Good as Gold escrita por Foster


Capítulo 1
U: Trade all my money for your gold


Notas iniciais do capítulo

OIEEEE
Aos 45 do segundo tempo estou aqui com mais uma Drastoria - e a última haha - para o Fevereiro Drastoria. Queria começar agradecendo à Little Alice e à Lu por terem idealizado esse projeto lindo, sou oficialmente cadelinha do casal, um forte concorrente à favorito junto com Scorose kkkkkk O projeto já está acabando, mas ainda estou louca para colocar as leituras em dia e ler mais sobre os dois, então obrigada ♥ Quero deixar um beijo especial e enorme para a Trice que betou em velocidade ultra-sônica essa mini bíblia, obrigada mesmo amiga ♥
Também quero agradecer principalmente à Tahii por toda a parceria nesse projeto e em tantos outros momentos, pela capa incrível, pela força de sempre e muuuito mais ♥ Essa fic é para você ♥
E claro, agradecer à você que está aqui lendo essa belezinha hihih
Boa leitura ♥

P.S: ouçam a Gold e assistam Sen Çal Kapimi!!!

P.S: não tem conteúdo sexual explícito, só menções, mesmo assim achei melhor deixar como +18.

Link da música: https://www.youtube.com/watch?v=LCkjsFCTK6s



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Draco tinha plena consciência de que, em toda sua vida, não fora realmente livre para fazer o que bem entendesse — muito embora seus pais sempre fechassem os olhos para sua rotina de festas, desde que fossem reservadas e não interferissem de forma direta em algo importante —  e, sendo um herdeiro Malfoy, possuía algumas obrigações. Honrar o legado da família ao assumir a empresa automobilística fundada por seu avô e dar continuidade à linhagem eram seus principais deveres, todo o restante consistia apenas em normas que, se seguidas corretamente, levariam ao objetivo principal sem falhas. 

É claro que honrar o legado da família ia muito mais fundo, já que, além de seus deveres óbvios, existiam normas implícitas que não precisavam ser reiteradas. Draco não poderia manchar o nome da família nunca, em hipótese alguma — Narcisa gostava particularmente de jogar algumas situações no ar, geralmente envolvendo drogas, mulheres e apostas, para que o filho compreendesse os limites que tinha, sempre sendo cortada por Lucius, que dizia que Draco já era grandinho o suficiente para não fazer merda —, não poderia fazer corpo mole na empresa, já que Malfoy’s prezavam por trabalho duro (tanto quanto pelo renome) e pelo sangue, além de nunca, jamais, poderia fazer desfeita em relação à família na frente de qualquer pessoa. 

De uma maneira geral, não era tão difícil seguir todas as regras impostas, porque o próprio Draco entendia seu papel no mundo e estava satisfeito com a vida que teria. Ao menos era isso que ele tentava se lembrar quando ao sequer ousar sair um pouco da linha, recebia olhares de repreensão e sermões nada condizentes com sua idade e sua responsabilidade como futuro sucessor da Malfoy Motors. Em certos momentos, porém, tudo o que Draco queria fazer era jogar seu celular bem longe e aproveitar o silêncio, inclusive o da própria mente. Mesmo quando estava em casa ao fim de um dia fatigante no trabalho, Draco não conseguia de fato descansar. Estava sempre pensando no amanhã e no depois de amanhã, fazendo de tudo para ficar dois passos adiante. 

Sextas-feiras para ele eram supervalorizadas à toa, já que implicavam em uma queda significativa de produtividade e apenas serviam para que Draco ficasse estressado o final de semana todo pelo trabalho dobrado que teria na segunda-feira. Portanto, não era incomum flagrá-lo no escritório bem cedo aos sábados, por exemplo. Com a empresa praticamente vazia, era fácil enfim concentrar-se em seu trabalho. Já era rotina sair tarde do trabalho na sexta, ir direto para casa, dormir após um banho bem quente e pular da cama no primeiro toque do despertador no dia seguinte, ignorando todos os comentários sobre ele ser viciado em trabalho ao cumprimentar os seguranças e a recepcionista. Costumava ficar o quanto fosse necessário, não se importando se isso acontecia pouco depois do almoço ou muito perto do jantar, afinal, fora os jantares na casa de seus pais, não possuía lá uma vida social muito agitada, porquanto metade de seus amigos estavam presos à casamentos monótonos e a outra era apenas  intragável. 

Naquele final de semana, no entanto, Draco finalmente saiu da rotina. Sua semana havia sido mais do que estressante, com a licença para um dos novos carros com direção automática não ficando pronta, o que lhe custaria algumas boas milhares de libras e renderia conversas com investidores e pior, com seu pai. Correu atrás de tentar solucionar o problema como pôde e, assim que ouviu o não definitivo, já por volta do fim do expediente na sexta-feira, assentiu lentamente para a secretária, que o encarava como se estivesse de frente para o seu carrasco, e voltou a passos lentos para seu escritório, tentando processar tudo aquilo sem que uma veia estourasse por estresse. 

Ademais, por estar com a carteira de motorista vencida, não estava podendo dirigir, considerando que não podia correr o risco de virar assunto de tabloide por isso, então precisou usar Uber – contratar um motorista particular, mesmo que provisório, ou mesmo usar o da empresa, implicaria em sua mãe fiscalizar demais sua vida. Ainda que sua vida social estivesse às moscas e poucas coisas de fato impedissem Narcisa Malfoy de xeretar quando queria, Draco não gostava de dar margens para que ela tivesse motivos para criticá-lo mais do que já fazia - e sim, ela encontrava alvos de repreensão nos mais ínfimos dos detalhes. Para sua infelicidade, a demanda por motoristas de aplicativo no centro de Londres às oito da manhã era extremamente alta, o que fazia com que Draco por vezes se atrasasse ou tivesse que pedir no mínimo três vezes até por fim pararem de cancelar a corrida por outras mais vantajosas e ele chegasse ao trabalho. 

No terceiro dia resolveu acordar mais cedo, mas acabou se atrasando de qualquer forma, porque o pãozinho que comprava rotineiramente de manhã em um café próximo ainda não estava pronto. No quarto dia, resolveu não comer o pãozinho e ir direto para a empresa, o que foi um tremendo erro, reputando que só conseguia pensar no maldito doce e estava morrendo de fome. No quinto dia, então, resolveu chutar o balde e esperar a fornada do pãozinho sair antes de pedir seu Uber. Tudo teria ocorrido ligeiramente dentro do normal caso seu celular não tivesse sido arrancado da sua mão, junto com a sacola do pãozinho, por um meliante que saiu correndo. Frustrado e indignado, Draco correu atrás dele o mais rápido que conseguiu, mas seus malditos sapatos de couro italiano tornaram impossível acompanhar o ritmo. Verificou o horário. Estava atrasado, não tinha como pedir um Uber e achar um táxi no meio do trânsito londrino, além de ser muito difícil, seria improvável que chegasse em um horário aceitável. 

Draco caminhou por longos trinta minutos, praguejando a cada vez que sentia os dedos do pé apertarem contra o bico fino do sapato ou o suor escorrer por suas costas. Definitivamente sexta-feira havia fechado a semana com chave de ouro no quesito azar e o problema com a licença havia sido a cartada final. 

Massageando as têmporas enquanto olhava pela janela e observava a chuva fina caindo, Draco decidiu que havia chegado ao limite e tudo o que conseguia pedir era por férias. De preferência bem longe de Londres. Ou melhor, da Inglaterra. Se possível, da Europa. 

Em um impulso que não sabia muito bem de onde vinha, resolveu que, naquele final de semana, não iria para a empresa. Que a bomba explodisse apenas na segunda-feira, ele não ligava. De uma forma ou de outra, iria levar a culpa, então por que se matar de trabalhar em pleno sábado por algo que não mudaria a não ser por um milagre? Por isso, vestiu seu casaco e saiu de sua sala, ciente dos olhares assustados dos outros funcionários, já que Draco era sempre o último a sair e nunca saía mais cedo. Deu um sorrisinho de canto e respirou fundo quando sentiu as gotas de chuva em seu rosto. Não tinha muito para onde ir, sendo assim, apenas decidiu andar até eventualmente parar na frente de um bar. Talvez ainda fosse um pouco cedo, mas, mais uma vez: ele não se importava.

Draco ficou por mais de três horas sentado, bebendo cada dose de uísque lentamente, apenas apreciando sua bebida e sua solidão, até o local começar a ter certo movimento. Assim que os primeiros grupos de pessoas entraram no horário de pico usual, foi uma questão de minutos para que o bar ficasse praticamente lotado, afinal era uma sexta-feira chuvosa, que demandava uma bebida para aquecer os ânimos. 

Existia algo de melancólico, mas satisfatoriamente bom em sentar-se sozinho no meio de uma multidão ensurdecedora e permanecer em completo silêncio. Era reconfortante de um jeito estranho não deixar os pensamentos se guiarem para os problemas no trabalho ou na vida pessoal enquanto se levava por conversas alheias e versos de músicas hypadas tocando pelo ambiente. 

Draco quase podia dizer que cultivava um estado de paz atípico, porém tudo caiu por terra assim que a viu

Quem sabe fossem as quatro ou cinco doses que havia tomado nas últimas horas, já que as chances de encontrá-la no único dia possível que se desviara de sua rota eram mínimas demais. Uma vez que existiam uma infinidade de bares e pubs que ela poderia ir, ou qualquer outro evento que fosse em uma sexta-feira à noite, como ela certamente deveria ter, considerando sempre ter adorado cultivar uma vida social agitada. Mas, contradizendo todas as probabilidades e afirmando as malditas ironias do universo, ali estava Astoria Greengrass. Ela ainda não o havia notado, para o alívio de Draco. Como poderia reagir diante dela, ainda mais considerando tudo que havia acontecido entre eles? 

Entre as tantas regras que Draco Malfoy necessitava seguir à risca, uma talvez fosse a mais importante e a mais antiga que ele se lembrava. Nunca se envolver com os Greengrass. Normalmente dizer “não faça isso” faz com que as pessoas criem tendências a desejar fazer determinada coisa apenas por puro prazer de quebrar regras ou somente por ser proibido. Com Draco nunca foi assim. Sempre que via Daphne e Astoria Greengrass tratava de não manter contato visual e ser firme no acordo silencioso entre ambas as famílias de não se falarem. Claro que eram raros os eventos em que ambos compareciam já que, com uma guerra declarada dentro e fora do mercado de produção automobilística –com Abraxas Malfoy e Edward Greengrass tendo sido grandes amigos e sócios até chegarem ao ponto de se odiarem profundamente e virarem concorrentes diretos –, poucos ousavam colocar qualquer membro das duas famílias juntos no mesmo ambiente. No entanto, situações extraordinárias aconteciam e, muitas vezes, nada de positivo saía delas. 

Era claro que a pose e o orgulho não permitiam que partissem para a violência ou para uma discussão acalorada, conquanto o rancor não impedia que confusões se desenrolassem após meias-palavras atravessadas, que fomentavam a guerra-fria que travavam. 

Draco não achava muito plausível cultivar uma briga de décadas, reputando que tudo tinha uma motivação de fundo mais pessoal do que profissional, mesmo assim, seguia à risca a ordem. Poderia ter vivido de maneira regrada plenamente caso um pequeno desvio de rota não tivesse acontecido anos antes. 

Da última vez que Draco entrara de férias, mas férias de verdade, bem longe do clima nublado e chuvoso de Londres, havia sido há quase dois anos, quando partira para a Grécia por duas semanas, desligando seu celular e ficando totalmente alheio de qualquer problema possível. Teria sido um período perfeito, se no segundo dia de viagem ele não tivesse descoberto que Astoria Greengrass estava no mesmo hotel e, de uma forma ridícula, parecia aparecer nos mesmos lugares que Draco a todo o momento, não importasse o esforço que ele fizesse para tentar evitar ter algum contato com ela.

 

— Ok, isso está ficando ridículo — Astoria bufou, cruzando os braços, quando foram colocados em mesas uma ao lado da outra para o jantar no quarto dia de viagem. 

 

Ela, então, levantou-se e sentou-se diante dele. Draco já sentia o estresse começar a percorrer seu corpo novamente, deixando-o tenso, mas limitou-se a apenas observar a mulher e esperar que ela dissesse o que desejava para, enfim, ir embora e deixá-lo em paz. Astoria batucava os dedos na mesa enquanto parecia analisar Draco, que resolveu fazer o mesmo. Aparentemente a mulher era fã de pegar sol, mas não de usar protetor solar, já que tinha o corpo todo vermelho, bem como o rosto. A marca do biquíni e até mesmo dos óculos de sol eram bem visíveis, de modo que ele precisou se controlar para não rir abertamente na frente dela, pois isso poderia ocasionar uma nova guerra e ele, sendo fraco,já estava cansado de tudo aquilo. 

 

— Se isso for um joguinho da sua família para me infernizar por conta do que aconteceu em Viena eu só queria dizer que não foi proposital — soltou e  gesticulou nervosamente com as mãos. Draco franziu o cenho, tombando a cabeça um pouco para a esquerda. 

— O que aconteceu em Viena? — a pergunta dele fez com que Astoria arregalasse os olhos. 

— Viena? Quem falou em Viena? 

— Eu tive intoxicação alimentar por sua causa? — indagou incrédulo, lembrando-se do mal-estar que sentiu e que, consequentemente, impediu-o de receber um prêmio importante. Por conta daquilo Draco precisou ouvir sua mãe e seu pai falando em seu ouvido por mais de duas semanas. Astoria tinha uma expressão de sofrimento no rosto, como se quisesse fugir dali o mais rápido possível.

— Não diretamente. Talvez eu tivesse um lance com o chef do hotel e talvez ele tenha se deixado levar quando eu contei da história da rixa… — falou dando de ombros, aparentando não ser nada demais e Draco quis pular no pescoço dela. Por conta dela, ele passou mal por dias e ainda não conseguia sequer sentir o cheiro de carne com aspargos. Agora Astoria queria fazê-lo acreditar que tudo aquilo era uma mera coincidência?

— Inacreditável — sussurrou, fazendo menção de levantar-se da mesa, porém Astoria segurou a mão dele. O movimento repentino fez ambos paralisarem, olhando para as mãos unidas e Astoria recolheu o braço com rapidez ao mesmo tempo em que Draco voltou a se sentar depressa.

— Bem — a voz saiu um pouco rouca e Astoria pigarreou. O constrangimento era evidente e Draco se ocupou em tomar um copo d'água para tentar esconder o rosto que possivelmente estava corado. — Acredite no que quiser, mas não foi mesmo proposital. Essa briga toda não faz nem sentido mais, eu sempre pergunto para o meu avô o que motivou tudo e ele só responde “o Malfoy é um grande idiota” — a péssima imitação que ela fez da voz de Edward Greengrass fez Draco quase engasgar com o líquido, soltando uma risada logo em seguida, porque Abraxas dizia exatamente a mesma coisa quando questionado. — Eu não sou uma inimiga, só quero que entenda isso.

— Fazer parte da família que meu avô odeia automaticamente te torna nossa inimiga, mas eu entendo o que você quer dizer. A não ser que isso seja algum tipo de estratégia diabólica — ergueu a sobrancelha na direção dela, que revirou os olhos. Draco nunca havia reparado que eles eram azuis, talvez do mesmo tom do oceano que via da varanda do quarto em que estava hospedado. 

— Está vendo? Não posso fazer uma aproximação sem que a primeira coisa que você assume é que seja alguma tramoia, porque fomos ridiculamente ensinados a agir feito dois loucos rancorosos. Draco, por favor, pessoalmente não temos nada um contra o outro e, mesmo assim, você me olha como se eu fosse o demônio na terra. 

— Bem, teoricamente se não tínhamos antes, Viena certamente se encarregou disso — rebateu, mas abriu um sorriso de canto. Astoria revirou os olhos mais uma vez, porém também sorria. 

— Ok, pessoalmente não temos quase nada um contra o outro. Satisfeito? 

 

Draco analisou Astoria verdadeiramente, talvez, pela primeira vez na vida. Toda a imagem que construíra em torno dela era a respeito de um ódio que vinha de gerações, de modo que ele nunca se permitiu enxergá-la de fato. Se tivesse conhecido-a em outro contexto, certamente Astoria teria chamado sua atenção. Era linda e, ao que tudo indicava, bem-humorada. Não esperava uma personalidade espontânea a ponto dela iniciar uma conversa daquela forma justo com ele, o que o agradou imensamente. Era um respiro e tanto em meio às tantas formalidades e conversas milimetricamente ensaiadas que costumava ter, tanto no âmbito profissional quanto pessoal. Estava cansado de ir aos encontros arranjados por sua mãe em que cada mulher parecia ter decorado um roteiro muito específico para ater-se à pautas como carreira, política, clima e, uma vez ou outra, esportes. Não duvidava que Astoria pudesse seguir esses roteiros em sua vida londrina, contudo ali, com ele, estava sendo algo totalmente fora da curva. Claro que não era um encontro, apenas uma casualidade, mas, mesmo assim, era bom. E foi por isso que quando percebeu que ela iria se levantar, sorriu abertamente e estendeu-lhe a mão. 

 

— Que tal recomeçarmos? Prazer, Draco Malfoy. 

 

Sem demora alguma, Astoria retribuiu o sorriso e apertou a mão dele com força.

 

— Muito prazer, Draco — foi difícil ignorar o sentimento agradável de ouvir o próprio nome nos lábios dela. — Astoria Greengrass.

 

Naquela noite Draco voltou para seu quarto muito mais leve, mais até do que quando havia chegado ali. Ficaram no restaurante por horas, conversando sobre os passeios que haviam feito durante a semana e as tentativas frustradas de se evitarem, bem como algumas situações embaraçosas em que foram colocados por suas famílias por conta de todo aquele ódio. Falaram também sobre banalidades quando o álcool já fizera efeito e assuntos aleatórios começaram a surgir, riram de coisas que sequer se lembravam do que eram e, surpreendentemente, dançaram. Não uma música lenta, que exigisse que ambos ficassem próximos e agarrados, não. Astoria Greengrass havia conseguido com que Draco Malfoy dançasse macarena junto com os outros hóspedes que também jantavam por lá. E ele estranhamente apreciara a sensação, deixando-se levar por outros ritmos e danças agitadas, uma vez ou outra rindo do rosto cada vez mais vermelho e suado de Astoria, a qual também não conseguia conter o riso.

Fora uma noite surpreendentemente excelente, no entanto, Draco sabia que não deveria significar nada, afinal não podiam ser amigos, muito embora Astoria dissesse que não ligava para tudo aquilo. Era possível que fosse da boca para fora e, na frente da família, ela agia como mandavam as regras. Mesmo se não fosse, ele certamente era alguém que não quebrava regras.

Ao acordar grogue e com uma leve ressaca com batidas fortes na porta e, logo depois, deparar-se com Astoria completamente recuperada e saltitante na frente dele, sugerindo que fossem dar um mergulho e, com sorte, ver alguns tubarões, só conseguia pensar no quão ela era maluca, mas incrível. Talvez, só talvez ele pudesse ignorar as regras estritas da família Malfoy, afinal, o que acontecia na Grécia, ficava na Grécia. E nada de ruim poderia acontecer, certo? 

Não demorou para que Draco percebesse o quão havia sido um tolo. Regras existiam por um motivo e, ao ultrapassá-las, algumas consequências podiam ser esperadas. Aproximar-se de uma Greengrass aparentemente desarmada em um lugar paradisíaco não parecia ser um grande problema, a não ser pelo fato da atração ter entrado no meio. Por duas noites seguidas Draco havia sonhado com Astoria e, quanto mais tentava se afastar, mais ela parecia grudar. Estavam tendo bons momentos, é claro, porém bons até demais. Risadas, olhares e conversas aleatórias pareciam ter criado um efeito inebriante, e agora ele apenas não conseguia parar de pensar em Astoria. 

Tinha traçado um plano de permanecer sóbrio ao lado dela, com a desculpa de que estava tomando um remédio que o impedia de beber, e de continuar agindo normalmente com ela até o fim da viagem, o que funcionou bem, até o fatídico dia em que Astoria, um pouco bêbada, chamou-o para um passeio na praia. Seria fácil ter dito não, se não fossem aqueles lábios carnudos formando um biquinho pidão que não combinava em nada com ela e sua personalidade, entretanto não deixavam de ser ridiculamente adoráveis. Quando Astoria o desafiou a entrar sem roupa no mar junto com ela, era somente ter dado risada da situação e conduzido-a de volta para o hotel, se não fossem os olhos azuis intensos, chamando-o para perto. Se ele tivesse resistido, tudo poderia ter sido diferente. 

Todavia, Draco não resistiu, e se deixou levar pelos cabelos negros e pelos olhos azuis. Quando percebeu, já estava beijando-a e fervendo por dentro, incapaz de interromper o beijo, por mais fria que a água estivesse ou por mais arriscado fosse ficar ali durante a madrugada. O corpo de Astoria reagia a cada toque de Draco e ela o trazia para mais perto, tão envolvida pelo beijo quanto ele. 

Só pararam de se beijar e de percorrer os lábios pela pele molhada um do outro quando ouviram um grito ao longe e saíram às pressas da água rindo, continuaram rindo enquanto recolhiam as roupas e se vestiam de qualquer jeito. Quando seus olhares se encontraram de novo, com as respirações entrecortadas e os lábios formando sorrisos largos, Draco soube que não havia como resistir àquilo, por isso nem ao menos tentou, envolvendo-a em um beijo ardente e levando-a para seu quarto. 

Ficaram acordados a madrugada inteira, revezando entre pedir serviço de quarto, beijarem-se, transarem e rirem por qualquer coisa. Enquanto tomavam café da manhã na varanda, observando o sol que havia acabado de nascer, Draco começou a se perguntar o que seria dos dois quando fossem embora. Assim que abriu a boca para perguntar, no entanto, Astoria balançou a cabeça negativamente.

 

— Eu sei o que você vai perguntar, mas não vamos pensar nisso. Não agora — sussurrou a última parte, levantando-se para ir em direção a ele e arrastá-lo para a cama mais uma vez. 

 

Passaram o restante dos dias em uma dinâmica gostosa de passeios paradisíacos, dias de preguiça, muito sexo e conversas jogadas fora. Draco tinha a sensação de que nunca fora tão íntimo de alguém em um espaço de tempo curto como aquele ou até mesmo na vida em geral. Mesmo com suas ex-namoradas, não sabia de muitas coisas se comparado a tudo que descobrira de Astoria, porquanto ela era extremamente boa em revelar detalhes íntimos sem problema algum. Draco já sabia de várias travessuras que a Greengrass havia feito quando era criança em eventos da família, das mentiras que contara em entrevistas apenas para chocar repórteres e fofoqueiros, da vez que havia sido presa na Itália por ter ajudado sem querer um grupo de pessoas a assaltarem um apartamento, acreditando se tratar de uma mudança, além de histórias e mais histórias sobre as viagens que costumava fazer quando tentava fugir de todo o peso em torno do sobrenome Greengrass. 

Draco, por sua vez, havia contado mais sobre si mesmo para ela do que para qualquer outra pessoa na vida, talvez até mesmo mais do que para seus amigos próximos. Revelou que um dos incidentes que culminou nos Malfoy sabotando os Greengrass em nome de uma suposta retaliação foi totalmente culpa dele e de uns amigos quando eram adolescentes, os quais acabaram dando com a língua nos dentes e vazando para a imprensa uma informação ultrassecreta. Também contou que diversas vezes apostou com Blaise Zabini que poderia manter conversas em eventos apenas usando três frases, sendo que uma delas sempre escolhida pelo outro e algo totalmente desconexo, sem contar as mentiras que dizia para Narcisa a fim de se livrar de algum castigo que, surpreendentemente, estenderam-se por longos anos depois da adolescência. 

Não existia ninguém no mundo com quem Draco tivesse se conectado tão rápido e naquele nível de profundidade assustadora. Sabia que parte disso poderia ser o deslumbramento pela atmosfera da viagem, pois ambos estavam em suas versões mais leves e envolventes, mas, mesmo assim, não conseguia fechar os olhos sem ver a imensidão azul das orbes dela. Era extremamente injusto que ela fosse uma Greengrass e ele um Malfoy. Se Astoria fosse qualquer outra pessoa, não pensaria duas vezes em segurar a mão dela com a maior força que conseguia e entrar em uma relação de cabeça. O problema é que ela não era qualquer uma, era Astoria Greengrass, algo que não podia ser separado de quem era. 

No último dia de viagem estavam estranhamente quietos, ambos sabiam o exato porquê. Não era preciso verbalizar, a não ser que fossem tomar um rumo diferente do que já estava evidente. Draco estaria mentindo se não dissesse que cogitou agarrar a mão de Astoria e enfrentar tudo e a todos em Londres, no entanto, não podia fazer aquilo. Sabia que Astoria pudesse ser mais desapegada das obrigações familiares por não ser primogênita e não sofrer a mesma pressão que Daphne - que inclusive seguia muito bem a ordem de ódio aos Malfoy, diga-se de passagem - o que significava que, para ela, era mais fácil escapar para algum outro país e fazer o que bem entendesse da vida desde que não atingisse diretamente a honra da família. Em outra vida, talvez Draco resolvesse largar tudo e viajar o mundo com Astoria. Porém, era apenas um sonho irreal. Sua carreira estava alçando voo e não podia colocar tudo em risco por uma mulher com quem passou duas semanas, ainda mais sendo ela a filha do inimigo. 

Quando já estava pronto para partir, Astoria, que ficaria por ali mais alguns dias, saiu da varanda e andou até Draco, encarando-o com um sorriso enquanto levava uma mão até o rosto dele, acariciando a bochecha. 

 

— Talvez a gente se esbarre por aí e, quem sabe? Até lá, só posso dizer boa sorte nessa guerra, Malfoy.

— Boa sorte, Greengrass — e puxou-a para um último beijo. 

 

Por mais de um ano e meio Draco não voltou a ver Astoria. Até aquele momento. 

Estava diferente, com os fios bem mais curtos e com as pontas ligeiramente mais claras. Usava tons mais sóbrios, ao contrário das roupas coloridas da Grécia. O tom pálido de seu rosto, ao invés do bronzeado que cultivara, indicava que  ela já estivesse de volta às terras mais frias e cinzentas há um bom tempo. Enquanto a observava rir, beber e conversar com alguns amigos, Draco percebeu que, no fundo, ainda era a mesma mulher, com sua vivacidade contagiante. Isso o fez começar a se mover na direção dela, cambaleando um pouco pelas doses que havia tomado. Quando cogitou virar-se na direção oposta antes que ela o visse, Astoria moveu os olhos azuis exatamente para o local que ele estava e abriu um sorriso largo. 

 

— Draco Malfoy, em carne e osso. Ou eu deveria dizer em terno e uma aparência péssima — comentou fazendo uma careta e puxando-o para um abraço. O cheiro doce invadiu as narinas dele. Não era o mesmo perfume de antes, de um tom cítrico que se misturava perfeitamente ao cheiro de mar e suor da pele dela.

— Astoria Greengrass, em roupas sérias. Linda como sempre — xingou-se mentalmente por não ter resistido a um comentário como aqueles, mas seria uma mentira descabida tentar achar qualquer defeito na aparência dela. Quando se afastaram, um sorriso contido brincava no rosto de Astoria e Draco suspirou passando a mão no cabelo. Não esperava ficar tão afetado pela presença dela, mas não era algo exatamente inédito, reputando que, ao contrário do que esperava ao retornar da Grécia, não conseguiu tirá-la da cabeça. 

 

Se um dia havia parecido irreal jogar tudo para o alto e segui-la em viagens ao redor do mundo, Draco descobriu que, quanto mais o tempo passava desde que voltara para sua vida de sempre, mais queria que aquilo tivesse se tornado realidade. Se antes tinha a desculpa de que a sua carreira estava alçando voo, finalmente havia cumprido tudo o que desejava e estava apenas esperando para assumir um cargo que, possivelmente, só seria dali uns vinte anos, considerando o excelente estado de saúde de seu pai e de seu avô. Quando olhava para o futuro, não queria se ver preso naquela empresa, e começou a se questionar quando tinha de fato desejado dar continuação ao legado, até perceber que nunca fora um desejo seu e, sim, algo que havia apenas aceitado de bom gosto como um objetivo que, naquele momento,mais se assemelhava a um fardo. 

Ali de frente para Astoria, era ainda mais doloroso pensar no que poderia ter tido, mas o que poderia fazer?

 

— Parou com a vida de viagens para lugares paradisíacos? — questionou fazendo um círculo com o dedo ao redor do local no qual um dia Astoria teve marcas dos óculos de sol. Ela pegou a referência e soltou uma gargalhada, escondendo o rosto com uma mão.

— Eu provavelmente parecia uma maluca para você, toda queimada e dizendo coisas aleatórias sobre guerras familiares.

— Um pouco — assentiu rindo pelo nariz. — Você está aqui há muito tempo? 

— Na verdade faz uns dois dias, mas vou embora daqui a algumas horas. Vim para um batizado, sou a madrinha do bebê, mas nem avisei meus pais por motivos óbvios. Mas, se vamos colocar o assunto em dia, é melhor nos sentarmos — ela indicou o bar com a cabeça e Draco prontamente pensou em dizer não. Mas lá estavam de novo: os lábios pidões e os olhos envolventes. E, novamente, ele se rendeu, sabendo do risco que corria com o álcool e a presença de Astoria. 

 

Para seu alívio, realmente concentraram-se em atualizar um ao outro sobre suas vidas. Draco não tinha nada de muito interessante para contar, já que estava claramente estagnado, enquanto Astoria estava rodando o mundo não mais viajando por viajar, mas sim sendo uma artista em ascensão, vendendo alguns quadros e participando de grandes eventos. Havia se desvinculado totalmente da família, comparecendo apenas em aniversários ou outras datas importantes. Estava vivendo sua vida, em uma liberdade que Draco nunca havia sentido de fato. 

Quando começaram a falar de amenidades, como tanto fizeram na Grécia, Draco sentiu o peito apertar. Duas semanas com Astoria foram o suficiente para nunca mais esquecê-la em quase dois anos. Tê-la encontrado no único dia em que ousara quebrar sua rotina e, consequentemente, no último dela em Londres parecia um grande sinal do universo. Mas o que ele faria com aquilo? Se começasse a discorrer sobre sua patética vida e como duas semanas tiveram mais significado para ele do que o que seria considerado normal, Astoria possivelmente riria na cara dele. Apesar do forte elo que formaram na viagem, era provável que, para ela, não passasse de um caso de verão, apenas algo excitante por ser proibido. E, ainda que ela tivesse sentido a mesma coisa pelos últimos anos, como poderiam funcionar? Não, era impossível, somente seu cérebro bêbado e seu coração solitário falando mais alto. 

Sentiu uma batida do seu coração falhar quando ela o puxou para dançar a música lenta que não tiveram a chance naquela viagem. Estar tão próximo de Astoria, os olhos nunca desviando dos dela, sentindo seu perfume inebriante, deixava-o confuso. As memórias lhe atingiram em cheio e seus pensamentos estavam a mil por hora ao começar a levantar todos os “e se” em torno da relação dos dois. Teria apenas mais algumas horas com Astoria antes que ela voltasse para vida dela e Draco para a dele, não poderia entrar no meio de uma crise naquele momento, portanto, não pensaria no quanto desejava poder fazer parte da vida de Astoria e deixar tudo para trás.  

Ao término da música, permaneceram parados, olhando-se com intensidade e por um instante Draco cogitou beijá-la. Entretanto, o momento se foi quando uma música mais agitada fez Astoria sorrir e começar a dançar não mais com ele, mas sim na frente. Ele até tentou se deixar levar pelo ritmo, porém, antes que a música terminasse, disse que voltaria para o bar e Astoria assentiu, ficando para dançar o final daquela e mais algumas. 

Enquanto a observava, procurou o celular de uma maneira estúpida, já que se esquecera de que havia sido roubado mais cedo. Teria que apelar para um guardanapo e uma caneta para conseguir o número dela, além de torcer para que não o perdesse no meio do caminho. Pediu as duas coisas para o bartender e começou a se perguntar o motivo de fazer aquilo. Ele e Astoria não poderiam simplesmente cultivar uma amizade ou, em uma hipótese mais ousada, relacionarem-se à distância. Fora que estava apenas considerando seus sentimentos e suas vontades, não as dela. Aliás, quais eram os seus próprios sentimentos? Nostalgia? Atração? Paixão? Não sabia encontrar uma resposta, mas sabia que passar todo esse tempo pensando em Astoria deveria significar alguma coisa. Não haviam mais viagens satisfatórias depois daquela, muito menos mulheres. Se não fosse ousado admitir que não havia vida depois daquilo que vivenciou. 

A verdade era que se tratava de um viciado em trabalho, não por amor ao que fazia, mas para manter-se ocupado. Não possuía vida social porque sabia que nada mais lhe agradava. Aquilo que estava vivendo não podia ser chamado de vida. Estava apenas esperando um dia após o outro e, por muito tempo, não soube exatamente pelo que esperava. Acreditava que aguardava pelo momento em que assumiria a empresa da família ou pelo dia que se aposentaria, porém, no fundo, sabia que nada disso lhe dava prazer. E ali estava Astoria, conquistando-o de novo em questão de horas, exatamente como da primeira vez. Ora, se fosse ser justo, ele se manteve conquistado por todo aquele tempo. E agora estava ali, com a mulher de seus sonhos bem na sua frente, o que poderia fazer?

Draco pousou o copo na mesa e engoliu em seco, observando os movimentos do corpo de Astoria sincronizados com a batida da música. De repente, sentiu-se sem ar quando a realidade lhe atingiu. Não podia desejá-la, pois sabia que se a tocasse, jamais iria querer parar. Não podia tê-la, pois o mundo estava contra eles e viver aquele sentimento seria impossível. Todavia, queria-a mais que tudo, a ponto de abrir mão de todo seu legado e ir contra todos. Levantou-se, evitando pensar demais, indo em direção a ela. O mundo explodisse, porque ele a teria de qualquer forma.

Astoria, ao vê-lo indo a passos largos e decididos até ela, parou de dançar momentaneamente, os olhos faiscando do que Draco identificou como sendo desejo.

 

— Achei que nunca fosse se levantar dali e vir me beijar — a voz dela saiu rouca e Draco sorriu diante daquilo, não hesitando em envolvê-la em um beijo profundo, repleto de desejo, saudades e expectativa. 

— Eu vou para a França com você — soltou em um suspiro quando se afastaram do beijo para tomarem algum ar e Astoria arregalou os olhos, arfando.

— Ok, alguém definitivamente bebeu demais e não está falando coisa com coisa — ela falou em uma risada nervosa, puxando Draco de volta para o bar e pedindo um copo d'água para ele. 

— Não, espere — ele segurou a mão dela, tentando soar firme. — Eu sei que parece estúpido e impulsivo e eu de fato não costumo agir assim, mas sinceramente cansei de ser cauteloso e fazer o que me mandam. Posso estar bêbado, e provável que muito afetado por tudo que aconteceu hoje e com você aqui, mas não muda o fato de que eu tenho uma vida de merda e não consigo tirar você da minha cabeça desde aquela viagem. Então você tem cerca de cinco minutos para dizer se topa ou não um final de semana na França, ou em qualquer outro lugar, só eu e você, enquanto eu tento decidir se faço o que pode ser a maior cagada ou a melhor coisa que já fiz na minha vida. 

 

Ao terminar de dizer tudo aquilo Draco compreendia o quão maluco parecia, porém, ao ouvir em voz alta tudo o que remoeu nos últimos anos, apenas teve certeza de que não queria mais nada daquilo. Não desejava ser herdeiro Malfoy se isso significasse uma vida regrada sem emoção, ademais tinha consciência de que ao escolher aquilo, sua família não receberia a notícia muito bem. Colocar Astoria na equação seria apenas assinar embaixo o fato de que acabaria deserdado, mas ele não poderia se importar menos. Estava prestes a fazer algo que deveria ter feito muito antes e que, certamente, seria muito mais agradável na companhia dela, portanto esperava que Astoria dissesse sim. Iria para qualquer lugar com ela, não ligava em não ter mais acesso a sua fortuna, já que seria a primeira coisa que Lucius cortaria ao descobrir que Draco havia fugido de todas suas responsabilidades. Uma vida livre com Astoria valia mais do que qualquer quantia absurda de dinheiro. 

Astoria mantinha-se em silêncio, observando Draco com cuidado, como se ponderasse o quanto daquilo era apenas influência do álcool, mas, para o alívio dele, ela começou a responder.

 

— Eu quis sugerir que tentássemos naquela época, mas eu sabia que você diria não.

— É verdade — Draco admitiu dando de ombros —, mas eu não tinha noção de como as coisas se desenrolariam. Eu nem sequer tentei fazer dar certo, apenas supus que não daria. E olhe como eu estou, conversando novamente com você por três ou quatro horas e querendo fugir para qualquer lugar. 

 

Astoria soltou uma risada, balançando a cabeça negativamente.

 

Qualquer lugar? Olha que o leque de opções é bem vasto. 

Qualquer — garantiu, puxando-a para um beijo. 

— Que tal começarmos pelo seu apartamento ou pelo meu quarto de hotel e depois, com calma, sóbrios, nós vemos no que dá? — sugeriu com um sorriso de canto e Draco resmungou, no entanto assentiu, voltando a beijá-la. 

 

No dia seguinte, Draco ainda tinha certeza de que precisava ao menos de longas férias, o mais distante possível da empresa e por isso seguiu Astoria até a França. Acabou adquirindo um celular novo, que logo ficou obsoleto quando Draco viu o tanto de mensagens que seus pais haviam mandado após uma foto dos dois juntos no aeroporto ter vazado, e resolveu voltar a permanecer offline por mais um tempo. Quando Astoria precisou iniciar um tour por alguns países por conta de seu trabalho, fazia questão de perguntar se Draco gostaria de acompanhá-la e ele sempre respondia com um aceno de cabeça. Foi somente na quinta ou na sexta parada que ele finalmente respondeu:

 

— Astoria, caso não tenha percebido eu estou literalmente decidido a te seguir pelo mundo. É melhor se acostumar. 

 

Ao passo que ela semicerrou os olhos e rebateu com um sorriso:

 

— É bom que esteja certo disso, porque eu não estou lá muito disposta a ficar longe novamente, caso você resolva que sua fortuna é mais interessante.

— Eu não vou a lugar nenhum, não sem você. Você, Astoria, vale mais do que qualquer fortuna. 

 

E Astoria não precisou questioná-lo mais nenhuma vez sobre querer acompanhá-la. 

 


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Notas finais do capítulo

E foi isso!
Acredito que Draco e Astoria estavam MUITO apaixonados e que, eventualmente, amar um ao outro foi inevitável, mas isso fica para outra história, um dia quem sabe hahaha
Amei participar desse mês e já quero que em 2022 seja tão incrível quanto ♥
Beijos!