatia era transcendente.

— Então, vamos começar a festa? – o australiano questiona esfregando as mãos uma na outra com um sorriso travesso na face.

Apesar da festa não ser à nível de loucura, Daniel se sentia tão livre quanto para fazer o que bem quisesse. Depois que o barco desatracou o volume do som foi elevado e os garçons começaram a distribuir bebidas mais pesadas.

O grupo aproveitava a noite regada à álcool com direito à danças divertidas, conversas animadas e risadas altas.

A batida animava soava das caixas potentes e Charlie admirava a arte que era Liza Benedetti dançando. Com uma mão segurando a saia do vestido e na outra um copo de gim com tônica, ela balançava o quadril no ritmo – rebolando da forma mais sedutora que ele já havia visto.

A bunda subia e descia, travava e mexia e ele já tirava o blazer pelo calor que subia pelo seu corpo. Daniel se afasta da roda onde estava ele, Liza, Priscilla e mais duas mulheres desconhecidas que se juntaram ao grupo divertido e alegre.

O australiano para ao lado de Charlie, pegando um copo de bebida da bandeja do garçom que passara, e diz à ele quando engole o líquido: - Qual o lance entre vocês?

— Como assim? – Charlie indaga de volta.

— Estão namorando, ficando... O que está acontecendo? – Daniel pontua.

Charlie o encara com os olhos espremidos e um tom divertido de desconfiança: - Porque quer saber?

— Não, não é por isso! – Daniel se adianta aos risos. – Por Deus, estou a fim de transar, não de trocar fraudas. Vocês dois cheiram à bebê, com todo o respeito. – ele diz e ambos gargalham em seguida – Eu pergunto por que ela é uma garota legal, e vocês parecem estar tão entrosados. Eu acho isso bacana.

— Por que eu sinto que está vindo um “mas” por aí?

— Porque, apesar de não querer ser o chato, nós dois sabemos o que vai acontecer se ela realmente entrar para a Fórmula 1. – Daniel diz com um sorriso torto.

— Em que sentido, você diz?

— No sentido de dois pilotos adversários estarem em um relacionamento. – o rapaz esclarece – A assessoria não vai curtir muito esse tipo de imagem. Principalmente a FIA.

— Mas eles não podem intervir, podem? – Charlie questiona temeroso – Digo, é a nossa vida pessoal.

— Droga, você não sabe. – Daniel comenta com uma careta sentida.

Daniel era o piloto mais descontraído e simpático do grupo de corredores da F1, ter uma amizade com ele era muito fácil. Charlie o tinha como um dos mais próximos, porque apesar dos oito anos de diferença de idade eles se davam muito bem por gostos comuns, bom humor e sensatez.

Apesar dos momentos divertidos que o australiano trazia ao monegasco, também era quem o alertava sobre diversas questões sérias – dentre conselhos amorosos, métodos de direção, como lidar com o público, fanatismo e entre outros.

Daniel suspira antes de falar: - Todo contrato de escuderia padrão tem umas clausulas contratuais com letras pequenas. Às vezes passa despercebido, mas basicamente proíbe a gente de nos associarmos à outras marcas de escuderias rivais. Em resumo declara que não podemos ter vínculos extracontratuais.

Charlie sente seu coração gelar.

— Parece ser besta, mas se levado ao pé da letra chega a limitar até as nossas amizades dentro do grid. – ele diz. – Nas últimas temporadas isso não tem sido levado à risca, mas pode ser que mude com a chegada de uma mulher.

— O que provavelmente vai acontecer, sim. – o monegasco engole em seco.

O australiano suspira.

— Não estou falando para se preocupar com isso agora, afinal ela não está na F1 ainda. – ele fala – Mas nós dois sabemos que um dia isso vai acabar acontecendo e vocês vão ter que tomar alguma providência.

Charlie suspira e volta a olhar para Eliza.

Ela batia palmas, cantava alto, ria, pulava e girava no meio da pista, o rapaz nunca a tinha visto tão feliz.

Por fim sorri e balança a cabeça descontraidamente.

— Não é o tipo de coisa que vou deixar esquentar a minha cabeça agora. – o monegasco dá de ombros, tomando um gole da sua cerveja – Estou feliz demais para quebrar o clima.

— Claro, claro. Se eu soubesse não teria tocado no assunto. – Daniel diz – Fico contente que esteja finalmente feliz, cara. E me desculpe – e bate no ombro do amigo amigavelmente antes de retornar à pista.

Charlie vê Eliza sorrir em sua direção e chama-lo com o dedo para dançar junto à ela. Ele não pensa duas vezes antes de largar a garrafa e ir em sua direção. Mal sabia ele que ela também queria aproveitar o que seria a sua última noite sem preocupações – de quem ela era ou como deveria se comportar devido à sua posição social.

Ele realmente não queria pensar nisso, e talvez mais umas doses de conhaque pudessem o ajudar.

Eles dançam, bebem e suam juntos até que Liza aperta sua mão indicando o lado de fora, e diz: - Vem comigo.

Com os dedos entrelaçados aos da jovem eles seguem pela saída do salão até o deque ao lado de fora, onde poucos transitavam àquela hora. Eliza segue caminhando até a borda do iate, onde se apoia para mirar as dezenas de barcos ao longo da escuridão entre céu, mar e seus afins. Charlie para ao seu lado.

— Essa semana foi... – Liza começa com a voz cheia de ternura, suspirando – indescritível, de tão boa.

Ele a abraça por trás e apoia o queixo no ombro dela, fechando os olhos para aproveitar a sensação da mulher tão próxima.

Eles ficam em silêncio por um tempo, apenas apreciando o chacoalhar do barco nas ondas, a música que soava ao longe, as risadas, o mormaço da maresia e a luz azulada da lua.

Liza delicadamente se solta dos braços do rapaz para virar-se de frente para ele. Charlie está com o rosto tranquilo e semblante perceptível feliz, seus olhos brilhavam com o reflexo das lamparinas amareladas do iate. Ela acaricia o seu rosto com a mão direita.

— Eu não sei o que vai ser de mim no próximo ano, - ela pronuncia – onde, como e oque... São tantas incertezas. – Liza umedece os lábios lentamente, sem tirar os olhos da face do rapaz – A única coisa que eu sei é que o que sinto por você é grande, forte e está cada vez crescendo mais.

— Está falando que está apaixonada ou que está com um tipo de vírus? – Charlie indaga zombeteiro, e ambos riem.

— Idiota. – ela diz risonha, passando as mãos pela cintura dele. – Eu estou falando sério. – ela sorri – Eu estou absolutamente, inegavelmente, inconfundivelmente apaixonada por você.

Charlie sorri abertamente, encarando os seus olhos avelã enquanto segurava o rosto dela delicadamente com as duas mãos para dizer: - Eu estou apaixonado por você também, se ainda não tinha ficado claro. – eles riem fraco – Não consigo pronunciar todas essas palavras difíceis em inglês, mas também é intenso. – Liza ri emocionada – É feróce! E com isso quero dizer que agora não terá hesitações, reclusões ou receios do meu comprometimento com nós dois.

Ela umedece o lábio inferior sem tirar o sorriso do rosto, para questionar : - Mesmo que não seja fácil?

Charlie ri anasalado, pensando nas palavras de Daniel de mais cedo.

— Você sabe o quanto eu gosto de um desafio. – dito isso ele aproxima seus lábios e eles os selam vagarosamente.

Passado alguns minutos fogos iluminam o céu estrelado, deixando-o mais brilhante e cheio de cores. O casal continua no manejar de línguas, desfrutando do sabor um do outro sem pressa.

Quando sentem falta de ar se afastam lentamente, Charlie procura pela hora em seu relógio: exatas meia noite e dois minutos.

Eles sorriem um ao outro.

— As pessoas dizem que se você beija alguém na virada de ano... – ele começa.

— É quem você vai beijar o ano todo. – ela completa voltando a aproximar os seus lábios.

Charlie segura o rosto dela e pressiona os seus lábios exageradamente por um minuto antes de solta-la com a face satisfeita. Ela olha para ele com olhos divertidos.

— Só para garantir, você sabe. – ele dá de ombros e ela finalmente ri.

Depois ela alisa a camisa do monegasco carinhosamente e o mira com um sorriso doce.

— Feliz ano novo, mon amour.

— Feliz ano novo, ma belle.

 

(...)

 

O êxtase daquela noite se prolongou por todo o dia seguinte, até quando o monegasco levara os visitantes ao aeroporto para o retorno ao país natal. Apesar das poucas horas de sono estavam completamente satisfeitos e descansados, devido toda a rotina de lazer no decorrer da semana.

O aeroporto não estava tão cheio quanto o esperado, mas ainda assim fãs do trabalho de Charlie vez ou outra pediam por uma foto ou autógrafo – o que foi completamente compreensível uma vez que ele era o ídolo do país.

Liza sorria, no entanto Charlie a percebia se esquivar minimamente dele quando abordada por outrem. Eles posavam, hora separados e hora juntos, mas isso não foi o que realmente abalou o clima.

Chegando ao portão de embarque todos se despediram com abraços e promessas de voltarem a se ver em breve.

É quando Charlie olha para Liza significantemente.

De tantas incertezas, futuros indeterminados e duvidosos citado por ela em alguns momentos, esta era a hora em que eles parariam de ficar despreocupados e retornariam á suas realidades, e ele não sabia o que ela tinha em mente quanto aos dois além da única certeza que eles queriam ficar juntos porque estavam apaixonados.

Como as coisas ficariam? Quando voltariam a se ver? A se falar? Essas eram algumas das perguntas que Liza lia nos olhos do monegasco.

— Tenho um projeto para esse começo do ano o qual vai tomar grande parte do meu tempo. – ela diz acariciando os dedos do rapaz entrelaçados aos seus – Você vai estar ocupado com a preparação, então não é como se tivéssemos uma brecha de qualquer forma.

— Quando? – ele questiona apreensivo.

— Não se preocupe, vamos nos encontrar muito mais neste ano. – ela diz sorrindo, aproximando seu rosto do dele – A lenda do beijo no ano novo pode não garantir isso, mas eu vou. Prometo.

— Eliza, eu trabalho com estatísticas, ma belle. – ele esclarece sorrindo aflito. – Você precisa me dar uma informação concreta.

Ela suspira e abraça seu corpo pela cintura.

— Eu vou aos testes de pré-temporada. – ela diz e ele abre um sorriso largo. – Assim está melhor?

— Vai estar lá? – ele questiona alegre.

— Claro! – ela assente – Assim vou conferir ao vivo se a sua volta é mais rápida do que o tempo que leva para pronunciar seu nome completo.

Charlie gargalha.

— Engraçadinha.

Ela abraça o monegasco em um aperto forte, ele a abraça de volta.

— Não se preocupe, eu também estou comprometida à nós. – ela garante com a voz baixa, para que só ele ouvisse. – É uma via de mão dupla, lembra?

Charlie ri e beija sua testa antes de se afastarem.

Já embarcados no avião e acomodados cada um em sua poltrona, Liza tem os olhos vagos direcionados a pequena janela da aeronave.

Fael mal havia entrado no avião e já estava roncando alto, por isso Priscilla se vira a amiga, indagando com ternura: - Está tudo bem?

Liza se direciona á ela e sorri fraco.

— Sim, só estou pensando em como as coisas terminaram de uma forma completamente diferente do planejado.

Ah sim, - a loira suspira – por um momento havia me esquecido de que veio até aqui para terminar as coisas com Charlie.

Liza engole em seco, só por se lembrar de um dia ter considerado tal alternativa.

— Como poderia, Pri? – ela ri sem humor. – Eu deveria imaginar que não conseguiria olhar nos olhos dele e falar que, apesar de estar completamente apaixonada por ele, seria melhor sermos só amigos daqui para frente, porque eu sou a nova pilota titular da escuderia que é rival à dele e vamos estar disputando posições no grid este ano.

A loira faz uma careta sofrida.

— E o que vai fazer agora? – Pri pergunta – Se afastar de novo até que consiga terminar, da próxima vez?

— Não! – ela nega de imediato. – Eu não vou fazer isso. Eu não quero fazer isso. – logo Liza se corrige – Gosto dele demais, não quero ele fora da minha vida.

Priscilla brilha os olhos, orgulhosa.

— E o que vai fazer quanto á clausula do contrato?

— Não sei ainda. – a pilota admite – Mas eu não vou abrir mão de nenhum dos dois, do trabalho dos sonhos ou o homem da minha vida.

— Essa é a minha garota! – a loira diz e a abraça de lado animada.


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Notas finais do capítulo

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