Presos Por Um Olhar escrita por Carol McGarrett


Capítulo 55
Café Da Manhã Em Família


Notas iniciais do capítulo

É domingo então é dia de capítulo!
Tenham uma boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/799284/chapter/55

— Mas o que você está fazendo acordada a essa hora, Olivia? – Perguntei assim que entrei na sala e a vi sentada no sofá com roupa de ginástica.

— Eu também vou correr. Depois de ter comido tanto lá no final de semana, a senhora acha que eu vou me entregar ao ócio? E hyvää huomenta! - Me respondeu.

Hyvää huomenta, para você também. Já tomou café?

— Fiz um chá para mim, e comi alguns biscoitos... – Ela disse e tentou esconder o bocejo.

— Que horas você se levantou?

— Papai me ligou às quatro da manhã. QUATRO DA MANHÃ! Tem lógica?

— Não, não tem... contudo, só te digo que ele fez isso comigo no último sábado. – Me solidarizei com a garota. – Mas o que ele queria?

— Me perguntar se eu virei cowgirl... ao que parece, alguém mandou uma foto minha com chapéu de cowboy para ele.

— Não pude deixar de registrar o momento interessante. – Comentei.

— Sei. – Olivia me olhou emburrada. – Além da foto, me mandou ter cuidado. Só não sei com o que! Eu estou na sua sombra desde que cheguei, e as poucas horas em que fiquei longe da senhora, estava ao lado da Dona Amelia. Meu pai tá paranoico!

— Está sendo pai. – Pus panos quentes.

— O vovô faz isso com a senhora?

— Eu já estou velha, Liv. – Falei. E ao escutar os passos de Alex descendo as escadas, mandei a garota se preparar para irmos correr.

— Vamos levar o Trio?

— Claro, eles têm que gastar energia também. – Alex respondeu por mim.

Assim, Olivia só ordenou que Loki e Thor fossem buscar as guias, o que os dois fizeram rapidamente e pararam na minha frente.

— O Stark também sabe fazer isso, setä?

Só escutei Alex assoviar e logo Stark estava passando correndo por mim. E foi até engraçado, pois ele voltou correndo direto para que Liv colocasse a guia nele.

— Eu mereço. Já tinha perdido o cavalo, agora perdi o cachorro também! – Ele reclamou diante da atitude do cachorro.

Com o BMW ainda cheirando a bar de porto, com o Jeep totalmente imundo da viagem até a Fazenda, fomos no meu carro, e mais uma vez, Alex cismou de dirigir.

— Achei que nós tínhamos um acordo, eu dirijo meus carros e você os seus. – Reclamei.

Alex só me deu um sorrisinho e foi abrir a porta de trás para Liv, me deixando com a tarefa de prender o trio no porta-malas. 

— Eu vou mostrar para a sua Jamanta o que é ter um motorista de verdade! – Ele se gabou e dando um sorriso, começou a me empurrar até a porta do carona, que abriu para mim. – Mademoiselle.

— Ainda não acredito em você. – Continuei a reclamar, Liv só sabia rir no banco de trás.

Eu até admito que ele sabe todos os caminhos de Los Angeles, é doído dizer isso, mas sei que é a verdade, porém, ele não precisa ficar se gabando sobre isso toda santa vez que vamos para algum lugar.

Só para variar, ele passou por outro caminho (quantos haviam afinal?) e foi contando para Liv o que era aonde. Claro que eu aproveitei para conhecer a cidade também, afinal, eu pouco conhecia disso aqui.

Na praia foi mais do mesmo, Liv resolveu levar Loki, e saiu correndo na nossa frente depois que fizemos a volta e, quando conseguimos alcançá-la, já quase perto do píer, ela estava praticamente morta de cansada, conversando com Will e Pepper que tinham aproveitado a folga para virem surfar.

— Isso é trabalho infantil, colocar uma garota tão nova para ser babá desses cachorros – Will chiou. – Sobrinha amada, eu vou te proteger desse tio maluco que te arrumaram!

— Bom dia para vocês! – Cumprimentei-os. – Caíram da cama na segunda?

— Só aproveitando a semana de folga... já que no final de semana não estaremos aqui. – Pepper deu de ombros. – E só para constar, eu volto com vocês de Austin. Minhas férias, infelizmente, acabaram. – Ela avisou.

— Sem problemas.

— Graças a Deus você vai embora de novo! – Alex falou empurrando o irmão.

— E eu agora só te vejo no Natal, depois só quase no meio do ano que vem. Olha que maravilha!

— Vantagens da nossa profissão. - Alex concluiu e as três mulheres só encaravam a dupla.

— Muito igual a mim e o Tuomas. Igualzinho. Ele ficou feliz da vida que eu vim pra cá. – Liv comentou

— É para isso que irmãos servem. Ficarem felizes quando ficam longe um do outro. – Will disse e piscou pra ela. – Mudando de assunto, Kat, eu vou te mandar a conta do restaurante de ontem, e já aviso, não ficou barato. – Ele tirou o celular da mochila e me passou a foto da conta e os dados bancários para que eu transferisse o dinheiro.

— Tudo bem. - Comentei ao ver o valor. Alex que esticou o pescoço para ver também, soltou:

— Mas o que vocês comeram?? O jantar do Palácio de Buckingham?

— Só comemos muito bem. – Pepper se explicou.

— E falando em comer... Quem vai pagar o café da manhã? – Will continuou e apontou para o Restaurante da Dottie.

— Oba! Panquecas!!! – Liv disse feliz. – Mas e eles? – Apontou para os três cachorros.

— São permitidos. – Alex garantiu. – E você paga a conta, Will. Kat pagou da última vez que viemos.

— Paga você! Deixei o cartão em casa. – Respondeu o mais novo. – Ou quem sabe o pai e a mãe cismaram de vir aqui hoje e todo mundo come de graça.

— Meu Deus, quase trinta anos nas costas e ainda quer ser bancado pelos pais! – Alex bateu nele.

— Ou pela cunhada. Já que o irmão é mão de vaca. – Will foi falando até o restaurante e não parou nem quando entramos. – Falei. Demos sorte! – Ele apontou para a mesa onde Sr. Pierce e Dona Amelia estavam sentados, Dottie estava parada ao lado da mesa, conversando com os dois.

— A maré alta deixou a família inteira aqui hoje! Até os cachorros! – Ela brincou ao nos receber com um devido abraço. – O mesmo para os quatro aqui e você, Liv, quer experimentar as panquecas de que?

 - Olha... a Mascote tem tratamento especial. – Pepper brincou.

— Você já teve o seu tempo de tratamento especial Pepper. Agora é a vez da Mini Finlandesa aqui.

Liv, que é um pocinho sem fundo, não se fez de rogada.

— Eu acho que pode ser chocolate com morango. Muito chocolate, se possível.

Meu sogro deu uma risada.

— Espero que não estejam com pressa. Daqui a pouco eu volto. – Disse e depois de fazer um carinho na cabeça de cada um dos cachorros, foi para a cozinha.

— Loki realmente aceitou o carinho de uma estranha? – Alex me perguntou olhando para o Ruivo.

— É... até ele está ficando molenga. – Comentei tristemente.

Dottie reapareceu com as bebidas, litros de café para os americanos e chá para as finlandesas.

A conversa ia animada sobre amanhã à noite, quando Dottie chegou com os pratos de panquecas.

Agradeci mentalmente que ela começou a diminuir no tamanho da minha pilha, ou era bem capaz que eu tivesse que ir para a Europa, em dezembro, em um avião cargueiro. E, assim que o prato foi colocado na frente de Liv, meu sogro cruzou os braços e soltou:

— Agora eu quero ver se você vai conseguir comer tudo isso!

Liv levantou a cabeça, e ficando um tanto vermelha, soltou:

— É doce. Pode ter certeza, Sr. Pierce, eu consigo.

E, por incrível que se possa parecer, Liv comeu a montanha de panquecas dela. Bem, eu roubei uma, Alex outra, mas ela conseguiu.

Herran jestas![1] Eu exagerei hoje! – Ela comentou ao se levantar. – É possível explodir de tanto comer?

— Eu não sei o que foi que você falou antes, mas creio que você não vai explodir de tanto comer não. – Pepper a respondeu.

— Alex e Will ganharam uma rival e tanto na hora de comer. – Meu sogro disse rindo.

— Espere até o Tuomas chegar. Eu sou fichinha perto dele. – A garota disse. – Aí o senhor vai ficar apavorado.

Sr. Pierce só soube rir. E eu, morrer de vergonha.

Nos despedimos ali. Will e Pepper combinaram de nos encontrar novamente amanhã, dessa vez para correrem conosco. Alex duvidou que eles conseguiriam nos acompanhar. E cada um foi para o seu canto.

— Creio que vamos chegar atrasadas no escritório! – Liv comentou ao pegar o meu pulso e olhar as horas e Alex levantou uma sobrancelha e começou a rir.

Vamos? – Questionei.

— Sim... eu quero ver o prédio daqui... além do mais, posso ser a sua garota de recados hoje! Trabalhei para a senhora em Londres, se esqueceu?

— Não, Olivia, não me esqueci, mas achei que você iria querer ficar à toa.

— Nem pensar! Assim, quem sabe, eu não arrasto a senhora para sair mais cedo hoje.

— Decidida! – Alex murmurou do meu lado. – E à propósito, vocês duas tem a mesma estranha mania de puxar o braço da pessoa para olhar as horas.

— Se prepara então, Surfista, deve ter mais manias estranhas. – Brinquei enquanto prendíamos o trio nos cintos do porta-malas, rindo da bagunça que tudo tinha virado em menos de 72 horas.

E só estava para piorar, pois dentro de casa, foi ainda mais confuso. Tratei de mandar Olivia ir se arrumar e, enquanto isso, adiantei as roupas para lavar, bem como fiz uma pequena lista do que estávamos precisando comprar e passei para Alex, afinal ele teria um pouco mais de tempo do que eu; terminei preparando meu almoço e o do carrapato que parecia que me seguiria pelos próximos dias.

— Sabe que eu vou sentir falta dessa falação dela? – Alex comentou, já que ele estava me ajudando na cozinha.

— Você vai ficar aliviado assim que a devolvermos para os pais. Pode anotar. – Falei rindo. – Vai se sentar no sofá e agradecer a Deus por ela ter voltado para a Europa.

— Agora, temos que falar sobre um assunto importante. – Ele trocou totalmente o foco de nossa conversa.

— Que é? – Perguntei curiosa.

— Sobre você ter talento para a música...

Céus ele ainda não tinha esquecido disso? Essa conversa foi no sábado de manhã!

— Não. – Respondi e passei atrás dele, dando-lhe um beijo e indo para o quarto.

— Poderia ter me contado. – Ele continuou ao me seguir escada acima.

— Alex, eu não estou tendo tempo para ir fazer a minha carteira de motorista da Califórnia. Não tem nem cabimento que eu cismasse de querer tocar algo...

— Poderíamos fazer um dueto.

— Me desculpe? – Parei no meio do quarto e olhei para ele.

— Eu disse que poderíamos tocar juntos...

E eu me lembrei da guitarra e do violão que estavam na casa dos pais dele.

— Achei que você tinha abandonado a ideia... pois seus instrumentos estão na casa de seus pais.

— Já olhou o armário do segundo quarto?

— Uhm... não. – Respondi parando ao lado dele. – Não sou muito de ficar abrindo portas por aí... nunca se sabe o que está lá dentro. – Brinquei.

— Mas é uma boba mesmo. – Me cutucou na cintura. – Mas eu ainda toco.

— Vai demorar para que eu tenha meus instrumentos em mãos.

— Deixe a Olivia e o Tuomas com os seus. Pelo visto ela não tinha um violão, e ele está sem a guitarra.

Joguei minha cabeça para trás.

— Quanto que meus sobrinhos estão te pagando para que você os defenda desse jeito?? – Cruzei os braços e olhei para ele.

— Nada.

— Então você é molenga assim de nascença?

— Eu não sou molenga, Kat. Só estou falando a verdade. Deixe com eles e compre uns novos.

— Se eu for seguir todas as suas ideias, eu vou acabar falida!

— Exagerada! – Ele me abraçou. - Mas eu acho que sei o motivo por trás de toda essa relutância em tocar do meu lado.

Estreitei meus olhos na sua direção.

— Está com medo de ser humilhada pelo meu talento! – Ele sorriu todo moleque.

— Até parece! – Dei um tapa em seu ombro. - Mas vou deixar você e seu ego enorme pensando que são os melhores músicos do mundo e vou me arrumar. E é bem capaz que eu faça isso antes de Olivia. – Roubei outro beijo dele e fui para o banheiro, acabei de me arrumar toda e ainda tive que chamar por Olivia.

— Anda logo, Maria Indecisa! Ou você vai me atrasar! – Falei na porta do quarto dela. - Levou quase cinquenta minutos para isso? – Questionei assim que ela abriu a porta.

— Mamãe me ligou.

— Justificada. Agora coloque a sua roupa na máquina para deixar lavando e vamos para a garagem.

E como Alex tinha uma reunião de testes para os novos comerciais da Porsche ele surrupiou a minha Jamanta, prometendo que assim que chegasse, mandaria lavar os dois carros que estavam imundos, seja por dentro ou por fora.

— Mas e o Martin? – Perguntei quando ele pulou no banco do motorista.

— Deixa eu fazer uma média com os alemães, né? – Brincou e saiu acelerando o meu carro.

— Tia... nunca achei que isso pudesse acontecer! Alguém pegou o seu carro e saiu vivo!

— Não comente nada em casa! – Alertei.

— E então? A senhora vai dar o payback e pegar o Martin ou vamos ser chiques no Jaguar?

— Creio que podemos dar o troco agora, o que você acha?

— Onde estão as chaves? – Liv perguntou já pulando sem sair do lugar.

— Perto da porta, faça o favor.

— Mas é claro! – E ela saiu correndo e voltou em menos de um minuto. – Aqui estão!! – Me jogou o chaveiro e já foi para porta do carona.

Olivia, que estava calada, ia observando os arredores, até que quando paramos em um semáforo, falou:

— Não te dá medo, tia?

— De?

— Começar uma vida nova em uma cidade completamente diferente, sozinha...

— Eu não estou sozinha. – Garanti.

— Mas quando chegou aqui, estava.

— Sim.

— Sim para qual das perguntas?

— Todas elas. Sim, eu estava apavorada. Sim, estava perdida e sim, estava sozinha.

— Até que o tio trombou em você.

— É. Tive sorte. Muita sorte. – Falei e me foi impossível não voltar para o momento em que vi Alex pela primeira vez.

Olivia olhou para o trânsito e depois de fazer mil e uma expressões, acabou falando:

— O bivô não deveria ter feito o que fez... a senhora não merecia o que aconteceu no início do ano, e não merecia ter sido mandada para cá...

— Agora já era, Liv. Já aconteceu.

— Ainda bem que o tio apareceu... ele te faz bem. É divertido ver vocês juntos. Apesar de que os dois estão com vergonha da minha presença... – Ela soltou.

— Como é? – Encarei minha sobrinha, aproveitando o semáforo fechado e a imensa fila.

— Eu aposto o que não tenho, que vocês sempre se despedem com um beijo, mas não fizeram isso hoje, porque eu estava por perto. E tem sido assim por todo o final de semana. E não adianta negar, na feirinha do píer... vocês esperaram que eu estivesse longe e distraída para poderem se beijar, vocês acham que eu não vi, mas eu vi!

Senti meu rosto corar na hora.

— Eu só não sei o motivo disso... meus pais se beijam na minha frente toda vez que um sai para o trabalho. Não tem nada demais. E dá para ver que a senhora e o tio se amam muito, não sei o porquê da vergonha. – Ela continuou tagarelando.

Que beleza, acabei de tomar um sermão sobre demonstrar sentimentos da minha sobrinha de doze anos!

— Respeito. – Respondi. – Não nos beijamos nem na frente dos pais dele. Coisa nossa.

— Ah! – Ela ficou espantada. – Mas ainda acho um motivo besta. Eu disse, é fácil de ver que vocês se amam. E não são um casal meloso, daqueles que ficam inventando um monte de apelidos bobos! Vocês... como eu vou descrever? – Ela se pôs a pensar novamente. – Só filmando para explicar, mas é como se vocês fossem sincronizados. Os movimentos são espelhados, igual na hora de arrumar a cozinha ou quando vocês estavam cozinhando lá na Fazenda. Vocês não precisam de se olharem para saberem o que o outro quer... ou não precisam de palavras, basta um olhar. Isso eu só vi na vovó e no vovô, meus pais também são assim, mas nada como você e o tio Alex. Parece que vocês se conhecem há séculos e não há cinco semanas. – Olivia terminou o seu relato.

— Você percebeu tudo isso em menos de três dias?

E a garota deu de ombros.

— Eu tô falando, tia! Vocês não passam despercebidos de ninguém. E o tio é altamente protetor com a senhora, assim como a senhora parece que pode entrar na frente de uma bala por ele. É diferente de todos os casais que já vi.

Entrei na garagem do prédio ainda um tanto abobada pela fala e percepção de Olivia, ou talvez ela fosse a primeira pessoa que realmente tenha nos visto agindo como um casal de verdade.

Sei que meus sogros nos viram juntos, mas Dona Amelia e Sr. Pierce são pais, eles vão sempre exagerar a felicidade do filho. Já Olivia, ela não faria isso. Ou eu estava redondamente enganada e Alex e eu estamos deixando transparecer para todos o nosso relacionamento desde o primeiro dia?

E dentro do elevador comecei a pensar nas pessoas que nos tinham visto juntos. Pessoalmente.

Meus sogros, Will e Pepper, Dottie, Lee.

E uma coisa veio à minha mente.

“Obrigado por fazer o garoto sorrir de novo.” – A frase de Earl, um completo estranho, sobre o atual comportamento de Alex.

Agora eu me pergunto: O que a minha família vai ver de mudança em mim? E minhas amigas?

—------------------------------

— Tia... a senhora está nesse mundo ou já está com saudades do tio?? – Olivia perguntou sorrindo.

Dei um tapa no alto da cabeça dela.

— Ei! – Ela reclamou quando as portas se abriram no último andar.

— Pare de falar besteira, Olivia. E só te peço uma coisa: Aqui dentro só se fala de trabalho. Minha vida pessoal não é discutida aqui, tudo bem?

— Sim, senhora. Mas e como você lidou com as fotos do lançamento do carro?

— Vamos dizer que três pessoas me ajudaram a deixar isso do lado de fora do prédio.

— Quem?

— Milena, minha secretária, Amanda, a trainee, e Fátima, a chefe das faxineiras. – Respondi e guiei Liv para dentro da minha sala.

— E só para tocar no assunto e acabar, - Ela disse, já indo para trás de minha mesa e observar o céu de Los Angeles. – Adorei as fotos. Vocês dois estavam lindos... não comentei perto do tio porque achei que ele iria ficar sem graça.

— É, ele iria sim. E obrigada pelo elogio. Agora ao trabalho.

Milena chegou uma hora depois, eu estava lendo os relatórios atrasados e Olivia estava distribuindo em pilhas por setores para mim em cima da mesa de reuniões e aproveitando para dar uma olhada, quando minha secretária apareceu na porta e parou.

— Meu Deus, por um mero segundo achei que tinha pirado de vez e visto duas de você, Katerina!

Tive que rir.

— Antes fosse, ando precisando de um clone para trabalhar para mim. Mas essa aqui é Olivia, minha sobrinha. – Apresentei a garota. – Olivia, Milena, meu braço direito no escritório.

As duas apertaram as mãos.

— Tenho duas chefes hoje? – Milena brincou, vindo confirmar a agenda.

— Não, está mais para duas trainees mesmo.

E foi eu fechar a boca e Amanda apareceu na porta, para nos saudar.

— É, acho que vou ficar mal-acostumada hoje. – Milena brincou.

A manhã passou voando. Olivia era uma ajudante e tanto, e eu percebi que poderia muito bem sequestrar minha sobrinha para morar comigo aqui em Los Angeles, se meu irmão não fosse tão apegado aos filhos e ela aos pais. A garota ia e voltava o tempo todo e ainda passou a atender o telefone para mim, e transferindo para o setor responsável, enquanto eu conversava na outra linha com clientes exigentes que queriam exclusividade.

Claro que a presença da menina, que era parecidíssima comigo, não passou despercebida no prédio, e a própria Olivia chegou rindo na minha sala, um pouco antes do horário de almoço.

— O que foi agora? Desceu no andar errado de novo?

— Não... me pararam para me perguntar se eu era sua filha e quantos anos a senhora tinha quando nasci.

— E pela sua cara, você inventou uma história e tanto...

— Na minha cabeça sim. Contudo, ia pegar muito mal se eu falasse que você foi mãe aos 17 anos, depois de engravidar de um qualquer que conheceu em um festival de Rock na Alemanha...

— É, não ia ser uma boa história para se espalhar por aí.

— Eu sei, então falei a verdade. E disse que estava aqui para treinar, observar e reportar tudo o que era importante diretamente para o CEO. – Ela ria.

— E onde está a graça?

— Na cara de todos, e na pequena ameaça que eu fiz.

— Olivia...

— O que, tia? Eu só falei que aqueles que fizessem muitas perguntas teriam os nomes enviados hoje mesmo para o RH de Londres...

— Você não tem jeito, tem?

— Pelo menos assim ninguém me olhou mais. – Ela deu de ombros.

Quando eu pensei que a manhã tinha dado uma folga, eis que problemas chegam de Londres.

Abri os e-mails e dei uma olhada. Queriam um resumo do que seria falado na reunião de dezembro, depois me pediram o nome de quem assumiria temporariamente o meu lugar.

Para a minha sorte, eu já vinha fazendo um resumo de tudo o que eu precisava falar para o Conselho desde o meu primeiro dia, precaução nunca é demais. O nome de quem assumiria o meu lugar também já tinha. Agora só faltava uma reunião final com os chefes dos setores para ter a minha pauta completa para o Conselho.

— Algum problema, täti? – Liv perguntou diante do meu silêncio.

— Nenhum que não seja fácil de resolver. E o que tem aí?

— Financeiro.

Fiz uma careta.

— O que eu posso fazer? - Ela me perguntou.

— Confirme a minha agenda. Milena deve ter deixado a agenda da Diretoria em cima da mesa dela, ao lado do teclado. – Falei.

Liv foi e voltou com a agenda nas mãos. Depois pegou a minha e se sentando na mesa de conferências, foi comparando as anotações.

— Tudo confirmado para hoje. A senhora tem três reuniões. Duas com clientes, e outra com o jurídico. Caso Murphy.

— Certo. Que horas?

— A primeira às 13:30. A segunda às 15:00 e a última às 16:30.

— Ótimo. Vou precisar de você para despachar os relatórios prontos. Vou pedir a Milena a pasta de Murphy e o resumo do processo dele, para ir dando uma olhada.

— Sem problemas.

E nosso dia seguiu organizado e como um reloginho. Com duas ajudantes e Milena controlando as ligações, consegui terminar tudo ao meio-dia, tendo um tempo considerável de almoço.

— Merecemos um almoço! – Escutei Amanda falando.

Cheguei na porta do escritório.

— Já passa da hora. Vocês duas podem ir almoçar. Duas horas de parada.

Amanda já estava pegando a bolsa e saindo aos pulinhos, quando o telefone da mesa de Milena tocou.

— Diretoria Executiva, Milena, boa tarde! – Ela atendeu. – Sim, vou transferir. – Confirmou e me estendeu o fone. – Tem alguém pedindo autorização para entrar no prédio.

Peguei o fone para escutar a segurança me pedindo confirmação se eu conhecia Amelia Pierce.

Minha sogra estava no lobby, e isso era uma surpresa e tanto.

 

[1] Meu Deus!!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não me culpem pelo gancho... Vai ser interessante! Eu prometo!
Muito obrigada a você que leu!
Até quarta-feira!
xoxo



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Presos Por Um Olhar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.