Contraste escrita por Paulinha Almeida


Capítulo 22
Capítulo 22




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Talvez pelo efeito da minha conversa com o Harry, e tantas outras semelhantes e muito mais diretas que já tive com meu irmão, quando o próximo domingo chegou e meu despertador tocou as dez da manhã, eu não tive ânimo nenhum para levantar do emaranhado gostoso de braços e pernas do meu namorado e enfrentar um evento que eu não estava muito a fim de participar.

Então numa atitude inédita, puxei o celular para mim e demorei apenas o suficiente para enviar uma mensagem para minha mãe dizendo que não acordei me sentindo bem e ficaria em casa. Sem esperar resposta, desliguei o aparelho e voltei a me acomodar no colchão, Harry prendeu o braço ao meu redor e me apertou em um abraço sonolento. Por um segundo eu achei que me sentiria mal por mentir e não conseguiria dormir novamente, mas menos de cinco minutos depois eu estava ressonando tranquilamente para acordar apenas em algumas horas.

Na semana seguinte eu também não fui, mas dessa vez avisei com antecedência que Luna precisava de mim no domingo. Não recebi uma resposta muito amigável em retorno, mas não me importei tanto assim.

Ao invés do evento tradicional, meu domingo foi preenchido de gargalhadas resultantes da primeira vez que Izzie passou o dia comigo e com Harry. Era engraçado ver que ele não fazia ideia do que estava fazendo, mas se esforçava. No geral o dia foi um sucesso e quando Luna e Nev passaram para buscá-la, podemos dizer que minha afilhada já quase gostava do meu namorado.

Se alguma outra vez na vida eu passei três semanas sem ver meus pais, não me lembrava quando tinha sido. Essa folga me mostrou que era bom ter um tempo para mim de vez em quando, para preencher meu domingo com coisas que eu realmente queria fazer ou simplesmente escolher não fazer nada em casa. Por outro lado, a gente acaba mesmo se acostumando com tudo, porque quando o próximo domingo chegou eu estava relativamente com saudades.

Harry desceu junto comigo e saiu em direção ao metrô para se encontrar com Draco, que aparentemente também era fã de paraquedismo e a companhia ideal para um domingo pacífico saltando de aviões. Eu me mantive em terra firme e dirigi sozinha até o meu destino, onde cheguei com uma antecedência que não era característica de mim.

—Cheguei. - Gritei da porta quando vi que a cozinha estava vazia.

Ouvi os passos apressados vindo da sala e minha mãe logo em seguida.

—Olá meu bem, você está adiantada hoje. Veio sozinha?

Retribuí o abraço que ela me deu e puxei uma das cadeiras para me sentar.

—Sim. Ron não vem?

—Vem, ele e Mione devem estar chegando em breve. Está tudo bem?

Eu conhecia aquele jeito que minha mãe estava me olhando, o olhar meio de canto, como se querendo perguntar alguma coisa que ela não sabia bem como abordar.

—Sim, e com vocês?

—Estamos bem também.

Meu pai se juntou a nós antes que o assunto se estendesse e me deu um beijo.

—Bom dia Gin, Harry não veio com você?

—Não, ele tinha outras coisas para fazer hoje.

Os dois começaram a se ocupar do almoço e eu continuei onde estava, pois já tinha experiência demais nessas ocasiões para saber que qualquer ajuda minha seria dispensada antes mesmo de eu terminar de oferecer.

Minutos depois, quando eu já estava suficientemente distraída rolando o feed do meu Instagram, minha mãe fez a pergunta que eu podia apostar que ela estava segurando desde a hora que passei pela porta:

—Vocês ainda estão brigados, meu bem?

—Brigados? - Levantei o rosto do celular e os olhei com o cenho franzido.

—Sim, você e Harry.

—Mas nós nem brigamos, como poderíamos ainda estar brigados?

Dessa vez a expressão confusa era deles.

—Você parecia tão irritada da última vez em que nos vimos.

—E eu estava, mas não foi com o Harry que eu briguei. Foi com a mãe dele.

A confusão de ambos logo se transformou em olhos arregalados, como se eu tivesse acabado de assumir algo que os deixou em algum lugar chocados e envergonhados.

—Ginny! - Meu pai exclamou e eu sustentei seu olhar de repreensão. - Você não pode sair por aí brigando com a sua sogra assim.

—Para começar ela não é minha sogra, é a mãe do meu namorado. E segundo, eu acho que posso sim brigar com qualquer pessoa que se sinta no direito de me criticar gratuitamente e dar opiniões não solicitadas sobre o meu relacionamento.

Os dois se entreolharam do mesmo jeito que faziam quando Ron e eu éramos crianças e eles estavam decidindo silenciosamente entre eles quem começaria uma conversa importante. Em qualquer outro dia talvez eu tivesse evitado a situação, mas dessa vez eu queria saber o que eles tinham a dizer, então deixei o celular sobre a mesa, cruzei os braços e esperei.

—Ginny, meu bem… - Minha mãe começou e os dois se sentaram de frente para mim. - Você precisa entender que algumas coisas mudam quando começamos um relacionamento.

Minha única reação a esse comentário foi arquear a sobrancelha na direção deles e continuar em silêncio.

—Você não pode esperar estar em um relacionamento sério com alguém responsável como o Harry, e continuar vivendo assim. - Meu pai completou a frase.

Diferente das outras vezes em que tais comentários me deixaram sem palavras, dessa vez ouvir aquilo me fez querer falar também.

—Assim? Só pra eu entender exatamente como vocês acham que eu vivo, definam “assim”.

Eles se entreolharam de novo, sem saber o que dizer.

—Harry é um homem maravilhoso, meu bem. - O jeito que minha mãe pousou as mãos sobre a mesa, aliado ao tom condescendente que usou, trouxeram o meu primeiro sinal de irritação. - Ele é bem educado, tem uma carreira promissora e respeitável. Como você acha que vai ser para ele te apresentar para os colegas nos eventos da empresa, e dizer que a mulher dele trabalha no meio daquela falta de vergonha?

—Primeiro que esse tal evento da empresa já aconteceu, e ele não pareceu nem um pouco constrangido. Segundo que como Harry vai lidar com isso não é problema meu, então eu não estou muito preocupada.

—Claro que é problema seu, Ginny.

—Eu nunca considerei problema dele a maneira como vou explicar aos meus amigos que meu namorado trabalha ou o que gosta de fazer nas horas vagas, então não entendo por que o contrário seria diferente.

Eu via muito bem o rumo que aquela conversa estava tomando, e talvez Luna estivesse certa quando disse que responder na mesma altura era libertador, porque agora eu queria ir até o fim.

—É diferente e você sabe disso, Gin.

—Não, eu não sei. O que exatamente é diferente?

—O trabalho dele e como ele se diverte não são vergonhosos. - Pela cara do meu pai, eu podia dizer que ele não tinha a intenção de dizer aquilo com todas as letras, a frase só escapou.

—Então chegamos na raiz do problema aqui, eu envergonho vocês. - Doeu dizer isso e eu não estava tão calma quanto aparentava. - Só para deixarmos as coisas bem claras aqui, podem parar de espelhar isso no meu namorado, porque ele com certeza não compartilha o sentimento.

—Não foi isso o que eu quis dizer, meu bem.

—Mas foi exatamente isso que você disse. Esse é o motivo da implicância então, vocês não sabem como dizer a sei lá quem que a filha de vocês é fotógrafa e trabalha com ensaios sensuais? O que mais vocês não sabem como explicar, que eu gosto de dançar? Que me divirto como nunca numa balada? Que adoro as minhas saias curtas?

—Não foi pra isso que te criamos, Ginny. Esse trabalho e estilo de vida não são adequados para uma mulher.

Dessa vez eu ri, não foi um som bom humorado, estava mais para um som bem irônico, mas ainda assim uma risada.

—Pra que vocês me criaram então? Me expliquem por favor, eu devo ter perdido essa informação em algum momento enquanto estava tentando de todo jeito agradar a vocês dois. O que aliás é uma tarefa bem difícil, viu?

—Te criamos para ter uma vida normal, decente…

—A minha vida é normal e decente. - Interrompi com um grito, toda a calma se esvaindo de mim de uma vez. - Muito me surpreende vocês dois falando com tanta propriedade sobre a minha vida se nunca me perguntam absolutamente nada sobre o meu trabalho e o que faço fora daqui. Vocês não sabem como funcionam os ensaios, o que o meu trabalho inclui, quais são minhas responsabilidades. Porque adivinhem? Eu tenho responsabilidades, e não são poucas. Vocês não sabem absolutamente nada, baseado em que vocês afirmam que a minha vida é anormal e indecente?

—Abaixe essa voz, mocinha. - Minha mãe falou com o dedo em riste.

—Não abaixo! Abaixar minha voz foi tudo que eu fiz dentro dessa casa desde que comecei a expressar minhas vontades próprias, e como isso melhorou a minha vida até hoje?

—Ginny, você precisa entender que só queremos o melhor para você. - Meu pai falou como se estivesse conversando com uma criança.

—Jura? Porque olhando de fora parece muito que vocês estão mais preocupados com o que vai ser melhor e mais fácil para vocês comentarem nas festas de família. - Cruzei os braços em desafio. - Mas me conta, o que vocês acham que é o melhor para mim?

—Você não pode viver como uma adolescente rebelde para sempre.

Cobri o rosto com as mãos ao ouvir aquilo, porque ainda que essa fosse a primeira vez que eu respondia à altura, aquela frase era sempre a justificativa deles.

—Sabe qual o mais triste disso tudo? Vocês nem me conhecem. Eu sento aqui todo domingo, mas vocês estão tão concentrados em fingir que eu sou a pessoa que vocês querem que eu seja, que  não fazem ideia de quem eu sou de verdade.

—Estamos tentando te ajudar a ver que existe uma vida mais satisfatória do que essa Ginny, estamos te mostrando como seria.

—A única coisa que vocês conseguem com isso é fazer com que eu me sinta uma decepção o tempo inteiro. Essa pessoa que vocês querem tanto que eu seja, não combina comigo, isso não sou eu.  E eu nunca vou me forçar a ser assim nem por vocês, nem pelo Harry e nem por ninguém, sinto muito por quem não consegue lidar com esse fato.

—Então você quer estar em um relacionamento, mas não quer considerar a opinião dele?

—Eu considero a opinião dele sobre muitas coisas, mas a minha personalidade não está aberta a questionamentos. Desde o primeiro dia Harry sabe muito bem quem eu sou, com que trabalho, quem são meus amigos, o que eu faço nos finais de semana e todos os outros detalhes com que vocês nunca se importaram. Se estamos aqui hoje, é porque ele entende que tudo isso é parte da pessoa por quem ele se apaixonou. Se um dia essas mesmas coisas se tornarem um problema, quer dizer que ele não cabe mais na minha vida.

—É disso que estamos falando Ginny, você tratando tudo como se fosse descartável.

—Não estou tratando nada e nem ninguém como descartável, muito menos o Harry, mas não conte comigo para mudar a mim mesma apenas para caber na vida de um homem ou de qualquer outra pessoa. Garanto para vocês que Harry está ciente disso e não se sente nem um pouco descartável.

—Talvez ele só não queira te contrariar, Ginny. Não é de se estranhar que a mãe dele tenha tentado proteger o filho.

De tudo que eu tinha ouvido até então, aquela foi a frase que me empurrou o pouco espaço que faltava para eu jogar tudo para o alto e cruzar algumas linhas que antes só me aproximei em pensamentos.

—Vocês querem o telefone dela? Tenho certeza que Lily adoraria uma companhia com quem comentar como eu sou inapropriada. Vocês podem aproveitar a oportunidade e desabafar sobre como eu sou uma vergonha, porque isso ela não disse, mas quem sabe ela não concorda com essa parte também?

Meu pai abriu a boca para dizer alguma coisa, mas eu o interrompi e me levantei.

—Eu não vou mais escutar, cansei de só ouvir tudo isso. Tem um milhão de coisas que eu nunca falei para vocês, mas agora eu vou.

Minha visão periférica registrou que Ron estava parado no batente da porta, quieto e assistindo. Eu nem vi quando ele chegou e notei que Mione estava ali também, mas a presença dela não foi suficiente para me fazer parar.

—Eu passei a vida inteira brigando comigo mesma e me dividindo entre querer agradar vocês dois e ser eu mesma, porque eu aprendi desde muito cedo que os dois ao mesmo tempo era impossível. Eu desperdicei quatro anos da minha vida numa faculdade que eu odiava, fazendo um curso que vocês escolheram sem nem perguntar a minha opinião e me afundando em ansiedade. Aposto que vocês nem sabem todos os anos que eu fiz terapia para deixar aquele período mais fácil, mas reclamaram assiduamente de cada uma das baladas a que eu fui nos finais de semana. Vocês nunca se importaram com como eu me sentia, porque estavam felizes demais em poder dizer para todo mundo que a filha de vocês estava seguindo os passos do pai.

Eu senti um nó desconfortável na garganta quando disse aquilo, mas me forcei a engoli-lo antes de continuar.

—Eu venho para esse almoço em família todos os domingos, mesmo que vocês nunca se mostrem interessados em saber quase nada da minha vida. O mesmo vale para o natal e todos os anos novos que eu neguei inúmeros convites dos meus amigos para ficar aqui ouvindo comentários atravessados. - Levei a mão ao rosto e limpei com raiva uma lágrima que escapou, a essa altura meus pais já pareciam mais assustados do que qualquer outra coisa. - De todos os lugares que eu frequento, a casa dos meus próprios pais é o único onde eu sinto que não sou bem vinda se for eu mesma. Porque isso não é uma fase, não é provocação de adolescente, não é imaturidade, essa sou eu, quer vocês gostem disso ou não.

Respirei fundo para adiar o momento em que eu começaria a chorar de vez e empurrei a cadeira para trás para sair dali.

—Mas isso acaba aqui. Se vocês não estão satisfeitos com a filha que têm, então não vão ter mais uma filha porque eu não vou mais me machucar pra tentar ser quem vocês queriam que eu fosse. - Sustentei o olhar dos dois antes de continuar. - E só pra constar, caso vocês tenham um dia se importado de verdade com isso, eu sou muito feliz sendo exatamente como eu sou. Bom almoço para vocês. - Falei por fim, e me virei para sair dali.

Nenhum dos dois disse nada, mas eu podia ver que eles estavam mexidos com o que falei.

Mione estava parada atrás do meu irmão com cara de quem preferia não estar ali, Ron me acompanhou com o olhar quando precisei puxar duas vezes a alça da minha bolsa para finalmente desenroscá-la do encosto da cadeira. Meus pais continuaram em perfeito silêncio e eu também não disse nada e nem encarei ninguém, porque eu sabia que bastaria isso para me fazer começar a chorar.

Eu sentia a minha adrenalina borbulhando e tenho certeza que meu irmão também notou, porque quando tentei passar por ele para sair dali, Ron puxou a chave do carro da minha mão e passou o braço pelo meu ombro. Eu já estava pronta para reagir e perguntar a ele de maneira bem mal educada quem ele pensava que era para me impedir de ir embora, mas meu protesto morreu quando notei que ele estava na verdade indo comigo.

Sem protestar, sentei no lado do carona do meu carro e aguardei enquanto Ron conversava rapidamente com a minha cunhada, para depois tomar a direção e nos levar embora dali. Ele não falou nada pelos primeiros minutos de trajeto e eu também me mantive calada, depois de colocar tudo para fora eu me sentia estranhamente vazia.

Era bom não ter mais o peso de tudo que eu nunca disse, libertador até, se eu considerasse que estava me sentindo leve como há muito tempo não me sentia. Mas por outro lado, colocar tudo aquilo para fora era o mesmo que me desfazer da única relação que eu e meus pais sempre tivemos, no fundo eu estava com certo medo de que sem isso já não houvesse relação nenhuma. 

As lágrimas chegaram eventualmente e eu me virei para a janela sem saber muito bem como organizar meus pensamentos. Tudo aconteceu tão rápido que eu não sabia dizer ainda como estava me sentindo, muito menos medir as consequências de tudo o que houve.

Senti a mão do Ron afagar minha cabeça e me virei para ele a tempo de vê-lo se dividir entre prestar atenção na rua à nossa frente e me lançar um olhar especulativo.

—Tudo bem?

—Não muito. - Suspirei e me virei no banco, agora eu estava olhando para ele ao invés de para fora do carro. - Acho que de certa forma acabei de perder meus pais.

—O que foi que aconteceu? Quando chegamos dava pra ouvir sua voz da calçada.

—Aconteceu o de sempre Ron, mas dessa eu não evitei o assunto e todo mundo se excedeu. Não é como se eu estivesse surpresa, basicamente eu sou a vergonha da família.

—Você sabe que isso não é verdade.

—Na real, eu não sei de nada agora.

Ninguém falou mais nada até ele estacionar na frente do meu prédio, onde desligou o carro e se virou para me olhar. Eu apreciava demais toda a disponibilidade dele em me fazer companhia, mas tudo o que eu queria nesse primeiro momento era o silêncio e a paz necessária para processar tudo isso sem ser interrompida e nem me preocupar em tranquilizar ninguém. Porque a resposta era não, eu não estava bem, e ninguém parece achar aceitável terminar a conversa aí.

—Você quer falar sobre isso?

—Agora não, obrigada.

—Eu não sei toda a conversa que rolou, mas acho que foi bom você ter falado como se sente. Como eu já te disse, eles não iam se colocar no lugar deles sozinhos, aquilo tudo que eles faziam podia até ser na melhor das intenções na cabeça deles, mas não era justo com você.

—Eu sei, mas não é fácil cortar relações com os pais assim. - Talvez eu não estivesse no melhor estado de espírito para analisar a gravidade da situação, mas naquele momento era isso o que eu sentia que aquela situação era, o fim de uma relação.

—Você não sabe se é isso que vai acontecer, Gin. Vai pra casa agora, esfria a cabeça e deixa as coisas acontecerem. Pode ser que isso seja só uma briga, e se não for também eu vou continuar aqui como sempre.

Soltei o cinto de segurança e me inclinei para abraçá-lo.

—Valeu, Ron.

Só quando descemos do carro eu notei que Hermione estava estacionada atrás de nós. Acenei para ela e entrei no meu prédio ao mesmo tempo que meu irmão se sentou ao seu lado e os dois saíram.

Quando me vi sozinha no meu apartamento eu não sabia o que pensar. Diferente de quando briguei com a mãe do Harry, eu não estava com vontade de chorar, talvez porque por muitos anos eu já estivesse de certa forma treinando para esse momento, apenas esperando que o inevitável acontecesse.

Troquei a roupa que estava usando pela camiseta que Harry usou para dormir e voltei para a cama, ainda não eram nem onze da manhã.

Mesmo com a ausência de lágrimas, eu estava muito mais triste do que demonstrei antes de chegar em casa. Apesar de nunca ter sentido que meus pais me apoiam incondicionalmente, a cada minuto que passava eu me sentia mais e mais sozinha.

Talvez fosse uma boa ideia ligar para a minha psicóloga e retomar a terapia, talvez eu não tenha superado tanto assim esse assunto, como eu gostava de repetir para mim mesma.

O resto do meu domingo se arrastou naquele estado de inércia, dividida entre tentar pensar em tudo o que havia acontecido e ao mesmo tempo não conseguir chegar a conclusão nenhuma. Durante o resto do dia me dividi entre reviver a briga e tentar adivinhar qual seria minha nova dinâmica familiar, caso um dia as coisas voltassem a se acertar.


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Notas finais do capítulo

E o inevitável aconteceu, porque quem conseguiria viver assim para sempre?
Da uma tristeza ver ela assim, mas ao mesmo tempo eu adoro que ela finalmente se defendeu.
E vocês, o que estão achando? Não deixem de comentar e me dizer a sua opinião.
Beijos e até daqui 2 semanas.



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