Coisas Quebradas escrita por Enypnium


Capítulo 2
Capítulo 2: AO RESGATE DE BICHENTO.


Notas iniciais do capítulo

Uau... uau! Das três histórias que já publiquei, essa é a primeira que desperta tanto interesse logo de cara. Isso me deixou em êxtase.

Muito, muito obrigada a você que comentou, seguiu ou favoritou "Coisas Quebradas". Você já é muito especial para mim, e adoro compartilhar esse novo entusiasmo descoberto por Vingadores com você.

Agora, tem uma coisa importante que quero perguntar. O resumo da história está bom? Chama a atenção? É interessante? Foi ele que fez você escolher essa fanfiction para ler?

Edla, muito obrigada por recomendar essa história. Fiquei muito feliz com seu comentário e espero estar à altura da boa vontade que você deposita em mim. Saiba que sou incapaz de escrever capítulo pequenos, é tipo minha danação pessoal. Mas fazer o que.

PS: Esse capítulo foi um pouco difícil. Não saiu exatamente como eu desejava, mas em algum ponto, depois de trabalhar nele por mais de um mês, eu só queria seguir em frente. Então, peço desculpas por não estar tão bom. O esforço será redobrado no próximo!

Erros de português? Inevitável meu caro Watson...



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Capítulo 2: AO RESGATE DE BICHENTO.

 

— Finalmente, Stark! – Clint jogado sobre um sofá de aspecto caro, saudou o retorno de Tony para a sala de reuniões, com um bufo de impaciência.

Steve não o culpava inteiramente. As últimas oitenta e sete horas insones de perseguição a Ultron, até a África do Sul, tinham esgotado todos eles. Entretanto, antes que pudessem se retirar para um muito necessário descanso, ter mais informações sobre a desconhecida mulher que interessava tanto ao Androide, era imperioso.

— Eu sei que minha genialidade faz com que pareça fácil fazer o que faço, mas invadir agencias governamentais de mais de duzentos países, não é tão simples quanto parece. – Tony se defendeu, aborrecido.

— E, então, o que descobriu? – Steve perguntou, dando as costas a contemplação da penumbra nova-iorquina que avançava madrugada adentro, para se concentrar na reunião. Ele tinha esperanças de que Tony trouxesse notícias que contradissessem seus instintos sobre Hermione Granger. Porquê, apesar de tudo, neste momento, ele se sentia incomodado com o olhar magoado que a moça havia lançado em sua direção, quando, ainda a pouco, ele a deixou no quarto em que ela deveria permanecer até segunda ordem.

— Que a Srta. Mistério, é um enigma dentro de uma charada. – Tony respondeu, chacoalhando no ar, o tablet que tinha nas mãos. – Jarvis teve um pouco de trabalho para localizar as poucas informações disponíveis. Todos os registros sobre ela, não preencheriam metade de uma folha de papel.

Do outro lado da sala, Natasha bufou com desdém.

— Isso é oitenta e três páginas e meio a menos do que consta em seu registro, Natasha, e você foi a espiã de duas das agências mais secretas que já existiram – Clint a lembrou, lançando um meio sorriso zombeteiro em sua direção – É algo para se considerar.

— Concordo – Bruce Banner balançou a cabeça em um aceno positivo, só para se encolher em seguida, com o olhar traído que Natasha lhe lançou.

— Seja como for – Tony continuou – Hermione Jean Granger, nasceu em Londres em 19 de setembro de 1992, filha única do Sr. Mark e a Sra. Elianor Granger, também londrinos, dentistas e com boa saúde financeira. Ela foi para a pré-escola com quatro anos, um ano mais cedo do que deveria, porque foi considerada bastante inteligente e madura para a idade. Ao que parece, os pais incentivaram uma vida escolar proficiente, matriculando-a nas melhores instituições de ensino que o dinheiro pudesse pagar. Ela estudou piano, dança, italiano e francês...

— Dificilmente eu qualificaria como misteriosa, uma garota suburbana*. – Natasha interrompeu Tony, com um leve ar de descrença. – Parece uma vida bem tediosa e comum para mim, exatamente como ela disse que era.

— Não precisa ficar com ciúmes. Você ainda é nossa Garota Misteriosa favorita - Tony falou, piscando marotamente para ela. A ruiva revirou os olhos - Sim, ela teve uma infância relativamente normal. Porém, o mistério começa pouco depois de ela completar onze anos*. Hermione Granger, simplesmente deixou de existir. Não há nenhum registro dela depois de 2003. Sem matrícula em escola ou universidade. Nenhum registro médico. Nenhum documento emitido. E, tão pouco, cartões de crédito ou conta bancaria. “Niente*”. Exceto por uma viagem à França em 2005, onde há bilhetes e reservas aéreas emitidas em seu nome. Depois disso, Poof! Puf! Ela desapareceu novamente, e assim permaneceu por mais sete anos.

— E quanto aos pais? – Steve perguntou. Como ele temia, ao invés de uma inocente e comum mulher, a Srta. Granger insistia em permanecer suspeita.

— Indagação justa – Tony respondeu, voltando sua atenção ao tablet – Os pais permaneceram no sistema. Endereço de escritório, movimentações financeiras, declarações de imposto de renda, até 2009, quando eles também desapareceram, assim como ela.

— Talvez, tenham feito a passagem? – Thor perguntou de seu lugar ao lado de Clint, no confortável sofá.

— Se morreram, não deixaram registros – Tony esclareceu, estremecendo ligeiramente. - A aproximadamente três anos, a Srta. Granger voou de Londres para New York, e desde então, ela simplesmente voltou para o mapa. E voltou com tudo, devo dizer. Trabalho, casa e conta bancária. Só que, com um limite de crédito medíocre, se querem minha opinião. - Ele acrescentou desnecessariamente, só para exibir suas habilidades de hackeamento. - Ela trabalha para a equipe de museologia do Museu Metropolitano de Arte. É responsável pelas traduções e catalogações de textos e documentos dos acervos greco-romanos e medievais. O Met. a tem em alta conta, a julgar pelos relatórios que consegui acessar.

— Como ela conseguiu um trabalho desses sem ter frequentado alguma Universidade? –Banner, indagou com a testa franzida.

— Pensei que ninguém ia perguntar isso – Tony, lançou um sorriso satisfeito ao Doutor. - Não há nenhum currículo arquivado no Met. É como se ela tivesse entrado pela porta um dia e começado a trabalhar.

— Ela pode ter um contato lá dentro? Alguém que a tenha empregado sem experiência? - Steve levantou a hipótese, sentindo-se estranhamente decepcionado pela perspectiva de ela ser uma espécie de fraude.

— Possível, mas pouco provável. Seu trabalho de tradução inclui: latim clássico, grego antigo, e uma variedade de dialetos mediévicos. – Tony respondeu – E antes que alguém pergunte, o trabalho dela em que pude pôr as mãos, é impecável. Autentico. Jarvis verificou. É preciso muito conhecimento para ser um exímio tradutor, não apenas da língua em si, mas da sociedade e sua cultura. Dificilmente o Met., contrataria alguém sem experiência.

— Então, presumo que ela more em New York? – Natasha perguntou.

— Sim, em Manhattan - Tony leu no tablet.

Um silêncio caiu na sala com as revelações.

— O que Ultron faria com uma tradutora? – Bruce questionou, algum tempo depois, para ninguém em especial.

— Bem, a Lady, obviamente, não pode ser “apenas” uma tradutora – Thor adicionou.

Natasha franziu a testa.

— Tem certeza de que você pesquisou tudo mesmo, Stark? – Ela perguntou, desconfiada.

— Assim você me ofende, viuvinha. Porque acha que demorei tanto? – Tony levou a mão ao coração, fingidamente ofendido.

— Essa pesquisa foi inútil. Continuamos sem saber nada relevante sobre ela – Clint acrescentou com um gemido de frustração.

Tony lançou ao Gavião Arqueiro, um olhar verdadeiramente insultado, dessa vez.

Intimamente, Steve concordou com Clint. Não que ele fosse dizer isso a Tony, e correr o risco de feri-lo de morte.

O Capitão suspirou cansado. Eles tinham feito tudo o que podiam, por hora. Havia chegado a hora de traçar planos. Ele limpou a garganta para chamar a atenção para si:  

— Clint, Natasha: tentam descobrir com seus antigos contatos, alguma informação adicional sobre ela. Vamos assumir que Hermione Granger é um risco. – Steve indicou as diretivas a serem tomadas como parâmetros de ação, agora que um novo elemento havia entrado na equação de caçada à Ultron. Ele recebeu dos Mestres Assassinos, dois acenos de cabeça idênticos, em concordância.  - Os demais, devem se concentrar em localizar Ultron. Ele é nossa prioridade número um e detê-lo é nossa responsabilidade. Mas, por hora, sugiro que todos vão descansar. Ninguém pode trabalhar bem, esgotados como estamos.

Clint se levantou do sofá com um gemido quase indecente de alívio.

— Estou de partida – Thor informou solenemente, se aproximando da porta com duas passadas largas. – A visão que a garota Maximoff me mostrou... preciso de algumas respostas para elas, e não vou encontrá-las aqui.

— Mas pensei que fosse nos ajudar com Ultron? – Banner questionou, alarmado.

— Volto o mais rápido possível. Confio que vocês serão capazes de vigiar uma garotinha com quarenta quilos de pele e osso. – Thor se virou na porta, com a mão na maçaneta, pedindo silenciosamente a permissão de Steve para partir.

O Capitão balançou a cabeça em concordância. Mesmo depois de três anos, ainda era estranho para ele, dar ordens a um semideus, mas, Thor, aceitava com humildade seu comando.

O grande homem saiu porta afora sem mais nenhuma palavra, ladeado pelos demais Vingadores que se retiravam para seus aposentos pessoais, a fim de descansar pelas horas que restavam da noite.

Steve fechou a porta atrás de si com um gosto amargo na boca. Ele tentou abafar a culpa que o sobrecarregava, por manter a jovem Dama enclausura.

—____________________

O silêncio dentro do carro pesava de modo sufocante entre os passageiros, e só não era mais massivo do que a tensão que corria por entre os corpos, como se fosse uma corrente de eletricidade de alta voltagem.

Para, pelo menos, dois dos três viajantes, esse não era um sentimento incômodo, de modo algum, ainda que, nunca tão opressor.

Steve Rogers no volante da Land Rover, sabia que a apreensão amplificada ao máximo, nada tinha a ver com um possível ataque de Ultron, mas sim com a Desconhecida sentada rigidamente no banco de trás.

O estado de vigilância que emanava tão obviamente dela, fazia os instintos do Capitão América responderem automaticamente; prontos para entrarem em uma luta a qualquer momento.

Um olhar para a companhia sentada ao seu lado no branco da frente, garantiu-lhe que ele não era o único com os nervos esticados, a julgar pela expressão implacável e a atenção compenetrada, com que Natasha Romanoff, vigiava o espelho retrovisor direito, que refletia um fragmento da Dama no assento traseiro.

Contudo, ele sabia que a Desconhecida – Hermione, ele se corrigiu. O nome dela se enrolou em sua mente com a estranheza – Não havia se movido um único milímetro de seu lugar à janela, porque ele mesmo vinha mantendo uma vigilância cautelosa sobre o espelho retrovisor central, de onde tinha uma boa visão dela.

A Srta. Granger estava uma bagunça. Seu aspecto era ainda pior do que do dia anterior, se é que isso era possível. A despeito de ter sido acomodada no melhor quarto de hóspedes da Torre Star, claramente, ela tinha passado a noite insone e a privação de sono tinha lhe custado caro. Embaixo de seus olhos, haviam hematomas hediondos; sua pele estava macilenta; seus cabelos ainda mais secos e sem vida; e sua magreza revoltante, ainda mais acentuada pela luz do dia. Ela parecia precisar desesperadamente, de uma noite de sono decente e de muitas refeições nutritivas. Em retrospectiva, ele tinha que admitir que seis pessoas, entre as quais, apenas uma era mulher, cercando-a e intimidando-a, na noite passada, devia ter sido assustador.

Não que Hermione tivesse demostrado algum sinal de medo que pudesse ter substituído sua expressão de desinteresse ou o olhar distante, com o qual, ela observava a paisagem urbana de Manhattan, passar por sua janela.

Incomodava ao Capitão o fato de ela não reagir. Ele honestamente esperava que, de algum modo, ela resistisse a ideia de ser mantida sob a custódia deles; talvez argumentando fortemente, ou quem sabe tentando escapar.

Não que ela obtivesse sucesso de tivesse tentado. Já que, seguindo as restritas ordens dele, Jarvis deveria manter bloqueado o acesso desacompanhado dela, aos andares de pesquisa, ao hangar, a garagem e ao térreo.

Entretanto, exceto pelo pedido bastante razoável, essa manhã, por roubas e itens pessoais, e algo sobre a necessidade de resgatar um gato, Hermione não tinha feito qualquer movimento para escapar de seu “cativeiro”.

Era como se ela já tivesse desistido, antes mesmo de tentar e, estranhamente, isso não tranquilizava o Capitão, pelo contrário, o enervava ainda mais. Ele teria apreciado se ela fosse feita de um aço mais resistente.

Pelo menos, apesar da incrível tensão que saturava o ar do veículo, a viagem tinha sido tranquila. Sem incidentes estranhos. Sem Ultron avista.

De todas as coisas que eles não sabiam sobre Hermione até aqui, seu endereço era o mais surpreendente. Aparentemente ela era uma vizinha do Soho, morando em uma das ruas pacificas e bonitas do bairro, a poucos quilômetros da Torre dos Vingadores.

Ele estacionou na rua de paralelepípedos em frente ao endereço dela. O prédio de cinco andares, construído com ferro fundido e tijolinhos avista, com uma espécie de hera crescendo e cobrindo metade da parede norte, era um lugar bonito. Com personalidade. O tipo de residência, na qual, o Capitão moraria, se pudesse pagar por isso.

— Natasha, você vigia o perímetro. Vou acompanhar Hermione. – O Capitão dividiu a tarefa com sua companheira de equipe. O sinal de concordância da Viúva Negra, foi saltar do carro em total modo agente.

As ruas estavam relativamente tranquilas para os padrões de Manhattan. Os transeuntes nas calçadas, nem sequer, dispensaram um olhar na direção dos dois indivíduos usando trajes de spandex; totalmente absorvidos por seus aparelhos eletrônicos e a pressa agitada da vida na cidade grande.

A Viúva Negra caminhou para longe, com a intensão de circundar a quadra em uma primeira varredura. Qualquer civil que olhasse para ela, pensaria tratar-se apenas de uma mulher muito atraente, passeando despreocupadamente, mas o Capitão reconhecia o olhar predatório por baixo dos cílios que piscavam quase em flerte.

Sua tarefa, no entanto, era muito menos divertida. Ele conduziu uma Hermione taciturna, para dentro do prédio bem cuidado e aprazível.

A porta do imóvel no quarto andar, se abriu com um click fácil para recepcionar o Capitão América e Hermione Granger em um apartamento gelado, silencioso e escuro.

Hermione depositou as chaves em uma tigela ornamenta sobre um aparador ao lado da porta, e manteve a passagem aberta para ele entrar, fechando-a em seguida.

— Imagino que as luzes não sejam nossas amigas? – Ela perguntou, ao seu lado no hall de entrada.

Não pela primeira vez, o Capitão admirou a argúcia ímpar dela. Luzes acesas advertiriam um perseguidor que estivesse vigiando seu apartamento. Seria um erro muito básico, mas, também, bastante comum para qualquer civil. Uma inocente tradutora de textos antigos deveria se ater esse tipo de detalhe?

Os sentidos do Capitão América formigaram de desconfiança.

— Podemos acender alguns abajures, no entanto – Ele optou por dizer, no lugar de fazer perguntas, aceitando que seria impossível movimentar-se pelo apartamento escuro como breu.

Ele sentiu Hermione passar por ele e caminhar na escuridão com facilidade. Dois clicks depois, e uma luz branca suava, iluminou o ambiente o suficiente para permitir que eles transitassem sem esbarrar nos móveis.  

O apartamento de Hermione, certamente não era o covil de um super vilão de histórias em quadrinhos. Tinha uma planta em conceito aberto que revelava uma cozinha, uma sala de jantar, uma sala de estar e três portas aos fundos que levavam a outros cômodos escondidos da vista.

Estava decorado com pouca mobília, apenas o essencial, mas tudo de bom gosto e com acabamentos sofisticados. Era mais elegante do que ele teria suposto ao considera-la, ainda que, fosse bastante aconchegante.

O ar convidativo poderia ter a ver com a quantidade de livros. Havia muitos.

No lugar onde, qualquer casa do século XXI, exibiria um home theater repleto de eletrônicos modernos, na casa de Hermione, na parede oposta às janelas, havia uma grandiosa estante, que ia do chão ao teto, repleta de uma quantidade obscena de livros, que em algum momento, obviamente, tinham parado de caber lá, e foram organizados em pilhas quase artísticas, por todo o imóvel.

Steve conseguia imaginar a luz da manhã se derramando pelas janelas, e iluminando uma Hermione enroscada no sofá, com um de seus livros nas mãos.

Um barulho de chuveiro no cômodo adjacente, o despertou de suas abstrações. Ele queria muito continuar bisbilhotando, mas não seria cavalheiresco, de modo que, resolutamente, decidiu esperar pelo retorno de Hermione em seu modo totalmente comportado de Capitão América.

Ele caminhou despreocupadamente em direção do sofá branco, de aparência confortável, que ocupava uma boa parte da sala, até que, tropeçou em algo macio e quente que guinchou quebrando o silêncio.

Um gato laranja e roliço, com olhos amarelados e uma cara amassada, como se tivesse corrido de cabeça em uma parede de tijolos, encarava o Capitão América, lá do chão, com o ar mais insolente (?) e avaliativo (?) que ele já tinha visto em um gato.

Homem e animal se encararam por um segundo inteiro, antes do felino decidir que o Capitão era inofensivo, e sair de seu caminho, não sem primeiro, lançar na direção do humano, um olhar de desdém (?).

Ele só podia estar ficando maluco, pensou, chacoalhando a cabeça com um sorriso bobo, enquanto o estranho gato de sua estranha dona, desaparecia de vista.

Steve depositou o escudo ao lado do sofá e se sentou para esperar, e antes que tivesse a chance de se arrepender e reavaliar sua promessa de não bisbilhotar, Hermione retornou para a sala.

O banho parecia ter lhe feito bem. Ela estava vestindo uma variação mais limpa e nova, do conjunto de jeans e suéter da noite anterior, e seus cabelos molhados, caiam em abundantes cachos selvagens em volta de seu rosto corado pela água quente do chuveiro.

Ela seguiu para o sofá e sentando-se ao lado dele.

— Posso fazer uma pergunta? – Hermione questionou, enquanto passava uma toalha sobre os cabelos úmidos.

— Claro – O Capitão concedeu de bom grado.

— O que é um aprimorado? – Hermione perguntou. Seus olhos, cor de whisky, brilharam com curiosidade na pouca luz do ambiente.

Esse era o primeiro sentimento genuíno que ela demostrava abertamente, e a despeito de todos os mistérios que a rondava, Steve não pode deixar de notar, como a nova emoção suavizava sua expressão torturada.

Ele sorriu para a mudança bem-vinda, se recostando no sofá que era, de fato, tão confortável quanto parecia.

— Os aprimorados são pessoas que passam por alguma intervenção cientifica que altera sua composição celular. Em outras palavras, pessoas geneticamente modificadas – Ele explicou sucintamente. - Essas mudanças podem levar um indivíduo a desenvolver certas habilidades.

— Como quais? – Ela perguntou, mordendo o lábio inferir.

— Dos mais variados. Até onde sei, a maioria dos experimentos não foram capazes de delimitar ou controlar as mudanças. Pode ser algo como super força, ou super velocidade, por exemplo. – Ele forneceu a resposta da melhor forma que pode, sem entrar em maiores detalhes.

— E quanto a moça, Maximoff?

Ele se inclinou para frente apoiando os cotovelos nos joelhos e cruzando as mãos. O movimento o levou para mais perto dela.

— Até onde sabemos, Wanda se inscreveu voluntariamente para um experimento que a tornou aprimorada. Sabemos que ela tem a capacidade de telecinese, seja lá o que isso signifique; desconhecemos ao certo, a extensão dos poderes dela. Contudo, de todos os aprimorados que conheço, o poder dela é o que mais se assemelha com algo intangível... quase sobrenatural... como magia?... Talvez?

Hermione empalideceu diante das palavras dele. Uma expressão preocupada a fez franzir a testa. Ela se levantou do sofá e deu as costas para Steve.

O Capitão estanhou o súbito nervosismo dela.

— Quantos... quantos desses indivíduos existem? – Ela perguntou, passando as mãos pelos braços em um gesto ansioso.

— Não muitos. Com os irmãos Maximoff são cinco. Não temos conhecimento de outros. O Dr. Banner, acabou se expondo a raios gama em um experimento que deu errado. Ele sofre uma mutação quando se descontrola emocionalmente. Há um amigo meu que está desaparecido no momento – O Capitão confidenciou, instintivamente estremecendo antes de continuar: - E.… eu.

Com um choque de compreensão, Steve se deu conta, de que, em toda a sua vida, ele não nunca tinha explicado para ninguém o que significava ser um super soldado. A necessidade nunca havia surgido, porque, todas as pessoas que dele se aproximava, conheciam sua história e nunca o rejeitaram por causa dela. Às vezes, inclusive, isso era tudo o que viam: o soldado perfeito, engarrafado em um estereótipo de herói, delimitado por uma exposição de museu.

Certa vez, em uma discussão, o Homem de Ferro havia lhe dito, que ele não passava de um experimento cientifico, que tudo o que havia de especial nele tinha saído de um mero frasco. Steve nunca mais havia esquecido essas palavras, não achava que jamais as esqueceria. Tony Stark estava certo.

Curiosamente, porém, a jovem Dama, nada sabia a seu respeito, o que o colocava pela primeira vez, diante da possibilidade real de ser desprezado; considerado apenas uma aberração cientifica, como Tony parecia pensar. A ideia o assustou mais do que ele conseguia exprimir.

— Você também se transforma quando fica descontrolado? – Hermione questionou, se virando para observá-lo, alheia aos pensamentos perturbadores que assaltaram Steve momentaneamente.

Ele perscrutou o rosto dela, em busca de qualquer sinal de aversão, mas não havia nenhum. Ainda assim, seu coração bateu forte contra as costelas, quando ele respondeu:

— Meu caso é bem menos dramático. Quando eu era mais jovem, me candidatei para um experimento com soro e raios vita. O objetivo era tornar os soldados fisicamente mais preparados para a batalha. Quando o experimento terminou, eu tinha muito mais força, mais resistência e agilidade, do que meus colegas de farda, além de me curar mais rapidamente, entre outras coisas. – Ele falou modestamente.

Hermione mordeu o lábio inferior, como se estivesse se contendo para não fazer perguntas, mas não havia julgamento em seu olhar, apenas o brilho da curiosidade anterior, que abrandava significativamente o aspecto encovado de seu rosto.

O silêncio flutuou entre eles, e o Capitão observou enquanto os ombros de Hermione se enrijeciam novamente, e sua expressão quase ligeiramente descontraída, voltava a ficar aflita. Ela torceu entre as mãos a toalha molhada que ainda segurava.

Foi, então, que ele viu. Sob o jogo de luz e sombra da sala, um brilho chamou sua atenção. Steve engoliu em seco ao notar a única joia que ela usava. Um modesto solitário de designe antigo, que preenchia seu dedo anelar da mão esquerda.

Hermione Granger tinha um noivo. Um noivo que deveria estar esperando por ela nesse momento. Provavelmente desesperado com o sumiço de seu frágil amor.

Ele tentou esconder a surpresa com a revelação.

— Você pode querer avisar alguém sobre seu paradeiro. – O Capitão falou suavemente, sentindo sua voz aranhar a garganta apertada, pela renovada onda de culpa que o assaltou.

Hermione se sobressaltou, lançando em sua direção um olhar alarmado. Sua respiração se tornou difícil.

— Não tenho ninguém que possa se interessar por essa informação – Ela respondeu baixinho, esfregando a aliança de noivado com o polegar. Suas mãos tremiam descontroladamente.

O Capitão voltou a engolir em seco, sentindo-se mortificado por não ter considerado antes, a possibilidade de haver pessoas preocupadas com ela. Foi impossível evitar a dúvida em mantê-la sob custodia sem seu consentimento.

— Se está com medo por seus familiares ou amigos, saiba que não lhes faríamos mal. Nunca machucaríamos a você ou a eles. E se é Ultron que teme, podemos...

— Não! Não é isso... – Ela o interrompeu, estremecendo. O brilho da curiosidade que havia iluminado seus olhos a pouco, se apagou, transformando-a novamente em um espectro de sofrimento – É só... eu.... Não há mais ninguém.

A voz dela estava embargada, mas Hermione estava deliberadamente se recusando a encontrar seu olhar. Ela manteve sua postura rígida, com os olhos pregados nas mãos que ainda seguravam a toalha, mas sua respiração pesada indicava o quanto as palavras dele a afetaram.

Apesar de toda a desconfiança, a solidão que as apalavras de Hermione revelavam, atingiram Steve intimamente. Ele conhecia o peso de se sentir sozinho. Conhecia o sentimento melhor do que ninguém. Havia perdido o pai ainda criança; e pouco depois, a mãe; e então, seu melhor amigo; e por fim, na Segunda Guerra Mundial, ao tomar sua decisão de desviar um avião carregado de bombas armadas, que iriam destruir metade dos Estados Unidos, ele também tinha perdido a única Dama que já amou. Desde então, a solidão era tudo o que ele conhecia.

Os dois ficaram em silêncio por um momento, até que, finalmente, ela conseguiu voltar a encará-lo. Havia uma profunda inquietação no olhar que ela lhe lançou.

Hermione suspirou pesadamente.

— Ele é perigoso, não é? Vai realmente machucar as pessoas, não vai? – Ela sussurrou no escuro, como se temesse que Ultron pudesse ouvi-la.

— Ele vai – O Capitão afirmou, com seu próprio sussurro – Ultron é dotado de uma inteligência artificial que vai além do raciocínio da maioria dos homens, e acima de tudo, ele tem propósito. O que é assustador de se contemplar, se você considerar que ele não é humano. Ele nos atacou, e nos teria matado se tivesse tido a oportunidade. Ele sequestrou você, e de certo modo, Wanda e Pietro também são suas vítimas. Ultron precisa ser detido, antes que possa machucar as pessoas de maneira irreversível.

Hermione fechou os olhos com força e estremeceu visivelmente. Quando ela voltou a olhar para ele, havia um profundo horror escurecendo o belo marrom de seus orbes. Não era o medo infantil dos privilegiados, nem o temor legítimo dos despossuídos: o pavor das pessoas comuns com vidas comuns. Era mais que isso. Era um horror transcendente. Do tipo que não conhece alívio, aquele que rasteja sob sua carne e aperta sua garganta com mãos cortantes de gelo; aquele que leva tudo de você; que leva você; que te desfaz em pedaços. Aquele que só conhece, quem já encontrou a morte, face a face.

Foi assustador de contemplar. Fez o Capitão se arrepiar.

Lentamente, muito lentamente, ela caminhou até um dos cantos da sala e ligou um abajur que derramou sua luz pelo chão de tabuas largas, revelando um baú de aparência muito antiga, trancado por um pesado cadeado. Hermione se ajoelhou diante dele e acariciou a tampa entalhada em madeira.

O Capitão não soube dizer em que momento havia se levantado, mas, de repente, se deu conta, de que estava de pé ao lado dela, observando o baú que não tinha notado até agora, com um estranho fascínio.

Com mãos que tremiam descontroladamente, Hermione ergueu a tampa da arca revelando um conteúdo misto de objetos variados. Havia alguns álbuns de fotos encadernados em couro, um suéter de cor vermelho tijolo tricotado a mão, alguns discos de vinil, livros de aparência muito antiga e malévola, muitas cartas em pergaminho e mais uma quantidade de objetos indistintos, alguns que pareciam valer muito, e outros que pareciam não valer nada.

Hermione respirou fundo enquanto observava o conteúdo, como um naufrago admirando terra firme. Depois de um instante, ela puxou para fora uma pequenina bolsa de contas, desgastada pelo tempo e pelo uso, e voltou a fechar a tampa da arca com um suspiro tremulo.

Ela se levantou oscilando sobre os pés, com os lábios enegrecidos e mais pálida do que ele jamais a tinha visto, parecendo prestes a desmaiar.

O Capitão estendeu as mãos, pronto para ampará-la, quando a Viúva Negra falou através do comunicador.

— Eles estão aqui, Capitão. – O aviso de Natasha, chacoalhou Steve para fora do transe no qual se encontrava.

— Quantos? – Ele perguntou, levantando uma mão para silenciar a pergunta que Hermione estava prestes a fazer.

— Quatro. Até agora. Vou tentar ganhar tempo para vocês saírem. – A viúva respondeu apressadamente.

— E Maximoff? – Ele não pode deixar de perguntar.

— Sem visualização – A Viúva Negra respondeu. Um barulho alto e metálico chegou pelo ponto, informado que Natasha já estava dando batalha aos androides.

— Copiado – O Capitão respondeu, para deixar sua companheira de equipe saber, que ele já estava em movimento.

— Precisamos ir – Ele alertou Hermione, enquanto resgatava seu escudo ao lado do sofá.

Ela piscou surpresa em sua direção, mas se recuperou rapidamente do choque e saiu correndo até o quarto, retornando segundos depois, com uma mochila preparada.

— Bichento? Vem aqui garoto! – Ela chamou com um sussurro urgente.

O gato saiu das sombras e pulou para os braços abertos de sua dona.

— Vamos usar as escadas de incêndio. – Hermione apontou para as janelas.

Sem cerimônias, o Capitão escancarou as pesadas cortinas. A luz ofuscante do dia, se derramou pelo ambiente ferindo os olhos dos dois; ele se recuperou rapidamente do clarão cegante.

Do lado de fora, ao alcance da janela, havia plataformas e escadas verticais de ferro fundido, que serpenteavam o prédio até o térreo. O beco lá embaixo estava vazio, sem inimigos avista, proporcionando uma excelente opção de fuga que ele aprovava sem ressalvas.

Dava para ouvir, mesmo do quarto andar, o barulho dos androides de Ultron destruindo a recepção do prédio lá embaixo. Ele precisava tirar Hermione dali o mais rápido possível.

Sem mais delongas, Steve abriu as janelas.

— Vamos – Ele incitou Hermione a se mover.

A moça apertou o gato com força nos braços, e saltou com agilidade, para a plataforma do lado de fora da janela, dispensando a ajuda que ele oferecia com a mão estendida.

Ela começou a descida do primeiro lance de escadas com o Capitão América a seguindo de perto. No entanto, as escadas eram verticais e os degraus muito estreitos, o que impedia um avanço mais rápido.

Lá em cima, a porta estourou para dentro com um estrondo violento, que fez fragmentos de madeira voarem pela janela aberta. Os Androides estavam dentro da casa. Quanto tempo eles demorariam para perceber, que seu alvo estava nas escadas do lado de fora do prédio? Tudo o que ele não precisava, era de uma luta frenética nas escadas de incêndio.

Subitamente, Hermione estacou, ainda no meio do primeiro patamar. O Capitão olhou para baixo e encontrou uma Hermione de olhos fechados, quase estrangulando um pobre gatinho com um dos braços, enquanto que, com o outro, abraçava em desespero a coluna da escada.

— Hermione? – O Capitão questionou, com o coração ribombando de adrenalina.

— Não consigo. Pensei que podia... a altura... não vou conseguir – Ela gemeu sofregamente.

— Olhe para mim – O Capitão demandou, com toda a gentileza que podia reunir no momento. Depois de alguns segundos de incerteza, ela finalmente abriu os olhos e focou nele. – Não temos escolha. Não podemos voltar lá para cima. Eles já estão no seu apartamento. Precisamos alcançar o térreo. Basta colocar um pé depois do outro. Não olhe para baixo, foque apenas nos degraus. Você vai conseguir!

Ela respirou fundo e vagarosamente moveu um dos pés para o degrau abaixo.

— Muito bem – O Capitão incentivou – Agora continue até chegar no térreo.

Tremula, como uma folha ao vento, Hermione conseguiu soltar seu aperto mortal das escadas, recomeçando a jornada.

Faltava dois andares para o térreo quando os droides finalmente os localizaram. Exatamente como ele temia, as maquinas estavam equipadas com propulsores que os permitiam voar. Um feito que, nem ele, e muito menos Hermione, tinham como igualar.

Três droides voaram para fora da janela, levando consigo, vidro, tijolos e fero fundido.

— Se apresse – O Capitão gritou, mas foi a coisa errada a se fazer.

Hermione olhou para cima e viu quando os robôs voaram diretamente em sua direção. Ela se apavorou e seus pés resvalaram sobre os degraus. Ela lutou para se manter sobre as escadas, mas acabou caindo com um baque surdo na calçada, lá em baixo.

Steve ficou horrorizado. Hermione permaneceu imóvel sobre o concreto. Bichento se desvencilhou do corpo dela e, milagrosamente vivo, miou alto e chorosamente, enquanto lambia o rosto de sua dona.

Os Androides não dispensaram ao Capitão a menor consideração, e voaram rapidamente em direção de seu principal alvo.

Ele não pensou duas vezes, embora ainda estivesse no início do último lance de escadas. O Capitão saltou para o térreo, enquanto alcançava o escudo preso nas costas. Ele aterrissou suavemente entre Hermione e três maquinas que os rodearam ameaçadoramente.

Seu escudo voou entre as maquinas como um bumerangue, mas o espaço para o arremesso era curto, e o efeito não foi forte o suficiente para destruí-los, embora, pelo menos, tenha os obrigaram a recuar.  

Civis que passavam na rua ao lado do beco, começaram a gritar assim que compreenderam o que estava acontecendo. Outros tantos, puxaram seus celulares para filmar o Capitão América destruindo robôs, no Soho.

Steve ficou lívido com o absurdo que era, as pessoas colocarem suas vidas em risco, apenas para tirarem fotos. O século XXI era um caos.

— Saiam daqui. Vão embora. Protejam-se – Ele gritou, invocando sua voz de comando. E insistiu, quando poucos foram os que se moveram: - Procurem um lugar para se abrigar. Depressa!

Antes que ele pudesse garantir que todos estivessem seguros, porém, um poderoso soco de metal foi desferido contra seu rosto, jogando-o longe.

O Androide que o atacou, partiu para cima dele com uma inesperada chuva de golpes de aço, difíceis de conter.

Para sua sorte, ele tinha lutado contra essas coisas a poucas horas atrás, e descobrira seus pontos fracos; suas metades inferiores. Ele finalmente conseguiu acertar um chute nas pernas do Androide, que o jogou longe. A máquina bateu com violência na parede do edifício vizinho, e se espatifou em vários pedaços inofensivos.

Os dois IA’s restantes, estavam carregando uma Hermione ainda inconsciente para longe.

O Capitão lançou o escudo com toda a sua força contra os oponentes, e dessa vez, o golpe foi forte o suficiente para destruir, com um barulho de metal ensurdecedor, uma das malditas coisas. Hermione foi arremessada novamente sobre o asfalto.

Nesse momento, a Viúva Negra surgiu no beco para se juntar a luta.

A multidão que tinha se formado na rua, gritou e aplaudiu com entusiasmo, quando os esforços combinados dos dois Vingadores, destruiu o último androide de Ultron com bastante facilidade.

O Capitão prendeu o escudo nas costas e correu para junto de Hermione. O rosto da moça, tinha várias pequenas escoriações e um lábio ferido de onde vertia sangue. Apressadamente, ele arregaçou uma das mangas de seu suéter para sentir seu pulso direito. Mãos robóticas tinham deixado marcas roxas em seu braço, mas felizmente a pulsação estava lá.

Gentilmente, Steve passou a mão pelo rosto dela, evitando as partes feridas, para tentar desperta-la. Bichento, que sabiamente tinha conseguido se manter vivo durante a luta, veio lamber Hermione, para somar esforços.

Lentamente, ela abriu os olhos e piscou aturdida para o Capitão.

— O que aconteceu? – Ela perguntou, atordoada. Um pequeno gemido de dor escapou de seus lábios.

— Você caiu dois lances de escadas e bateu a cabeça com força. – O Capitão resumiu, ajudando Hermione a se sentar.

— Isso explica porque há dois de você – Ela disse, enrugando o nariz para a pilha de destroços de androides, espalhados pelo beco. – Vocês se livraram de todos eles?

— Não fique tão surpresa – Natasha apareceu ao lado deles, dando de ombros com indiferença – Somos bons em vingar.

— Em atrair a confusão, você quer dizer?! É só a minha sorte. – Hermione murmurou entredentes.

— Andem, vamos voltar para a Torre, espremer você em um tubo e verificar se seus ossos continuam inteiros. – Natasha demandou, saltando por cima dos escombros e indo até os civis que insistiam em permanecer na periferia da batalha - O show acabou, pessoal. Hora de voltar para seus negócios. Vocês não apreenderam nada com a invasão alienígena em New York, há quatro anos atrás? Não facilitem para o vilão!

A Viúva Negra ralhou, afugentando firmemente as pessoas para longe do beco, antes de se dirigir até o carro estacionando na rua ao lado.

Steve estendeu as mãos para ajudar Hermione a se levantar do sujo chão de concreto, mas ela prontamente o dispensou, teimosamente usando a parede do prédio atrás de si, como apoio para se pôr de pé. Ela vacilou ligeiramente, quando colocou o peso sobre a perna esquerda.

A mão de Steve subiu automaticamente para ampará-la, caso ela caísse.

— Estou bem, Capitão. Obrigada.  – Ela agradeceu com uma expressão de dor que sugeria o contrário. – Ficaria grada, porém, se me ajudasse com meu gato.

Hermione se afastou, mancando levemente, enquanto seguia atrás de Romanoff, até o carro.

Como se tivesse compreendido cada palavra de sua dona, o gordo bichano, que brincava por entre as pernas de Hermione, pulou para o peito de Steve; praticamente, transformando o Capitão América em um dogwalker* glorificado.

Steve não teve escolhe, senão, seguir as duas Senhoras, com a bola de pelo laranja miando dengosamente em seus braços.


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Notas finais do capítulo

* Suburbana/Subúrbio: Tenha em mente, que existe uma concepção diferente de subúrbio para países de primeiro mundo e terceiro mundo. Em países de primeiro mundo, de onde nossa heroína vem (Inglaterra), o subúrbio é uma área de expansão espacial das cidades, resultante da formação de uma classe média de renda alta, que busca localização residencial, na qual, desfrute de um espaço confortável e ambientes saudáveis, relativamente próximos do centro urbano. Já em países de terceiro mundo, o subúrbio é a periferia das cidades ou aglomerados de terrenos de difícil utilização, carentes de serviços, nos quais, o valor da terra é baixo e o transporte, precário, sendo, por isso, seu valor locativo o único acessível às classes menos favorecidas. Fonte: Google.

*Tecnicamente, Hermione inicia sua educação em Hogwarts aos doze anos. Mas nessa história será aos onze e pronto.

* Niente em italiano = Nada em português.

*Dogwalker: Termo em inglês para profissionais que passeiam com animais de estimação de donos preguiçosos. Em minhas pesquisas sobre a profissão (não sei se é comum no Brasil), não ficou claro se um dogwalker só passeia com cachorros, e tampouco, se existe um catwalker (?). De modo que, considero que um dogwalker presta seus serviços a qualquer espécie que precise de ar livre e exercícios.
Não que Bichento seja do tipo que goste de caminhar, daí por que, fez do Capitão América, seu carregador particular. Pobre Capitão.



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