Tilintar de espadas. Som de golpes. Gritos de raiva. Palavras de desafio. Som de morte e sofrimento.

Para as rebeliões vastayesas, a batalha se resumia àquilo, às misturas de sons em meio aos gritos e palavras trocadas aos berros com os soldados ionianos que enfrentavam constantemente em seus ataques.

Mas para Rakan, a batalha era algo relativamente diferente, tendo em vista a leveza com que ele levava a vida desde novo, dançando em torno do campo de batalha, com a mente indo aqui e ali, sem realmente focar em uma coisa só.

“Você disse que ia me esfacelar?” Rakan exclamou ao ouvir o grito de um soldado ioniano direcionado para ele “Esfacelar… que palavra interessante, com o que ela poderia rimar?”

Ele pensava em voz alta, como sempre fazia, desviando dos ataques e contra atacando em seguida, sem realmente ter uma grande dificuldade com isso.

“Esfacelar… fundamentar, pensar! Conversar... ca… ca...” ele parou de falar de repente, como se uma ideia tivesse vindo à sua mente com o pequeno jogo de palavras.

E para a sua ideia, ele precisava ir ao encontro de sua namorada que não estava muito longe dali, também envolvida na batalha.

Xayah estava concentrada. Como ela sempre ficava quando se encontrava em uma luta. O combate fazia com que tudo à sua volta se fechasse, como em um transe, existindo apenas ela e os inimigos ao seu redor.

“Xayah!” mas é claro que sua concentração sempre era quebrada quando Rakan estava por perto, ele não conseguia se manter em silêncio nem mesmo em uma luta.

Honestamente até hoje Xayah não sabia se ficava irritada por sua boca grande ou apreciava o fato dele acabar distraindo os oponentes com isso.

Ela não precisou olhar para Rakan para ele saber que estava ouvindo, apesar de continuar lutando sem parar uma vez sequer.

“Sabe, eu estava pensando…” ele continuou casualmente, desviando dos tiros dos soldados ionianos naquele exato momento, como se não fosse nada demais o combate a sua volta “um soldado disse que ia me esfacelar e eu quis encontrar palavras que rimassem com isso. Esfacelar! É uma palavra diferente, não é? então eu pensei em várias e então tive uma ideia e… você sabe que eu te amo, certo?”

Xayah não respondeu de imediato, disparando suas plumas mortais na direção de dois inimigos à frente.

“O que você quer exatamente, Rakan?”

Ela escutou a risada dele em algum ponto à sua direita, não se virando para olhar, ainda atenta aos soldados ionianos que não paravam de surgir.

“Veja bem, eu sei que esfacelar é uma palavra estranha, mas ela me deu uma ideia de uma excelente palavra para o nosso relacionamento, afinal o nosso amor é tão lindo e só cresce a cada luta que enfrentamos juntos, como se fortalecesse junto com a rebelião que se torna mais e mais…”

“Rakan” Xayah o interrompeu em tom ríspido e impaciente, sabendo que se deixasse, ele nunca pararia de falar.

“Certo, certo, então eu digo” Rakan riu novamente, parando então ao lado de Xayah, sobressaltando a mesma que finalmente o encarou, confusa “você quer se casar comigo?”

A surpresa tomou conta do semblante confuso de Xayah, mas ela não conseguiu responder imediatamente, voltando a derrubar mais alguns soldados que vinham em disparada em sua direção.

Rakan não pressionou, sabendo como a namorada ficava em meio ao combate, sem querer perturbá-la mais do que já havia feito, de modo que ele voltou a falar e rir para os inimigos, dançando ao redor deles antes de derrubá-los.

A resposta para sua pergunta apenas surgiu um tempo depois, quando a luta estava quase no fim.

Xayah derrubou um oponente que estava tentando se esgueirar por trás de Rakan, e ele, ao se virar, viu a vastayês exibir um discreto sorriso, fitando-o.

“Sim”.