— Vamos dar um jeito, Dean! - Sam olhava o irmão dirigindo calado, enquanto ele fagarelava sem parar. — O Bob deve ter alguma coisa em algum livro, para salvar você do inferno.
— Chega Sam! - A voz de Dean foi profunda, com um tom melancólico. — Estou em um beco sem saída dessa vez, o que me resta é aproveitar o meu último ano na terra.
Sam pela primeira vez viu o irmão entregar os pontos, ele trazia um tom de despedida, e ao mesmo tempo um alívio na voz.
— Vai entregar tudo sem lutar? - Era uma pergunta dura de se fazer, de uma resposta dolorosa de ouvir. — Você não é  assim.
— Estou cansado apenas. - O homem ao volante para no primeiro motel da estrada e estaciona o carro. — Nesse um ano quero fazer tudo o que desejo, quero visitar  alguns pontos turísticos babacas, estourar o cartão de crédito, fazer meus últimos desejos!
Retirando a sacola do porta malas, Sam Winchester não estava gostando do que ouvia, seu irmão mais velho estava se entregando para a morte, reagindo sem esperança, ou desejo de viver.
— Vou fazer até uma lista de desejos... - Dean seguia para dentro do motel, enquanto o irmão de saco cheio deixa o homem falando sozinho, e vai até a lanchonete.
A besteira de fazer uma lista de desejos estava se tornando uma ideia atrativa para o Winchester, anotar algumas coisas importantes para ele em um bloco de papel. Dean dentro do quarto se joga na cama, encostando as costas na cabeceira, retira da mala um bloco de notas pequeno e começa a rabiscar algumas coisas. 
Na sua vida como caçador, haviam poucas coisas que o homem não havia feito. Mas alguns desejos sempre faltavam realizar. Um filho, ter uma família não era um objetivo fixo em mente, mais ter um filho de uns tempos para cá  foi se tornando um  pensamento recorrente. 
Todas as mulheres com quem ele já esteve, nem uma delas poderia ter lhe dado um filho? A questão fixou em sua mente como uma grande nuvem.

[...]

Dallas , Texas.

Holly Harker limpava o banheiro do bar, sentindo o enjoo vindo em ondas. Ela trabalhava no Rose Dallas, um bar conhecido por viajantes, já fazia três anos e mesmo com poucas oportunidades na vida a mulher tinha seus bons momentos. 
— Vai para casa, Holly! - A dona do bar grita na porta do banheiro ouvindo o som do vômito. — Se isso que você pegou foi contagioso, não quero que passe para os meus clientes.
Limpando o rosto com água, a morena se olha no espelho, vendo o quanto arrasada suas feições estavam. Não era possível questionar que a sua noite de trabalho havia acabado, pois Holly mal conseguia respirar o cheiro da comida vindo da cozinha, tudo era um sacrifício. Sentada atrás do volante da sua caminhonete, a mulher olhava o calendário do celular, já fazia um tempo que ela sentia os sintomas e mudanças  estranhas.
— três meses, já fazem três  meses! 
Ela balança a cabeça em negação, ligando o motor da caminhonete, seguindo para a farmácia mais próxima. Ela temia a ideia, rejeitava até mesmo o pensamento de estar grávida. Mas é se fosse real, e se Dean Winchester a tivesse engravidado!
— Eu faço xixi no palito e depois espero, tudo vai ficar bem! - Holly dizia sozinha no banheiro de casa, andando de um lado ao outro com a caixa do teste fechado nas mãos. — Mas e se der positivo, o que eu faço... ligo para ele?

[...]
Com um hambúrguer  bem gorduroso preso entre os dentes, Dean Winchester olhava para o irmão que procurava insistente alguma forma de salvar sua vida. Enquanto comia, o caçador  tentava imaginar como poderia ser ter uma vida normal, como seria ter um casamento e um filho, e aquela ideia o fazia rir bobo. Assim na mesa ao lado da cama, o celular dele toca tirando Dean e Sam de seus afazeres.