Presos Por Um Olhar escrita por Carol McGarrett


Capítulo 97
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Notas iniciais do capítulo

Mais um sábado, mais um capítulo.
E um novo casal se forma...
Boa leitura!



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O domingo passou tranquilo. Logo na metade da manhã, meu sogro veio trazer a Ferrari, agradecer à Pietra o empréstimo e nos convidar para um almoço onde, dessa vez, nenhuma de nós iría parar na cozinha.

Voltamos para a casa dos Pierce, onde acabamos por ficar boa parte da tarde, perto do pôr do sol nos despedimos e, no caminho de volta, acabamos passando por Venice Beach, onde, depois de muita insistência das passageiras, acabei por estacionar o carro.

— E aqui estamos! Na praia onde a Kat conheceu o Alex. – Pietra brincou, já tirando o sapato e indo em direção à areia.

— Está frio, vai fazer o que aí? – Mel perguntou, se enrolando no cardigan que usava.

— Procurar um surfista para mim!

— Você está de brincadeira, não é? – Vic questionou incrédula.

Pietra simplesmente deu de ombros e disse:

— Se a Bionda, que odeia praia, tem pavor de se enfiar no mar para não estragar o cabelo de ouro dela, conseguiu um pedaço de mal caminho só correndo na areia, por que eu não conseguiria?

Mel, Vic e eu nos encaramos e depois acompanhamos a Loca Italiana, que realmente tinha caminhado para a areia gelada do final de tarde.

— Eu não acredito nisso! – Mel falou e saiu correndo atrás da descabeçada da Pietra.

— Desde quando Pietra está querendo desencalhar? Achei que ela adorava estar solteira, mas nunca sozinha! – Vic falou, enquanto nós duas fazíamos o mesmo caminho.

— Los Angeles deve ter mexido com as ideias dela. Só pode. – Respondi.

Com pouco, chegamos aonde Pietra tinha se jogado – e, para meu espanto total, era bem próximo do ponto onde eu fiquei observando Alex no meu primeiro final de semana aqui em Los Angeles.

— E o que a gente faz agora? Espera até os deuses terem pena da encalhada aqui? – Mel disse debochada e Pietra retrucou na hora:

— Você acha que me engana, mas eu sei que você está namorando um dos mecânicos da Mercedes... me fugiu foi o nome dele. Só estou esperando para ver quando que você iria nos contar.

Mel ficou vermelhinha e, toda sem jeito, fechou a matraca e começou a murmurar qualquer coisa sem sentido.

Vic, que tinha sido esperta e pegado uma toalha no porta-malas do meu carro, estendeu a bendita na areia e dividiu comigo a outra ponta. Mel se jogou do meu outro lado, ainda praguejando e chamando Pietra de fofoqueira. Olhei para ela, que muito deliberadamente deu de ombros, mas depois tirou o celular do bolso do cardigan, destravou e nos mostrou a foto do escolhido.

— Não é nada sério. Ainda. Começamos a ficar depois do GP de Abu Dhabi do ano passado... – Ela deixou a frase no ar.

Observei a foto, Vic tomou o celular da minha mão para poder ver melhor.

— É, ele é bem bonito. Nome, por favor. – Ela pediu.

Mel respirou fundo e eu pude ver, ela estava apaixonada pelo Senhor Mecânico da Mercedes.

— Henry. Na verdade, é Henrich.

— Alemão? – Perguntei.

— Sim.

— Bem, quando quiser apresentar o Alemão para nós. Não iremos crucificar o bichinho.

— Se o que temos ficar sério, eu apresento. Não sou de correr como a Kat que dentro de dois meses encontrou o cara, começou a namorar, foi morar com ele e acabou noiva!

— Isso aí é inveja! – Brinquei com ela.

— Não. É medo de ficar para a titia!! – Ela retrucou rindo.

— Pior que eu nem converso com a minha tia direito... como seria se eu aparecesse na porta da casa e dissesse: Oi tia, como eu sou uma frigideira e não uma panela, não tenho uma tampa... assim, vim pedir asilo aqui! - Caçoei de um possível ex status meu.

Todas três começaram a rir, mas logo voltamos nossa atenção para o mar, o dia já estava acabando e o que nos restou foi ver o por do sol.  

De fato, tinha alguns surfistas aproveitando as ondas fortes, pelo que ouvi a frente fria, combinada com a Lua cheia, tinha feito desse final de semana o melhor, desse ano, para o surfe.

Não demorou e alguns começaram a fazer manobras.

— Diz aí, surfista de araque, que manobra era aquela? – Vic perguntou, só para quebrar o clima estranho que tinha se instalado entre nós.

— Não faço ideia. Tive só uma aula de surfe. Meu professor me abandonou e eu não vou cair na água sozinha... não sou lá muito a favor de morrer afogada.

Pietra fez um som de deboche com a boca e se concentrou na água.

— Vai rindo, Louca. – Respondi a ela. – Não é tão fácil quanto eles fazem parecer.

— Você que estava mais interessada no professor do que na aula. – Foi o que ela retrucou. – E aí, conhece algum deles?

Voltei a prestar atenção no mar, de longe, todos pareciam iguais para mim. Não falei nada, mas Alex poderia estar lá na linha d’água, que eu não o reconheceria.

— Não sei.

Um dos surfistas entrou em um tubo e depois deu um backflip bem alto, vindo todo festeiro para a areia. E ele tinha toda a razão, pois a manobra colocaria inveja em Alex.

Quando ele chegou na faixa de areia, um dos outros surfistas que estavam por perto, levantou os braços para cima, como que cantando “aleluia”.

— Bobos. – Comentei.

E a turma de surfistas, depois que a última chegou na faixa de areia, começou a caminhar em direção ao calçadão, ao que parecia, a sessão de surfe tinha acabado por falta luz natural.

— Bem, Pietra, não vai ser hoje que você vai desencalhar com um surfista bonitão. – Vic brincou e se levantou.

Fiz o mesmo que minha cunhada. E quando me abaixei para pegar a toalha e dobrá-la, escutei a seguinte frase:

— Olha se não é a Garota que Veio do Norte!! Tá sumida, maninha!

Virei-me e dei de cara com toda a turma que surfa com Alex.

— Oi, Benny! Oi, gente! – Cumprimentei-os.

— Pepper comentou que você passou por uma situação bem complicada em Londres. Está tudo bem agora? – Emilly perguntou.

— Estou melhorando. Ainda vai levar um tempinho para estar totalmente bem.

— Sabe que pode contar com a gente, mesmo que o surfe esteja suspenso. – Matt disse.

— Eu sei sim, muito obrigada.

E, como eu fui muito bem-educada, apresentei as meninas que estavam comigo. E, algo chamou não só a minha atenção, mas a de todos.

Benny e Pietra se encaravam.

— Eu realmente estou vendo isso? – Lilly perguntou abismada.

Grant coçou a cabeça e perguntou.

— Ele não vai fazer nenhuma piada?

— Pietra não vai ser sarcástica? – Mel sussurrou.

Os dois apertaram as mãos, se cumprimentando, mas completamente alheios a tudo e todos que os cercavam, pois eles se olhavam olho no olho.

— Eu estou pasmo que o Benny encontrou o amor da vida dele, sentada na praia. Ele que tanto tirou sarro da cara do Alex. – Matt falou e eu olhei para ele, essa última parte era novidade para mim. – Foi mal, maninha, mas até que vocês apareceram juntos aqui, ninguém estava acreditando muito no Alex.

Balancei a cabeça de forma positiva, se eu parasse para pensar, a probabilidade de que eu realmente encontrasse a minha alma gêmea em uma praia na Califórnia era quase zero. Porém, eu tinha encontrado. Ou ele tinha me encontrado e insistido em mim.

Não poderia, jamais, julgar Pietra ou Benny. Porque o que todos nós estávamos vendo era um novo casal.

Um casal que tinha algo em comum, mas era formado por duas pessoas de mundos completamente diferentes.

Assim como Alex e eu.

Abri um sorriso. Minha amiga Italiana Louca tinha achado a cara metade dela, em uma praia em Los Angeles. E calhou que o surfista dela era um dos melhores amigos do meu surfista. Apesar de saber que ela não admitiria tão cedo que aquele olhar era de alguém apaixonada, porque Pietra preferiria morrer a dizer algo assim.

Mas eu também sabia que Benny conseguiria dobrar a Italiana. Ele tinha paciência. Paciência e muito bom humor, que contrastaria com o sarcasmo e acidez das opiniões de Pietra.

E eu tinha pensado, lá trás, quando conheci o Benny, que os dois se dariam bem... mas não tão bem assim. Alex precisava saber disso.

A situação foi ficando estranha, porque os dois pombinhos não desgrudavam o olhar, mas também não falavam nada. E o restante do pessoal apenas assistia.

— Alguém vai ter que fazer alguma coisa. Ou eles vão passar a noite ali. – Mel comentou.

Tudo o que pudemos fazer, foi começar a fingir uma tosse. Como não funcionou, apelei para algo mais prático, chutei a canela da italiana. Isso funcionou.

— Mas o que foi? – Ela perguntou contrariada.

— Já anoiteceu... vai virar a noite olhando para o Benny?

E foi só então que ela se localizou. Que os dois se localizaram. Finalmente soltaram o aperto de mãos e, muito sem graça, murmuraram um adeus.

Só que todos íamos para o mesmo lugar, o estacionamento. Fui conversando com a turma, Emilly fez amizade rápido com Vic e Mel, e o assunto não foi outro senão hockey no gelo, e, pelo canto do olho, pude ver que Pietra, a cada dez segundos, lançava olhares na direção de Benny.

Quando chegamos no estacionamento, nos despedimos, a turma pedindo para que eu aparecesse, mesmo com Alex longe.

— Pelo amor de Deus, não faça igual a Pepper que se mata de trabalhar!! – Emilly pediu.

— E voltem todas. Quero ver mais vezes essa cara de bobo apaixonado do Benny.

Benny e Pietra fingiram que não escutaram essa, mas bastou que nos afastássemos um pouco e a brincadeira no meio dos surfistas ficou mais alta.

Eu queria fazer o mesmo, mas conhecia muito bem Pietra, agora ela iria se fechar numa pose de senhora de si, como se ninguém no mundo pudesse balançar seus sentimentos, então nem adiantaria falar nada. Mel e Vic também sabiam disso, então ficamos caladas.

Até que chegamos no carro. Tínhamos acabado de entrar, eu estava para dar a partida, quando Benny apareceu correndo, estendendo as mãos, pedindo que eu não arrancasse.

Lancei uma olhada para Pietra, para ver o que ela queria, e, por dois segundos, a fachada de poderosa dela, se quebrou. Eu parei e abri o vidro do carona.

Benny foi direto lá, e depois de nos cumprimentar novamente, olhou seriamente para Pietra e disse:

— Tem algo para fazer hoje à noite?

E a italiana não falou nada de início, apenas encarou Benny.

— Não, Benny, ela não tem. Nosso compromisso é amanhã bem cedo. – Vic se intrometeu na conversa.

— É, não tenho. – Pietra confirmou, como se não se importasse, o que, era claramente o contrário.

— Se importa de deixar as suas amigas e sair para jantar comigo? – Ele foi direto e eu estava tendo que me segurar para não abrir a porta e já jogar Pietra na direção do surfista californiano.

Pietra tentou ter uma atitude de quem não estava se importando, mas só a quantidade de vezes que ela apertou as próprias mãos, dava para notar que ela estava mais do que interessada em ir, então ela olhou para nós, e, pela primeira vez, eu vi Pietra pedir ajuda sobre o tema “encontros”.

Nós apenas sorrimos.

— Não me importaria. – Foi a resposta que ela deu.

— Você está na casa do Casal 20? Digo, na casa do Alex e da Kat?

— Sim. Estou lá.

— Posso passar às 20:30?

Pietra lançou um olhar para o relógio no console central do carro, fez algumas contas rápidas.

— Pode. Eu... eu vou estar esperando. – Ela confirmou.

— Não vou me atrasar. – Benny completou e deu um passo para trás. – Tchau, Garota que Veio do Norte. Tchau, Melissa, Vic. Tchau, Pietra.

Despedimos dele e quando olhei para frente, toda a turma do surfe estava parada um pouco afastada, mas prestava atenção em Benny e quando viram a feição dele, começaram a assobiar e bater palmas.

— Sem comentários. – Foi o que Pietra falou depois que eu buzinei para todos.

Não falamos nada durante a volta para casa. Porém, vontade não faltou.

 Em casa, a Louca Apaixonada subiu correndo para o quarto, como uma adolescente que tinha marcado um encontro com o garoto que era o crush de todas na escola.

—  Alex não vai acreditar nisso! – Comentei assim que escutei Pietra batendo a porta do quarto.

Eu não estou acreditando! – Mel falou. – Como assim!!?? Vocês realmente viram aquilo. Foi... foi automático. Bastou que eles se olhassem!

— Amor à primeira vista existe, gente. Só que a Pietra nunca acreditou nisso. Até hoje.— Vic comentou.

Nos sentamos no sofá da sala, mudando o assunto à medida que o barulho – e os xingos – ficavam mais altos no andar de cima.

— Eu nunca vi a Pietra assim!!! – Vic falou. – Nem está parecendo com ela.

Com pouco ela me gritou.

— Preciso de sapato emprestado, Bionda! E não vou invadir o closet que você divide com o Tatuado!

Lógico que todas subiram, e começamos a dar pitacos sobre a roupa de Pietra. Falamos tanto, até que ela soltou:

— Eu não trouxe roupa para um primeiro encontro. Eu não esperava conhecer o am... Benny!!

Deixamos passar que ela iria falar “amor da minha vida” e partimos para o ponto que importava de verdade.

— Para a sua sorte, Pietra, você está na minha casa, e eu tenho algumas roupas aqui. – Puxei-a para meu quarto, e terminamos de arrumar a nervosa italiana.

— Eu estou pior do que uma adolescente!! – Ela reclamou a certa altura.

— Fica calma que ele está quase chegando!! – Mel falou. E ela mal fechou a boca, a campainha tocou. Como Thor e Loki não fizeram um escândalo, presumi que era alguém conhecido.

Desci para atender e era Benny. E ele estava irreconhecível.

— Boa noite, Benny. – Falei.

— Exagerei? Pietra parece ser membro da realeza. – Ele disse meio incerto.

— Não sei aonde vocês vão, mas você está muito bem. Vem, entra, ela já está quase pronta. – Respondi e me foi impossível não sorrir diante do que ele havia falado. Benny estava tão ou mais nervoso que a minha amiga.

Benny me seguiu, me perguntando sobre Alex e quando que nós dois voltaríamos a frequentar a praia.

— Ele vai demorar para voltar, mas eu apareço por lá. – Garanti.  – E vou ver se arrasto a Pepper comigo.

— Isso é bom. Não é porque os Pierce estão longe que vocês devem se afastar de nós. – Ele comentou casualmente e começou a brincar com Stark que faltava pouco morrer de desespero. querendo atenção.

Estava para oferecer algo para ele, quando Pietra surgiu do alto da escada e Benny não prestou atenção em mais nada.

Eles se cumprimentaram e sem fazer muita hora, se despediram.

— Achei que a italiana iria no carro dela. – Vic disse olhando na direção do portão recém-fechado.

— Ela vai até de bicicleta hoje. – Mel falou rindo.

— Eu ainda não estou acreditando no que acabei de presenciar, porém, estou feliz pelos dois. Só não me peçam para esperar pela Louca acordada, porque eu acho que eles vão demorar. - Comentei indo em direção à cozinha, queria fazer um chá para mim.

— Isso se ela voltar para casa hoje! – Vic completou se jogando no sofá.

Passamos a noite fofocando, beliscando alguns petiscos e quando deu uma hora aceitável, fomos dormir. Até porque teríamos uma manhã bem agitada.

Porém, uma fofoca como essa que estava se desenrolando hoje, me obrigava a espalhá-la. Assim, só mandei a seguinte mensagem para Alex:

Qual é o casal mais improvável que você consegue pensar?

Estranhamente ele não me ligou, mas me respondeu.

Boa noite para você, Kat! E eu não faço ideia do que você está falando.

Bom dia, Surfista! E eu estou comentando do mais novo casal que se formou hoje. Chuta alguém?

Não. Mas quem?

Pietra e Benny.

Alex levou um tempinho para responder e quando o fez, só escreveu assim:

Benny nunca conseguiu resistir a uma morena de olhos verdes! Mas isso é sério? Ou você está só curtindo com a minha cara?

Sim. É sério e ele veio buscar a Pietra aqui em casa para jantarem.

E ela foi?

E até agora não chegou... acho que eles se casam mais rápido do que nós.

O Benny... amarrado antes de mim!? O que a Pietra fez com ele?

Não sei... só sei que todo mundo viu. Depois pergunta para o Matt...

O Benny?! E a Pietra?

Sim. inacreditável, mas é a verdade.

É... vocês, europeias, são perigosas.

Ainda bem que ele falou isso, porque eu estava quase perguntando o que que os californianos tinham de tão irresistíveis!   

Não somos não. Só somos irresistíveis. — Foi a resposta que mandei.

Não, você é irresistível, Kat. E, eu poderia falar mais, mas tenho que voltar para a gravação. Te ligo a noite. Isso se você não for arrastada para o casamento da Pietra e do Benny.

Benny não se casa sem ter você como padrinho, disso eu tenho certeza! — Brinquei. - Bom trabalho para você, Alex. Nos falamos mais tarde. Te amo e estou morrendo de saudades.

Te amo, Rainha do Gelo.

E depois dessa, fui dormir rindo. A Califórnia não tinha só bagunçado comigo, mas com a italiana mais louca do planeta também!

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Nossa manhã começou bem cedo. Vic amanheceu passando mal, todas nós creditamos como enjoo matutino da gravidez, mas se ela começasse a passar mal com frequencia, eu ia acabar ligando para a minha mãe para perguntar o que deveria ser feito.

Quarenta minutos depois, desce a gravidinha da família, com uma carinha de enjoo e de nervosismo.

— Bom dia, e desculpe-nos pelo show. Mas hoje realmente veio com vômitos.

— Bom dia! – Mel respondeu. – Estão prontos para o exame de hoje?

— Nervosa. Muito nervosa. Não quero carregar uma criança por nove meses e descobrir, quando ela nascer que é a cara da Kat! – Brincou minha cunhada.

— Só porque sou sua amiga e cunhada, vou fingir que não fiquei ofendida. – Respondi.

— Mas que seria estranho, seria. – Mel acabou por expressar os pensamentos de Vic.

— Não quero ser chata, mas entre Vic e Tanya, é com a Inglesinha aqui que tem mais chances de acontecer. Afinal, ela é casada com o meu irmão gêmeo!

— Deus te abençoe, minha amiga. Porque não deve ser fácil viver com esse medo! – Mel continuou brincando enquanto tomávamos café.

Vic concordou com a cabeça e teve o desplante de se benzer, e eu só não joguei um copo na cabeça dela, por respeito ao meu sobrinho, ou à minha sobrinha não nascida e depois mudou de assunto.

— Mas, mudando de assunto, onde está Pietra?

— Não voltou. – Foi minha resposta à Mel.

— Eu não deveria ficar impressionada com essa notícia, mas eu fiquei.

— Só Pietra sendo Pietra. – Foi a minha resposta.

— E o que a gente faz? Liga para ela, espera...

— Não podemos, Vic. Você tem hora marcada no laboratório. Pietra sabe disso. Contudo, creio que ela vai acabar nos encontrando lá.

Acabamos de tomar café e depois de nos arrumarmos, fomos para o laboratório.

Mel e Vic iam fazendo os pros e os contras de se ter um menino ou uma menina e, no fim, tudo o que Vic decidiu foi:

— Eu não me importo sobre o que será. De verdade. Não estou em posição de escolher. Esse pequeno ser aqui já é mais do que especial, então não faz diferença se é uma menina ou um menino.

E com esse pequeno discurso, chegamos no laboratório.

— Mas eu gostaria de saber onde a Italiana Apaixonada se meteu. – Mel falou antes que Vic fosse levada para a sala de exame e ter o seu sangue colhido.

— Acho que ninguém precisa ter uma bola de cristal para saber. – Murmurei.

Vic batia os pés no chão, nervosa.

— Para quem falou que não se importava com o resultado, você está bem nervosa.

Ela deu de ombros e continuou com a batida ritmada dos pés. Passaram-se alguns minutos e uma criatura usando óculos escuros, calça jeans e uma camisa que claramente não eram dela, apareceu na porta do Laboratório.

Algumas pessoas se viraram para encarar a morena que se equilibrava em um par de saltos que em nada combinava com a roupa que esava usando.

Mel, Vic e eu só nos ajeitamos nas desconfortáveis cadeiras de plástico e observamos Pietra entrando.

Buongiorno! – Ela nos saudou com a maior cara lavada.

Olhamos para ela e para a roupa que ela vestia. Claro que não eram as roupas que ela vestia quando saiu da minha casa.

— Que a calça estilo boyfriend está na moda todo mundo sabe... mas não sabia que usar a calça do boyfriend era a nova moda. – Melissa foi sarcástica.

Pietra só se jogou na cadeira do meu lado e fingiu que não escutou o comentário.

— Então, não vai falar nada? – Vic tentou.

— O importante é que estou aqui, dando o maior apoio para o meu sobrinho ou sobrinha. – Foi a resposta pronta dela.

— Isso eu estou vendo, Pietra, mas e as suas roupas?

— Ben vai deixar na casa da Kat.

E à menção do apelido, nós três nos olhamos e olhamos para a Italiana.

— O que?!

— Nada! – Respondemos com um levantar de mãos e tentando esconder o sorrisinho.

Pietra não teve tempo de retrucar, pois a enfermeira veio chamar Vic.

Ela, nervosa que só, colocou a bolsa no meu colo e seguiu a enfermeira, brincando com a ponta do cabelo.

— Eu sei o motivo pelo qual eu não dormi. – Disse a Louca. – Mas a Vic dormiu menos do que eu!

— Dá um desconto, Pietra. Ela realmente está nervosa com isso. – Falei.

— Creio que ela vai ficar nervosa por toda a gravidez. – Mel comentou.

— E não é para menos, para quem já passou pelo que ela passou. – Pietra completou e nós três cruzamos as pernas e pusemos a esperar.

O tic tac do enorme relógio da recepção estava me tirando do sério e nada da minha cunhada voltar.

— Não é só tirar o sangue? – Mel perguntou.

Ao meu lado, Pietra, que tinha cochilado com a cabeça apoiada na parede, acordou meio sobressaltada.

Un bambino o una bambina? – Perguntou.  

— Vic ainda não voltou. – Afirmei.

E a minha amiga fez uma cara estranha e olhou para a máquina de café que tinha ali por perto.

— Preciso de um daqueles. – Ela se levantou um tanto sonolenta ainda e atravessou a recepção, novamente chamando a atenção de todos os presentes. 

Mel, sem perder tempo, sacou o celular e tirou uma foto do visual da Italiana.

— E vai fazer o que com isso? – Questionei,

— Transformar essa obra prima da falta de gosto em foto de perfil do grupo.

— Achei que íamos continuar com a Marmota Louca do filme Feitiço do Tempo...

— Haverá uma mudança temporária. – Foi a resposta que recebi.

— E você acha que isso vai ficar barato, Melissa?

— Não, Katerina. Eu não acho. Mas a oportunidade é boa demais para perder.

— A vida é sua de qualquer forma. – Adverti e vimos Pietra vir caminhando igual a um zumbi usando salto alto para perto da gente. Um pouco mais atrás, vinha Vic, carregando um envelope e olhando ansiosa na nossa direção.

— E ela não teve coragem de abrir... – Mel suspirou.

— E nem vai... vai entregar o envelope para Kim abrir. – Falei e me levantei.

Pietra fez uma cara feia de quem não estava gostando de ficar acordada e quando notou que Vic ainda não tinha visto o resultado, deu um suspiro exagerado.

— Não. Eu não abri. – Foi assim que minha cunhada chegou perto de nós.

— E? – Perguntamos.

— Essa eu vou deixar para o Kim ver primeiro.

Reviramos os olhos e fomos caminhando para o carro. A cada passo, Pietra reclamava algo em italiano.

— E quando Kim chega por aqui? – Perguntei.

— O jogo é na quarta à noitinha. Então, ele deve chegar de manhã, porque a tarde já tem o aquecimento na arena.

— E você vai contar para ele...

— Bem... na quarta, depois do jogo... eu meio que já falei que tenho que conversar com ele sobre algo.

— Mas não deu pistas sobre o que vai ser, ou deu? – Pietra levantou os óculos e nós demos um pulo, haja olheira ali.

— Não, não dei. E isso está tirando ele do sério. Eu disse que era importante.

— Kim não vai jogar uma ave-maria na quarta. – Mel comentou rindo quando já estávamos no trânsito.

— Isso foi maldade! – Pietra comentou, jogando um boné na cara. – Desde quando você usa boné, Bionda? - Estranhou o acessório.

— É do Alex. Ele deixou dentro do porta-malas. Coloquei aí porque tenho que lavá-lo.

Pietra deu de ombros e tornou a cobrir o rosto com o boné.

— É, a ressaca tá muita, para você deixar de ser a fresca com o que veste. – Mel cutucou a italiana.

— Muita. Estou com muita ressaca. De bebida e de sono. Agora me deixem em paz.

Ficamos caladas pelo tempo que gastei para chegar em casa e deixar as três. Pietra foi tropeçando pelo caminho, dizendo que era uma excelente amiga, para ter se dignado a se levantar tão cedo e ido parar no laboratório, e, só por isso, completou que se a Vic estivesse esperando uma menina, deveria batizá-la com o nome de Pietra.

Ela não viu, mas Vic foi logo balançando a cabeça em negativa. E, dessa vez, eu concordava com ela! 

Depois disso, fui para o escritório. Certa de que tinha uma semana e tanto pela frente.

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Era metade do dia quando recebi uma chamada de vídeo. Como meu computador e meu celular estavam conectados, atendi sem ver quem era.

— Está muito ocupada, Kat? – A voz de Kim preencheu o silêncio da minha sala.

Até assustei, o que meu irmão queria para me ligar a essa hora?

— Não, Kim. Aconteceu alguma coisa para você estar me ligando no meio do dia?

— Sim e não. – Ele me respondeu coçando a cabeça.

— Você tem que ser mais claro, Kim. Eu não estou te entendendo.

— É a Vic.

— O que tem a Vic? – Sem querer, acabei ficando nervosa, afinal algo poderia ter acontecido com minha cunhada ou com o bebê.

— Eu quem te pergunto! Ela me mandou uma mensagem estranha hoje de manhã. Pediu que eu a encontrasse na sua casa, depois do jogo de quarta.

— Isso ela me falou.

— Só não me falou o motivo. – Kim completou. – A parte mais importante, Kat, ela não me disse.

— Ela não falou nada mesmo? – Tentei me fazer de desentendida.

— Não. E é por isso que eu estou te ligando. O que você sabe a respeito dessa conversa?

— Nada.

— O que aconteceu nesses últimos cinco dias, que fez com que a minha esposa marcasse um dia e hora para conversar comigo? Aonde vocês foram? Quem ela encontrou? Tem a ver com o jogo de videogame?

Tive que morder minha língua para não soltar nada, mesmo sabendo que meu irmão estava nervoso e que os seus pensamentos estavam indo para a direção de um divórcio iminente.

— Olha, Kim, eu não sei sobre o que a Vic quer conversar com você. – E na minha pausa para tomar fôlego, meu irmão iria soltar alguma frase sarcástica, que eu logo impedi. – Mas eu sei sobre o que não é a conversa.

Kim batia a mão na mesa, e com a minha demora em responder, faltou pouco entrar na tela do computador e me esganar.

— Ela não vai pedir o divórcio. – Garanti.

— Então o que é?

— Já disse. Isso eu não sei.

Meu irmão me olhou desconfiado. Eu era uma péssima mentirosa, sempre fui. E ele estava pegando no ar que eu escondia algo.

— Você e ela são melhores amigas há anos. Sabem absolutamente tudo uma da outra. Você contou para ela que estava saindo com o Alex antes mesmo de falar para a Pietra. Contou até que ia se mudar para morar com ele... e agora vem me falar que não sabe sobre o que ela quer conversar comigo? – Ele falou, imitando o meu tom de voz. – Katerina, você mente muito mal. E se acha que eu vou acreditar nessa sua mentira, está muito enganada.

Tive que respirar fundo e isso fez com que meu irmão se escorasse na cadeira e cruzasse os braços, pois era praticamente a minha declaração de que ele estava certo.

— Eu sei o que é. – Dei-me por vencida. – Porém, não vou contar para você. Não posso. É uma surpresa. Uma que você vai gostar. – Completei a fala antes que Kim estourasse de vez.

Uma surpresa?!

— Sim. E só isso que você vai arrancar de mim hoje. Não abro a minha boca para te falar mais nada. Dentro de um pouco mais de quarenta e oito horas você vai saber sobre o que se trata. – Terminei de falar.

— Assim como você, Kat, eu não gosto de surpresas.

— Essa é uma boa surpresa, Kim, acredite em mim. Se não fosse, eu não estaria cedendo a minha casa para que ele te contasse.

Kim levantou uma sobrancelha, ainda descrente com as minhas palavras.

— Vou confiar em você, mas se for algo que eu não goste.

— Você vai ter todo o direito do mundo para brigar comigo, Joakim. Isso eu te garanto. E eu não vou fugir da briga.

— Acho bom.

— Mais alguma coisa? - Questionei.

— Você realmente não vai me falar o que é?

— Não. Não vou.

— Sua lealdade é maior à sua cunhada do que ao seu irmão gêmeo?

— Minha lealdade é somente comigo. Gosto da minha vida e não pretendo dar motivos para que outras pessoas me matem. Assim, tente se concentrar em outra coisa até quarta-feira.

— Sempre com a resposta na ponta da língua. – Kim devolveu na hora.

— Sou obrigada a pensar rápido, uma hesitação e posso perder o maior negócio da minha vida, Kim.

Meu irmão reclamou algo que não entendi, e antes de encerrar a chamada, só falou o seguinte:

— Até quarta. E se eu não gostar do que a Vic for me contar, você já sabe.

— Até quarta-feira, Kim. Eu aposto o meu salário que você vai gostar do que vai ouvir nessa conversa.

Ele meneou a cabeça desconfiado e depois encerrou a chamada, e eu dei graças à Deus, pois mais cinco minutos e eu ia acabar soltando, sem querer, a grande novidade de Vic.

O restante da minha segunda passou tranquilo, com Pietra ainda se recuperando da noitada e Vic mais nervosa do que Kim, e, como resultado, acabamos por não fizer nada de especial, apenas batemos papo, sentadas na sala de TV, enquanto uma comédia romântica qualquer passava na televisão.

Já a terça foi completamente diferente. Ao chegar no escritório, meu telefone tocava insistentemente, antes mesmo de atender, eu já amaldiçoava a pessoa que me ligava antes mesmo do expediente começar, até que reconheci a voz.

Do outro da linha estava o meu advogado no caso contra Cavendish. E ele não tinha boas notícias.

— Bom dia, Sr. Neville. – Saudei-o.

— Bom dia, Srta. Nieminen. Porém sinto dizer que não trago boas notícias.

Sentei-me em minha cadeira e esperei pelo balde de água fria.

— O julgamento de Cavendish foi adiado para daqui duas semanas. E, depois de um recurso da defesa, a sua presença e de todas as testemunhas é imprescindível no tribunal.

— Eu vou ter que testemunhar pessoalmente?!

— Sim, terá. E, com isso, gostaria que você chegasse à Londres uns três dias antes do julgamento, para que possamos repassar o caso com você e te orientar sobre as perguntas que irá responder.

Respirei fundo, a Família Cavendish-Dempsey ainda não tinha acabado de perturbar a minha paz.

— Eu estarei aí. E só preciso de um favor.

— Que é?

— Quanto tempo eu vou ter que ficar afastada do meu trabalho?

— No máximo duas semanas.

— Com certeza ou está estimando? Pois não posso ficar longe daqui por muito tempo, ainda mais quando a Empresa está passando por tamanha reformulação e reorganização.

— Duas semanas, Srta. Nieminen. Te garanto.

— Obrigada. Assim que tiver a data certa do julgamento, por favor, me informe para que eu me organize por aqui.

— Será informada. E tenha um bom dia no trabalho, senhorita.

Agradeci novamente e encerrei a ligação. Ainda um tanto desnorteada com a novidade. Depois que a notícia se afundou em meu cérebro que eu percebi o tamanho do problema que eu tinha pela frente.

Eu veria Cavendish novamente. Ficaríamos frente a frente. E isso não era nada bom.

Com essa mais nova descoberta, minha sessão de terapia seria bem tumultuada hoje, pois eu sentia que essa notícia tinha vindo para me tirar o sono.

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— Que cara é essa? – Pepper perguntou assim que entrei em casa, e eu nem sabia que ela estava lá, mas ela logo se explicou, dizendo que veio conferir se a novidade sobre o mais novo casal da turma era verdade. Fazendo com que Pietra, que estava no celular, revirasse os olhos.

— Péssimas notícias. – Foi a minha resposta.

Minha cunhada fez uma careta e um tanto incerta, só perguntou.

— Tem algo que possamos fazer? – E aqui ela incluiu as outras três que estavam sentadas no sofá.

— Não. Não tem. – Pedi licença e fui para o meu escritório, deixar as minhas coisas e tentar controlar o meu humor e minha cabeça.

Logo, Pietra apareceu, se jogou no divã e começou a olhar para as unhas.

— Você sabe que eu sou a sincerona, não sabe?

Meneei a cabeça em concordância.

— Então, vou direto ao ponto. Mande Cavendish se ferrar, mas com a palavra certa.

— Não posso falar isso em um tribunal!

— Você vai estar pela internet! Será completamente entendível!

— Mudança de planos. Sou obrigada a testemunhar da Corte. Eu e todos que participaram do espetáculo. – Falei e comecei a pensar que hoje eu tinha um ótimo motivo para encher a cara, mesmo que fosse só terça-feira.

— Mas que merda, Bionda. – Pietra soltou o que eu vinha pensando por todo o dia.

— Eu estou vivendo na regência da Lei de Murphy, tudo o que está ruim, com certeza, vai ficar pior.

— Já tem uma data?

— Ainda não. Neville ficou de me informar com certeza o dia. Até lá, vou excomungando a minha falta de sorte. – Comentei sem emoção.

— Só para encerrar o assunto, antes que mais alguém fique sabendo e fique nervosa, quando não pode, você se lembra de alguma coisa daquele dia?

Fechei a tampa do notebook e encarei minha amiga, que agora andanva pelo meu escritório, observando os móveis feitos pelo sogro.

— Lembro de tudo, até o momento em que apaguei depois de ter as minhas costelas pisoteadas e Alex entrar na sala.

— Só queria saber o motivo de ele te querer na Corte.

— Rir mais um pouco da minha cara, só pode ser esta a explicação. Porque não vai ser nem um pouco fácil trazer todas estas memórias à tona.

Pietra ficou calada e depois saiu do meu escritório, já falando alto e dizendo para Vic que ela não poderia chorar na próxima noite, quando for contar para Kim a grande novidade. Mudando completamente o clima da casa, que passou da completa tranquilidade para a expectativa.

E nem a perspectiva de ver o meu irmão com cara de bobo ao descobrir que será pai pela primeira vez, melhorou o meu humor.

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Consegui disfarçar a minha cara de ódio e revolta por toda a noite de terça e por boa parte de quarta. Acontece que eu não posso enganar todo mundo, e dentre as pessoas que me conhecem bem, está minha mãe que, curiosa pelos motivos de Kim ter ligado para ela pedindo conselhos matrimoniais, acabou por me ligar, para saber o que de fato acontecia entre o casal.

— Tudo bem, Kat, eu vou acreditar em você que não há nada de errado entre eles, mas agora você pode me contar os motivos de estar tão cabisbaixa?

Respirei fundo, e lembrando-me da minha sessão de terapia, falei o que sentia. Falei tudo o que sentia. Despejei a minha revolta em ter que ficar frente-a-frente com Cavendish em minha mãe.

E como toda mãe, ela, pacientemente, escutou as minhas lamúrias, meu desespero, meu ódio, minha revolta.

Dizer que eu não queria vê-lo era ser educada. Eu não queria pensar na pessoa daquele velho. Queria esquecer que um dia o meu caminho cruzou com o dele, porém, ele parecia que gostava de ver o meu sofrimento.

Estava tão nervosa com isso, que quando dei por mim, estava sentada no sofá do meu escritório e chorava de raiva, longe da tela do computador, mas ainda com minha mãe me escutando, pois usava os fones.

— Kat, você acha que nós iríamos deixar você encarar esse depoimento sem estarmos ao seu lado?

— Não, mãe! Isso nunca passou pela minha cabeça. O que eu não quero é ter que viajar para Londres, só para fazer algo que eu poderia, e deveria, fazer por meio de videoconferência. Não vai mudar em nada.

— Você, melhor do que ninguém, sabe que muda, KitKat. Sabe a difefrença e o impacto que a presença da testemunha na Corte faz.

Dei uma risada sem emoção, para então responder.

— Eles querem me intimidar? Querem me forçar a ficar calada? Acham que eu vou desmoronar na frente daquele velho? Que eu tenho medo dele? A sorte dele que eu não sei atirar. Porque se dependesse de mim, ele viraria um exemplar humano de queijo suíço! – Me exaltei.

— Kat, nós vamos estar lá, até porque você não é a única que irá testemunhar.

— Eu sei que Alex, papai e a Vó Mina são testemunhas.

— E Matti.

Enterrei minha cabeça em minhas mãos e tentava não praguejar em voz alta, pois minha mãe não precisava ouvir os palavrões que eu queria falar agora.

Depois de respirar fundo por algumas vezes, acabei sentando-me em frente à câmera.

— Você tem toda a razão de estar revoltada, filha. Não será fácil. Mas nós estaremos lá por você. E não vamos deixar que faça nenhuma besteira.

— Obrigada, desde já. Não serão dias fáceis.

— Não, filha. Não serão. Gostaria que você não tivesse que passar por isso, mas agora não há mais volta.

— Eu acho que nem preso, Cavendish vai me deixar ter paz. Acho que nem morto!

— Tudo ao seu tempo, KitKat. Um passo de cada vez. Tudo está se desenhando para um final favorável a você.

Outra risada sem emoção.

— A senhora acha que os meus problemas vão acabar quando Cavendish for enjaulado para sempre? Mãe, sempre haverá mais alguém!

— Não sofra por antecipação, filha. Não precisa disso.

Bufei e acabei dando de ombros, desdenhando a fala da minha mãe.

— Vou te provar que está errada. – Foi assim que ela encerrou a conversa. – E, antes de me despedir, só peço que me conte o que a Vic tem que conversar com o Kim.

— Eu conto, assim que tudo terminar. – Prometi, despedi-me dela e acabei por encerrar o dia mais cedo, apesar de ter rendido bem, ainda havia algumas pendências, que eu poderia facilmente deixar para o dia seguinte. O que não poderia esperar era a minha ansiedade em presenciar minha cunhada contando a grande novidade para Kim.


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Notas finais do capítulo

Então, é isso!
Espero que tenham gostado do mais novo casal, ou casais, apesar de que um não fez a sua estreia de verdade.
Agradeço a você que chegou até aqui e cada um que está deixando comentários.
Uma ótima semana para vocês e até o próximo capítulo!
xoxo



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