Lover escrita por Lady Anna


Capítulo 1
The Declaration


Notas iniciais do capítulo

Oi oi oi! Estou muito feliz em postar essa minha participaçãozinha no Delacour's Month que está permeando o nyah com histórias incríveis sobre os membros dessa família. Se você não conhece o projeto, corre lá no Twitter: @delacoursmonth
Essa fanfic vai ter dois capítulos, além desse, que já estão escritos e serão postados nos fins de semana. Acho que nunca mudei o plot de uma fic tantas vezes antes de postar: foram QUATRO vezes haha mas então minha vida pessoal me deu uma ajudinha!
Espero que gostem e nos vemos nas notas finais!
Beijooos



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Victoire sorriu ao ver que a poção no caldeirão tinha chegado ao ponto, a cor de um púrpura brilhante ideal. Rapidamente, pegou alguns frascos vazios na prateleira e os encheu com o líquido viscoso, até o caldeirão por fim ficar vazio. Enquanto limpava seus utensílios com floreios da varinha, preparando tudo para iniciar um novo preparo, sorriu ao perceber o quanto gostava de seu trabalho. Amava trabalhar para o ministério como pocionista, fazer com que ingredientes simples que separados não significavam nada se tornarem substâncias com grande poder mágico. Já trabalhava ali há cinco anos e nunca se cansara disso, de mexer o caldeirão e sentir os aromas inconfundíveis subindo.

Ao escutar um alto pigarreado irritado, ela se virou para a porta, assustada. Quase sempre amava seu trabalho, corrigiu-se mentalmente. Percebendo que estava a alguns minutos parada, com a varinha na mão sem fazer nenhum movimento, Victoire tentou se recompor e olhou para o rosto do seu visitante, instantaneamente um sorriso amarelo cobrindo seu rosto.

— Sr. Reigher. – Cumprimentou.

— Srta. Weasley. – Ele crispou os lábios, olhando fixamente para a varinha em suas mãos. – Devo associar essa...desatenção ao seu atual baixo rendimento e aos erros constantes em poções?

— Não, senhor. – Disse, o mais calma que conseguiu.

Os ‘erros constantes’ aos quais ele se referia fora somente uma poção que ela preparara errado porque um dos estagiários ministeriais trocara o rótulo de alguns ingredientes acidentalmente, o que, para ser honesta, não era culpa dela. Quanto ao baixo rendimento, Victoire tinha que admitir que estivesse mais difícil se concentrar nas últimas semanas, fazendo-a gastar mais tempo para fazer cada preparação. Entretanto, seu número de poções semanais ainda era bem superior aos outros pocionistas do ministério.  Não sabia por que sua concentração estava tão precária, mas sabia que quase toda a implicância de Sr. Reigher, chefe dos pocionistas, era infundada. Porém, isso não a impedia de ficar irritada com isso.

— Quantas poções errou essa semana, senhorita? – Ele não a esperou responder antes de continuar: – Lembre-se que tudo que errar e for desperdiçado será descontado do seu salário. Não podemos custear erros juvenis com a pechincha que o ministério nos oferece.

Victoire não disse nada, apenas encostou-se a uma mesa enquanto o chefe passeava pela pequena sala, avaliando os frascos e seus conteúdos. Quando se deu por satisfeito, ele foi até o caldeirão.

— Por que ainda não começou a Felix Felicis? Preciso dela para hoje, senhorita. Sugiro que se aprece.

Victoire franziu o cenho, pegando o pergaminho, no qual as poções que ela deveria fazer estavam anotadas, e conferindo-o.

— Acho que o senhor se confundiu. – Mostrou-lhe a lista no pergaminho. – Felix Felicis não está entre minhas poções semanais.

Reigher leu o papel, crispando os lábios.

— Realmente não está aqui, mas não importa. Faça a poção e leve na minha sala até o final do dia.

Victoire sentiu seu rosto arder, pois a poção ainda levaria, no mínimo, seis horas para ficar pronta, além de atrasar todo seu planejamento semanal.

— Eu não tenho tempo para fazer essa poção, Sr. Reigher. Não há outro pocionista disponível?

— Não há hora para combater o crime, Srta. Weasley. Garanto que a senhorita consegue fazê-la com perfeição até o fim dessa noite.

Dizendo isso, ele saiu e Victoire desistiu de contrapor dizendo que duvidava que aquela fosse usada para realmente combater o crime. No máximo, seria usada por algum integrante de alto calão do ministério. Ela apenas voltou sua atenção ao caldeirão, tendo a certeza que aquele dia seria muito, muito longo.

Na metade da preparação da poção, percebeu que já se passavam das 20 horas, o que a fez encolher os ombros, desanimada. Amava sua profissão, mas não aguentava mais mexer o caldeirão cheio, seus braços doíam mais do que ela achava possível. Animou-se ao ver o celular vibrar e seu sorriso ficou ainda maior ao ver “Lups♥” brilhando na tela, junto com uma foto na qual estava abraçada com Teddy, fazendo biquinho para a câmera. Observou a foto alguns momentos antes de atender a chamada: nela o cabelo de Teddy ainda estava azul, o que significava que fora tirada antes de ele entrar para o departamento de aurores, e ambos utilizavam fantasias de vampiros. Lembrava-se de quando haviam tirado aquela foto: em um Halloween que os primos Weasley decidiram comemorar a moda trouxa, o que, Victoire tinha que admitir, foi uma das melhores ideias que James Sirius já teve.   

— Lups!

— Toire?

— Oi.

— Ainda está no ministério?

— Sim.

Victoire olhou para o pequeno relógio na parede e soltou um baixo gemido.

— Está tudo bem?

— Sim, claro. É só o rabugento Sr. Reigher me passando trabalho extra.

— Quer que eu vá até aí? Posso levar alguma coisa para você comer e te fazer companhia enquanto...

— Não, eu realmente não posso errar essa poção e com você aqui posso me desconcentrar.

— Quer dizer que eu te desconcentro, Toire?

Diante do tom malicioso dele, o qual já conhecia dos flertes corriqueiros entre eles – todos em tom de brincadeira – Victoire soltou um risinho baixo.

— Você sabe que só me desconcentro com você, Lups. – Provocou.

Alguns segundos de silêncio passaram antes de Teddy finalmente responder:

— Não quer que eu vá, mesmo? Juro que me comporto direitinho. Mas como a nossa noite no Caldeirão Furado está, aparentemente, cancelada...

— Ah meu Deus, Teddy, me desculpe! Eu me esqueci completamente!

Já era uma tradição entre eles irem ao Caldeirão Furado toda quarta-feira e beber algumas doses de whisky de fogo enquanto conversavam. Às vezes, quando não estavam muito cansados, iam até uma boate trouxa e dançavam aquelas músicas estranhamente animadas e energéticas. Sua mãe sempre dizia que eles possuíam a “ilimitada energia juvenil” por saírem no meio da semana, porém, ultimamente, Victoire não sentia nenhum fio daquela energia em si e já havia cancelado nas duas semanas anteriores. Naquela semana, tinham combinado que sairiam e não deixariam a tradição morrer, mas seus planos haviam sido enterrados pelo Sr. Reigher e a poção extra. Bateu a palma da mão na testa ao perceber que, para piorar, se esquecera de cancelar com Teddy.

— Sem problemas, Toire.

— Você já está no Caldeirão Furado, não está?

— Bem, sim, mas já estou indo para casa.

Victoire soltou um gemido baixo, sentindo a culpa invadir seu corpo.

— Me desculpe, mesmo, Lups. Eu queria muito ir, mas o Sr. Reigher me pediu essa poção e...eu fiquei tão concentrada que esqueci de te avisar que não poderia ir.

— Não tem problema, Toire, mesmo. – Ele fez uma pausa e Victoire conseguiu ouvir a música baixa que tocava no bar, acompanhada por várias vozes. – Almoçamos amanhã juntos?

— Claro, claro. – Ela se sentiu idiota por repetir a palavra, soltando uma risada nervosa. – Passo no departamento de aurores para te chamar, ok?

— Ok. Beijos, Toire. – Achando que ele já havia desligado, Victoire já se afastava do celular quando ouviu sua voz baixa dizendo: – E não pense muito em mim já que isso vai te desconcentrar.

Não soube dizer por que, mas suas bochechas ficaram incrivelmente quentes.

***

Assim que chegou em casa, Victoire tomou banho e jogou-se na cama, sentindo o peso do cansaço invadir cada um de seus músculos. Sua barriga estava roncando, mas ir até a cozinha iria requerer um esforço que ela não queria fazer. Assim, enrolada em seus cobertores, ela já estava cochilando quando seu celular vibrou, o que a fez despertar sobressaltada. Com a visão um pouco embaçada e os sentidos tardios, pegou o aparelho na mão e semicerrou os olhos para ler a notificação. Quando viu o nome “Lups♥” brilhar na tela, apenas bocejou e colocou o celular novamente na mesinha da cabeceira, poderia respondê-lo depois. Entretanto, o celular vibrou diversas vezes, o que chamou a atenção da loira e a impediu de retornar ao sono.

Pegando o celular na mão, percebeu que Teddy já lhe enviara dez mensagens, a maioria somente com algumas letras aleatórias ou figurinhas que não faziam sentido nenhum. As poucas palavras que ela conseguia entender não faziam sentido juntas, o que a fez estranhar ainda mais aquilo, afinal ele sempre era muito objetivo em mensagens pelo Whatsapp. Mais uma mensagem chegou e dessa vez não era uma mensagem de texto, mas um único áudio, o qual tinha mais de cinco minutos. Ela não sabia o que esperar daquela mensagem e a curiosidade corroía seu interior; o que diabos Teddy estava fazendo? Apertou o play e alguns segundos depois, a voz dele invadiu o quarto, acompanhada por um som alto e vozes ao redor, obrigando Victoire a colocar o aparelho bem perto da orelha para conseguir ouvi-lo.

Droga de celular que envia mensagens! Falei para a tia Hermione que isso não daria certo! Hã...oi Toire, me desculpa pela figurinha da Gretchen, ela é uma famosa brasileira e os memes dela são ótimos; e...hã...me desculpe pela figurinha do cachorrinho pulando, só salvei porque ela é fofa demais. Ah, eu também enviei a do patinho com a faca na mão? Droga! Enfim, essa eu não vou me desculpar por enviar não, combina com você!” Uma risada rouca soou no áudio antes de Teddy continuar: “Eu deveria escrever Delacour embaixo dela, na verdade. Quer dizer, sei que normalmente te chamam de Weasley, mas existem muuuuuitos Weasley e, além disso, Delacour combina muito mais com você. Sei lá, você tem cara de Delacour...não só a cara, mas o cabelo e os olhos também, embora suas feições sempre me lembrem muito a vovó Molly...”

Somente com aqueles segundos de áudio, Victoire tinha certeza que ele estava bêbado, completamente bêbado, afinal Teddy nunca, em hipótese nenhuma mandava áudios. Além disso, a voz dele estava mais enrolada e rouca, com clara dificuldade em formar algumas palavras.

Enfim, sabe o que mais combina com você? Eu! Quer dizer, mais do que como amigos, entende? Porra, Toire, eu gosto de você há anos e você nunca percebeu! Como?” Victoire arregalou os olhos e quase deixou o celular cair ao perceber que seu melhor amigo acabara de se declarar, mas prendeu o aparelho com força entre os dedos – agora trêmulos – e ignorou o bolo em sua garganta para prestar atenção nas palavras dele “Eu deveria ter ido embora do Caldeirão Furado. Hoje é quarta-feira, dia de sair com a Toire...você, no caso. Eu deveria ter ido embora assim que você disse que não viria, mas nããããããão, eu decidi que beberia só um pouquinho, só o que eu já estou acostumado e depois iria para casa...eu tenho certeza que aquelas doses estavam mais fortes do que o comum! Ei, amigo, é você mesmo! Tinha mais alguma coisa naquele whisky de fogo? Não? Como assim? Quantos eu bebi? Dez? Não, não, tenho certeza que foram só...não importa. O que eu queria te falar é...”

Fez-se uma pausa tão grande que ela achou que ele não falaria mais nada. Entretanto, quase um minuto depois ele continuou:

Você é incrível, Toire, e eu te amo, mesmo acreditando que nunca vai ser recíproco. Sei que você gosta de mim como amigo, mas você nunca vai sentir algo mais, não é? Eu percebi que me sentia diferente em relação a...nós quando você me contou que havia beijado o Lucca quinto ano...há sete anos, Victoire! Eu devo ser a porra do maior emocionado da história! Eu queria te contar como me sentia em nosso baile de formatura porque talvez, só talvez, você retribuísse o sentimento, mas você me contou que estava gostando do Jorah e, então, eu não disse nada. Nunca. Por que se eu tivesse falado naquele dia eu teria estragado comple...complete...compla...toda a nossa amizade e eu não sei o que faria sem você. Depois, eu perdi a coragem de falar diretamente e decidi que seria melhor esperar acontecer naturalmente. O caralho que é melhor assim! Então, eu tomei a pior decisão da minha vida: flertar com você de brincadeira esperando que você percebesse que era real; mas você é lerda, Victoire, e eu sou horrível flertando! Essa combinação catastrófica  me fudeu porque eu sempre sinto frio na barriga quando flerto contigo e você está bem plena, nem percebendo!”

Victoire sentia seu coração acelerado como se tivesse acabado de correr uma maratona. Alguns segundos de silencio se passaram e, nesse tempo, um milhão de pensamentos invadiam a mente dela. Aquilo parecia plot de uma comédia romântica dos anos 90, por Merlin! Não podia ser real, simplesmente não podia! Talvez fosse só uma brincadeira, mas nem ela mesma acreditava naquela hipótese; tudo que ele dissera era verdadeiro demais, intenso demais. Quando a voz de Teddy voltou a soar, ela aproximou ainda mais o celular do ouvido, atenta a cada palavra.

Mas eu não estou dizendo isso porque quero te pressionar de alguma forma, nunca. Eu só...não aguentava mais guardar isso para mim, entende? Eu te amo e é isso, só. Não quero destruir nossa amizade, ainda quero ser seu Lups e você vai continuar sendo minha Toire, melhores amigos desde que nasceram. Nada precisa mudar, Toire.”

A voz dele sumiu de repente e ela ouviu um baixo “o que você está fazendo, cara? Vai se arrepender disso amanhã!” antes do áudio acabar. Podia jurar que essa era a voz de James Sirius, porém não se concentrou nisso, afinal a última frase de Teddy ressoava em sua mente: “Nada precisa mudar, Toire.” Ele podia não perceber, mas tudo já havia mudado.

Se para melhor ou pior? Ela não sabia dizer.


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Notas finais do capítulo

E então? O que a Victoire vai fazer agora? Nada melhor para melhores amigos do que alguém se declarando bêbado, hum? haha
Comentem e me digam o que estão achando!
Beijooos