You are my new dream escrita por Bruninhazinha


Capítulo 1
You are my new dream


Notas iniciais do capítulo

Nem acredito que estou escrevendo uma one de Enrolados, mas é madrugada, assisti o filme pela milionésima vez e não dá para negar: sou obcecada nessa animação. Quando dei por mim, já estava escrevendo isso - basicamente os sentimentos do Flynn antes de morrer, aquela cena final e dramática do filme que todo mundo chora - ou será que sou só eu? - quando assiste.
Enfim, espero que gostem.



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A felicidade nunca foi uma parceira constante na vida de Flynn Rider. Órfão, nunca conheceu os pais ou teve um amigo de verdade. Foi a necessidade e os sonhos grandes demais para uma criança tão pobre que o levou a cometer pequenos delitos – delitos que cresceram e o tornaram procurado em todo o reino de Corona.

As coisas talvez fossem diferentes se tivesse tido alguma oportunidade, mas a vida nunca foi fácil para alguém como Flynn. Ele não passava de um ladrão procurado. Um homem solitário, buscando por algo que preenchesse aquele vazio no peito. Sabia que fama e riqueza seriam a solução.

Ou era o que pensava, até Rapunzel aparecer.

Ele não entendia como conseguia sentir algo daquela magnitude. Era uma sensação louca, complexa demais para uma criatura tão soturna quanto ele. Mas lá estava o calor no peito sempre que cruzavam os olhares, o coração palpitando forte, as mãos suadas e as borboletas no estomago – tudo tão estupidamente clichê que chegava a ser patético.

Porém, não dava para negar: ela acendia algo dentro dele. A ingenuidade, aquela mania de sempre enxergar o lado bom das pessoas, o jeito empolgado de sorrisos largos.  Em tão pouco tempo, Rapunzel virou uma espécie de luz em sua vida tão triste e sombria.

Era estranho pensar nisso, porque, de alguma forma, nada mais importava, fosse a droga das riquezas que pretendia conquistar ou qualquer outro sonho idiota.

Ele já não queria mais ser Finnigan Rider – rico, bonitão e espadachim, com uma vida cheia de aventuras.

Não.

Com Rapunzel, as coisas eram fáceis. Não precisava mentir ou fingir ser alguém que não era. Ela gostava dele, - não da versão estúpida que inventara de si mesmo – mas dele de verdade.

Pela primeira vez, estava mais que contente em ser apenas o pobre e órfão José Bezerra. Ao lado dela, sempre estava feliz, fosse rico, pobre, ladrão, ou qualquer coisa.

Foi por isso que, depois de ser salvo da forca, não hesitou em atravessar a floresta sentado no lombo de Maximus e subir a maldita Torre.

O destino, porém, é meio imprevisível. Gosta de brincar com as pessoas. Uma hora você está bem, na outra, não. Alguns são mais sortudos.

Infelizmente, José sempre foi uma criatura de pouca sorte. Antes que pudesse esboçar qualquer reação para a visão de sua amada completamente vulnerável e acorrentada, a adaga que Gothel empunhava atravessou suas costelas. O sangue, agora, jorrava, quente. A dor o dilacerava de dentro para fora.

Ele, no entanto, pouco se importava. Os olhos estavam fixos no pequeno corpo magro, amordaçado, que continuava a se debater e gritar por seu nome.

Não pôde distinguir muito – os sentidos estavam confusos. Ouviu os gritos de Rapunzel, a voz furiosa de Gothel, Pascal sendo atirado para um canto qualquer da sala. Os pés pequenos da loira se arrastando contra o chão de madeira. Nauseado, a dor atravessava cada poro de seu corpo, enquanto observava a cena, com a certeza de que estava ficando louco. Havia uma fúria dentro dele. Queria ajudá-la, fazer qualquer coisa.

—... Eu nunca vou desistir de tentar fugir de você! — ela exclamou para Gothel. — Mas... Eu vou com você sem reclamar se me deixar salvá-lo...

José não soube de onde tirou forças para protestar – algo o instigou; aquele mesmo sentimento estranho em seu âmago que se instalara no momento em que a conheceu. Não podia observar aquilo tudo quieto. Não podia vê-la jogar a própria vida fora apenas para salvá-lo. Não merecia esse sacrifício.

Conseguia sentir a pulsação no pescoço e as palavras tornaram-se apenas ecos distantes.

De repente, ela estava ali, próxima, enquanto a dor lhe corroía por dentro e lhe arrancava gemidos.

— Não, Rapunzel... eu não posso aceitar. — a voz saiu em um fio, enquanto a mão empurrava inutilmente o cabelo mágico.

— E eu não posso deixar você morrer.

Ele protestou novamente; Rapunzel, porém, estava determinada.  

Doía respirar, mas os olhos de Flynn capturaram cada detalhe daquele rosto. Os orbes verdes, as pequenas sardas no nariz, a cabeleira loira caindo na lateral da face. Tudo nela era lindo e angelical.

Tudo nela era puro e imaculado.

Nunca amou uma pessoa como a amava. Não podia simplesmente deixá-la desperdiçar a vida por causa dele, um marginal sem valor.

— Espere, Rapunzel...

Tocou-lhe o rosto; a pele era quente. Os dedos subiram para o cabelo loiro, acariciando aquela mecha que teimava em cair nos olhos. Queria garantir que todos os detalhes estivessem gravados em sua mente.  

Pensou, por um segundo, que as coisas, de fato, mudam. Antigamente, faria qualquer coisa para escapar de uma situação assim.

Antigamente, porém, ele não estava apaixonado. Não a conhecia.

Não sabia o que era amar.

E se amar requer sacrifícios, estava disposto a fazer qualquer coisa por ela.  

Por isso não hesitou ao pegar o pedaço de espelho quebrado, que estava ali próximo, e cortar fora todo o cabelo loiro. Houve gritos, exclamações surpresas, e no fim, um baque surdo e doentio de Gothel atravessando a janela.

Mas os orbes não se desviaram nem por um momento. Ele viu as lágrimas e, mesmo que odiasse vê-la chorar, sabia que havia feito a coisa certa.

— Você é o meu sonho. — Precisava dizer. Precisava confessar e, mesmo que as palavras fossem poucas, ela entendeu.

Aquilo era uma despedida. Para sempre.  

— E você é o meu.

E ele, antes de se render ao sono eterno, sentiu-se satisfeito, afinal, ela estava a salvo e poderia, finalmente, ser livre.

Era tudo o que importava.


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