Destinos Entrelaçados escrita por mjrooxy


Capítulo 8
Desconfianças




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Fazia uma hora que aguardávamos o tal modelo Deidara chegar, mas eu já estava perdendo a paciência. Odiava atrasos e ver toda a equipe e o diretor da revista querendo descontar em mim um problema que claramente não era meu, deixava-me um tanto quanto incomodada. No mínimo. Naruto tentava me acalmar do jeito dele, sussurrando em meu ouvido para eu não me importar, porque não valia a pena. E, de certa forma suas palavras estavam me acalmando de verdade. Além de causarem um leve tremor em meu corpo, por tê-lo tão próximo a mim. Respirando fundo, mentalizei que a culpa não era minha se faltava profissionalismo ali. Nos minutos seguintes, ouvi quando o responsável entrou em contato com a assessoria de Deidara. Sendo informado de que ele estava indisposto e não poderia comparecer. Equipamento montado, equipe de maquiadores e figurino a postos, porém a bendita estrela não apareceria. Eu queria gritar de raiva, no entanto, sequer tive tempo de pensar, pois logo avistei quando Nagato veio em nossa direção e mediu Naruto de cima abaixo.

— Você — ordenou, apontando para ele de forma teatral. — Tire a camiseta.

— O que? — Naruto tossiu, ficando subitamente vermelho.

— Quanto tem de altura? — Nagato apenas ignorou, devolvendo a pergunta com outra.

— Por que isso importa? — Naruto revidou, arqueando uma sobrancelha loira.

— Você será meu modelo. — Nagato afirmou, convicto.

— Nunca — Naruto negou, ficando imediatamente desconfortável e fazendo menção de ir embora. — Eu sou anônimo e pretendo continuar assim.

— Pensa bem garoto, estou te oferecendo a oportunidade de ganhar dinheiro e ficar famoso, sem nem precisar correr atrás. Sem ir em agência, ou fazer um book, nada. É uma ótima chance, não? — Nagato ponderou e eu, apesar de surpresa diante daquela proposta, concordei com a cabeça.

Naruto podia mudar de vida e arranjar um apê para ele em breve. Beleza para isso Naruto tinha de sobra e Nagato costumava pagar muito bem para seus modelos. Era o boato que rolava entre os fotógrafos.

— Sinto muito, não posso. — Naruto começava a suar e eu estranhei sua aversão àquela ideia que me parecia tão boa.

— Me de um bom motivo, rapaz. — Nagato desafiou, adquirindo uma postura mais séria e rígida.

— É pessoal. — Naruto replicou e foi se afastando.

Espiei Nagato e pedi um momento, indo atrás de Naruto. Disposta a entender a situação e se possível reverter sua recusa em uma aceitação, era o mais sensato a se fazer.

Encontrei Naruto já entrando no carro e quase o perdi, ele até esqueceu de mim? 

— Naruto! — gritei e dei uma carreira até o carro — O que está fazendo?

— Preciso ir embora, me desculpe. — pediu alterado. 

— Por que tudo isso? — eu quis saber, confusa. — Seria uma puta oportunidade pra você!

— Não é o que eu quero no momento. — discordou e seus olhos demonstravam uma preocupação quase massacrante.

— O que está acontecendo, Naruto? — indaguei sem entender — Por que seria tão ruim assim se expor? Você ganharia dinheiro, fama e independência. Não seria ótimo?

— Seria péssimo, Hinata. — garantiu, respirando fundo. — Acredite em mim.

— Espera, eu preciso compreender — divaguei, falando mais comigo mesma do que com ele — Me de um motivo, um bom motivo para você recusar e eu desisto da ideia. Apesar de achar um absurdo você dar para trás diante de uma chance de ouro dessas. — propus, resignada.

— Olha só, eu não posso te contar porque não quero ter que mentir — confessou e puxou levemente os cabelos recém crescidos da nuca. — falei demais, foi uma péssima ideia vir até aqui com você, me desculpe, Hinata.

— O que você esconde de mim? — perguntei, sentindo uma sensação ruim tomar conta do meu corpo, como um mal presságio.

Era como se um frio estranho corresse por minha coluna e eu desejei, mais do que tudo, me afastar de Naruto. Contudo, algo me jogava para ele, era como um ímã invisível.

— Foi uma péssima ideia tudo isso. — ele apertou os olhos com a ponta dos dedos, olhando atentamente para mim em seguida. — Hinata, tem algo importante que eu preciso te dizer, mas não aqui.

— Ótimo, no nosso apartamento hoje, que tal? — indaguei, curiosa para descobrir o que Naruto queria me contar. 

— Pode ser, te encontro à noite. Não terei aula, podemos sair para comer alguma coisa. — propôs agitado.

— Cla-claro. — gaguejei desconfortável e coloquei uma mexa de cabelo atrás da orelha, tentando disfarçar meu nervosismo e a agitação crescente dentro de mim por seu convite inesperado.

— Marcado, agora preciso ir, você fica bem? — perguntou, olhando ao redor, desconfiado.

— Fico. — assegurei, ainda com uma interrogação estampada na testa.

Naruto assentiu e, antes de ir embora, emendou:

— Hinata, não conte nada sobre o que a gente conversou para ninguém, tá? Nem mesmo para a Sakura, você precisa me prometer. — seus olhos pareciam aflitos nesse momento, tanto que senti o coração apertar e fiz que sim com a cabeça. 

Um segundo após Naruto já estava com o carro em movimento e, infelizmente, mais uma vez eu não pude pensar sobre tudo aquilo. Porque uma maquiadora surgiu gritando por mim e eu corri para fazer meu trabalho ao avistar Deidara. Milagrosamente ele aparecera para fotografar e, apesar de um tanto desestabilizada com o pedido estranho de Naruto, segui para fotografá-lo. 

(...)

Ao chegar em casa, à tarde, varada de fome, a primeira coisa que fiz foi atacar a pizza que estava na minha geladeira já há uns dois dias. Eu não comi nada durante a sessão de fotos e estava uma pilha por causa dos pitis de Deidara. Tanto que me lembrei o porquê de não gostar de fazer esse tipo de trabalho. Todavia, estava até feliz por saber que o meu contracheque mais gorducho estava esperando na minha bolsa para ser descontado. Apesar dos pesares, o dia valeu a pena. Só o tal convite de Naruto para conversar que não saia da minha cabeça, eu esqueci por um instante durante o trabalho. Porque precisava estar 100% concentrada para corresponder às expectativas da revista. Mas agora, em casa, com um copo de Coca-Cola e um pedaço de pizza gelada em um prato acima da minha barriga, enquanto escolhia algo para assistir na TV, àquele assunto não me saia da cabeça. Naruto me intrigava de um jeito, eu não conseguia decifrá-lo e isso me preocupava. Coloquei um homem desconhecido para morar sob o mesmo teto que eu e não sabia praticamente nada da vida dele. A não ser que seu antecedente era limpo e que Sakura o considerava um bom homem. Pouco demais para o risco que eu corria. Tirando a sensação de conhecimento que às vezes me acometia quando estávamos próximos. Ele era um completo estranho.

Respirei fundo e dei a primeira mordida na pizza de calabresa, soltando um gemidinho de satisfação no processo. Era um prazer estar em casa, relaxada, comendo e assistindo meu dorama favorito.

Foi quando Naruto entrou, incrivelmente sério, indo direto para o quarto. Levantei-me a contragosto e bati na porta algumas vezes, sem obter resposta.

— Naruto, está bem? — questionei preocupada. 

— Estou, só preciso ficar sozinho. —  finalmente ouvi sua voz.

— Infelizmente aqui não é possível ficar sozinho, eu posso ser bem pentelha quando quero. — brinquei e ouvi sua risada curta e rouca ressoar de dentro do quarto.

— É o que mais gosto em você. — respondeu e ouvi o barulho da porta sendo destrancada.

— Você marcou comigo, já mudou de ideia? — tentei ignorar o peito nu de Naruto, falhando miseravelmente, por que ele precisava estar sem camisa?

Fora aquela frase sem sentido. É o que eu mais gosto em você. Nem nos conhecemos direito!

Esse cara é tão obtuso às vezes.

— Sinto muito, eu não tinha tomado café, acho que não sou eu quando isso acontece. — coçou a nuca e sorriu, estreitando os olhos até quase fechá-los, antes de voltá-los para mim.

Senti até uma vertigem ao corresponder o olhar, tentando me concentrar apenas em seus olhos. Por motivos de: um homem gato pra caramba sem camisa na minha frente.

E que olhos!

Não era difícil me concentrar neles, de tão impressionantes e familiares... Mais uma vez, aliás, foi como se já o conhecesse antes.

— Então toda aquela história era conversa fiada? — cruzei os braços, arqueando a sobrancelha esquerda. Olhos azuis têm aos montes por aí, os de Naruto não são nada especiaisEu que é que estou carente., concluí. — Você me enrolou só para se safar!

— Não é bem assim — levantou as mãos em sinal de defesa — tenho realmente um bom motivo para não querer me expor. Confia em mim.

— Você que sabe, se quis jogar a chance de ascender profissionalmente com facilidade, não será eu quem vai te obrigar. — fiz um bico, desviando os olhos.

— Sabia que você fica ainda mais linda quando está razoavelmente brava? — despejou e eu corei feito o inferno.

— Do que está falando! — revidei, sentindo minhas bochechas queimarem com força.

— Só disse a verdade, você é linda, Hinata. Eu acho que posso te dizer isso, sem que você me expulse do seu apartamento. — sorriu ainda mais, fazendo com que eu quase me perdesse naquele sorriso e naquela boca carnuda e vermelha.

— Ah, é... — gaguejei desconfortável. — Obrigada. — agradeci, por fim.

— Você é uma graça, tão durona mas fica constrangida quando eu te elogio. — provocou e eu lhe dei um soco leve no peito rijo.

Sentindo o mesmo estranho formigamento se apoderar do meu braço, por tocar sua pele quente.

— Pode parar e vista uma roupa! — ordenei, fazendo menção de deixá-lo sozinho — Vim ver se você estava bem e já vi que está ótimo, então voltarei para a minha pizza gelada e meu filme. 

— Poderia ficar melhor, se me convidasse para comer pizza. De preferência quente, e assistir a um filme como você. — jogou, adquirindo uma expressão de gatinho pidão.

Foi impossível dizer não. Principalmente com ele frisando daquele jeito a palavra quente.

— Você paga a pizza. — propus, fingindo indiferença, ao mesmo tempo que tentava ignorar a agitação que se formava em meu interior.

— É o mínimo que eu posso fazer — garantiu e se virou — Vou colocar uma camisa e te encontro na sala. — piscou para mim com um de seus incríveis olhos azuis.

Caminhei lentamente até o sofá com as pernas um pouco bambas e me joguei. Eu iria ver um filme com Naruto, a sós, não explodiria a quarta guerra mundial por isso, ou explodiria?

Bom, se ele não quisesse, também não havia assim tanta necessidade de colocar uma camiseta.


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