— Como se sente Sar? – Camila disse invadindo o quarto de Sara literalmente. Desde o desmaio que Sara teve no fim de semana por conta da gravidez, Camila achou melhor ficar com uma cópia da chave de Sara, já que ela não havia aceitado ficar na casa deles.

— Bem melhor hoje. Acho que hoje o bebê resolveu se comportar um pouco.

— E você vai trabalhar mesmo?

— Você sabe que fotografar para mim não é trabalho, é diversão. Não vou me esforçar muito e vai ajudar a passar o dia. O bebê está tornando tudo mais difícil confesso. Queria saber qual era a parte mágica da gravidez.

— A gravidez pode ser mágica, Sara. O seu bebê que não está ajudando muito. – Camila riu.

— Como você pode saber? Você nunca esteve grávida. – Sara disse enquanto se fitava a frente do espelho, prendendo os cabelos em rabo de cavalo. 

— Eu se fosse você não afirmaria com tanta convicção. – Camila fitou-a desafiadora.

— Do que você está falando senhorita Mila? – Sara fitou-a com o canto de olho ainda desconfiada.

Mila então pegou em sua bolsa um papel, e alcançou nas mãos de Sara. Ela olhou atentamente e não acreditou quando viu.

— Quando descobriu?

— O resultado veio hoje de manhã. Depois que soube que você estava grávida, comecei a repensar meus sintomas, meu atraso e fui fazer um exame. Já estou com três meses. – Disse toda contente.

— Caramba, você tá grávida do meu marido. – Sara riu. – E eu estou feliz com isso. – Zombou. – Ele já sabe?

— Ainda não. Vim direto para cá depois do exame. Achei justo que você fosse a primeira a saber, já que eu também fui. – Disse rindo. – Eu estou tão feliz.

As duas sorriram e se abraçaram por alguns segundos.

— E já posso dizer, que eu estou melhor que você. – Mila começou a rir. – Pelo menos passei três meses sem enjoos. - Piscou.

— Mala. – Pego uma almofada e tocou nela.

— Quer uma carona até o estúdio?

— Claro. Hoje é segunda e vou conhecer qual será o famoso artista ao qual vou fotografar. Nunca fizeram tanto mistério com outro. – Virou os olhos. – Até eu já estou curiosa.

— Posso ficar para conhecê-lo? – Perguntou curiosa.

— Nada disso, você irá para casa contar para o meu marido que está grávida dele e decidir com ele irá contar pra mim sobre essa traição. – Riu. – Brincadeira Mila, mas é sério, aproveite que esse bebê tem pai, e fala com ele. Quem dera que eu tivesse a oportunidade de falar com o Gris. – Suspirou. – Vamos?

Sara aceitou a carona, depois de tantos enjoos ela tinha medo de perder o controle do carro. Estava utilizando taxi quase a maioria das vezes, a gravidez havia deixado ela muito medrosa. Ela sempre pensava que talvez quando os enjoos e tonturas passassem, ela se sentiria melhor, talvez se Gilbert estivesse ali, ela estaria mais segura.

Suspirou.

Precisava tanto falar com ele, ao mesmo tempo em que não o suportava mais. Muitas pessoas haviam a olhado estranha desde então, algumas fãs e outras que haviam visto ela em noticiários. Nunca pensou que tudo isso chegaria no Brasil. E agora tinha que proteger o bebê, ninguém deveria saber dele e o quanto mais pudesse esconder, melhor seria.

— Chegamos Sara. Há cinco minutos.

Camila a tirou de seu devaneio. Sara agradeceu a carona, despediu-se e desceu do carro. Entrou dentro da empresa, e parecia que fazia anos que não pisava ali dentro, parecia uma pessoa totalmente diferente antes das férias do que depois.

— Sara. – Foi quase como um grito.

Morgan veio como uma louca e abraçou Sara. Depois de contar sobre as novidades e fazer um interrogatório sobre Gilbert Grissom, ela deixou Sara seguir seu rumo até a sala de seu chefe.

— Obrigado por ter vindo Sara. – Senhor Aguirre disse logo depois de cumprimenta-la.

— Capaz. Então, quando vamos conhecer o misterioso ator americano? – Sara zombou.

— Eles devem estar chegando em meia hora. Não sei quem são, só sei que vieram direto dos Estados Unidos para cá. Vão ficar hospedados em um hotel aqui perto. Até onde eu saiba já chegaram ao Brasil hoje cedo, devem estar vindo do hotel daqui a pouco.

— Vamos esperar então.

A meia hora passou lenta, Sara comeu algumas frutas e logo foram para a sala de reuniões. Teriam uma reunião previa antes das fotos, onde passariam detalhadamente o briefing da campanha.

— Bom dia senhor Aguirre, as pessoas que o senhor estava esperando já estão na sala de espera. Posso pedir para que entrem? – A secretária sorriu cordialmente.

— Claro. – O senhor Aguirre olhou apreensivo para Sara.

Logo os homens foram entrando. Primeiro o agente, seguido por outro homem – que Aguirre não soube identificar quem era – e por último Gilbert Grissom. Quando Sara levantou o olhar para Gilbert, seu coração disparou. Se fosse outro contexto teria lhe dado um belo tapa na cara, mas agora o que fazer? Seus olhos seguiram fixos nos dele, ele no entanto não tinha expressão, como se esperasse alguma resposta de Sara.

Sara fitou-o duro, porém no fundo tinha vontade de jogar-se em seus braços e lhe contar toda a vontade. Logo se recordou que era ele quem ela teria que fotografar e quando a ficha caiu sentiu-se louca.

— Eu não posso fazer essas fotos. – Disse assim que todos se sentaram. – Nós temos ótimos profissionais, porém creio que temos um conflito de interesses aqui. Creio que outro profissional seria muito melhor nesse caso.