Heranças de Sangue - Anjos da Noite escrita por Izzy Dracula


Capítulo 1
Capítulo 1




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A chuva em Nova Iorque pegou todo mundo de surpresa ao final daquela tarde. As nuvens densas no céu  indicavam que a chuva tomaria toda a noite, isso era uma indicação  que a clientela seria baixa naquela sexta feira, uma pena. Pois Beatrice Aberdden dependia das pessoas para tocar o negócio. 

Dona de um bar pequeno na enorme cidade, ela tocava o negócio da família com prazer e diversão. As vezes ela desejava mudar de vida e abandonar tudo, mas o que mais ela poderia fazer, ser dona de bar estava no sangue. 

Organizando as mesas no lado de fora, e verificando o estoque de bebidas, Beatrice olhava a meia dúzia de funcionárias chegando, com as roupas molhadas reclamando do mau tempo. A algumas quadras, ela já podia ouvir o congestionamento se formando nas principais avenidas, enquanto a estreita rua onde se localizava o bar, permanecia vazia.

— Se continuar assim, a noite será fraca! - Um jovem funcionário guarda o guarda-chuva atrás do balcão retirando o casaco molhado.

— Então vamos tratar de segurar os clientes que entrarem aqui. - Beatrice começa a contar o dinheiro do caixa, verificando o que precisava para funcionar.

— Será que ele vem hoje? - Rica uma das atendentes do bar pergunta a Beatrice, debruçando-se na vassoura. — Lucian, é  esse o nome do cara!

Lucian era um cliente frequente, ele parecia sempre distante, porém ficava a noite toda sentado próximo a janela do bar, olhando na direção  do apartamento da frente, Beatrice já  havia percebido que o homem de cabelos longos, estava sempre vigilante, era como se ele estivesse esperando por alguém, vigiando alguém que morava naquele apartamento em frente ao bar. 

A água da chuva causava uma pequena enchente na rua, e à medida que as horas passavam, mais chuva caía na cidade. Enquanto o salão do bar estava vazio, Beatrice lia o jornal daquele dia, vendo que a lista de pessoas desaparecidas só crescia.

Nova Iorque era repleta de mistérios, e estava cheia de pessoas que carregavam o mistério em suas almas, Beatrice descobriu da forma mais inusitada que nas sombras existia um outro mundo, um mundo secreto.

Com a mão sobre o pescoço a mulher de cabelos castanhos, ainda recorda a força que aquela criatura possuía, no primeiro momento o homem parecia um bêbado qualquer, mas quando o estranho abocanhou seu pescoço, Beatrice percebeu que todas as histórias de terror eram reais. 

 

— Ele chegou! - Rica sussurra no ouvido de Beatrice se escondendo rápido atrás do balcão, tirando a mulher dos vastos pensamentos.

Sentado na mesma mesa que costumava usar, Lucian observa as poucas pessoas no bar, ele ouvia nitidamente o cochicho de cada um, sentia mesmo de longe o desconforto dos funcionários do local. Já fazia alguns meses que ele frequentava o bar, pois o local era um ponto perfeito. Lucian durante toda sua vida procurou o hospedeiro perfeito para as duas linhagens, ele desejava criar o primeiro híbrido da história, um ser metade vampiro, metade lobisomem; e depois de séculos de pesquisa e procura, o líder dos lobisomens encontra um possível herdeiro. 

Michael Corvin, que morava no prédio em frente ao bar, poderia ser o recipiente ideal para abrigar as duas espécies. 

— Vai beber o de sempre, senhor? - Beatrice foi quem o atendeu, pois os demais funcionários negavam-se a trocar qualquer palavra com Lucian, a aura misteriosa e o olhar de poucos amigos afugentava qualquer um. 

— Obrigado! 

Ele não era do tipo de muitas palavras, mas um aceno de cabeça era quase sempre o máximo de interação que Beatrice  conseguia ter com Lucian. Na maioria das vezes, ela conseguia saber coisas sobre seus clientes, aqueles que frequentavam  o bar diversas vezes, revelavam sempre seus segredos depois de um ou dois copos de bebida, mas aquele homem não.

Já fazia seis ou sete meses que Lucian se fazia presente no bar de Beatrice, mas diferente dos outros, ele estava sempre lá, sozinho em um canto próximo à janela, olhando para o apartamento, bebendo seu whisky em silêncio.

 

[...]

Eram duas da manhã, e os funcionários do bar se preparavam para ir embora, com a trégua da chuva. Lucian permanecia sentado no mesmo lugar, com o copo de whisky sobre a mesa, já sem saber quantas havia bebido. 

— Qual é a dor que se esconde dentro de  você? - Beatrice  senta-se na cadeira à frente do homem, trazendo a garrafa e um copo para ela. 

— Eu pareço  alguém que sofre? - Lucian olha para a mulher, com curiosidade o que ela estava pretendendo com aquela pergunta.

Ela enche o copo dele, e depois o dela. Enquanto uma música lenta toca ao fundo, impedindo assim que o completo silêncio se instale. 

— Você tem a mesma dor em seus olhos, temos os mesmos olhos! - Ela relaxa os ombros e olha para o apartamento em frente ao bar, com todas as luzes apagadas. — Amor ou culpa?

Ele sorri e relaxa o corpo, ficando mais confortável na cadeira. Bebendo um gole e suspirando pesado.

— Nem amor, nem culpa, sou mais objetivo. 

Lucian tinha um tom melancólico na voz. Porém era suave, ele trazia em seu rosto um semblante de paz, diferente de antes.

— Você bebe como se estivesse se preparando para a batalha! - Beatrice analisa o rosto pacífico do cliente e toma um gole de whisky, fazendo uma expressão amarga. 

— Costuma traçar um perfil dos seus clientes? - Lucian encara os olhos anbares dela, e coloca os cotovelos na mesa. — Beatrice, para uma dona de bar você é bem indiscreta!

— As pessoas me contam coisas quando estão  bêbadas, mas você já bebeu um monte e nem dá sinal de embriaguez. - Ela joga os cabelos castanhos para trás, e se debruça na mesa, ficando mais perto dele. — Um homem forte é você!

— Está flertando comigo, senhorita Beatrice! - Lucian sorri divertido, gostando do Jogo, ele não sabia ao certo quais eram as reais intenções dela, porém diferente dos outros a mulher não tinha medo dele, ela o analisava curiosa. — O que deseja de mim?

— Flertando com o senhor, talvez! - Ela pára e pensa um pouco, Beatrice sabia que ele era diferente, sabia que era um sobrenatural porém não  conseguia ter certeza. — O que quero, você já respondeu, estou flertando com o senhor!

Quando ela foi mordida por aquele homem misterioso, a um ano atrás. Ela viu sua vida mudar, tendo que aprender sozinha a suprir suas novas necessidades, Beatrice desejava acima de tudo encontrar respostas para o que ela havia se tornado, e Lucian poderia ter as respostas que ela desejava.  

Um sorriso leve iluminou o rosto de Lucian. A muito tempo ele não tinha essa interação simples com alguém,  ter um momento quase normal com uma mulher tão bonita como Beatrice Aberdden era realmente único. Ele estava sempre em guerra, vivendo para lutar contra os vampiros, Lucian a muito  tempo não provava a paz de uma noite comum. E assim por diversão o lobisomem entra no flerte, no jogo misterioso de Beatrice.

 

 






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