Sono bugiarda escrita por Bia
Notas iniciais do capítulo
Obrigada a todos que leram e, principalmente, aos que comentaram!
Ali estavam os dois.
Ela não deveria ter deixado ele entrar, mas deixou.
Não deveria ter derramado nele todo o seu drama, mas o fez mesmo assim.
E ali estavam eles.
Sentados no sofá, um de frente para o outro e encarando-se com seriedade ou, ao menos, Katara estava. Caso seus olhos azuis não estivessem fixos no rosto de Zuko ela teria perdido o sorriso relâmpago que surgiu em seus lábios.
— Desculpe. Pode repetir, por favor? — ele pediu e, pelo tremor de sua voz, era possível imaginar o esforço que estava fazendo para não rir.
Isso a irritou.
Ergueu-se exasperada e arremessou, furiosa, uma almofada nele. O que só fez com que o moreno se permitisse gargalhar alto.
— Por culpa sua! — começou, andando desvairada de um lado para o outro. — Culpa sua, ouviu? Eu não consigo mentir, não consigo! Nem mesmo uma mentirinha inocente e necessária. Eu não consigo mentir. Minha vida está arruinada! — cobriu o rosto com as mãos e balançou a cabeça. — Meu Deus, Zuko, você não assistiu Valente? Temos que ter cuidado com o que pedimos.
— Katara. — a voz de veludo soou próxima a ela e pode sentir suas mãos serem puxadas com delicadeza. Zuko estava de pé na sua frente, dobrando levemente os joelhos para encará-la, entrelaçando seus dedos e parecendo tão disposto a ajudar, embora não conseguisse ocultar o sorriso. — Como isso pode ser culpa minha?
— Ora, como não? — tentou escapar dele, mas foi inútil. — Não foi você quem disse ontem mesmo que queria que, pelo menos um dia, eu fosse incapaz de mentir. Bem, aí está. Parabéns!
Observou o amigo fechar os olhos e respirar fundo e não soube dizer se era para controlar sua impaciência ou seu divertimento.
— Então, você não pode mentir? — perguntou, tornando a encará-la. Concordou com a cabeça. — E qualquer pergunta que eu fizer você vai me responder com honestidade?
Katara sentiu dedos quentes subindo para seu pulso e estremeceu.
— Infelizmente.
A expressão dele não foi nada menos que cruel.
— Vamos começar com uma fácil, então. Uma vez eu perguntei se você ainda assistia desenhos e você me disse que não… Não é verdade, né?
Nunca em sua vida a garota da Tribo da água pensou que pudesse chorar por causa de algo tão estúpido.
— Não. — admitiu queixosa, sentindo o rosto quente. — Eu amo desenhos. Assisto O Rei Leão pelo menos uma vez por mês e sempre choro. E sim, eu sei de cor todas as falas de Shrek. Era isso que você queria ouvir? Satisfeito? Vamos, me humilhe. Diga que é infantil.
Zuko não o fez. Revirando os olhos, ele lhe dedicou um meio sorriso que esquentou toda a sala, que enfraqueceu seus joelhos.
— Não é infantil, é algo que você gosta e eu adoraria te acompanhar quando fosse assistir. — ele disse com suavidade e suas mãos já estavam acariciando o rosto dela. — Você nunca precisa mentir para mim, Katara.
Sem saber o que responder, permaneceu encarando-o. Não se lembrava de tê-lo visto sorrir tanto em um único dia. E nem ficar tão corado quanto ficou logo depois.
Repentinamente, encabulado, prosseguiu:
— Ok… A pergunta que vale um milhão… Você não precisa responder se não quiser, claro! Porém, eu gostaria muito de saber. Você gosta de mim, romanticamente?
Katara sentiu a vermelhidão do rosto dele refletir em suas bochechas e, graças a sua natureza teimosa, pensou no que aconteceria se optasse pelo silêncio. Censurou-se um segundo depois. Por favor, aquele era Zuko! Seu melhor amigo, o cara que tinha saído do trabalho para ir atrás dela, um homem bom que merecia a verdade.
Deu um passo à frente. As mulheres de sua tribo avançam.
— Sim.
Antes que pudesse pensar em algo para complementar, a boca de Zuko estava na dela, as mãos masculinas ora apertando sua cintura, ora guiando sua nuca. Surpresa, Katara abriu a boca e apoiou-se completamente em seu pescoço. Sentiu seus passos recuando, guiando-os para o sofá e gemeu quando ele a fez sentar em seu colo endurecido.
Ver os olhos dourados rolarem para trás deixou-a toda úmida e trêmula. Avançou sobre ele persuadindo sua boca, chupando sua língua, esfregando seus quadris, arranhando seu pescoço. Quando Zuko rosnou excitado, Katara se afastou ofegante.
— E o dinheiro que me prometeu? — sussurrou agitada, admirando a expressão sonhadora do homem a sua frente.
— Dinheiro?
— Sim, você disse: a pergunta que vale um milhão.
Zuko soltou um misto de riso e gemido. Fechou os olhos, puxou-a mais para si e acariciou seu rosto com o nariz.
— Eu nunca disse que era dinheiro. Existe a barraca de uma simpática senhora na esquina do bar do tio. Ela faz um delicioso milho com manteiga. Não é o ideal para um primeiro encontro, mas se você quiser…
Katara beijou-o mais uma vez.
— É perfeito.
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