O lugar onde eu pertenço escrita por pokedupla


Capítulo 33
Abrigo Santa Luz




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Transporte do abrigo...

         Shiro estava sentado no banco de trás do carro, tensa e incomodada. No entanto, ela sabia que não adiantaria nada berrar e enlouquecer, estava presa com aquele rapaz que estava sentada ao seu lado. A única coisa que poderia fazer é tentar gravar o percurso, poderia ser útil para futuras novas tentativas de fuga. Demoraram em torno de duas horas de viagem, já estavam em outra cidade. O percurso todo foi silencioso até pararem na frente de um edifício. A Instituição se chamava Santa Luz, era um lugar onde as crianças não tinham para onde ir, problemáticas, entre outros que tinham casos parecidos com a de Shiro.

— Bem-vinda ao Abrigo Santa Luz – A motorista tentou animar o clima de novo, a garota, porém, evitava contato visual com todo mundo.

Recepção...

Entraram pela porta principal, a primeira coisa que se encontrava era a recepção. Tinha um balcão com duas recepcionistas e à direita delas havia uma imagem gigante pintada em toda a extensão da parede. Eram duas crianças felizes brincando, um menino com uma pipa e uma garota com uma boneca, ao fundo uma casa básica com o mesmo nome da instituição. A frente do balcão tinha várias cadeiras para os visitantes sentarem enquanto não são atendidos e atrás da recepcionista havia um relógio. E pela primeira vez em quatro dias, Shiro viu que horas seriam; 21: 45.

— Parece que perdemos o jantar – O homem alto que acompanhou ela na viagem toda disse. Pegou uma chave e tirou a algema que estava prendendo ela a ele, guardou o objeto no bolso. Então uma mulher se aproximou e cochichou em sua orelha.

— Senhor diretor, o psicólogo está esperando em seu escritório – a moça avisou e se afastou para esperar novas ordens. O diretor lembrou que o tinha chamado.

 – Entendo. Avisa que já estou indo – ele deu as instruções a mulher e depois se virou para a garota que o encarava ainda alerta e com ira mostrando o desagrado de estar ali.

 – Olá. Meu nome é Alexandro, mas alguns me chamam de Alex. Sei que um dia foi difícil e está muito irritada por estar aqui... – Tentou acariciar a cabeça da garota, mas ela recuou. Ficou um pouco intrigado da ação dela, mas continuou a falar – Sei que não quer muita conversa e deve estar morrendo de fome. Vou apresentar à senhorita Marta. Ela ficará responsável em cuidar de você. Se aproxime, por favor – o diretor pediu para a moça. 

Marta era uma jovem de 20 mais alguns anos, era voluntária, cabelos longos que estavam amarrados em um coque e escuros igualmente aos seus olhos, tinha uma pele morena que destacava a sua roupa. Vestia o que seria um uniforme padrão naquele lugar; uma blusa e uma saia branca. Shiro a olhou sem simpatia.

A responsável pela nova criança do abrigo levou ela para tomar um banho. Entraram em vários corredores, em poucos minutos entraram em uma porta. Tinha entrado no local onde as crianças ficavam. Havia um pátio gigante tendo espaço suficiente para as brincadeiras que crianças necessitam, além de um grande portão que dava o acesso ao lado de fora do edifício. Atravessaram o lugar para ir para o próximo cômodo.

Refeitório...

Entraram no refeitório, havia várias fileiras de mesas compridas rodeadas de cadeiras e um lugar específico para pegar e colocar os pratos. Quando já era tarde, a garota só viu as faxineiras e cozinheiras limpando o lugar.

Marta chamou uma das cozinheiras pedindo para fazer um prato, e quando as pessoas do lugar perceberam Shiro cumprimentaram e deram boas vindas. A Shiro estava dando espaço de sentimento de raiva para o de timidez por causa da multidão de mulheres que aumentava cada vez mais comentando e a chamando de linda e fofa mesmo estando com a cara feia e apertando suas bochechas, por sorte que esse momento não demorou muito. Marta a pegou pelo braço e mostrou a porta do banheiro.

Banheiro feminino...

O ambiente era extremamente limpo. Tinha várias cabines para atender as necessidades das crianças. No todo era dividido verticalmente de um lado para fazer as necessidades biológicas e no outro para tomar banho.

— Coloque suas roupas nesse cesto, que vou trazer roupas limpas para você – Marta pediu entregando o objeto para ela e saiu por alguns instantes. Shiro hesitou por alguns momento quando começou a tirar a camisa. O ranger da porta denunciou que alguém estava abrindo, era a mulher que retornou com as roupas limpas.

— Desculpe por assustá-la – a mulher se desculpou, e em breves segundos algo chamou a sua atenção. Nas costas da garota ela viu várias feridas ainda cicatrizando, não deu para ela confirmar porque a garota se cobriu rápido. Marta não fez perguntas, no trabalho que ela faz já viu todos os tipos de coisas e supôs logo o que teria sido – Tome banho logo, que o seu jantar já está pronto. Estarei esperando lá fora. – se retirou depois do aviso. Shiro tomou banho rápido.

— Esse lugar me dá arrepios – Shiro resmungou enquanto terminava de vestir um pijama comprido branco com detalhes azuis – Essa cor me lembra daqueles dias. Detesto branco – Não procurou pensar mais, terminou de se vestir e saiu do banheiro. Lá fora, Marta verificou com os olhos se estava tudo certo até encontrar uma tira de pano desbotado e sujo enrolado no braço direito.

— Você não pode estar com isso – a voluntária tirou depois de muita insistência dela – Sei que é difícil se adaptar e tal. Mas não é permitido pedaços de panos enrolados nas partes do corpo sem necessidade – Shiro ficou revoltada mas guardou para si. O que estava debaixo da faixa era uma tatuagem escrita A1213322 e um código de barra acima.

— Uma tatuagem... – Marta ficou perplexa e surpresa com aquilo tudo. Porém, sabia o que fazer, foi treinada para lidar com várias situações – Você não precisa esconder – a voluntária se abaixou e acariciou as bochechas da garota transmitindo segurança – Não precisa ter medo. Independente de tudo, tratamos todos iguais. Vamos? – Ela ofereceu a mão para Shiro, mas a garota achava tudo estranho e desconfortável, negou o gesto de Marta.

As duas seguiram para o refeitório, Shiro saboreou a comida rodeada de curiosos, que queriam vez a nova criança do lar que acabou de chegar. Terminando o jantar foram direto para o dormitório.

Quarto reservado… Quarto de Maka Albarn.

Passaram pelo corredor que tinha diversas portas, até pararem para o último quarto à direita do corredor. O quarto era simples, tinha uma cama com lençóis brancos iguais as paredes, uma cômoda de madeira com abajour brancos e um pequeno guarda roupa que também era branco. Depois que Marta a deixou sozinha, se jogou na cama pelo cansaço.

— O que você vai fazer agora? – A parecida de Shiro perguntou no fundo do quarto.

— Agora? Só quero dormir – Shiro abraçou o seu travesseiro. 

— Você não acha esse lugar estranho? – O ser com sua imagem a questionou. 

— Sim, mas não poderei fazer nada por enquanto. Não tenho energia, determinação e muito menos oportunidade. Você viu como aquele cara me encontrou e me deteve em um piscar de olhos. Ele deve está preparando tudo nesse exato momento para impedir que eu fuja. A única coisa que posso fazer é descansar e deixar tudo isso para amanhã.

— Entendo, te deixarei em paz. Mais uma coisa, vamos combinar de como você vai me chamar. Estar ficando chato... – Ela discutia enquanto passeava no quarto – Pode me chamar de amiga, ou mesmo de amiga imaginária. Melhor, me dê um nome – Ela olhou para Shiro entusiasmada, mas a garota dormia profundamente.

— Parece que vai ser em outro dia. Boa noite – Desapareceu sem deixar nenhum vestígio.


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