Enquanto Houver Sol escrita por Cloto


Capítulo 2
Torre Da Alegria




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Uma grande comitiva dornesa cercou a tão famosa Torre Da Alegria.

Oswell Whent desebanhou a espada, com o medo correndo pelas suas veias.

Eles eram muitos! Não haveria como proteger Rhaegar e Lyanna da ira dornesa.

Uma senhora já bastante idosa desceu da carruagem, acompanhava de uma mulher com cerca de 30 anos.

—Abaixe a espada, moleque, antes que eu te dê uns bons tapas na bunda.

Gerold Hightower ficou pálido ao ver a mulher idosa.

—Vejo que ainda me reconhece.

—Quem é ela? -perguntou Oswell para o outro guarda real.

—Princesa Daella Targaryen. Filha de Maekar I. Irmã de Aegon V.

—Daella Dayne agora, sir. Vou ter que dar uns tapas nos dois para abaixarem essas espadas?

Ambos exitaram, mas acabaram abaixando.

—Não precisam se preocupar, seu precioso príncipe e a sua menina Stark tão adorada não serão molestados por meus guardas.

—Então por que os trouxe?

—Pela minha segurança e a de minha bisneta é claro. Não vou arriscar o pouco que tenho de família a deixando sem proteção perto de homens sem honra. 

Os olhos da velha os queimavam.

Os dois sentiram a ofensa e tiveram que engolir em seco.

—Visenya Targaryen criou a Guarda Real. Imagino como ela deve revirar no túmulo ao ver no que a guarda que ela criou se reduziu.

Por mais que quisessem responder, ficaram em silêncio.

—Quando ouvi as coisas que aconteciam com a minha sobrinha-neta mal pude acreditar. É para isso que vocês servem?  Ficar parados enquanto uma rainha Targaryen é torturada de todas as formas? Não é para proteger os membros da família real que deveriam servir? O que diria a rainha Visenya, se estivesse aqui e agora, sabendo que uma rainha Targaryen está sendo devastada e a Guarda Real que ela criou para proteger seus descendentes não fazem nada para impedir? Ela não os criou para proteger apenas o rei, é para proteger a cada um do sangue dela!

Daella cuspiu no chão, enojada.

—A orgulhosa Guarda Real, os melhores dos melhores de todos os Sete Reinos, reduzidos a porteiros de bordel!

Ela entrou, altiva, o desprezo marcado no olhar.

Quando entrou na torre, Rhaegar tomou um susto ao ver tantos dorneses invadindo o lugar.

Lyanna se encolheu e pôs as mãos na barriga na tentativa de protegê-la.

—Rhaegar Targaryen, marido de minha bisneta Elia eu presumo. E essa daí deve ser a menina lobo.

—Quem é você? -exigiu Rhaegar.

Arthur sentiu seus joelhos fraquejarem.

—Bisa!

—E ela não veio sozinha! -retrucou a mulher, de braços cruzados.

—Audelyne? -ele engoliu em seco.

—São sua família Arthur?

—Sou a bisavó desse sujeito. E essa é minha bisnetinha, Audelyne Dayne, atual lady Dayne e irmã mais velha de Arthur. Sou a bisavó de Doran, Elia e Oberyn, pois Loreza era filha de minha filha mais nova. E infelizmente, sou sua tia, três gerações acima de você! -ela disse, quase cuspindo as palavras.

—Daella ou RhaeTargaryen? 

—Sou Daella Dayne agora. 

Rhaegar não sabia como reagir. A velha estava com cara de quem o chicotearia a qualquer momento. A tal Audelyne girava perigosamente uma faca entre os dedos e seus soldados, embora em silêncio, tinham cada um as armas em punho.

—Eu vim aqui para perguntar uma coisa. Que merda vocês dois tem na cabeça?

Rhaegar e Lyanna se encolheram, tentando procurar uma resposta.

—Minha senhora, a profecia...

—De novo essa profecia? -ela interrompeu.

Daella pôs as mãos no cabelo e puxou alguns fios.

—Mais uma vez essa porcaria de profecia! Garoto, você não vê? Essa profecia é a desgraça dos dragões!

Daella deu um soco na mesa, dando um susto em todos.

—Você já devia ser grandinho o suficiente para entender toda a dor que nossa família passou e continua passando por causa dela! Você nunca ouviu falar da morte de quase todos em Solarestival? Você não enxerga a vida da sua mãe, que os Targaryen sacrificaram para essa maldita profecia? 

—Toda a dor terá válido a pena quando...

—Cala a boca! -ela diz com o dedo em riste. Rhaegar ficou chocado, ninguém falou com ele desse jeito antes -Nada, absolutamente nada, vale o preço de vidas inocentes!

Ela o olhou como se ele fosse a maior das decepções.

—O príncipe amado e idolatrado. Esperança de todos contra Aerys. E aquele que causou milhares de mortes por que ficou com vontade de dar uma trepada!

—Ei! Isso não é verdade! Não foi bem assim que aconteceu! -retrucou Lyanna, ofendida.

—Então diga, menina. Fale, declame como vocês dois são inocentes!

Lyanna segurou as lágrimas que por pouco não caíram de seus olhos.

—Eu... Robert tinha uma bastarda, jamais seria fiel... Meu pai se recusou a quebrar o nosso noivado, eu estava desesperada, não queria me casar com um homem como ele! Eu não merecia me casar com um sujeito como Robert!

Daella a olhou com deboche.

—Não vou discordar. Se você acha que o melhor para você é um homem que abandona a esposa, a filha que mal sabe falar ou andar, o filho recém nascido, a mãe que precisa de ajuda e o irmão que ainda é pequeno para fugir com outra mulher quem sou eu para dizer o contrário?

—Eu não os abandonei! -protestou Rhaegar.

—Ah não? Onde estão então? Não estão a mercê de seu pai louco e imprevisível?

—Eles não correm perigo!

—Seu pai é o perigo. Se ele surtar e resolver matar todo mundo ninguém da preciosa e honrada Guarda Real vai impedir, assim como não impediu o estupro e tortura da sua própria mãe, que é a rainha.

Daella bufou.

—Por que estou gastando meu fôlego com um idiota e uma amante?

—Eu sou a esposa de Rhaegar! -Lyanna disse, aumentando a voz.

—Audelyne minha querida, essa bebezinha é muito ignorante! Não sabe como as regras da nossa sociedade funcionam!

—Explique para ela, bisavó.

Daella fez cara de deboche.

—Garotinha que abre as perninhas para o maridinho de outra mulher é amantezinha. Preciso simplificar mais para a sua mente limitada poder entender?

—Não vou permitir que ofenda Lyanna, nós nos casamos diante dos Deuses Antigos.

Daella continuou fazendo cara de deboche.

—E você acha que as pessoas vão a achar menos amante? É ingênuo a esse ponto?

Desviou seu olhar para Lyanna.

—Você nem percebe o que causou para sua família, não é menina?

A olhou com desprezo.

—Quando toda a verdade for revelada, o nome Stark vai ser jogado na lama. Nem sei de quem tenho mais pena do seu irmão vivo que luta por justiça a você e vai se decepcionar quando souber que tudo foi em vão, do noivo que te acha a melhor mulher do mundo ou do irmão que morreu para defender sua virtude sem saber que já não havia nenhuma.

Se virou para Arthur.

—E você, o meu bisneto! Participando da pouca vergonha contra a sua prima!

Arthur se sentiu particularmente atingido pelas palavras de sua bisavó.

Audelyne tomou a frente, estendeu a mão na direção dele.

—Me dê!

Arthur a olhou sem acreditar.

—Me dê Alvorada, agora!

Com tristeza, ele entregou sua amada espada para a irmã mais velha.

—Um dia surgirá outro Espada Da Manhã para empunhar Alvorada. Vou me certificar de que seja alguém que realmente a mereça. Alguém que seja o orgulho da Casa Dayne e não a vergonha.

Rhaegar não sabia o que fazer, a expressão triste e desolada de Arthur o deixou aflito.

—Isso não é necessário, Arthur só obedeceu as minhas ordens!

—Se Arthur é tão Guarda Real a ponto de virar as costas para sua terra, seu povo e sua família então não terá mais terra, povo ou família.

Audelyne olhou para o irmão. Rasgava por dentro fazer isso, mas Arthur não ficaria impune. 

Não depois de tudo.

—Espero que seja feliz protegendo essas duas pessoas desprezíveis que pôs acima de tudo. É só o que te resta agora.

Antes que alguém dissesse algo, Daella deu o recado que viera entregar em mãos.

—Doran mandou uma mensagem. Rhaegar Targaryen, Lyanna Stark, Arthur Dayne, Gerold Hightower e Oswell Whent estão banidos de Dorne e proibidos de pisar aqui outra vez, sob pena de morte.

Ela sorriu, deliciada com suas expressões.

—Isso é Dorne. 

Se virou para sair.

Rhaegar, tentando recuperar seu orgulho esmagado, queria dar um jeito de sair por cima.

—Eu não lhe dei permissão para sair.

—Falando em sair, quero que limpem tudo antes de irem embora. Essa torre é minha, meu marido construiu para mim. Não convidei vocês dois para usar ela. Ninguém os chamou para vir acasalar aqui. Vão trepar em outro lugar.

Ela deu as costas, mas voltou.

—Um pequeno lembrete, príncipe. De nada adianta tentar salvar o mundo se você causa a morte das pessoas que tanto quer salvar.

E então saíram.

—Não são bem vindos aqui. Voltem por sua conta e risco.


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