So Cold: Os nossos dias - Blackinnon escrita por Ariri


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Se você é wolfstar, não leia ou não jogue hate.
Eu respeito seu ship e também adoro ele, então respeito por favor.

Músicas inspiradas e de trechos:
https://www.youtube.com/watch?v=yS1HovHNZlE - Future Days, Pearl Jam
https://www.youtube.com/watch?v=HhloKUdoeH0 - So Cold, Ben Cocks



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/800000/chapter/1

Você não pode me ouvir chorar

Ver todos os meus sonhos morrerem

De onde você está

por conta própria

Era apenas mais uma noite em Askaban.

Dementadores passeavam pelos corredores, a felicidade, a paz e o amor não existiam ali, não havia nada além dos gritos e a tormenta dos presos, a dor que ecoava pelas paredes, enlouquecendo cada um deles. Sirius olhava para a lua, sem qualquer tipo de esperança, sem nada além de raiva, de ódio e desejo de se vingar do homem que costumava ser seu amigo, do homem que um dia confiou, e que entregou os melhores amigos a Voldemort, que entregou a família de Sirius à morte.

Se algum dia eu viesse a perdê-lo

Ele era o culpado, é claro, pela morte de todos que amava.

Era o culpado da morte de James e Lily, por ter confiado em Rabicho.

Era o culpado da morte de Marlene e sua família, por não desconfiado de Rabicho.

Marlene...

Eu certamente perderia a mim mesmo

Há quanto tempo ele não pensava nela? Há quanto tempo as lembranças do amor de sua vida haviam sumido? A felicidade que um dia havia conhecido, era um sussurro ao vento, a vida que havia compartilhado com sua adorada Marlene, não eram nada mais que pedras em seu túmulo. Mas a lua o lembrava dela, de seu sorriso, de seus olhos carinhosos, do quanto foi amado, e do quanto amou de volta, com toda sua alma.

Tudo o que eu encontrei, querida

 “Você olhará Deus, diretamente em seus olhos, Six, e dirá a ele que se amá-la foi um pecado, então você não quer um lugar no céu com ele. Porque o jeito que os seus lábios se encaixavam perfeitamente na curva do pescoço dela, é o tipo de paraíso que você nunca se esquecerá.”

As palavras de James voltaram para ele. As palavras do amigo que agarrou os ombros de Sirius e olhou diretamente nos olhos cinzentos perdidos em dor, trazendo-o de volta à razão. Sirius amou Marlene, ele foi amado de volta, e a lembrança da perfeição desse amor era tudo que ele precisaria se agarrar pelo resto da vida. E com o tempo ele recuperaria sua felicidade.

Eu não descobri sozinho

Sirius se lembrava, mas nunca recuperaria sua felicidade.

Ele se lembrava, de que ao contrário de James, ele não se apaixonou por Marlene da primeira vez em que a viu, ou naqueles primeiros anos de Hogwarts, quando ela vivia sempre entre eles por ser a melhor e mais antiga amiga de James. Era o oposto, os dois se detestavam. Sirius odiava a garota chamativa que fazia toda a escola se curvar aos seus pés, detestava o quanto ela se gabava de conhecer James mais do que ele jamais faria, detestava o fato de serem tão parecidos.

Marlene também o detestava, ele sabia disso. Ela detestava sua pomposidade, sua arrogância, seu sarcasmo e convencimento, detestava enormemente o fato dele agir como o rei de Hogwarts, e implicar especialmente com ela nas horas vagas. Eles se provocavam, persistentemente. Não havia uma única noite em que não soltassem farpas um contra o outro, para a total diversão de Lily, e não havia um momento que os dois não estivessem juntos, que não acabassem brigando. Sirius sempre ficava nervoso, puxando o cabelo para trás com força quando Marlene terminava irritada com ele. O que acontecia muitas vezes.

Tente, e às vezes você terá sucesso

Para fazer este homem de mim

Contudo, conforme cresciam, Sirius passou a vê-la de forma diferente, passou a notar como a beleza de Marlene se tornava cada vez mais nítida; Seus olhos amendoados se encaixavam perfeitamente com suas madeixas castanho claras, ela tinha longas e delineadas pernas, um sorriso encantador, uma risada melodiosa que dispersava qualquer escuridão, iluminando todo o seu rosto claro.

Acima de tudo, ela o tirava do sério. Fosse quando os dois competiam entre si nas aulas de DCAT, ou quando estavam nos habituais treinos de quadribol e ela insistia em mandar balaços diretamente para atrapalhá-lo no gol, ou fosse as noites em que os marotos ficavam até tarde na Sala Comunal e ela insistia em entrar no meio e se intrometer em todo e qualquer plano. Mas principalmente, foi quando Marlene percebeu o efeito que causava em Sirius.

“Pergunte alguma coisa a ela” James sussurrou.

“Como está se sentindo?”

“Ótima”, ela respondeu sem sequer olhar para Sirius, virando a página do livro de romance que lia.

“Pergunte algo pessoal a ela”

“Com quantos anos você menstruou?” Marlene olhou para ele como se fosse louco, e ao perceber a presença de James, bateu com o livro na cabeça de cada um deles, várias vezes antes de subir as escadas para o dormitório, sem parar de rir. James tentava ajuda-lo, tentava fazer seus dois melhores amigos pararem de ser cabeças ocas e finalmente admitirem o que sentiam um pelo outro, tentava fazer Marlene se tocar do que sentia por Sirius.

Todas as minhas peças roubadas

Eu não preciso mais delas

Ela passou a beijar todo e qualquer garoto, menos ele. Dava atenção a todos menos a ele. Dançava em festas de forma sensual e deslumbrante, deixando o Black completamente sem ar apenas ao observá-la, o olhar fixo nele, os lábios curvados em um sorriso malicioso, e não se aproximava. Nunca. Ela era a rainha de Hogwarts, a deusa a quem todos eles, meros mortais, se curvavam. Não havia nada que ela não pudesse fazer melhor que qualquer um, não havia quem não a escutasse, não havia quem não a desejasse ou admirasse e Sirius se apaixonou por tudo isso.

“Você não me quer, Sirius. Eu só partiria o seu coração, querido, você não quer isso, quer?”

Foi no último ano de ambos em Hogwarts, que os dois se aproximaram de verdade. Não havia como não acontecer isso, já que James e Lily, os dois melhores amigos de Marlene, começaram a namorar. De quatro marotos, eles passaram a ser um grupo enorme de jovens que só queriam se divertir. E como eles se divertiram; fugindo da escola em dias proibidos, dominando Hogwarts e planejando como conquistariam o mundo, e Marlene os liderava.

Lily era de James, sua ruiva.

Marlene era de todos eles.

Eu acredito,

e eu acredito porque eu posso ver

Os nossos dias futuros

Era a amiga que repassava todo o conteúdo que Aluado perdia após uma noite de lua cheia, sentando-se com ele durante o dia inteiro para lerem juntos, acalmando-o como ninguém mais conseguia. Era a amiga que ajudava Rabicho em seus estudos, encorajando-o e estimulando-o a persistir, a ser melhor, porque acreditava no potencial dele, mesmo que ninguém mais o fizesse.

Marlene era a amiga de infância de James, aquela com quem ele dividia piadas internas e confidências que apenas ela poderia entender, com quem poderia perder a virgindade sem mudar a intimidade que tinham um com o outro, com quem iam juntos para festas e não precisavam da companhia de ninguém além do outro. Era a melhor amiga de Lily, , era aquela que abriu os olhos sobre os sentimentos que ela possuía por James, e com quem passava dias inteiros debaixo das cobertas, conversando sobre absolutamente tudo, aquela que bateu em Ranhoso, depois dele chamar a ruiva de sangue-ruim, levando-o por dias à enfermaria.

“Você sabe, há algumas coisas que eu sempre quis dizer a você, mas por respeito à minha amiga Lily aqui, eu não fiz isso.” Marlene disse após cuspir no ranhoso largado no chão, a bota de salto fino enfiada na barriga de Snape, o rosto do sonserino machucado e mostrando assombro. “No entanto, vejo que as circunstâncias mudaram... Você, Severo Snape, não passa de um racista, desperdício de graxa de cabelo. Você não oferece nada às mulheres ou ao mundo em geral. Se você desaparecesse da face da terra amanhã, ninguém sentiria sua falta além de seu fornecedor de poções."

Marlene segurou a mão de Lily e foi embora, enquanto os Marotos a seguiram com o olhar, completamente admirados, e Sirius, mais do que nunca apaixonado por ela.

Dias de você e eu

Marlene, a grande paixão da vida de Régulus, a garota com que seu irmão caçula jurava que se casaria um dia, a garota que o entendia de uma forma que Sirius não conseguia, que nutria um sentimento tão puro pelo caçula dos Black, que corroía o peito de Sirius pensar que talvez um dia, ela não se tornasse dele, porque Reggie a merecia mais do que ele.

Marlene era a garota que estava ali por todos eles, sempre que precisavam. Sirius se lembrava de quando fugiu de casa, foi recebido na casa dos Potter, e no dia seguinte, era Marlene que estava ali, provocando-o até que esquecesse de sua dor, atiçando-o até que a agarrasse e fizesse amor com ela no jardim dos Potter. Foi a primeira vez de muitas em que os dois ficaram juntos, e ela sempre afirmava não ter significado nada.

Quando eu estava me sentindo quebrado

Sirius queria Marlene, mas ela não queria um namorado ou qualquer homem que a atrasaria ou tentaria controla-la, principalmente um cachorro. Ela não se casaria, nunca. Sirius aceitava isso, mesmo percebendo a dor nos olhos dela quando o via em mais uma de suas conquistas, mesmo conhecendo a traição que partia seu peito ao vê-la saindo do dormitório de outros garotos. Nada disso importava quando não conseguiam resistir a estar nos braços um do outro.

Eles pertenciam um ao outro, e todos sabiam disso. Menos ela.

“Eu não estou com ciúmes”. Ele afirmava abraçado a Marlene, havia arrastado-a para o quarto após vê-la grudada em um garoto da Lufa-Lufa. “Ciúmes é querer algo que se não tem. Você já é minha, eu só estou sendo territorial. É da minha natureza.” Marlene riu, enterrando a cabeça em seu peito ao tentar sufocar a risada, enquanto Sirius apenas passeava as mãos pelo seu corpo nu.

Concentrei-me em rezar,

Você veio do fundo do oceano

Foi preciso o fim dos estudos para que ele aceitasse o que sentia, para que ele soubesse que queria sim ter o coração partido por Marlene, quantas vezes ela quisesse, contanto que estivesse com ela. Eles se despediram na saída do trem, como se nunca mais fossem se ver. Sirius entrou para a Ordem com seus amigos, dedicado em combater as forças do Lorde das Trevas, ocupou seu tempo inteiramente com isso.

Ele sentia tanta falta de Marlene que doía.

Alguma coisa lá fora ouviu?

Doía lembrar do festival de música a que foram juntos e dormiam na mesma barraca, eles insistiram que eram apenas amigos. Doía lembrar do verão na casa dela, onde fizeram corrida de vassouras, quando James acabou ganhando, pois os dois não conseguiram não se agarrar em pleno céu. Doía lembrar das saídas noturnas do grupo, os dois se embebedavam e acabavam nos braços um do outro.

Eles sempre acabavam nos braços um do outro.

Todas as complexidades e jogos

Ninguém ganha, mas, de alguma forma, eles continuam enganados

Sirius se lembrava do dia em que a reencontrou, no casamento de James e Lily, os dois eram os padrinhos, e ela nunca esteve tão linda, parecia uma deusa em seu vestido dourado, os cabelos castanhos soltos até a cintura, com a boca pintada em vermelho da luxúria. Ele não aceitou soltá-la, todas as danças de Marlene eram dele, exceto quando James bateu nele para ter a chance, e o fim da noite de Marlene, foi exclusivamente de Sirius.

Ele não queria deixa-la, não queria perde-la. Queria amá-la para sempre.

Todos os corações despedaçados

Eles podemos morrer, mas em nós continuam vivos

Foi uma bela surpresa quando a viu em uma típica reunião da Ordem, sendo apresentada por Dumbledore em uma bela noite de inverno. A linda e intrépida jornalista que não tinha papas na língua ao falar de Voldemort, que não tinha censura ao noticiar os terríveis acontecimentos da guerra, que investigava e descobria os podres de comensais, revelando-os sem medo algum. A caçula de uma família com quatro irmãos Aurores, que seguiu um caminho mais simples e tão perigoso quanto.

Marlene, que ainda não aceitava se prender a um homem.

Eu acredito

e eu acredito porque eu posso ver

Foi a guerra que os aproximou novamente. A guerra que trouxe de volta o espírito de líder em Marlene, que inspirava todos eles e trazia esperança aos bruxos por seu jornal. Marlene que após um terrível ataque a uma família de nascidos trouxas, onde a Ordem estava reunida para tentar salvá-los, foi até a praça da cidade e desprezou todos os bruxos por fecharem os olhos àquilo.

“Sua dor é a mesma que a minha. Seu sangue é o mesmo que o meu. Talvez a morte deles tenha significado, apenas se nos levantarmos agora e dissermos não. Não às mortes, não à guerra, não ao ciclo interminável de violência. Eu digo chega disso! Chega!”

Marlene que foi caçada avidamente por comensais depois disso. Marlene que chorou a morte de Régulus, a quem amava tanto quanto amava Sirius, e percebeu, que não poderia mais resistir a ele, que não poderia desperdiçar o amor que tinham um pelo o outro, não naqueles tempos de guerra, não quando ambos poderiam estar mortos a qualquer momento, não quando Sirius poderia não voltar para casa depois de uma missão, quando ela poderia não sobreviver a uma simples ida ao trabalho.

Os nossos dias futuros

Dias de você e eu

Ele se lembrava perfeitamente do dia. Nevava terrivelmente. Ela estava prestes a ir embora, lágrimas caíam como cascatas de seus olhos. Sirius a segurou, agarrou seus braços e a impediu de partir, com o peito partido ao meio. A dor de perder Régulus dilacerava os dois.

“ Isso é absurdo!” Marlene gritava, sem parar de chorar, olhos em súplica para Sirius, “Isso tem que acabar! Agora!”

“Eu não me importo com o que houve entre vocês. Não me importo que você o amou. Eu amo todas as partes de quem você é, e não posso mais estar longe de você, não posso mais ficar longe da mulher que amo e com quem preciso estar todos os dias da minha vida.”

“Eu poderia ter estado lá por ele. Você deveria ter estado lá por ele!” Marlene gritou, soltando-se dele, abraçando seu próprio corpo. “Ele precisava de mim! Precisava de nós dois! E enquanto isso, eu estava aqui, sem conseguir deixar você, sem conseguir resistir a você. Eu não posso mais fazer isso.”

Quando furacões e ciclones se enfureceram

Quando ventos transformaram sujeira em pó

Ele se ajoelhou, pondo seu coração na mão, entregando sua vida à mulher que amava, esperando apenas ser amado de volta.

"Eu sei que você me ama, Marlene. E eu amo você. Eu não poderia amá-la mais do que amo." Sirius beijou a mão de Marlene, lágrimas caíam de seus olhos castanhos. "Fique. Aqui. Comigo."

Marlene não respondeu, virada para a janela, de costas para ele.

Ela não respondeu. Sirius foi até ela, segurando sua cintura, beijando seu ombro.

"Me deixe amá-la, Marlene."

Marlene virou o rosto, e as lágrimas agora presas nos olhos não conseguiam esconder a paixão contida neles, a forma com que eles brilharam, quando ela sussurrou fracamente:

"Eu amo você, Sirius." Sirius a girou para si, apertando o corpo dela contra o seu e a colou seus lábios, incapaz de se conter. "Eu sempre amei."

Ele a tomou naquela noite, como se fosse a primeira vez.

Eles se amaram por toda a noite, como se fosse a última vez em que estariam juntos.

E no dia seguinte, eles se casaram.

Quando enchentes vieram ou as marés se levantaram

A vida não ficou mais fácil. O dia não apagou a dor que ainda os tomava, mas a felicidade que sentiram era capaz de iluminar o mundo. Marlene não havia vestido nada mais que um vestido branco simples e curto, o cabelo preso em um coque impecável. Apenas Lily e os marotos os acompanharam. Naquela noite jantaram com os McKinnon, que celebraram o início da nova vida de sua garota, e foi naquela noite que os dois finalmente viveram juntos.

Isso nos aproximou mais

Foi como viver um sonho. Marlene passava os dias fora, e Sirius chegava tarde de missões. Mas sempre estavam juntos. Sempre se amavam. Ela reorganizou os discos do maroto, enquanto ele cozinhava para ela todos dias. Ela voltou a pintar, uma grande paixão que possuía, e muitas vezes passavam noites insones rindo enquanto ele posava para ela, e ela dedicava a alma às suas pinturas.

Não muitas semanas depois, Marlene descobriu que estava grávida. Eles eram jovens, inconsequentes, cheios de paixão; não foi uma grande surpresa. Sirius nunca havia se sentido tão feliz. Ele estava na cozinha quando ela contou, Sirius a rodou por toda a cozinha, gritando e beijando-a ao abraça-la. Todos os amigos ficaram contentes com a notícia, todos passaram a noite comemorando, para a frustração de Marlene que não podia beber.

Ela havia sido uma grávida tão linda, Sirius se lembrava com um sorriso. Ele sempre tirava fotos dela, e Marlene sempre se divertia com a barriga e os extras cuidados dele. Nem tudo no entanto, eram flores. Marlene continuava a trabalhar, continuava a ser transparente e revelar informações e planos de Voldemort, continuava a escrever discursos de esperança e força para todos, continuava a desafiar o lorde das trevas.

E isso deixava Sirius aterrorizado.

“Vamos fugir, vamos para outro lugar, deixa-la segura.” Sirius sussurrou uma noite, a cabeça de Marlene descansava em seu peito enquanto ele acariciava sua barriga, acariciava seu corpo. “Vamos para longe daqui”. Ele tornou a dizer.

“Fugir para onde?” Ela perguntou com um sorriso, erguendo a cabeça para encará-lo com doçura tão incomum para ela. Sirius suspirou, beijando-a na testa. “Não há lugar para nós a não ser aqui. Nossa casa é aqui, nossa família está aqui.”

Sim, a casa dele era onde quer que sua família estivesse.

Todas as promessas ao pôr do sol

Eu as fiz, como o resto

O dia em Maxine Adhara Mckinnon-Black nasceu, foi o dia mais feliz da vida de Sirius. Era solstício de Inverno, na hora mais escura, quando ela chegou, irradiando amor pelo quarto deles, iluminando toda a casa, a vida de Sirius e Marlene, como uma verdadeira Black. Sirius conheceu a verdadeira felicidade naquele dia, conheceu o sentido mais puro e verdadeiro do  amor, da alegria.

Sirius quis seguir a tradição da família de Marlene, e como ambos eram fãs do filme Mad Max, eles simplesmente sabiam que aquele seria o nome de sua filha. Marlene quis que a tradição estelar dos Black também estivesse presente, e mesmo contra a vontade dele, escolheu Adhara, também como uma homenagem à Régulus, de quem os dois contavam histórias toda noite para Maxine.

Ele mal dormia nos primeiros meses, mal conseguia ficar sozinho, mas nada disso importava quando ele passava os dias com Marlene e Maxine, amando-as, cuidando delas, dançando com elas, cantando e adorando-as. Ainda estavam em guerra, ainda havia a ameaça de Voldemort pairando sobre eles, ameaçando o futuro de sua filha, a felicidade de sua família, mas nada disso nublava a felicidade de Sirius, só o deu ainda mais forças para lutar, só o tornou invencível.

Harry nasceu não muito tempo depois, e com muita alegria Sirius e Marlene aceitaram serem padrinhos, tal como haviam pedido a eles para que fossem o de Max, sua adorada Mad Max. A família dos Marotos finalmente estava completa, todos eles estavam felizes e cheios de amor, mais unidos do que nunca. Entretanto, junto à felicidade do batismo de Harry, veio a derradeira profecia que mudou a vida deles.

Sirius não sabia ainda, mas aquele foi o início do fim.

Todos os demônios que costumavam nos rodear

Sinto-me grato por terem nos deixado

Foram meses de caos. O Lorde das trevas e seus comensais nunca estiveram tão ativos e dedicados a causar o caos, determinados a vencer a guerra. A Ordem estava igualmente ocupada, se esforçando ao máximo junto ao ministério para conseguirem combate-los. Sirius ficava cada vez mais tempo longe, em missões, enquanto James e Lily tinham que se esconder, e Marlene corria pelo país, tentando proteger o máximo de pessoas que podia, encontrando cada vez mais destruição.

Já era fim de ano quando ao chegar em casa após dias longe de sua família, encontrou Marlene de pé ao berço, olhando fixamente para Max, que ressonava tranquilamente alheia ao caos que corria no mundo. Sirius se aproximou devagar, cercando seu corpo ainda que ainda encaixava perfeitamente no seu; Marlene deixou-se ser abraçada, descansando a cabeça em seu peito, sem deixar de olhar para a filha.

“Amor” Sirius sussurrou em seu pescoço, os ombros de sua esposa tremiam quando ela soltou um pequeno, quase silencioso soluço. “Fale comigo”.

“Eu estou com medo”, Suas palavras fluíram num sussurro, “Tem havido mais e mais mortes, ele... ele está ganhando poder tão rápido, e seguidores ainda mais rápido. Estamos lutando uma causa perdida, Sirius. O que acontecerá com o futuro de nossa filha?”

“Eu não sei”, Sirius respondeu honestamente, beijando a curva de seu pescoço. “Mas não podemos viver nossas vidas com medo, é exatamente isso o que ele quer”

Sirius a virou, gentilmente, as mãos na lateral de seu corpo, os olhos azuis repletos de uma paixão tão grande, que a emocionava. Marlene ergueu os pés, Sirius inclinou a cabeça na direção dela, e os lábios dos dois se encontraram num beijo apaixonado, doloroso, molhado por suas lágrimas, mas ele entendia, ele sempre a entendia. Ao se afastarem, relutantes, Sirius afastou uma mecha de seu cabelo do rosto, e a estudou, os lábios se curvando em um sorriso de canto.

“Nós ficaremos bem amor, todos nós ficaremos bem”

Ele nunca esteve tão enganado.

Tão persistente em meus caminhos

Ei, Anjo, eu estou aqui para ficar

No primeiro aniversário de Maxine, não houve festa, eles apenas se reuniram no apartamento de Sirius, inutilmente tentando esquecer que talvez não houvesse um futuro em que comemorariam aquela data novamente, que talvez não vivessem para ver um segundo aniversário de sua filha, ou sequer o de Harry. Enquanto observavam a menina de olhos azuis correr atrás de Harry de um lado a outro, eles rezavam para que aquilo acontecesse novamente.

Mas não aconteceu. Eles mal via a filha, mal podia demonstrar a Marlene o quanto a amava. Eles estavam de fato perdendo aquela guerra, perdendo seus amigos; James e Lily tinham que se mudar várias vezes e um deles era o traidor, doía pensar que qualquer um deles fosse um traidor, doía mais ainda considerar que aquele que os denunciava era Remo. Marlene não aceitava aquilo, insistia em toda reunião que suspeitarem um dos outros era exatamente o que Voldemort queria, causar a desunião.

Sirius queria acreditar nela, mas não conseguia.

Sem resistência, sem sustos

Por favor, isto é bom demais para acabar

 “Eu estou grávida”

Aquelas três palavras mudaram seu mundo novamente. Era apenas mais um verão, quantas verões eles não haviam passado se divertindo, curtindo o máximo que podiam? Esse passado parecia estar tão distante... Sirius tinha acabado de pôr a filha para dormir, aproveitando para descansar por cinco minutos ao lado de sua esposa. Ele acordou no meio da noite, com o vazio ao seu lado. Ele se sentou confuso, distinguindo a visão de Marlene sentada na beira da cama, longe dele.

“Marls, o que houve?”, Sirius se endireitou, confuso do porquê de sua esposa não estar enrolada ao lado dele.

“Nada”

“Não é nem mesmo sete da manhã, você nunca acorda antes das onze no sábado.”

Marlene respirou fundo, lentamente, conforme sentia os braços de Sirius envolverem seu corpo, como fizeram tantas vezes antes, apertando-a forte.

“Eu estou grávida, Sirius. Grávida”

Sirius congelou, o coração saltando em seu peito. Com um engasgar, ela deitou a cabeça no braço dele, e sem conseguir se controlar mais, suas lágrimas se libertaram. Sirius a abraçou, murmurando palavras calmas em seu ouvido, sussurrando votos de amor, promessas falsas de que ficariam bem, que aquilo era mais um sinal de esperança, que ele cuidaria de todos eles. Após horas aconchegados nos braços um do outro, ela suplicou, com voz firme que sempre havia amado.

“Vamos fugir, vamos encontrar um lugar seguro, um lugar para que nossa família possa estar em paz. Nós precisamos protege-los, Sirius.”

Ele a beijou, tão apaixonado por ela quanto da primeira vez que a beijou.

“Sim, amor, nós vamos”

No dia seguinte, os dois foram sua última reunião da Ordem, todos estavam lá pela primeira vez em meses, e quando Marlene contou com um sorriso mínimo, que sua família aumentaria, todos gritaram de felicidade, abraçando-os, contentes por eles, pela vida que viria em um momento sombrio como aquele, um raio de esperança em meio à escuridão.

E quando Sirius anunciou, que deixariam a Ordem, que iriam embora para manterem-se seguros, nenhum deles contestou, ou tentou convencê-los do contrário. Dorcas deu a ideia de uma foto, para registrarem a Ordem da Fênix, que todos continuaram do lado um do outro, mesmo que se afastassem, e aquela foto deveria ser a prova disso. Eles estavam felizes por eles, passaram o resto da noite comemorando como velhos amigos, despedindo-se com bebidas e histórias de suas aventuras passadas.

James e Lily abraçaram seus dois melhores amigos, e desejaram toda sorte do mundo a eles, Remo beijou Marlene, desejando felicidade. Rabicho foi o único a se manter calado, afastado, olho fixo na amiga que havia amado secretamente por tantos anos.

Sirius não percebeu na hora, não tinha como ter percebido, mas esse deveria ter sido seu sinal vermelho.

Eu acredito, e eu acredito porque eu posso ver

Se passaram duas semanas até o fim de seu mundo.

Duas semanas que Sirius preparou a mudança deles. Duas semanas em que Marlene se despedia da família. Duas semanas em que ele se despediu de seu melhor amigo, e preparou tudo para a partida deles. Partia seu coração deixar seus amigos sozinhos para lutar aquela guerra, mas não havia nada mais que ele pudesse fazer. Não quando sua família estava em perigo.

Era fim de julho quando ele perdeu seu lar.

Os nossos dias futuros

Dias de você e eu

Sirius estava no Beco, terminando suas compras quando escutou a agitação dos bruxos que lotavam o Beco, quando notou a saída apressada de jornalista do Profeta Diário, todos aparatavam assim que pisavam nas ruas do Beco, mas os boatos já haviam se espalhado, e de sussurro a sussurro, seu mundo se estilhaçou.

“Você ouviu? Os Mckinnon foram mortos. Todos eles, foi um massacre.”

O tempo pareceu parar. Um zumbido tomou conta de seus ouvidos. Suas mãos, antes cheias de roupas e brinquedos, ficaram subitamente vazias. Sirius não sentiu seu corpo se mover, não sentiu o contorcer familiar da aparatação.

Ele só corria. Corria contra o tempo, corria para sua família, para o seu amor.

Corria para o seu lar morto. Para o seu destino.

De você e eu

 “Por favor, esteja bem, por favor Marls, esteja bem” Sirius repetia para si mesmo, sem parar, sem conseguir respirar. Ele atravessou as ruas desertas até sua casa, suas pernas se moviam a toda velocidade diretamente para a fumaça cinza que tomava o céu, como um farol que chamava apenas a ele, que alertava apenas ele.

O movimento estava na frente de seu prédio. Sirius puxou sua varinha, mas não eram comensais, não eram ameaças. Eram pessoas que choravam, vizinhos queridos por sua família, todos choravam, abraçados diante do prédio em chamas, com bombeiros na frente, ainda apagando o fogo. Sua casa está em chamas.

Ele não precisou de mais do que um minuto para procurar por Marlene ali.

“Há dois corpos na cobertura” Ele escutou com o coração retumbante. “Foram trancadas por dentro. Uma criança...”

Está tão quieto aqui

E eu me sinto tão frio

O sangue pingava em seu ouvido. Sirius atravessou as portas destruídas e correu escada acima, o cheiro de fumaça e chamas nublava seus sentidos.

― MARLENE!

Ele gritava ao irromper porta adentro, mas sua voz subitamente ficou presa dentro de si. Marlene não estava ali. Um silêncio perturbador dominava o ambiente, e mesmo com a fumaça escaldante que emanava do lugar, Sirius não sentiu nada além de frio.

Estava tão frio.

O papel de parede que Marlene tanto amava, destruído pelo fogo, manchado com sangue.

A cozinha, em que os dois comemoram a gravidez de Max, completamente destruída.

O sofá, em que fizeram amor tantas vezes, havia virado cinzas.

As janelas, em que Sirius costumava mostrar a natureza à Max, estilhaçadas.

Suas pernas se moveram, sozinhas, passavam pelos quadros pintados por Marlene, sombras de suas molduras ainda esfumaçavam ao chão.

As fotos de sua família, tão orgulhosamente espalhadas pelo corredor, não estavam mais ali.

Sirius encontrou a porta de seu quarto partida ao meio, caída ao chão, em carvão. E a porta do banheiro, dependurada, enegrecida.

Suas mãos tremiam ao alcança-la, lágrimas silenciosas rolavam por seus olhos, uma voz sussurrava em seu ouvido “Prepare-se”. Como ele poderia se preparar para aquilo?

Esta casa já não

Se parece mais um lar

A mão de Sirius repousou sobre a porta, não importando-se com o calor sobre sua palma, ele a empurrou devagar, e seus pés tocaram o chão escuro pelo fogo. Um embrulho do tamanho de uma criança estava na banheira, sua mão completamente queimada, escapava por fora dos cobertores molhados. O soluço irrompeu de seu peito, mas Sirius alcançou sua filha. O cobertor estava grudado em sua carne, ele não conseguia puxá-lo, não conseguia ver nada além dos seus fios castanhos chamuscados, na frente de seu rosto deformado.

Morta, Maxine estava morta.

Você fez meu coração sangrar e

Você ainda me deve uma razão

Porque eu não consigo entender porquê

Seus braços envolveram gentilmente o corpo de sua filha. Com a respiração cada vez mais rara, Sirius girou e encontrou Marlene, seu corpo sem vida caído no chão ao lado da banheira, bolhas de queimadura em sua pele, seu lindo rosto, deformado pelo fogo, marcado pela expressão de desespero e dor, o braço completamente em osso esticado para alcançar Maxine.

Morta, Marlene estava morta.

Você não pode me ouvir chorar

Ver todos os meus sonhos morrerem

― Não, não, Marls.

Seu corpo dolorido caiu. De joelhos no chão, Sirius puxou o corpo de sua esposa, de sua amada, de sua Marlene para si. Seu coração não batia, Marlene não respirava. Ela não estava mais ali.

― Marls, por favor, não me deixe. Espere, por favor, eu ainda preciso de você. Nós juramos, lembra? Nos amaríamos por toda a vida. – As lágrimas molhavam a carne exposta de Marlene, e Sirius a abraçou, deitando a cabeça em seu peito cavado, suplicante, apertando Max entre eles. – Eu não posso viver sem você, Marlene, eu não sou forte o suficiente para ficar sem vocês.

De onde você está

por conta própria

Marlene não podia ouvir seu choro.

Ela nunca saberia como aquele único momento destruiu todos os seus sonhos.

Marlene não poderia escutar seu chamado de onde estava.

Sirius nunca mais a escutaria chama-lo para casa.

Sirius não poderia leva-la para casa, nunca mais.

Sirius ainda precisava de Marlene, de sua família, mas ela já havia partido.

Ele estava sozinho.

Ele sentia tanto frio.

Está tão quieto aqui

E eu me sinto tão frio

Esta casa já não

Se parece mais um lar


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu tô chorando, vocês também estão?
Eu sou simplesmente uma louca por Blackinnon, e essa história deles, a história deles para mim, estava presa aqui por muito tempo.
Eu espero que vocês sintam todo o peso em Sirius, tudo que pus aqui.
Eu me inspirei em um fanvídeo em especial, esse aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=b9FP3uJozH4&list=PLL8-jUAA6SdtbhoPeC_BbWTOA5IQuCESb&index=12
Ele me destrói toda vez que o vejo, então não vou sofrer sozinha.

Aqui está minha querida e dolorosa playlist Blackinnon, caso também queiram ficar na bad.
https://open.spotify.com/playlist/2bsI4QUZl8mWQed6KL9717?si=J9dmhuiERoaJcBBrWlwEHg

Caso queiram consumir conteúdo Blackinnon, aqui está minha pasta para eles:
https://pin.it/4dGxcLh

É isso, espero que tenham gostado da história de amor e da tragédia Blackinnon.