Coração de Badboy escrita por tobinana


Capítulo 5
E a flecha não foi no coração, foi na carteira


Notas iniciais do capítulo

Poxa vida não sei nem o que dizer, obrigada a todo mundo que tá acompanhando e curtindo a história ♥ Obrigada pelos comentários, vocês fazem meu dia.

Enfim, sem mais delongas, sextou com s de sasusaku.



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A lanchonete —  na verdade era uma hamburgueria — se chamava Susanoo, tinha as luzes mais fracas e um vibe retrô, com discos dos maiores sucessos dos anos 70 e 80 pendurados, pôsteres de estrelas do rock, dizeres do movimento indie e decorações temáticas diversas. Músicas da época tocavam ao fundo, algumas de rock, pop, e até algumas atuais também. Era um lugar agradável, que eu com certeza elogiaria, mas meu objetivo era continuar com raiva, então apenas guardei a informação pra mim.

Sasuke nos guiou para uma mesa específica, e parecia conhecer bem o lugar. Sentei aliviada, porque viemos a viagem toda em silêncio e sinceramente eu estava aliviada de ter um lugar com comida para poder me ocupar, mas tive o cuidado de manter a cara fechada.

Um garçom logo chegou, nos cumprimentando.

— O que vão querer? 

Sasuke abriu a boca pra falar, mas eu o cortei.

— A gente vai querer quatro combos desse aqui, e uma porção de batata com todos os adicionais que vocês tiverem, e uma de nuggets — dei mais uma olhada e percebi que tinha um combo mais caro — Não, quatro desse aqui, bem caprichados viu moço. E um milkshake.

— De qual sabor? — o garçom falava, atordoado.

— De ovomaltine — falei sorridente. Percebendo bem, vi que minha barriga estava roncando.

O garçom assentiu e lembrei de um detalhe.

— Ah, se tiver como, pode colocar picles nos hambúrgueres? — ele confirmou e eu ri maquiavélica internamente. Sasuke odiava picles. — Muito obrigada.

Sasuke tinha uma expressão levemente preocupada no rosto, como se calculasse se tinha dinheiro para aquilo. Sorri vitoriosa, gostando de saber que causaria sofrimento aquele ser abusado.

— Vai precisar mais do que um picles pra me tirar do sério, Haruno.

— Pode deixar, estou bastante empenhada nisso hoje.

Se passaram alguns minutos e decidi que, se já estava ali, ia aproveitar para tirar a história a limpo. Afinal, como já dizia o ditado, o que é um peido pra quem tá todo cagado?

— Por que você resolveu me chamar pra sair do nada?

Ele pareceu surpreso de eu estar puxando assunto, e apenas deu de ombros.

— Aproveitei a oportunidade. 

Ok, justo.

— Que história é essa de aposta? Por que seus amigos iam apostar isso?

— Ah, sei lá, Sakura — desconversou meio envergonhado, o que eu infelizmente achei fofo — Acho que eles queriam me zoar, porque você me odeia ou algo do tipo.

É algo que Ino faria comigo.

— Eu não te odeio — me defendi. Ódio é uma palavra muito forte. — Você só é um chato.

Sasuke levantou as sobrancelhas em deboche.

— Fala sério, eu sou maravilhoso — e aí estava o Sasuke que eu conhecia. Não consegui evitar e ri. 

— Tá vendo, é exatamente isso! — acusei, rindo — Você é muito metido!

— Não, eu sou confiante — retrucou, com uma expressão solene de sabedoria. Vendo que eu não comprei, continuou: — Aé? Uma pessoa metida faria isso?

Não tive tempo para raciocinar aquela frase, quando percebi Sasuke já estava em pé cutucando a senhora da mesa da frente. 

— Boa noite, qual o seu nome?

— Juciléia — a senhora falou com a cara tão confusa quanto a minha, tirando o fato de que eu estava morrendo de vergonha pela situação.

— Senhora Juciléia, desculpa interromper seu jantar com o seu marido, o senhor…

— Fernando…

— Senhor Fernando! É que eu estava ali sentado com minha amiga, e reparei nesse tão lindo casal…

E aí o moreno começou um discurso totalmente falso e xexelento de como o amor como o deles não era mais encontrado, que os jovens odiavam o amor, e honestamente eu tive que beliscar o meu braço pra ter certeza que não tinha entrado em uma realidade alternativa. Eu sei que as pessoas mais fechadas tipo o Sasuke se soltam mais com os amigos, e sabia disso porque o Naruto vivia contando coisas que eles faziam, mas ver com meus próprios olhos era diferente. 

Não imaginava que ele era tão cara de pau.

— Sakura, vem cá, tira uma foto nossa — me chamou totalmente animado, se posicionando entre o casal com um sorriso. Os idosos tinham um sorriso tímido e orgulhoso no rosto, felizes pela atenção. 

Peguei meu celular da mesa e levantei lentamente, tentando não me atentar a atenção que Sasuke estava atraindo. Dei um sorriso amarelo enquanto dizia o típico Diga Xis e minha cara estava no chão de tanta vergonha.

Sasuke uniu as mãos sobre o peito e agradeceu num resto respeitoso, o sorriso animado se transformou em sarcástico quando se virou pra mim, e pude ouvir o casal comentando enquanto me sentava.

— Viu Fernando, falei que aqui não era lanchonete de delinquente. Viu que rapaz educado?

Escondi o rosto entre as mãos.

— Uma pessoa metida faria isso, hein? — alfinetou, achando graça da minha vergonha. — Eu sou um poço de humildade!

— Você é maluco — falei bem séria, mas logo comecei a gargalhar. O quente do meu rosto foi se dissipando, ao ver que as pessoas voltavam a prestar atenção em outra coisa, e agora eu ria loucamente, mostrando pra ele a foto.

E no meio disso, o lanche chegou, inclusive era comida pra umas seis pessoas.

— Não sabia que você era tímida. — disse desembrulhando um hambúrguer. 

— Eu não sou! Você que é maluco — enfiei um punhado de batatas fritas na boca — e podia ser ator, sabia?

— Mais um de meus muitos dons.

Revirei os olhos, me concentrando na batata. Você está proibida de pensar que ele é fofo mais uma vez, entendeu? meu cérebro ordenou, e eu sabia que se ficasse olhando muito, logo meus pensamentos chegariam a zonas perigosas. Maldito garoto bonito. 

Comemos em paz, por incrível que pareça, conversando sobre coisas da vida. Descobri que ele gostava das mesmas séries que eu, que sonhava em ter uma moto, que queria trabalhar com design de jogos, e que tinha uma gata chamada Luana. 

— Por que Luana? — falei rindo, segurando o impulso de abrir a braguilha da calça. Eu tinha comido um combo e a porção de batatas inteira, e o Sasuke, dois combos. 

— Minha mãe é estranha — deu de ombros, suspirando. Nós dois encaramos o último combo intacto com tristeza. — Posso levar pro Itachi?

— Com certeza! — agradeci aos céus, achando engraçado ele pedindo permissão pra mim — Não consigo comer nem mais uma batata — mais tarde o garçom trouxe o milkshake, mas milkshake nem conta como comida, doce é doce, salgado é salgado.

Sasuke pediu a conta, e passou o cartão com uma cara sofrida. Nos levantamos pesados, andando preguiçosamente para o estacionamento, recebendo as despedidas carinhosas de dona Juciléia e o senhor Fernando.

O lugar ficava meio que dentro de um shoppingzinho, e eu olhava as vitrines distraída conforme andávamos, lembrando que estava precisando comprar umas roupinhas, quando um vendedor praticamente pulou na nossa frente.

— O casal estaria interessado em uma cadeira de massagem, descanso de pescoço, almofadas?

Estava quase respondendo um não educado quando a lâmpada se acendeu sobre a minha cabeça. Pesei o meu “eu malvado” com o meu “eu bonzinho” e decidi que hoje o diabinho governava. 

— Estamos interessadíssimos — sorri pensando no rombo que causaria no bolso do Uchiha, e o mesmo me olhava quase pedindo misericórdia.

Isso é pra aprender a não dar uma de esperto pra cima de mim.

O vendedor ficou super animado e só pela vibe da loja percebi que era coisa cara. Tinham uns objetos aleatórios, uns puffs que vinham com dispositivo de massagem, aqueles descansos de pescoço pra usar em viagem e vários ursinhos de pelúcia muito macios.

Meus olhos miraram direto uma girafinha muito fofa. Tinha uns trinta centímetros e era o ursinho de pelúcia mais macio que eu já tinha visto na vida.

— A senhora gostou? Temos outros aqui…

— A gente tá só olhando — Sasuke interrompeu.

— Olhando nada — abracei a girafa. — Moço, a gente vai levar.

Sasuke tirou a carteira do bolso resmungando, peguei uns trechos como “a gente, a gente uma ova”, e “oportunista” — tudo balela, só era esperta

Já no carro, eu apertava a girafinha parecendo uma criança que ganhou um doce.

— Ai, como ela é linda!
— É horrível Sakura — o moreno estava emburrado — Você nem pra escolher um mais bonitinho.

Tapei o lugar onde deviam estar as orelhas. 

— Não fala assim da Juciléia! — Realmente não era uma girafa muito anatomicamente correta, mas era muito fofa. 

A expressão de Sasuke suavizou, e ele me olhou risonho.

— Juciléia?

— A história de amor me inspirou — ironizei, enquanto ele dava partida no carro. 

O silêncio se instaurou, e Sasuke parecia confortável com ele, ao dirigir e batucar os dedos no volante calmamente. Já eu nunca gostei muito do silêncio, e estalava meus dedos, nervosa.

— Sabe, eu até que me diverti. — confessei, depois de muitos minutos. Queria não ter reparado sua expressão de felicidade contida, porque fez meu coração bater de um jeito engraçado.

— Também me diverti. — e me olhou intensamente. Um arrepio percorreu minha espinha.

Só uma vez um garoto tinha gostado de mim, que foi meu ex-namorado, e já fazia quase dois anos que tínhamos terminado. E eu não estava esperando em ter Sasuke Uchiha feliz depois de eu torrar todo seu dinheiro.

Mas calma, calma. Ele não gooosta de você, ele só tá afim. Ele não liga pro dinheiro porque é rico.

— Sasuke, você é meio rico, né? — soltei em voz alta, me arrependendo logo em seguida. Acho que algum gene alienígena da minha mãe tinha sido herdado por mim, porque às vezes eu soltava as coisas sem pensar.

Sasuke olhou pra mim, com sua típica expressão de "qual o seu problema?". 

— Não? — disse, com o cenho franzido, e logo seu olhar se tornou acusatório. De repente bateu a culpa, pois eu provavelmente tinha estourado o limite do cartão dele em minha pequena vingança, mas não estava na hora de ser misericordiosa. 

Juciléia em meu colo parecia concordar plenamente comigo, então me contive de pedir desculpas. Até porque eu praticamente fui sequestrada, com o consentimento da minha mãe, mas não conta.

Engoli em seco, percebendo que tinha passado uma noite bem agradável, no final das contas. E que aquilo podia passar a impressão errada. Suspirei fundo, antes de tomar coragem pra falar.

— Sabe, Sasuke…

— Sakura — me interrompeu, com aquela maldita voz grossa — Relaxa, tá tudo certo. 

Fiquei em silêncio, a coragem mandando beijos da puta que pariu. Mas, graças aos céus, o moreno continuou.

— Eu sei que foi tudo do nada, meio repentino — coçou de leve a cabeça, parecendo nervoso. — Não é como eu queria que fosse também, na verdade eu não queria nada, se fosse pra rolar algo entre nós, seria natural. Só, sei lá…

— Entendi. — eu não tinha entendido, pra ser sincera. — Mas a gente nem se fala direito, sabe? Como que eu iria saber…

— Eu sei que eu sou meio... — minha mente completou como implicante, debochado — ...fechado, mas você também não dá abertura.

— Ué, você ou me ignora ou implica com tudo que eu faço. — me defendi. Quantas vezes na casa de Naruto recebi comentários como Eu tinha pedido esse lanche sem picles, ou Essa série é muito ruim, Que filme chato que você escolheu, essas coisas.

— Eu sei, eu sei — tratou logo de se justificar — Não quis dizer que é culpa sua ou algo do tipo.

Ficamos em silêncio de novo e senti como se os dois tivessem pisando em ovos ao falar. Era estranho pensar que eu tinha acabado de ter um encontro com Sasuke.

— Sabe, — eu quem quebrei o gelo dessa vez, percebendo que tínhamos chegado na frente da minha casa — Você é diferente do que eu imaginava. Mas não muito.

Ele riu, sabendo que eu me referia às coisas que tinha dito mais cedo. E era verdade, apesar de não deixar de ser um marrento, chato, e ligeiramente mal educado, agora enxergava algumas qualidades, como seu senso de humor, e a boa atuação. Era engraçado pensar que convivia com ele há praticamente três anos e nunca tínhamos conversado direito.

— Mas é que…

— Eu entendo Sakura, de verdade.

Vi em seus olhos que ele realmente entendia.

— Eu te chamei… — meu olhar acusatório o parou — Tá bem, usei de outros métodos para fazer você sair comigo porque achei que talvez você também fosse um pouco afim de mim.

Sasuke riu consigo mesmo e eu também reparei na ironia: ele tinha quase todas as garotas da escola aos seus encantos e estava afim de uma das poucas que não.

— Eu sei que você está acostumado com isso — ri meio sem graça — e fico lisonjeada. Mas não é o caso.

E o não sou afim de você ficou implícito no ar.

Eu não teria problemas em beijar ele se o mesmo fosse um desconhecido em uma festa, ou algum lugar assim, mas sendo logo Sasuke, uma pessoa que eu via quase todo dia e que até aquele dia de manhã eu não ia muito com a cara, era só, sei lá, estranho. 

— Tudo bem. — disse por fim, se ajeitando no banco e apertando o botão para destravar as portas. Ele não parecia chateado, nem ofendido, na verdade era difícil ler sua expressão, mas entendi como conformado. O que me surpreendeu porque achei que ele iria tirar do bolso algo como 10 motivos do por que eu sou incrível ou ficar bravo e falar que eu era maluca por não estar afim dele. 

— Então é isso — falei depois de um tempo com uma expressão amigável e ele me olhou de volta, neutro. — Sabe, acho que podemos ser pelo menos colegas, agora.

Ele assentiu e eu saí do carro, dando um tchauzinho. Entrei em casa mais leve, depois de ter as coisas esclarecidas.

Relaxa sabe, é só um crush, daqui a pouco passa e a gente finge que nunca aconteceu. Até porque é o Sasuke, duvido que ele tá afim SÓ de mim, fala sério. Eles devem ter apostado porque sabiam que eu não ia muito com a cara dele.

Repeti esse raciocínio pra mim mesma o resto da noite, me perguntando o porquê então de, ao deitar a cabeça no travesseiro para dormir, sentir como se tivesse partido seu coração.


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Notas finais do capítulo

Vocês talvez queiram me matar nesse capítulo, mas calma que devagar é mais gostoso hehe



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