She escrita por Mavelle


Capítulo 9
Capítulo 08


Notas iniciais do capítulo

BOM DIAAAAAAAA
Hoje FINALMENTE vamos descobrir o que aconteceu depois da entrevista de emprego da Sophie lá na SKD e só posso adiantar que acho que não é o que estavam esperando, mas enfim! Digam nos comentários se é o que pensavam que podia ter acontecido.
Espero que gostem!

Beijos,
Mavelle



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No dia seguinte, Sophie acordou um pouco mais tarde do que de costume, mas relevou. Tinha acabado de mudar de país, faria uma entrevista de emprego e encontraria sua madrasta desprezível naquele dia, então se daria um desconto. 

Então, procurou saber onde andava o resto de suas coisas, começou a arrumar o quarto com as que já estavam lá e a fazer o almoço. Tinha combinado com Posy que ela voltaria para casa para que as duas almoçassem e depois iriam para a Bridgerton, onde Sophie se encontraria com Kate, a chefe de Posy, e discutiria a probabilidade de ocupar uma vaga na empresa. 

Depois do almoço, as duas foram a pé para a empresa, que ficava apenas a 10 minutos de caminhada. No meio do caminho, Posy tagarelava sobre como Kate era tranquila e que Sophie não devia ficar nervosa porque aquilo sairia bem e que a vaga já era dela e blá, blá, blá, mas, ainda assim, Sophie não conseguia afastar completamente o nervosismo. 

Sabia que algo aconteceria nesse dia, e, apesar de torcer que fosse durante o jantar, também havia uma chance de que fosse durante aquela tarde. 

Então entrou na Bridgerton com Posy ao seu lado e as duas foram para o 7º andar, onde ela mostrou onde ficava sua mesa de trabalho e, pontualmente às 14:30, Posy bateu à porta da sala principal daquele corredor. Uma voz disse que elas entrassem, então Posy abriu a porta e Sophie viu a mulher com quem iria se reunir sobre a vaga de trabalho: a cunhada de Benedict. 

Sabia que, se estava vindo trabalhar na empresa da família dele, era bem provável que encontrasse com alguém que tinha visto na festa no ano anterior, mas não esperava que fosse logo na entrevista de emprego. 

E então ela a encarou como se a tivesse reconhecido e tivesse plena certeza de onde.

Puta merda, ela é melhor de feição que o marido, Sophie pensou, quase desesperada. Não atrapalhava muito os seus planos que ela soubesse quem ela era, mas não queria que Posy soubesse que tinha estado lá no ano anterior. Eu adoro a Posy, mas ela é muito boca de sacola e, enquanto eu não acho que vão me associar com qualquer coisa, não é bom que Araminta saiba que eu estava na festa no fim do ano passado. Só levantaria suspeitas da parte dela e alguém do Sturoyal poderia dizer que não foram porque tinha um agente lá e… enfim, é mais fácil se ela não souber. Então Sophie simplesmente arregalou os olhos e fez um pequeno sinal de não com a cabeça, vendo um brilho de compreensão passar pelos olhos da mulher à sua frente antes que ela abrisse um sorriso. Quase respirou aliviada: aparentemente, ela seria sua aliada naquele momento. 

Alheia à troca silenciosa que aconteceu entre elas, Posy simplesmente as apresentou. 

— Kate, esta é Sophie Beckett, minha irmã. Soph, esta é Kate Bridgerton, minha amiga e dona do dono da empresa.

Kate começou a rir.

— Ela está brincando, claro. - ela disse, olhando para Sophie e tentando não encará-la demais. Que mundo minúsculo, Kate pensava, enquanto Sophie se perguntava por que Posy tinha esquecido de comentar que Kate, que era sua chefe, era casada com o dono da empresa. 

— Não mesmo.

— Prometo que não é num sentido literal. Prazer em conhecê-la, srta. Beckett. - a mulher disse, apertando a mão de Sophie. 

— Por favor, me chame de Sophie, sra. Bridgerton. - Sophie disse, já se sentando na cadeira em frente à mesa dela. 

— Se eu vou te chamar de Sophie, então pode me chamar de Kate. Posy me chama assim e todo mundo da empresa também.

— Menos Dan. - Posy acrescentou.

— Menos Dan, mas ele é um caso à parte. - Kate concordou, depois virou para Sophie para explicar. - É o assistente do meu marido. Por alguma razão, ele acha que estamos no século XIX e nunca chama ninguém pelo nome. Ele chama minha filha de três anos de srta. Sheffield. Ela ama visitar a sala do pai porque ele deixa ela fazer o que quiser lá, mas, se Dan estiver lá, ela faz questão de passar correndo e entrar na sala antes que ele possa perguntar como ela está. - Sophie riu.

— Eu vou sair e deixar vocês conversarem. - Posy disse, com um sorriso, já saindo pela porta.

Elas ficaram em silêncio até Posy sair.

— Obrigada por não dizer nada. - Sophie disse.

— Tudo bem. Você claramente deve ter alguma razão para não querer que ela saiba que você estava aqui em dezembro. E eu não estou perguntando, que fique bem claro.

— É só que eu estava em Londres e não queria que Araminta ficasse sabendo. E se Posy souber...

— Vai chegar nela de alguma forma.

— Exatamente.

— Eu entendo.

— Obrigada de verdade. Por tudo.

— Por nada. Vou tentar te ajudar no que puder. Posy me pediu ajuda para te arranjar um emprego e, bom, tem pouco que eu não faria por ela.

— Eu fico feliz por isso. - Sophie sorriu. - Eu gosto bastante dela e fico feliz que ela arranjou uma amiga de verdade por aqui. As coisas eram meio difíceis na época da escola.

— Sério? Ela é tão simpática...

— Exato. Naquela época, achavam que, por isso, tinham direito de pisar nela. E não ajudava que a irmã dela fosse a pessoa a começar isso.

— Então Posy é sua irmã de consideração, mas a irmã dela não.

— Não mesmo. Rosamund parece demais com Araminta para eu ter paz de espírito perto dela.

— Eu não a conheço, então não posso falar nada.

— Não está perdendo muita coisa. - Sophie disse, e então respirou fundo. - O que eu posso fazer por aqui?

— Certo. Você fez faculdade ou algum tipo de curso depois de terminar a escola?

— Infelizmente, não. Eu planejava fazer, mas meu pai morreu quando eu tinha 15 anos e não deixou nada para mim.

— Sinto muito. - Kate disse, com um pesar que Sophie percebeu ser genuíno. Naqueles primeiros anos, antes de encontrar sua nova família no MI6, tinha sofrido bastante com aquilo e, apesar de hoje ainda desejar em alguns momentos que tivesse passado por isso, não era mais algo que a incomodava. 

— Tudo bem. Eu já me conformei que isso não estava no meu destino.

— Então, o que você pode fazer? Quer dizer, onde você já trabalhou?

Sophie parou por um momento. Bom, eu trabalhei em missões entre o Reino Unido e a França nos últimos 10 anos, tenho uma excelente mira e um bom desempenho em lutas corporais, posso passar despercebida em uma sala com centenas de pessoas e obter qualquer informação que você queira, seria a resposta honesta, mas ela não podia estragar seu disfarce. A mulher não tinha lhe dado qualquer motivo para que desconfiasse dela até aquele momento, mas ela nunca dizia às pessoas qual sua verdadeira ocupação. Sabia que eles sairiam correndo no momento em que descobrissem, então não dizia. Além disso, seu contrato tinha uma cláusula de confidencialidade que não devia ser quebrada sob nenhuma hipótese. 

— Eu trabalhei algum tempo como garçonete. - ela respondeu, simplesmente. - Também já fui funcionária de uma agência de limpeza, tanto da parte pesada quanto como telefonista. E fui recepcionista de uma empresa de informática.

Nenhum desses seria uma mentira completa. Tinha realmente feito todas essas coisas, mas não por tanto tempo, apenas para poder fazer trabalhos infiltrados ou coisas do tipo. Para a sua sorte, tinha articulado um curriculum com Andrea e tinha vários números de telefone que redirecionavam para ela, caso precisassem de alguma referência. 

Kate olhou para a lista que Paul tinha lhe passado e haviam três setores que poderiam receber funcionários novos: a limpeza, a copa e o setor de relações internacionais, mas o último envolveria fluência em francês comprovada por um teste e um curso de nível superior.

— Bom, nós teríamos uma vaga na copa ou na limpeza, se isso te interessar.

Trabalhar como faxineira seria perfeito, Sophie pensou. Além de me dar acesso ao prédio inteiro, eu posso ficar sozinha na sala de Araminta por Deus sabe quanto tempo sem nenhuma supervisão.

— Eu ficaria mais que grata por uma vaga como faxineira. De verdade.

— Ok, então. - Kate virou para o computador por um momento. - Vou mandar um email para Paul, o responsável pelo RH. E aí você vai para o 4º andar pelo elevador e entra na 3ª porta à esquerda. É só dizer que você quer falar com o Paul e que a Kate te mandou.

— Ok. Muito obrigada.

— Disponha. - ela sorriu. - E se tiver qualquer outra coisa que eu possa fazer por você, basta pedir.

Sophie parou para pensar um momento. Não faria mal cair nas boas graças dela, faria?

— Bem, você acha que vou gastar muito tempo conversando com o Paul?

— Não. Acho que não. - ela disse, já terminando de preencher as informações no email, que ela tinha começado a redigir antes de Sophie entrar. - Eu já tinha pedido para ele agilizar a papelada para a contratação, então acho que vai ser bem rápido, só assinar o contrato e tirar sua foto para o crachá. Por que?

— Porque eu tenho que esperar a Posy para poder ir para casa. Então vou tentar arranjar uma distração para as próximas duas horas.

Sophie viu as engrenagens rodando na cabeça da mulher à sua frente enquanto ela pensava em alguma resposta. 

— Não sei se é seu tipo de programação, mas o Museu Nacional fica aqui perto, acho que uns 10 minutos a pé, está com entrada gratuita e lá geralmente tem umas exposições muito boas, tanto de arte clássica quanto de contemporânea.

— É justamente o tipo de coisa que eu gosto de fazer no meu tempo livre. Ia bastante em museus enquanto morava na França.

— Você fala francês? - Kate estava surpresa.

Droga, Sophie pensou. Era melhor para os meus planos se eu tivesse permanecido como a faxineira sem curso superior que não fala francês.

— Sim.

— Poderia ser bastante útil no nosso setor de relações internacionais. - Poderia mesmo, mas não me daria acesso à sala de Araminta, ela pensou. - Também estávamos querendo um novo tradutor do francês para o inglês, porque o atual precisa de uma ajuda. Ele traduz tortue como tortura, mas ainda não achamos um substituto.

— A palavra tartaruga aparece com tanta frequência assim nos livros que vocês publicam?

— Não sei dizer, já que ele continua traduzindo como tortura. E como geralmente a palavra estaria num contexto parecido com “devagar como uma tartaruga”, “devagar como uma tortura” não fica tão estranho.

— Meu Deus. Bom, de qualquer forma, eu posso te assegurar que seria uma péssima ideia me colocar na primeira parte. Não tenho desenvoltura ou formação para lidar com assuntos internacionais. - Sophie, não ria!, ela disse para si mesma. Era, de certa forma, o que tinha passado os últimos 10 anos fazendo. - E quanto às traduções, não posso provar que eu sei mais francês do que o tradutor atual. Aprendi com a minha babá enquanto crescia, então não tenho nenhuma formação acadêmica.

— Ah, que pena. - Kate disse, com pesar real. - Então vai querer mesmo ficar com o cargo de faxineira? Eu poderia arranjar algo um pouco menos pesado, talvez copeira…

— Não, não precisa. - ela disse com um sorriso. - Trabalhar como faxineira vai ser ótimo.

Kate enviou o email e as duas se despediram com sorrisos e acenos. Sophie pegou o telefone e checou a localização do museu, parando no setor de RH para terminar de resolver a papelada, o que realmente só levou 15 minutos, apesar de ela perceber a má-vontade do responsável por aquilo. Depois disso, tomou o caminho para o museu, que realmente ficava pertinho dali e que estava com entrada gratuita por ser uma sexta-feira. 

Olhou na lista de exposições que estavam acontecendo e notou que havia apenas uma exposição de arte contemporânea aberta naquele dia. Lady In Silver, por B.B., ela leu na placa antes de entrar. E então a coisa mais estranha aconteceu.

Enquanto via a exposição, achava que podia começar a chorar, o que não fazia sentido nenhum, já que eram raríssimas as ocasiões em que chorava. Não sabia por que, mas algo naqueles quadros era extremamente familiar. Ela amava arte e já tinha se emocionado com exposições diversas vezes, mas nunca tinha sido assim. Parecia uma exposição pessoal e íntima, como se fosse feita para que qualquer um tirasse suas próprias conclusões, mas para uma pessoa só entender, já que não havia explicação ou nome para nenhuma das telas. Se elas estivessem sozinhas, ainda seriam trabalhos belíssimos, mas, quando estavam todas reunidas, contavam uma história. E Sophie achava que podia ser estranho de assumir isso, mas sentia como se entendesse e conhecesse aquela história. Um casal, que estava em segundo plano em todos os quadros, se conhecia numa festa e ficava junto por uma noite, mas a moça desaparecia com a aurora. Seus olhos lacrimejaram de emoção ao ver o quadro com o amanhecer. O fato de o artista ter escolhido fazer todos os quadros em preto e branco e com alguns poucos detalhes prateados deixou todo o visual ainda mais impressionante. Como alguém conseguia transformar um evento que é apreciado pelas suas cores em uma representação em preto e branco e ainda assim manter toda a emoção daquilo? 

Quando terminou de ver a exposição, ela sorriu. Tinha vivido uma história parecida não fazia tanto tempo, mas não achava que o homem em questão tivesse saído procurando-a pela cidade, como era o caso do personagem da exposição. 

Então, ao chegar ao fim, viu a dedicatória numa placa. 

“Para Prata, seja quem for e onde quer que esteja”

Seu coração perdeu uma batida. 

Eu disse para o Benedict que podia me chamar de Prata, Sophie pensou, o coração acelerado. Benedict que estava na festa da Bridgerton porque sua mãe o tinha obrigado a ir. Benedict. Bridgerton. B.B. O mesmo Benedict para quem eu disse que não importava o que o outro fazia e que devíamos ser apenas a Prata e o Benedict. Será possível que ele era artista?

Ela voltou para o início da exposição, precisando ver tudo de novo. Notou que o casal do fundo da quinta tela segurava duas metades de alguma coisa nas mãos. Enroladinhos de calabresa, ela pensou, com o coração acelerado. O vestido da moça era longo, diferente do curto que ela tinha usado, mas o decote e as mangas eram semelhantes. 

E então, praticamente confirmando o que as vozes da sua cabeça estavam dizendo, Benedict passou pela porta. 

De braços dados com uma mulher linda.  

Os dois pareciam muito próximos e ele ria de algo que ela tinha lhe falado. Sophie não conseguia desgrudar o olhar, apesar de tentar. Só conseguiu fazer isso depois de ver o reflexo de uma réstia de sol no anel gigantesco que estava no anelar esquerdo dela e que tinha passado despercebido por Sophie até aquele momento.

Deus do céu, ele estava noivo

Não esperava que isso fosse doer tanto nela quanto doeu. Tinha sido um caso de uma noite só e, apesar de a ter marcado (assim como, obviamente, o marcou), já fazia quase um ano. Ele podia muito bem ter feito uma exposição sobre ela, mas se apaixonado por aquela outra mulher. Quem sabe ele não tinha se inspirado na história e pensado que seria algo legal para contar ou transformar numa exposição, mas já pintado com a mulher ao seu lado em mente? 

Sophie não queria pensar naquilo. 

Ela percebeu que ele ia se virar um momento antes de acontecer de verdade, então se antecipou e saiu da sala da maneira mais rápida e discreta que conseguiu. Obrigada, MI6 por esse conhecimento estratégico e altamente útil, ela pensava, enquanto terminava de sair do prédio e via a cidade à sua frente. Tinha de voltar à Bridgerton para encontrar com Posy, mas aproveitaria o caminho para tentar limpar a mente, afinal precisava estar com a cabeça no lugar para o jantar que aconteceria mais tarde. 

***

Assim que Benedict chegou no museu naquela tarde recebeu mensagens um tanto quanto desesperadas de Kate.

“Kate: BENNYYY

Kate: BENNYYYYYYY

Kate: BENNY BENNY BENNY BENNY

Kate: RESPONDE”

Eles eram amigos desde muito antes de serem da mesma família, então não era estranho que ela lhe mandasse mensagens, mas nunca tantas de uma vez sem dizer o que realmente era e, com certeza, não tão desesperadas. Será que tinha acontecido alguma coisa? 

Não, ela ligaria se fosse algo realmente sério. 

“Benedict: Quem morreu, pelo amor de Deus?

Kate: Você vai estar na galeria hoje de tarde?

Benedict: Sim

Benedict: Já estou aqui, para falar a verdade

Benedict: Por que?

Kate: Só acho que você devia estar aí hoje

Benedict: Todo esse alarde e não tem uma razão?

Kate: Tem sim, mas eu não posso te contar agora

Benedict: Você planeja me contar algum dia?

Kate: Talvez hoje mesmo, mas não agora

Benedict: Ok, vou confiar em você

Kate: Me agradeça depois”

Ele simplesmente franziu o cenho e bloqueou o telefone. Estava na frente do prédio, esperando Daphne chegar, já que ela tinha sido a única dentre seus irmãos que não pôde participar da inauguração na segunda-feira e tinha pedido uma visita com um guia particular. 

No caso, ele. 

— Oi. - Daphne disse, já o puxando para um abraço quando o encontrou. 

— Oi, irmãzinha. - Benedict respondeu, dando-lhe um beijo na bochecha. 

— Desculpa de verdade não ter vindo na segunda. 

— Tudo bem. - ele disse, e ela passou o braço pelo dele enquanto entravam no prédio. - Você precisava estar com o Simon no jantar chato de negócios. 

— Não pense por um segundo que eu não queria ter estado aqui. Até ele disse que deveríamos ter vindo pra cá.

— Estão perdoados de qualquer jeito.

— E, olha, vou ter a chance de ver a exposição que é a nova queridinha de Londres com o artista responsável por ela me dando uma bela de uma explicação sobre as telas. - ela sorriu. 

— Mas você sabe sobre o que é. Você é uma das poucas pessoas do planeta que realmente sabe sobre o que é. 

— Mas você nunca disse o que é cada tela e eu nunca vi o conjunto da obra. 

— Ok, ok.

— Vamos. - Daphne disse, já o puxando para a sala em que sabia que os quadros estavam expostos. 

— Não acha que é meio presunçoso estar num museu com algumas das obras de artes mais bonitas da Renascença e só olhar a minha exposição? - Benedict perguntou. 

— Não. - Daphne disse, simplesmente. - As outras obras podem ser de artistas famosos, mas eu vim pra prestigiar o meu irmão, não vários homens mortos. 

Ele respirou fundo. 

— Vamos, Daph. - Benedict disse, conduzindo ela para um outro corredor. 

— Mas…

— Vamos ver uns quadros, eu vou falar sobre eles e você vai escutar por que eles são importantes. 

Daphne revirou os olhos, mas se deixou levar por ele. E escutou por cerca de 1 hora e meia enquanto ele falava sobre as várias obras pelas quais passaram. Agora, estavam prestes a entrar na sala onde os quadros estavam expostos. 

— Pronto, papai, já comi um prato gigante de cenoura e brócolis cozidos sem sal, agora vamos para a torta de chocolate. - Daphne disse e Benedict não conseguiu não rir. 

E então, assim que entrou na sala da exposição, ele teve a sensação bizarra de que algo estava prestes a acontecer, que tinha uma tensão elétrica no ar. Ele se sentiu transportado de volta para a noite que passou com Prata. Mas nunca tinha sentido essa sensação antes enquanto pintava ou em momentos em que parou para organizar as telas e acabou passando algum tempo contemplando o próprio trabalho. 

Seu pulso acelerou e de alguma forma, ele teve certeza: ela estava ali. 

Soltou o braço da irmã e começou a olhar ao redor. Foi até a entrada da sala e olhou para fora, mas não viu ninguém.

— Está tudo bem, Benedict? - Daphne foi atrás dele e perguntou, preocupada.

— Sim. - ele respondeu, piscando algumas vezes. Devo estar ficando louco, ele pensou. - Achei que tinha visto uma pessoa, mas foi só impressão. - ele respirou fundo e passou o braço pelo da irmã mais uma vez. - Vamos? 

Então Benedict mostrou toda a exposição para Daphne, com a sensação de que tinha deixado passar uma grande oportunidade. 


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Notas finais do capítulo

Descrição das telas:
I - passarinho prateado chegando perto de uma janela + homem entrando na festa pela porta principal
II - mulher de prata do lado de uma janela + homem entrando na festa
III - festa rolando e os dois sozinhos no fundo
IV - se esbarram
V - dividindo alguma coisa
VI - dançando
VII - um sussurro
VIII - beijo na festa
IX - saindo, pegando o sobretudo
X - atravessando uma faixa de pedestres e ela com o sobretudo dele
XI - beijo contra a árvore
XII - entrando num prédio
XIII - os dois dormindo na cama + vestido prateado no chão
XIV - nascer do sol + passarinho prateado voando da janela + bilhete + homem sozinho na cama
XV - homem com o bilhete, perguntando em algum lugar
XVI - homem perguntando em outros lugares
XVII - o homem num banco olhando o bilhete, enquanto o passarinho está sentado bem ao lado
XVIII - homem deixando o bilhete no banco e o passarinho indo em outra direção



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