Matchmaker escrita por violet hood


Capítulo 3
Capítulo III


Notas iniciais do capítulo

Vamos ver como nossa mimadinha vai resolver a situação que criou!



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No dia seguinte, Astoria acordou se sentindo a pior pessoa do mundo.

Não saberia nem como se desculpar com Fleur, ou como encarar Blaise ou Draco depois de tudo.

Para sua felicidade, não havia recebido nenhuma mensagem ou ligação do Zabini, mas também não tinha recebido nada de Fleur. Sabia que deveria ir se desculpar, mas tinha medo de que a amiga nem quisesse olhar na sua cara. Pela primeira vez, notou o quanto a amizade recém-formada era importante para ela, e que não queria perdê-la.

Precisava de alguém que pudesse escutá-la, mas Astoria rapidamente notou que só uma pessoa poderia entender a sua situação.

Encontrou Draco praticando piano da sala de estar da mansão Malfoy. O mordomo deixou Astoria entrar sem fazer perguntas, já acostumado com a presença dela.

Astoria se jogou no sofá e soltou um suspiro. Mas Draco não disse nada, continuou tocando o piano como se não tivesse notado a presença dela.

Mas ela sabia que ele tinha. Só queria que Draco risse da sua cara e falasse como estava certo e ela errada, depois disso Astoria poderia desabafar à-vontade e escutar os conselhos dele. É claro, fingindo que não precisava deles, quando na verdade precisava, e muito.

Depois de um tempo, sem que Draco se pronunciasse, Astoria desistiu de esperar e falou:

— Eu admito, você estava certo — disse. — Será que você pode me ouvir agora? Ou vai me ignorar e continuar tocando?

Draco parou de tocar no mesmo instante. E virou o corpo para ficar cara a cara com Astoria.

— Você está bem? — perguntou, e ela estranhou a falta de ironia na voz dele. Normalmente, ele já estaria rindo da cara dela.

Astoria deu de ombros, incomodada em não saber o que passava pela cabeça de Draco.

— Estou — respondeu. — Apenas me sentindo a pior amiga do mundo.

Draco sorriu de leve. Era diferente dos outros sorrisos que ele normalmente dava quando estava rindo dela.

— Não estou bravo com você.

Astoria bufou.

— Não estava me referindo a você — explicou cruzando os braços.

O comentário fez com que Draco risse. Uma risada que era muito mais comum para Astoria do que o jeito em que ele estava agindo, ficou aliviada em concluir que ele havia voltado ao normal.

— Aposto que Fleur não está brava com você, talvez só um pouco magoada.

— Muito obrigada, estou me sentindo bem melhor agora — disse irônica.

O sorriso irritante continuava no rosto de Draco.

— Nada que um pedido de desculpas não resolva — concluiu o que estava falando.

— Mas e se Fleur não aceitar meu pedido de desculpas? — indagou preocupada.

— Mesmo se ela não aceitar, você tem que se desculpar.

Astoria sabia que ele estava certo, porém aquilo não acalmava nem um pouco seu nervosismo.

Depois de uns segundos em silêncio, Astoria perdida em seus pensamentos, Draco continuou:

— Você errou, mas não fez por mal. Tenho certeza de que Fleur vai entender isso.

Astoria nunca iria admitir em voz alta, mas Draco era a melhor pessoa que conhecia para ajudar a clarear a sua mente. Ela costumava a ser a pessoa que as pessoas procuravam quando não sabiam o que fazer, e com o tempo Astoria notou que não havia ninguém que se sentisse confortável para fazer o mesmo. Ninguém além de Draco.

Levantou-se determinada.

— Vou conversar com Fleur — anunciou confiante.

Antes que ela pudesse ir embora, Draco a chamou mais uma vez.

— E sobre o Zabini... — começou, parecendo estar inseguro. — Você sente algo por ele?

Astoria fez uma careta com a pergunta absurda.

— Claro que não! — exclamou. — Desde quando eu penso na minha própria vida amorosa? Nem tenho tempo para isso.

Draco suspirou, aliviado. Astoria não entendia o porquê.

Pensou em ignorá-lo e ir embora, mas sentiu sua barriga roncar baixo e teve a ideia perfeita para agradecer Draco. Não só pelos conselhos, mas também por ter arrastado ele para o maio disso tudo.

— Ei, você quer ir almoçar agora? — perguntou. — Tem um restaurante que queria ir.

Draco abriu a boca para responder, mas rapidamente a fechou. Respirou fundo e fechou os olhos por alguns segundos, como se tivesse acabado de se lembrar de algo importante.

— Não posso — respondeu por fim. — Tenho um compromisso agora.

— Almoço de trabalho no final de semana? — deduziu pela expressão dele.

— Queria. — Draco falou tão baixo que Astoria quase não escutou. Mas depois acrescentou em um tom de voz mais alto: — Tenho um encontro com Pansy.

Astoria arregalou os olhos surpresa. Não lembrava de já ter visto Draco sair para encontros — bem, tirando o desastroso da noite anterior —, ainda mais com Pansy Parkinson, a ex namorada dele no ensino médio.

Sentiu uma leve pontada no peito, um sentimento que nunca havia sentido antes. E não gostou nem um pouco.

Não era como se ela tivesse com ciúmes, ou algo do tipo. Não tinha por que sentir ciúmes. Só estava assim por não suportar Pansy, que era a melhor amiga da sua irmã. Pansy era tão insuportável quanto Daphne.

Ela não estava com ciúmes, isso não faria sentido. Estava com pena de Draco de ter que aguentar pelo menos uma hora de almoço ao lado de Pansy Parkinson.

— Ok — disse por fim, sua voz saiu mais seca do que esperava.

Ela foi embora antes que Draco se despedisse.

***

Enquanto subia pelo elevador do prédio de Fleur, Astoria ficou se questionando se Draco havia voltado com Pansy. Não teria outra razão para os dois estarem saindo para um encontro.

Não sabia como o Draco de atualmente conseguiria namorar Pansy, os dois eram bem parecidos na época do ensino médio, quando Draco era um babaca. Mas agora ele era diferente, e ela não conseguia imaginar como os dois poderiam namorar. Repetia várias vezes na sua cabeça o quanto aquilo não fazia o menor sentindo, e quando notou já estava parada na porta do apartamento de Fleur.

Respirou fundo. Estava tão ocupada pensando no encontro de Draco e Pansy, que nem havia parado para pensar no que diria para a amiga.

Fez o possível para expulsar aqueles pensamentos da sua mente e focar apenas em Fleur. E antes que perdesse a coragem, apertou a campainha.

Não demorou nem um minuto para que Fleur abrisse a porta. A amiga usava um vestido azul claro simples, e o cabelo loiro preso em um coque, não parecia que planejava sair de casa. Fleur ficou surpresa em ver Astoria parada na porta, mas também não parecia triste ou irritada.

— Oi — disse Astoria envergonhada. — Desculpa não mandar uma mensagem, mas queria saber se a gente poderia conversar.

Fleur sorriu e acenou com a cabeça.

— Entre. — Saiu do caminho para que Astoria pudesse entrar no apartamento.

O lugar era bem mais simples do que ela esperava, e bem menor do que a maioria dos apartamentos de pessoas que tinham tanto dinheiro quanto a família de Fleur. Porém, também era aconchegante e muito bem decorado, muitos móveis brancos e objetos com madeira clara, com alguns toques de cor por todo o ambiente.

Fleur sinalizou para que elas se sentassem no sofá, que era rosa, um dos poucos móveis completamente coloridos na sala.

— Fleur, eu vim me desculpar por tudo. — Astoria foi direto ao ponto. — Fui uma péssima amiga por ter te empurrado para Blaise, e assumido que ele gostava de você.

Fleur segurou as mãos de Astoria e as apertou de leve.

— Está tudo bem — assegurou. — No fim, foi bom porque eu percebi que não gostava mesmo de Blaise.

— É sério? — perguntou Astoria esperançosa, não imaginou que fosse ter seu pedido de desculpas aceito tão rápido.

Fleur sorriu para tranquilizar a amiga.

— Sim — respondeu. — E se você quiser namorar o Blaise não tem nenhum problema.

Astoria negou rapidamente.

— Não! Eu também não gosto dele assim.

— Imaginei... — disse Fleur como se soubesse de algo que Astoria não sabia.

Preferiu não pensar sobre, não queria mais falar sobre Blaise Zabini. Aquele assunto já estava morto e enterrado, Astoria sabia que Fleur merecia alguém muito melhor, que gostasse mesmo dela.

— Prometo da próxima vez encontrar um homem melhor — assegurou determinada.

Fleur balançou a cabeça, negando a proposta.

— Astoria, sou muito grata por te ter como amiga, você é a única amiga que tenho em Londres — começou. — Mas da próxima vez, eu planejo escolher com quem eu vou me apaixonar.

Astoria suspirou triste. Mas podia entender, não havia deixado uma boa impressão sobre sua habilidade de juntar casais. E talvez, estivesse na hora de finalmente se aposentar.

Pelo menos, estava contente o suficiente de ter Fleur como sua amiga.

***

O verão estava finalmente chegando ao fim. Astoria estava animada em voltar para a faculdade e tirar um pouco da cabeça tudo havia acontecido nas férias. Mas o fim do verão também significava que Daphne — e outras milhares de pessoas que Astoria não suportava — estava de volta a Londres.

Enquanto tentava ignorar a presença irritante de sua irmã em seu dia a dia, Astoria passava cada vez mais tempo em seu estúdio e saindo pela cidade com Fleur. Elas haviam feito um acordo silencioso de não tocar mais no assunto “namoro”, o que havia fortalecido ainda mais a amizade.

Felizmente, Astoria não havia mais esbarrado ou ouvido falar de Blaise. Mas também fazia dias que não conversava com Draco. Perguntava-se se ele estava ocupado trabalhando, já que nunca tirava férias, ou se estava ocupado com Pansy. Torcia para que não fosse o segundo.

Mas ainda teria chance de encontrar com Draco pelo menos uma última vez antes das aulas voltarem. Narcisa Malfoy havia enviado um convite para uma festa na mansão, Astoria nunca ficou tão animada para uma festa como estava agora.

Talvez fosse sua curiosidade falando mais alto, queria encontrar Draco e ter certeza de que ele e Pansy não estavam juntos novamente.

Astoria já havia esquecido o quanto essas festas poderiam ser lotadas quando todos os ricos estavam na cidade. Ela caminhou pelas pessoas com o seu vestido verde esmeralda, procurando por Draco. Precisava parar uma hora o outra para cumprimentar alguém.

— Astoria! — Ouviu a voz de Fleur a chamar pela multidão.

Virou o corpo até encontrar a amiga. Ela parecia uma princesa com o vestido rosa claro e o cabelo preso em uma trança. Porém, o homem de mãos dadas com ela não parecia nem um pouco um príncipe.

Bill Weasley era vários centímetros mais altos que Fleur, os cabelos ruivos tinham um corte torto como se ele mesmo os tivesse cortado, e a cicatriz no rosto era ainda pior do que Astoria lembrava.

Ela deveria ter imaginado que quando Fleur disse que iria escolher quem se apaixonar, a amiga estivesse se referindo a Bill.

Por educação, tentou esconder o desconforto enquanto o casal se aproximava dela.

— Astoria, esse é o Bill — apresentou contente.

Os dois apertaram as mãos educadamente.

— Está gostando da festa? — perguntou ela. Bill não estava mal vestido, mas parecia estar um pouco desconfortável. E era fácil notar que muitos olhares o encaravam.

O homem sorriu sem graça.

— É um pouco formal demais para mim, acho — admitiu. — Mas pelo menos sou o único ruivo da festa, nunca acontece isso nas festas da minha família.

Astoria riu, surpreendendo a si mesma por ter achado graça do comentário dele. Fleur ficou ainda mais contente vendo a reação da amiga.

Querendo ou não, Astoria tinha que admitir que ela parecia estar muito mais feliz ao lado de Bill, do que no encontro desconfortável com Blaise. Talvez Astoria poderia deixar sua opinião sobre Bill de lado, contanto que ele fizesse Fleur feliz.

Assim que se despediu do casal, uma voz conhecida sussurrou perto dela.

— Até que não é tão ruim quando você não se intromete na vida dos outros.

Astoria virou o rosto, sorrindo e ficando cara a cara com Draco Malfoy. O comentário dele nem ao menos a irritava, ela estava feliz de ter finalmente o encontrado.

— Onde você estava? — perguntou. — Que tipo de anfitrião não aparece para cumprimentar os convidados?

Draco riu.

— Não sou o anfitrião, esses são os meus pais — corrigiu. — Mas se soubesse que você já tinha chegado, teria saído do meu esconderijo mais cedo.

Astoria fez o máximo para impedir que aquelas palavras a afetassem, mas seu corpo a traiu, e ela conseguia sentir as batidas mais rápidas do coração. Sabia que Draco estava apenas brincando com ela, e mesmo assim ficou nervosa.

— O que achou do Weasley? — perguntou ele.

Ficou grata pela mudança de assunto, temia abrir a boca e falar algo que se arrependeria. Ou até pior: gaguejar.

Astoria endireitou sua postura.

— Até que ele não é tão ruim... — comentou fingindo indiferença.

Draco achou graça da teimosia dela.

— Pelo menos ele com certeza gosta da Fleur — disse. — E não de você.

Astoria estava aliviada de não ter encontrado Blaise ainda, ele não havia tentado falar com ela através de mensagens ou ligações, mas se ele ainda sentia algo por ela, poderia tentar conversar na festa. Sabia que não havia recusado os sentimentos de Blaise explicitamente, e às vezes os homens tinham dificuldade de entender que ela não estava interessada sem que Astoria falasse com clareza.

Contudo, não queria lidar com isso agora. E nem nunca. Pensou que ela poderia ter mandado uma mensagem para encerrar o assunto, o que era melhor do que lidar com ele pessoalmente.

— Não se preocupe com o Zabini — falou Draco, lendo os pensamentos dela. Antes que Astoria pudesse dizer algo, ele elaborou melhor: — Já conversei com ele, e expliquei toda a situação. Acho que ele agora está constrangido demais para tentar conversar com você.

Astoria suspirou aliviada.

— Obrigada, Draco — disse sincera, nunca imaginou que ele fosse resolver a situação por ela. — Eu nem sei como te agradecer.

Draco deu de ombros.

— Já estou acostumado a resolver os seus problemas — disse em tom de brincadeira. Astoria revirou os olhos e o empurrou de leve com o cotovelo.

— Para a sua felicidade, eu me aposentei de juntar casais.

Draco sorriu ainda mais, o que fez Astoria querer empurrar ele com mais força. Mas se conteve, não era como se estivesse realmente irritada.

— Isso merece uma comemoração! — exclamou alegre. — Que tal...

— Bebidas? — sugeriu Astoria. Ela realmente precisava de um pouco de álcool no seu sistema.

Draco negou com a cabeça.

— Vamos dançar.

— Dançar?

Astoria olhou para pista de dança, onde alguns casais dançavam juntos, como se estivessem em um filme antigo, ou em um baile de escola. Astoria não costumava dançar naquele tipo de festa, mas quando Draco estendeu a mão para ela, não pensou duas vezes antes de aceitar.

A música era lenta, instrumental e tocada por uma banda ao vivo, como sempre eram nessas festas. Draco guiou Astoria pela pista de dança, e ela estava tendo sorte em não ter pisado ainda nos pés dele.

Observou enquanto Draco empinava o nariz e olhava para frente.

— O que você está fazendo? — perguntou rindo.

Draco não se deixou afetar pela risada dela.

— Estou fazendo a mesma cara que todo mundo daqui — explicou.

Astoria olhou em volta e viu que era verdade. Nunca havia notado o olhar de superioridade exagerado que as pessoas ricas faziam enquanto dançavam.

— Você está ridículo — disse ainda rindo.

— Você que está — retrucou. — É a única que não está fazendo.

— Tudo bem, então.

Astoria fez o melhor para imitar a expressão. Mas não durou muito tempo até que os dois começassem a rir.

A risada foi sumindo aos poucos, sendo substituída por um sorriso.

Draco sorria para Astoria quando a puxou de leve pela cintura para que ficasse mais próxima dele. Foi pega de surpresa pelo movimento, e também pela intensidade em que ele a encarava.

Sentiu as bochechas ficarem ruborizadas. Não estava desconfortável, mas também não reconhecia o que estava sentindo. Queria fazer uma piada para mudar o clima, mas parecia que havia perdido a capacidade de falar. Era impossível falar qualquer coisa quanto Draco a encarava daquela maneira.

Ela nem mesmo ouviu a música acabar, notou apenas que todos havia parado de dançar. Esperou que Draco fosse se separar dela, mas ele continuou do mesmo jeito.

— A-a... — pigarreou. — A música acabou.

Draco parou.

— Verdade — disse, desviando o olhar do dela. — Não tinha notado.

Ele ainda não fazia menção para que eles se separassem, Astoria o empurrou de leve, sentindo-se desnorteada.

Ela se separou dele, e saiu da pista de dança sem nem ouvir ele se despedindo de volta.

Estava apoiada em uma das paredes, longe da multidão, quando Fleur se aproximou, dessa vez sozinha.

— Vocês formam um belo casal — comentou como se fosse algo comum de dizer.

— O-o quê? — Astoria perguntando, sentindo a voz falhar no começo da frase. Estava tão distraída que demorou uns segundos para entender que Fleur se referia a ela e Draco.

— Não quero bancar a casamenteira — disse sorrindo. — Mas tenho certeza que ele gosta de você.

Astoria arregalou os olhos, como se tivesse ouvido algo muito absurdo.

— Draco?!

Fleur riu do desespero da amiga.

— E quem mais seria? — questionou. — Não vi nenhuma outra pessoa te deixar assim.

Astoria respirou fundo, e pela primeira vez se deixou pensar com clareza sobre sua relação com Draco. Ela conseguia ver pelo seu coração acelerado e bochechas coradas que Draco era mais do que um amigo. Mas ela gostar dele não queria dizer que ele sentia o mesmo.

Duvidava muito que um dia ele pudesse vê-la como mais do que uma pirralha, irmã mais nova de uma antiga amiga, que ele precisava salvar das confusões.

— Ele não sente o mesmo — admitiu triste.

Fleur se apoiou do lado de Astoria na parede.

— Eu duvido muito disso — insistiu. — Dava para ver pelo jeito que vocês se olhavam que ele sente algo por você.

— Ele só me vê como amiga.

Fleur revirou os olhos.

— Astoria, você ama falar da vida amorosa dos outros, mas é péssima quando se trata da sua.

Astoria fez uma careta com o comentário, mas Fleur ignorou.

— Você gosta do Draco, e todo mundo consegue ver que ele gosta de você. — Ela segurou Astoria pelos ombros, com uma determinação que nunca tinha visto na amiga. — Diga para ele o que sente, antes que você se arrependa.

— Mas... — começou com a voz baixa.

— Mas nada! — interrompeu Fleur. — Você me deve essa pelo encontro com Blaise.

Astoria fez um bico, não tinha o que argumentar contra essa.

Será que seria tão ruim admitir para Draco o que sentia? Ela havia acabado de descobrir esses sentimentos, era tudo muito novo. E talvez fosse melhor tirá-los logo do peito, assim, se Draco a recusasse, ela podia pelo menos tentar superá-los agora.

A verdade é que Astoria raramente recebia “nãos”, e receber um não de Draco parecia terrivelmente assustador. Mas a chance de que ele fosse gostar dela de volta ainda existia. E, quem sabe, Fleur conseguisse entender melhor dos sentimentos dos outros do que ela.

Astoria respirou fundo.

— Vou falar com ele — anunciou determinada.

Fleur sorriu e soltou os ombros dela, para que Astoria pudesse ir atrás de Draco.

Procurou por ele no meio da multidão, mas sem muito sucesso. Imaginou que Draco pudesse ter ido se esconder no seu quarto, ou no jardim. Resolveu ir para a segunda opção, e no caminho passou de novo pela pista de dança.

Draco estava no mesmo lugar que os dois estavam antes, só que dessa vez dançando com Pansy Parkison.

No mesmo instante, Astoria se sentiu a pessoa mais estupida do mundo, não acreditava que pensou ter uma chance com Draco. Tinha até esquecido do encontro dele e de Pansy.

Estava irritada com Draco, Pansy e consigo mesma. No final, histórias de amor não eram feitas para serem vividas por ela.

Saiu da mansão Malfoy com lágrimas nos olhos. Não deu atenção enquanto seu pai perguntava por que ela ia embora tão cedo. Astoria precisava ir para sua casa, deitar-se na cama e chorar a noite toda.

Para alguém que nunca tinha se apaixonado, sua primeira experiência havia sido um completo desastre.

Ouviu seu celular tocar algumas vezes, mas o ignorou, provavelmente era Fleur querendo saber o que havia acontecido.

Ainda estava acordada, quando ouviu o pai caminhando pelo corredor. Horas se passaram e Astoria só se sentia mais estúpida por não conseguir parar de chorar. Até suas lágrimas finalmente cessarem um pouco, e ela conseguir dormir.

Na manhã seguinte se sentia ainda pior.

Não importava quantas vezes lavava o rosto, ele continuava inchado. Pelo menos havia parado de chorar, mas agora tinha sido tomada por um sentimento de vergonha. Não conseguia parar de pensar o quão patética ela era, e como Draco teria rido da cara dela se ela confessasse. Provavelmente não na cara, mas com certeza teria rido depois, enquanto contava para namorada Pansy como Astoria era iludida.

Astoria vestiu um vestido simples para descer para o café da manhã, seu pai deveria estar esperando por ela. Porém, não conseguia tomar coragem para sair pela porta, não queria que ninguém comentasse do estado do seu rosto.

Mas antes que pudesse sair, Amanda, a faxineira que limpava o segundo andar, bateu na porta e a abriu.

— Astoria — chamou colocando o rosto para dentro do quarto. — Você tem visita.

Imaginou que era Fleur preocupada com ela. Um ombro amigo não seria tão ruim no momento, mesmo que sentisse vergonha de admitir sua derrota.

Desceu as escadas, mas quem estava parado na sala não era Fleur, e sim Draco. Pensou em voltar para o quarto sem que ele a notasse, mas já era tarde demais.

— Astoria! — exclamou, dava para notar o tom de preocupação na voz. — Você não respondeu minhas mensagens, e Fleur me disse que não conseguia falar com você.

— Estava apenas cansada — mentiu. — Não olhei meu celular ainda.

Draco não parecia ter acreditado.

— Seu rosto está inchado — observou.

Astoria tocou no próprio rosto, querendo poder se esconder o mais rápido possível no seu quarto. Não sabia o que fazer para que Draco fosse embora.

— Eu dormi mal. — Inventou outra desculpa.

Draco não parecia querer deixar o assunto morrer.

— Será que podemos conversar? — pediu.

— Estamos conversando.

— A sós — insistiu.

Astoria notou que muitos funcionários que trabalhavam na mansão, incluindo Amanda, estavam por perto. E a última coisa que ela queria era ficar realmente a sós com Draco Malfoy, mas não tinha desculpa para recusar o pedido dele.

Caminhou com ele até a metade dos jardins, longe o suficiente da casa para que ninguém os escutasse.

— Astoria, ontem quando a gente... — começou Draco.

Astoria suspirou, e o interrompeu.

— Eu sei — admitiu. — Não precisa falar nada.

Ele a olhou confuso.

— Você sabe?

Astoria fechou os olhos, antes de abri-los para encarar Draco de novo. Era ainda pior ter que dizer em voz alta. Tentou ao máximo se segurar para não chorar, mas conseguia sentir os olhos se encherem de lágrimas.

—Sei que você e Pansy estão juntos de novo.

— O quê?! — perguntou Draco abismado.

— Eu vi vocês dançando juntos ontem. — Astoria desviou o olhar do rosto dele, em uma tentativa falha de não chorar.

— Eu só dancei com ela, porque minha mãe a empurrou para cima de mim — explicou.

Foi a vez de Astoria o encarar, confusa.

— Mas vocês saírem em um encontro...

— Minha mãe me obrigou! Você acha mesmo que eu voltaria a namorar a Pansy?

Astoria fez um bico, enquanto chorava.

— Mas, então, por que você está aqui? — questionou, não acreditando nas palavras dele. — Se não é para me contar que está namorando a Pansy?

Draco estava incrédulo, controlou a vontade de sacudir Astoria pelos ombros. Não entendia como ela poderia pensar aquilo dele.

— Estou aqui para dizer que estou apaixonado por você! — exclamou, desistindo de qualquer chance que teria de fazer uma confissão mais romântica.

— Por mim? — Ainda não conseguia acreditar nele. — Por que você estaria apaixonado por mim?

Toda a confiança que teve na noite passada, já tinha ido embora de Astoria, e ela não conseguia mais pensar na possibilidade de ser correspondida.

— E quem mais seria? — retrucou Draco. — Não tem ninguém que me entenda mais do que você. E que tenha tido paciência para ficar do meu lado depois do ensino médio, quando nenhum dos meus amigos queria me ouvir. — Fechou os olhos como se estivesse escolhendo melhor as palavras, e quando os abriu de novo parecia muito determinado. — Eu amo ser a pessoa que sempre escuta seus planos malucos primeiro, e também quem te dá conselhos quando precisa. Eu quero ser mais do só seu amigo, Astoria.

— Eu... — Ela nem sabia o que dizer, nunca imaginou que alguém confessaria seu amor por ela e que ela fosse correspondê-los.

— Não tem ninguém nesse mundo que se compare a você — continuou. — Não sei como você pode pensar que eu poderia olhar para outra pessoa, quando você está bem aqui do meu lado.

Astoria ainda chorava, mas não eram mais lágrimas de tristeza.

— Draco, eu também te amo — confessou. — E não sei como demorei tanto para notar.

Draco sorriu, e ela sorriu de volta. Ele segurou o rosto dela com as mãos, e delicadamente secou as lágrimas com os dedos.

 Fechou os olhos com o toque, e sentiu quando os lábios dele tocaram nos seus.

Astoria conseguia entender porque as pessoas queriam tanto viver histórias de amor, e a partir daquele dia, ela viveria apenas a sua e a de mais ninguém.


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Notas finais do capítulo

*tchaki tchaki* e deu tudo certo!!
muito obrigada para quem leu, vou amar saber o que acharam nos comnetários ;)
e Luísa espero que tenha gostado do seu prewsente de aniversário (junto com os brownies e cupcakes kkkk)

Dia 24 vou postar minha one-shot que está no cronograma real oficial do Fevereiro Drastoria “I Think It’s Going to Rain Today”, dessa vez são só 3k espero ver vocês lá!

Beijos, Violet