SPIN OFF - Carta Para Você escrita por Carol McGarrett


Capítulo 17
Operação Strawberry Fields.


Notas iniciais do capítulo

Olha quem resolveu dar as caras nesse final de ano e atualizar essa história?
Desculpem o sumiço, mas o bloqueio com essa continuação estava complicado. Porém, Sophie pediu passagem e aqui está.
Para compensar, capítulo enorme! Gigante. E não vou pedir desculpa, primeiro porque é para compensar a ausência de mais de dois meses e segundo, pedir desculpas e um sinal de fraqueza ;)
Boa leitura!



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— Então, Senhorita Shepard-Gibbs, essa é a sua missão. Não é nada complicado e você deve ficar fora por, no máximo uma semana. Um avião irá sair da base área de San Diego às 21:00. Vá para casa, arrume suas coisas e se dirija para o base o mais rápido possível.

— Sim, Hetty. – Peguei o envelope contendo os dados da missão e, depois de me despedir da equipe, passei em meu apartamento, tomei um banho, coloquei roupas mais apropriadas para um voo de longa distância no meio de marinheiros e fuzileiros, e, antes de partir para a base área, mandei a seguinte mensagem para o grupo da família.

Eu vou ficar bem.

Esse era o nosso código para quando alguém tinha que ir para o outro lado do mundo de última hora. Todos usavam, e sempre todos voltavam intactos.

Dei sorte de não ter trânsito e logo estava na Highway 1 rumo ao sul da Califórnia.

Duas horas e meia depois estacionava meu carro na base e, assim que fechei o porta-malas, uma sensação estranha me atingiu, um frio cresceu em meu estômago.

Passei no escritório central e deixei a chave do meu carro, para o caso de precisarem tirá-lo de lá, assim como assinei a minha autorização para voar junto com a Marinha.

Joguei minha duffel bag no ombro e segui o fluxo até o avião cargueiro que estava parado na pista. Era alto verão então, mesmo sendo já quase 22:00, não estava totalmente escuro, por uma última vez olhei por sobre meu ombro, pude ver meu carro se destacando no estacionamento e, não sei o motivo, uma sensação de nostalgia me atingiu, e eu me lembrei da primeira vez em que dei uma volta naquele carro, com papai dirigindo como um alucinado, mas com um sorriso no rosto, as janelas totalmente abertas fazendo meu cabelo voar para todos os lados e tudo o que eu escutava era o ronco alto do motor e o guinchar dos pneus quando meu pai entrava rápido demais em uma curva.

Balancei minha cabeça, tentando apagar essa sensação e, com o pé direito, pisei na rampa do avião.

— Agente em missão do NCIS. – O Oficial em Comando disse ao ver as minhas ordens e autorização de embarque.

— Sim.

— Arma está descarregada e dentro de um compartimento de difícil acesso em sua bolsa.

— Sim, senhor.

— Algum outro objeto que possa ser considerado como arma?

Respondi que não, mas é claro que eu tinha uma faca de caça à mão.

— Certo. Escolha o melhor assento. Corredor ou janela. – Disse em um tom irônico, pois não há assentos de janela ou corredor em um avião cargueiro.

Dei uma olhada em busca de lugares vagos, queria um onde pudesse me escorar de verdade, sem me preocupar em acabar me apoiando no marinheiro ao lado.

Decidi em ficar no final do banco, coloquei minha bolsa do meu lado e assim consegui um pouquinho de espaço pessoal – o que é muito importante de viagens de longa distância. – um último alongamento e me sentei no meu lugar privilegiado.

Dezoito longas horas depois, estava desembarcando em Cabul, Afeganistão, que mesmo com o fim da guerra ainda ostenta um ar de destruição e caos. Caminhei um tanto torta e dolorida até o escritório do comando e me apresentei, já sabendo para onde deveria ir e o que fazer.

— Mandaram você para salvar a nossa informante? - O Comandante perguntou meio incrédulo.

— Sim, senhor. Minhas ordens.

— Um soldado será a sua escolta. Só os dois sairão da base, estou com poucos homens e como se trata de uma pessoa, podem ir o dois. Presumo que saiba atirar e tenha sido treinada para combate.

— Sim, senhor.  – Respondi séria. Mal sabia ele que eu fora mais do que treinada para combate.

— Certo, seu transporte saíra da base dentro de três horas, esteja na porta do alojamento um.

— Estarei, senhor.

E eu tinha três horas à toa dentro de uma base militar improvisada no meio de Cabul, procurei pelo alojamento dos agentes, consegui tomar um banho meia-boca e depois de colocar algumas roupas limpas, ajeitei minha bagagem ao pé de uma das camas de campanha e me sentei na cabeceira, lendo novamente o arquivo da informante afegã que eu teria que resgatar de uma vila no centro da Província de Kandahar e levar em segurança para Los Angeles comigo, em uma missão de alto sigilo, tanto que minha comunicação fora totalmente cortada no momento em que eu entrara no avião. Eu era uma agente atuando em segredo fora do meu país, o que significava que, se algo acontecesse, eu estava a minha própria sorte.

Às 10:00 da manhã, caminhei para o portão do Alojamento Um. Um Jeep equipado para encarar o terreno montanhoso e arenoso do Afeganistão já estava sendo abastecido. Meu motorista e guia pelas estradas esburacadas do Afeganistão será o Primeiro Tenente Freeman.

— Bom dia, senhora! – Ele me saudou. – Pronta para sacolejar um pouco nessas estradas?

— Bom dia. Nem um pouco pronta.

— Acho bom estar, senhora, pois daqui até nosso destino, só tem buraco.

— Animador você, hein?

— Só dizendo a verdade, senhora.

Subi no Jeep e se tudo desse certo, dentro de doze horas eu estaria de volta à base e em vinte e quatro, de volta aos EUA.

Cinco horas depois que saímos da base, chegamos ao vilarejo, conforme as instruções que recebi a casa de nossa informante, era a quinta casa do lado direito, seu nome era Aisha e ela tinha duas crianças, Zayn e Samira, que também deveriam embarcar. Aisha resolveu ajudar os americanos depois que seu marido Omar fora assassinado pelos rebeldes.

— Bem, Freeman, por favor, é aquela casa. – Apontei para o casebre e me era inconcebível que alguém poderia viver ali.

O Primeiro Tenente parou o carro e logo pegou o fuzil, para fazer a escolta enquanto eu chamava por Aisha.

Uma menina com o rostinho sujo, mas grandes olhos verdes, atendeu a porta, me olhando desconfiada.

— Olá! Sua mãe está? – Perguntei em persa afegão.

A garotinha tombou a cabeça e correu para dentro de casa, deixando a porta aberta, não me atrevi a entrar, até porque seria uma falta de respeito terrível, mas do batente pude ver dentro do imóvel que consistia em um único cômodo de chão batido, dividido precariamente por cortinas.

Uma mulher, pouco mais velha do que eu, apareceu com a garotinha nos braços.

— Aisha? Sou Sophie, do NCIS, vim resgatar você e seus filhos, para levá-los aos EUA. – Me identifiquei.

— Americana? – A mulher me perguntou cheia de sotaque.

— Sim. Arrume o que tem que levar, pois não temos muito tempo.

Aisha saiu gritando pelo filho, colocando a filha no chão e em uma correria desembestada, colocou o pouco que tinha e que poderia ser levado, dentro de uma velha bolsa. Calçou sapatos surrados no menino, ela mesma tinha uma sandália velha nos pés, Samira, a garotinha, não tinha sapatos e foi descalça e com os pés sujos mesmo, a mãe ajeitou o hijab na cabeça e sem olhar para trás, me seguiu até o carro.

— Só os três? – Freeman me perguntou.

— Sim. A primeira parte da missão está cumprida! Vamos voltar para a base antes que escureça. Não gostei de alguns lugares pelos quais passamos, achei estreitos demais e propensos a emboscadas. – Comentei ao ajudar Aisha a entrar no carro e ajeitar os filhos.

Assumi o banco do carona e Freeman me passou o fuzil.

— Sabe usar isso, Agente?

— Meu pai foi um sniper juntos aos Marines. Pode apostar que sei.

— Ótimo. Vou confiar na mira que você herdou então. – Ele brincou e manobrou o carro para sairmos dali.

Estava concentrada no caminho, atenta a cada rocha saliente, a cada arbusto seco, os cabelos da minha nuca estavam arrepiados e meu estômago doía de nervoso. E isso, claro, nunca é um bom sinal.

Do banco de trás, vinha os sons das crianças que nunca andaram de carro na vida, fascinadas com tudo o que viam, seja do lado de fora ou do lado de dentro do automóvel especial. Cada vez que Zayn se maravilhava com algo, Aisha tentava conter a empolgação do filho, mandando-o ficar quieto ou ela o deixaria no meio da estrada.

Meu estômago tornou a se contorcer de maneira violenta, e eu comecei a pensar se não estava sofrendo de enjoo de viagem, porque não havia outra explicação, nada estava acontecendo, a estrada estava limpa e calma.

Calma até demais!— Meu sexto sentido, ou meu lado desconfiado, gritava.

O sol estava começando a se virar para o poente, as sombras estavam começando a se alargar, virando esconderijos perfeitos para quem soubesse se esgueirar até atrás dos arbustos e pedras.

Levantei meus óculos escuros e varri o ambiente com a mira do fuzil, eu poderia jurar que uma pedra havia se mexido. Ajustei a mira no ponto que tanto chamara a minha atenção e vi, grande, mortal e apontada na nossa direção, uma enorme bazuca prestes a ser disparada.

— Freeman, bazuca à 20 graus leste. – Informei.

— Já disparada?

— Não. Em três... dois... um...

Todos escutamos o explodir da arma, vimos a fumaça, Freeman tentou de tudo, mas estávamos passando por uma fenda entre dois desfiladeiros, não tínhamos para onde correr, ou como manobrar o carro para evitar o choque.

Freeman foi esperto e engatou a ré, acelerando o máximo que podia, porém, às nossas costas saiu um comboio com três pick-ups, em suas carrocerias estavam acopladas enormes .50 que disparavam uma saraivada de balas na nossa direção.

— Abaixem-se. – Falei para Aisha e seus filhos.

Antes de pular para o banco de trás e começar a atirar, pude ver o olhar de terror nos rostinhos sujo de Zayn e de Samira. Isso era tudo o que eles não precisavam ver.

Acabei de quebrar o vidro traseiro do carro com um chute e comecei a revidar os tiros, enquanto Freeman manobrava pelo espaço estreito, tentando salvar nossas vidas.

Não fui boba de tentar atirar em alguém, sabia que seria um desperdício de munição, assim, atirei nos pneus dos carros. O primeiro carro foi fácil, e depois de ter o pneu furado, não conseguiu fazer a curva na velocidade em que estava, capotando por ali.

O segundo motorista, assustado, foi presa fácil para mim, mesmo em movimento, consegui travar a mira do fuzil e atirei, um tiro certeiro no meio da testa e todo os cinco ocupantes do veículo não eram mais preocupação.

Porém, havia o terceiro, tendo visto o que acontecera com os companheiros, tanto o atirador da .50, quanto os demais homens focaram seus tiros em mim.

Eu não tinha poder de fogo para derrotá-lo. Minha 9mm sendo praticamente arma de brinquedo perto da do meu adversário. Assim, tentei a tática dos pneus ou de furar o radiador do carro. Até consegui acertar o motor, mas a bala ricocheteou. Conferi minha munição, tinha quatro balas. Quatro balas contra sei lá quantos tiros da metralhadora.

— Parou de atirar por quê, Agente?

— Munição acabando... estou esperando pela oportunidade perfeita.

— Espero que ela venha logo.

Concentrei-me no carro, no pneu, fiz a mira, travei a arma em minha mão, respirei fundo, engraçado que podia até ouvir a voz de meu pai em minha cabeça, me mandando fazer tudo isso, dei um sorriso ao pensar nele, esperei pelo tempo perfeito e...

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— SOPHIE!! SOPHIE!! – Acordei chamando por minha Miniatura. – Sophie! – Pulei da cama, escancarei a porta do quarto e cruzei o corredor a passos rápidos, só para abrir a porta do outro lado e ver que o quarto estava vazio, a cama estava estendida, não tinha mais pôsteres na parede ou bichinhos de pelúcia em cima da cama.

— Jen. Jen! – Jethro tentava chamar a minha atenção, mas tudo o que eu conseguia fazer era pensar na minha filha. Algo tinha acontecido. Eu sentia isso. Virei-me para deixar o quarto quando duas mãos me seguraram pelos ombros. – Jen, foi só um son...

Meu celular começou a tocar na cabeceira da cama. Troquei um olhar com Jethro e voltei correndo para dentro do meu quarto, logo atendendo a chamada que vi ser do Escritório de Los Angeles.

— Diga Hetty.

— Bom dia, Jenny. Não há maneiras de dizer isso sem ser de forma direta... – Ela pausou por mais tempo que seria necessário e, nesse silêncio de poucos segundos que se seguiu, levei minha mão ao cordão que tinha no pescoço e apertei o pingente. – Houve uma emboscada, Sophie foi, na melhor das hipóteses, raptada pelos rebeldes.

Me sentei na cama, uma sensação de vazio se apossou de mim, a mesma sensação de quando Sophie tinha cinco anos e fora sequestrada.

— Na melhor das hipóteses, Henrietta? – Perguntei, em um tom profissional. O meu lado mãe estava em choque demais para reagir, mas eu era a Diretora do NCIS e Chefe da minha filha.

— Sim, a equipe de busca e recuperação da Marinha encontrou um Jeep destruído, uma bolsa velha com algumas roupas de criança e o distintivo de Sophie jogado há alguns quilômetros da cena.

— Há quantas horas foi o ataque? – Perguntei e logo vi Jethro parar na minha frente e prestar ainda mais atenção no que eu falava.

— Não se sabe precisar, muito provavelmente entre quatro e meia e cinco horas da tarde, horário de Cabul, ontem, pois só mandaram o resgate quando notaram que estava faltando um Jeep na frota e que o Primeiro Tentente Freeman não tinha se apresentado.

Eram cinco e meia da manhã em Washington. Isso nos dava quase catorze horas de atraso.

— Vou para o NCIS, coordenar com SecNav e o Comandante da Base em Cabul. Converso com você por videoconferência em duas horas.

— Sim, Jenny. – Hetty encerrou a ligação e eu levantei a cabeça, para encontrar os olhos azuis de Jethro, sempre tão guardados, aflitos.

— A Ruiva...

— Sim. Foi levada, na melhor das hipóteses. Acharam o distintivo dela no meio do deserto.

— Míssil teleguiado?

— Não sei ainda. Vou saber quando chegar no NCIS. – Disse sem emoção.

Pela primeira vez em anos eu não estava entrando no prédio do NCIS porque eu gostava do que eu fazia ou porque era algo que me dava orgulho em fazer. Eu passei pelo portão da base e entrei no prédio no modo automático. Eu estava ali mais como a mãe da Agente sequestrada que queria respostas, do que como a Diretora da Agência que tinha os meios para encontrar as respostas...

Ou o corpo da Agente Shepard-Gibbs.— Uma vozinha no fundo da minha mente falou sombriamente.

Ainda era cedo, ninguém tinha chegado, eu nem me importei em passar na minha sala primeiro, fui direto para o MTAC e, de lá, me conectaram com Cabul, com o Pentágono e com Los Angeles.

— Bom dia, senhores. Bom dia, Hetty. – Cumprimentei-os.

— Diretora. – Três vozes me cumprimentaram de volta.

— Quais são os detalhes do acontecido que se tem até agora? – Perguntei de pronto.

SecNav também queria estas atualizações e logo Hetty e o Comandante Danvers começaram a dizer o que eles tinham conseguido até agora.

Como Diretora eu sabia que eram pistas que davam para serem seguidas, como mãe, eu não tinha tanta certeza. Pegadas no deserto, marcas de pneus e as marcas dos tiros não era nada animadores para me fazer pensar que minha menina estava viva.

— Hetty, quem você vai enviar para o Afeganistão? – Perguntei, afinal a agente Shepard-Gibbs era responsabilidade dela.

Hetty respirou fundo e mandou a segunda bomba do dia no meu colo:

— No momento, Diretora, esperava que a senhora determinasse quem seria. Minha equipe, apesar de preocupada com a Agente Shepard-Gibbs, está no meio de um caso de espionagem e se eu tirar alguém repentinamente do caso, tudo vai ruir.

— Entendo. Vou ver a disponibilidade dos agentes e te informarei. – Falei e logo em seguida Hetty desligou. – Comandante Danvers, quero atualizações sempre que as tiver, não importa a hora, o caso da informante era prioritário em nossas mesas e ela corria sério perigo, assim que eu despachar uma equipe para o Afeganistão será o primeiro a saber.

— Sim, senhora, fico no aguardo das designações. – Disse e encerrou a chamada.

Me restava SecNav e, por ela ser mulher e mãe e por já ter tido a filha sequestrada, simplesmente falou:

— Jenny, quer que eu coloque o Vice-Diretor como responsável por essa busca? Você ainda receberia as atualizações, mas não teria que tomar as decisões mais complicadas.

— Sarah, não é a primeira vez que sequestram Sophie. – Falei sem pensar. – E, se do cargo onde eu ocupo tenho mais chances de ajudá-la, pode ter a certeza de que não vou passar esse caso para ninguém.

— Vai mandar DiNozzo e a equipe para o Afeganistão?

— Minha intenção é essa. Porém, tenho que ver como está o despacho hoje.

— Tem o meu aval para mandar a MCRT para lá, sei como eles trabalham, e se não fosse por todos, minha filha não teria sido recuperada tão rapidamente. Espero receber boas notícias em breve, sei o quanto Sophie é valiosa para o NCIS e importante para a família. Logo terei uma reunião com o Presidente Sanders e eu tenho certeza de que ele me pedirá por novidades. Qualquer atualização, me fale.

— Falarei. – E SecNav Potter desligou, eu me permiti me jogar em uma das cadeiras, há algum tempo estava sozinha no MTAC, já que houve a troca dos turnos e o pessoal do dia ainda não tinha chegado.

— DiNozzo e Ziva já estão com tudo pronto para partirem para o Oriente Médio. – A voz de Jethro me assustou e eu dei um pulo da cadeira me virando para onde eu achava que ele estava.

— Como entrou aqui? Desde a sua aposentadoria seu scanner de retina foi retirado das permissões.

— Um dos técnicos me deixou entrar, não é novidade para ninguém no prédio quem foi sequestrada, Jen.

— Não posso mandar os dois... Tali e Adam precisam dos pais.

— Eles são os melhores que você tem aqui.

— Sei disso, Jethro, mas pelo bem das crianças, só um deve ir.

— Eles não vão aceitar isso. Já preparam até as malas dos filhos, vão ficar lá em casa.

— Jethro...

— Jen, você sabe que, nem Ziva e muito menos Tony, vão abandonar Sophie agora. Ainda mais Ziva...

Peguei minhas coisas e fizemos nosso caminho para fora do MTAC, mal a porta se abriu e eu pude sentir todos os olhos se voltando para mim. Agora eu não era somente a Diretora que tinha que tomar uma decisão importante atrás da outra para manter um agente vivo e salvá-lo assim, eu era também a mãe da vítima.

— Não serão dias fáceis. – Murmurei e fui para meu escritório, tentando agir o mais normal possível.

Na antessala, Cynthia tinha um arquivo nas mãos, era tudo o que se sabia sobre a informante e sobre o grupo que levara o Primeiro Tenente Freeman, Aisha, seus dois filhos e Sophie.

— O Pentágono acabou de enviar, senhora. – Falou ao me entregar.

— Obrigada, Cynthia.

— Mantenho seus compromissos de hoje?

— Sim, todos eles. Só cancelarei algum se algo de extraordinário acontecer.

Jethro que me acompanhava, apenas levantou uma sobrancelha e assim que fechou a porta atrás de si, perguntou:

— O sequestro da sua filha não é algo de extraordinário?

— Sim, Jethro, é. Porém, enquanto eu não tenho notícias de lá, enquanto eu não tenho olhos lá, não posso fazer nada. Me sinto uma inútil? Com certeza! Me sinto a pior mãe do mundo? Também. Mas é neste ponto que me encontro agora, de mãos atadas. E para que eu não surte de vez, prefiro manter a minha agenda e tentar parecer normal perante o resto da Agência. – Terminei de falar e peguei meu telefone.

— E vai liga para?

Levantei um dedo e esperei a chamada ser completada.

— Tony, por favor na minha sala, agora. Traga Ziva.

— Sim, senhora. – Ele disse e já foi logo chamando por David. Jethro na minha frente, meneou positivamente a cabeça. – É muito bom você tomar conta de Tali e de Adam muito bem. – Falei poucos segundos antes de Cynthia anunciar a chegada dos dois agentes.

Ziva nem me esperou abrir a boca e já foi logo falando:

— O Mossad me deve vários favores e vou cobrá-los todos até que encontremos Sophie. Inclusive já liguei para Elbaz e ela já tem gente indo para Kandahar. Quando embarcamos?

Ziva, definitivamente, não tinha me deixado respirar. E eu comecei a pensar quem era a Diretora aqui.

— Aqui estão os arquivos da missão que Sophie foi realizar em Kandahar. Resgate e Extração de uma informante e sua família. O que a Marinha pôde investigar e recolher do lugar da emboscada está em Cabul, preciso que vocês reportem cada um de seus passos e não quero nenhum dos dois se arriscando além do normal. Qualquer pista, me informem que eu mando reforços. E assim que a ajuda chegar, os dois voltam para D.C., estamos entendidos?

— Não traremos Sophie de volta? – DiNozzo rebateu.

— Tudo dependerá de onde os reféns estão, como estão sendo mantidos e se querem resgate. De início, vocês vão para lá para fazerem o que sabem, analisar uma cena de crime. O voo de vocês parte em três horas e tomaremos conta de seus filhos. Muito obrigada por me ajudarem, mais uma vez.

— Somos família, Jenny. Sophie é, além de nossa madrinha de casamento, madrinha de Tali e Adam... fazemos qualquer coisa pela família. – Tony falou. – E Chefe, vamos achar a Peste Ruiva e logo ela estará de volta para te deixar com os cabelos ainda mais brancos.

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Tony e Ziva passaram quinze dias no Afeganistão, seguiram cada pista que conseguiram achar, porém, nenhuma levou ao paradeiro dos cinco sequestrados. E quando eu os mandei voltar, não queriam, disseram que só voltariam com Sophie e os demais.

— Vocês embarcarão no cargueiro que irá decolar de Cabul em quarenta minutos, sem discussões. – Mesmo sem querer, acabei usando o tom de diretora. E antes de desligar, pude ouvir DiNozzo.

— Não me diga que ela desistiu da filha!

Eu jamais desistiria de Sophie, jamais. Acontece que eu não poderia colocar a melhor equipe investigando algo que tinha esfriado. Além do mais, Tony e Ziva tinham os filhos que, por mais que estivessem se divertindo com o vovô Gibbs, já estavam sentindo saudades dos pais.

Essa era a minha decisão como Diretora, não como mãe. Como mãe eu queria ir para o Oriente Médio, eu queria procurar a minha menina debaixo de cada pedra e só voltar quando ela estivesse a salvo e quando os bastardos que a sequestraram estivessem mortos. E essa segunda opção parecia mais interessante a cada dia que passava.

Vinte horas depois, a MCRT estava completa novamente e os David-DiNozzo juntos. Era menos um problema.

Meu outro problema apareceu horas depois que Tony e Ziva levaram os filhos para casa.

Kelly descobriu que Sophie estava desaparecida. Como ela estava em viagem oficial representando o país nas Olimpíadas de Verão, eu e Jethro decidimos não falar nada, Henry, por sua vez, também não contou, apesar de sempre querer atualizações diretas. Porém, assim que Kelly retornou para o país, a primeira coisa que o assessor dela lhe contou foi que a irmã fora sequestradas e estava desaparecida.

Assim, ela, e todos os agentes do Serviço Secreto que a protegem, estão agora em nossa casa, Kelly bradando que deveria ter sido avisada, que era a irmã caçula dela quem estava desaparecida, que tínhamos que fazer algo...

— Já tentamos tudo, Kells. Não há sinal de Sophie ou dos demais reféns. – Jethro explicou.

— Têm duas crianças sumidas também, não tem? – Ela se sentou no sofá.

— Sim. – Confirmei.

— Quinze dias. Sophie está desaparecida há quinze dias. É tempo demais.

— E não fizeram nenhum contato. – Jethro completou.

— Já contaram para o Steve? Ele vai ficar maluco.

— Não. Steve não está no país.

— Você vai contar para ele, mãe?

— Não sei, Kelly. Não sei.

— Sabem que quando ele procurar por Sophie em Los Angeles e não a encontrar, ele vai revirar o escritório atrás dela e depois vai parar aqui. O Seal realmente ama minha irmã.

A fala de Kelly provocou uma careta em Jethro que ainda não tinha se conformado que a caçula estava em um relacionamento muito sério com McGarrett.

— Não há nada que eu possa fazer de dentro da Casa Branca? Tentar convencer alguém, ou fazer o Henry convencer...

— Kelly, os canais oficiais estão sendo usados. Uma agente do NCIS e um Marinheiro foram sequestrados. Faremos o que for possível para trazê-los para casa e só isso pode ser discutido. Parentescos devem ser deixados de lado nessas horas, para o bem de Sophie e dos demais.

Kelly mordeu o lábio para segurar o choro. Ela conhecia o perigo, pois esteve lá. E sabia das chances de sobrevivência.

Todos sabiam e essas chances não estavam ao nosso favor.

Quando deu um mês do sequestro de Sophie, a profecia de Kelly se cumpriu. Steve McGarrett, vestindo o uniforme completo dos SEAL’s apareceu no NCIS. Sem fazer muito alarde, pediu para conversar comigo ou com qualquer um que pudesse informá-lo do paradeiro da namorada.

DiNozzo tomou a tarefa para si e tentou explicar o que acontecia sem chamar muita atenção dos demais. Sem sucesso. McGarrett perguntou o que realmente tinha acontecido e Tony não soube explicar, porque não era mais um caso da MCRT, na verdade, ninguém tinha notícias.

— Mas vocês estão fazendo alguma coisa? – Ele perguntou um pouco alto, chamando a atenção de quem estava perto e a minha, já que saía do MTAC.

— Tenente, por favor, você não está em um churrasco com o seu esquadrão. – Tive que falar mais alto e colocar ordem.

Meu genro me olhou um tanto atravessado, mas acatou minhas ordens.

— Agente David, favor escoltar o Tenente até a saída. – Pedi.

Poucos minutos depois, encontrei com Steve em um dos bancos perto da marina.

— Onde ela está, Sra. Gibbs? – Foi a primeira coisa que ele me perguntou.

— Não sabemos. Desde que fora levada, ninguém entrou em contato.

— Tem alguém lá?

— Os agentes do escritório do Norte da África e alguns contatos de outras agências.

— E ninguém sabe de nada?

— Não.

— Como aconteceu?

Contei a ele tudo o que sabíamos e o que alguns satélites de observação tinham pegado.

— Por que só um carro?

— Era uma missão sigilosa. Não queríamos e nem podíamos chamar atenção.

— Não tinha ninguém mais para ser mandado? Por que Sophie?

— Porque ela é uma excelente negociadora, sabe falar o idioma local e as pessoas, normalmente, confiam fácil nela. Sophie era mais do que qualificada para o trabalho, Steve. E estava preparada, mas estavam em menor poder de fogo. Ela conseguiu abater dois carros, tendo menor poder de fogo. Ela lutou... mas contra um míssil terra-ar, ninguém teria chances.

— Sophie não deixou nenhuma pista? Nada?

— Só o distintivo. Que foi encontrado há quase um quilômetro de onde houve o ataque. – Respondi.

— Revistaram essa área.

— Sim, Steve. Não só o NCIS como a Marinha. Mandei Tony e Ziva para lá logo que aconteceu, nem eles acharam pistas.

Steve estava inconformado, assim como todos nós e se sentia um inútil, pois sem pistas, não tinha como ajudar.

Há medida que o tempo foi passando, Jethro começou a ficar inquieto, a falta de notícias, a nossa incapacidade de fazer algo que ajudasse nossa filha começou a afetá-lo, até que um dia.

— Eu vou para o Oriente Médio. – Ele declarou quando tomávamos café.

— Para onde? Não sabemos onde ela está, Jethro!

— São seis meses, Jen! Tem seis meses que a Ruiva está desaparecida.

— Eu sei. Contei cada um desses cento e oitenta e três dias no calendário, Jethro. E não tem um dia em que eu não rezo, não peço para quem quer que seja que está lá em cima, trazer a minha Miniatura de volta.

— O que vamos fazer, Jen? O que vamos fazer se...

Não respondi à pergunta inacabada de Jethro. Eu não queria saber sobre isso, não queria pensar nessa hipótese, era dolorosa demais.

Quando entrei no NCIS, o clima entre os membros da MCRT era fúnebre, há muito as brincadeiras e os sorrisos desapareceram. A família entrara de luto sem saber se deveríamos realmente estar de luto.

A Marinha encerrou oficialmente as buscas pelo Primeiro Tenente Freeman no dia em que completou o sexto mês de desaparecimento. Ele fora declarado desaparecido em combate e a família dele avisada de que agora passariam a receber uma pensão da Marinha. O anúncio no Diário Oficial da Marinha me dizia que as esperanças de encontrar os cinco sequestrados com vida eram mínimas.

E esse foi o pior dia dos últimos meses, pois absolutamente todos os agentes com quem cruzei nos corredores ou com quem tive que conversar, me olhavam como se me dessem os pêsames. Todos consideravam que minha filha tinha morrido.

E o comentário que ouvi, já no final da tarde fez com que eu acabasse saindo mais cedo do escritório.

Estava subindo pelas escadas, vindo da sala de Ducky, onde tinha ido para pedir um conselho ao meu velho amigo. Escolhi esse caminho porque já estava cansada dos olhares simpáticos que me lançavam, porém, era melhor ter encarado os olhares do que ter escutado a conversa que escutei.

— Acha que vão demorar quanto tempo para anunciarem que a filha da Diretora está realmente morta?

— Não sei... mas sabe o que isso me parece? Que querem encobrir que a garota não tinha a menor capacidade para ser agente, e só passou por todos os testes em Glynco por conta do sobrenome.

— Não acho. – Uma terceira voz entrou na conversa. – Conheço gente que trabalhou com ela, me falaram que ela realmente tinha o dom. Mas nem todo DNA do mundo te salva em certas horas. É uma perda para o NCIS e nem quero pensar para a família.

— Quer apostar quanto que ela vai receber uma medalha de bravura ou coisa assim? Não é cunhada do Presidente? – A segunda voz, que claramente não gostava da minha filha, disse em tom de zombaria.

— Você deveria ter mais respeito. Ela era uma de nós. Independentemente de quem são os parentes dela, ela era uma agente do NCIS e morreu cumprindo uma missão. – Disse a primeira voz.

— Eu aposto que vai ser questão de tempo para que a Diretora aposente agora. Ela não vai ficar no cargo, não depois que a própria filha fora morta e ela não fez nada, nem resgatou o corpo. – Voltou a dizer a segunda voz.

— Respeite a dor da família. E boatos da aposentadoria da diretora rondam os corredores desde que o agente Gibbs se aposentou há quatro anos. – A terceira voz disse. – Eu vou voltar para meu posto, não quero ser surpreendida por ninguém da MCRT ou pior, pela própria diretora. Gosto do meu trabalho e preciso dele.

Com isso o trio se dispersou e eu, que estava perto da porta das escadas, só pude me sentar nos degraus e rezar para que os três estivessem errados. Minha filha não está morta.

Sophie não está morta.

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Se o calendário do meu relógio estivesse certo, hoje estava fazendo seis meses desde a emboscada no canyon. Não sei por quantas horas de tortura eu passei desde então, as mais diversas torturas, mas eu estava viva.

Nas últimas semanas nós mudamos de cativeiros praticamente todos os dias e cada mudança, uma nova rodada de socos, tapas, chutes, afogamentos simulados era o nosso presente de boas-vindas.

Eu juro, não sabia o motivo de querer ficar viva, eu já tinha visto como as pessoas saem de situações assim e, sinceramente, a morte era mais agradável, encurtava o sofrimento. Porém, a cada vez que eu era arrastada para a salinha, eu lutava como uma leoa, como meus pais me ensinaram. Eu não me entregava hora nenhuma, tentaram descobrir meu sobrenome, se eu tinha conexões importantes, se eu era alguém, eu não falei nem o dia do meu aniversário.

Fui xingada pelos mais diversos nomes, xingaram meu pai, minha mãe, xingaram meu país e eu permaneci quieta, só encarando os sequestradores, apenas desafiando os quatro com o olhar.

Internamente, rezava para que pudesse aguentar mais tempo, que eu pudesse, ao menos, ver minha família por uma última vez, porém, com a mudança constante de cativeiro, era quase impossível de se deixar uma pista que alguém pudesse seguir.

Eu deixei meu distintivo apontando a direção que havíamos tomado quando fui arrastada para a pick-up, mas, mesmo que alguém tivesse seguido isso, era inútil, fizemos tantas voltas no terreno que não dava para saber onde estávamos no final.

Se realmente fosse o aniversário de seis meses, era bem provável que a Marinha tenha encerrado as buscas oficiais por Freeman, o que significava que para que um grupo fosse destacado para nos encontrar só se houvesse uma pista concreta de nosso paradeiro.

Estávamos nesse buraco no alto de uma montanha há quase dois dias. Era a primeira vez que ficávamos tanto tempo em um local. Assim, quando me levaram para a tortura, ao invés de bancar a forte e tentar ficar acordada o máximo de tempo possível, fingi desmaiar com poucos minutos, sabendo que me arrastariam para a cela sem se preocuparem em me vendar, "para que vendar uma mulher fraca e desmaiada, não é mesmo?". Assim, aproveitando o descuido de meus captores, abri os olhos e observei o ambiente.

Era uma caverna grande, com várias grutas, que foram transformadas em salas e celas, e só tinha uma saída, ao oeste, a julgar pela luz que entrava.

Estávamos no meio do inverno agora, as temperaturas que sempre caíam durante à noite, despencavam agora e nós mal tínhamos roupas quentes, pois as nossas já eram trapos, cheias de furos e rasgados. Se eu quisesse bancar a maluca e fugir, eu teria que fazer isso durante o dia, pois à noite eu arriscaria acabar morrendo.

Dois dias depois de estudar a caverna, escutei dois dos homens comentando o que eu já sabia, que a Marinha tinha encerrado as buscas. E uma notícia boa saiu de suas bocas imundas. Ficaríamos ali por um tempo, até que o chefe deles decidisse aparecer para fazer um vídeo com os americanos.

Eu não sabia quando esse vídeo seria gravado, mas eu deveria sair dali o mais rápido possível, pois a chance de que me matassem ao vivo era imensa. Queria muito contar com Freeman no meu plano, mas ele não tinha mais condições de fazer nada. Ele vinha bancando o marinheiro forte e corajoso, mas as sessões de tortura com ele ficavam cada dia mais intensas e tudo o que ele conseguiu me dizer depois da última, é que ele tinha certeza de que dessa vez tinham estourado algum órgão dele, ele podia sentir isso, e, desde então, estava apagado.

Aisha e os filhos foram separados de nós logo no primeiro dia, e as notícias que tive não eram animadoras, Zayn fora tirado da mãe e levado para um campo de treinamento, já Samira e Aisha, não soube de mais nada, no fundo eu pedia que estivessem vivas, mas as chances eram mínimas. Eles não perdoavam as traidoras.

Meu plano suicida seria executado somente por mim. Se não desse certo, pelo menos eu morri tentando escapar. Se eu sobrevivesse, fazia questão de vir resgatar Freeman, ele merecia voltar para a família dele também.

Um novo dia raiou e ele me trouxe uma péssima notícia, o Primeiro Tenente não resistiu à última sessão de tortura e morreu durante à noite, e eu fui a primeira a vê-lo em uma poça de sangue, consequência da hemorragia interna que ele deve ter sofrido. Assim que vieram trazer meu café da manhã, que consistia em um copo de água suja e um pão duro e viram que meu companheiro de cela havia morrido, os sequestradores começaram a comemorar, dizendo que era menos um americano no mundo, um deles chegou bem perto de mim e depois de me olhar de cima a baixo, disse:

— Você é a próxima, mas antes de eu te matar, quero ter um tempinho à sós com você.

Eu gelei toda por dentro, o medo agora tomando conta de meu corpo e minha mente, meu destino estava selado. Eu ia morrer aqui, e meus últimos minutos nesse lugar imundo seriam ainda piores.

Para meu azar, me pouparam da sessão de tortura física, mas me deram uma muito pior, a tortura psicológica, pois passei o dia e a noite olhando para o corpo sem vida do Primeiro Tentente Freeman, muito provavelmente vendo o meu futuro diante de meus olhos.

Não saberia dizer se foi sorte ou azar o que aconteceu na manhã seguinte, porém, seja lá como se chamaria isso, eu aproveitei a chance. Se ela terminaria com a minha morte, eu pouco ligava, era uma morte mais digna do que a que me esperava se eu continuasse presa aqui.

Tudo aconteceu muito depressa, entre o rebelde trazer minha água e meu pão e ele sair, se esquecendo de trancar a porta e eu me esgueirar pela entrada da caverna não levou mais de cinco minutos. E, quando vi, eu corria, caía, rolava montanha abaixo, na direção de uma estrada, até que ouvi o primeiro tiro.

Meu instinto natural foi me abaixar e correr para a proteção de uma rocha, eu não sabia de onde tinha vindo o disparo e um tanto atordoada pelo cansaço e privação de sono e comida, além de estar completamente desacostumada com a claridade, afinal passei os últimos seis ou seriam sete meses, no escuro, não pude tentar entender se o que eu ouvira era o eco ou o som de verdade. Assim que me abaixei, escutei o barulho de um motor, não das caminhonetes usadas pelos rebeldes, um barulho mais forte, como se o carro fosse ainda mais potente, maior e mais pesado.

— É, vou morrer aqui. Mas, ainda sim, é uma morte muito melhor. – Murmurei quando mais tiros foram disparados. E eu pude ver, eram dados da e para a direção da caverna de onde eu fugira minutos atrás.

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A Marinha pode ter encerrado as buscas pelo grupo sequestrado, mas não o NCIS. Destaquei dois agentes de confiança do escritório de Dubai para ficarem de olho em qualquer movimentação estranha na área de Kandahar, eu não sabia como, mas algo me dizia que eles não tinham tirado ninguém dali. Que eles se esconderam nas milhares de caverna que tinham na região.

Outra agência que procurava por Sophie era a CIA. Não porque eu pedi, mas por ordens do Presidente. Henry não se conformava que a cunhada, que ele vira crescer, tivesse esse destino e prometeu à Kelly que encontraria a irmã dela, e, para isso, pediu que o melhor grupo da CIA fosse enviado para o Afeganistão. A natureza da missão seria secreta e o nome da agente jamais seria revelado.

Por outro lado, Ziva tinha seus contatos e tanto o Mossad quanto a Inteligência Israelense estavam nos ajudando no que podiam, até porque, Sophie também já tinha trabalhado ao lado do Mossad e salvado a vida de dois dos melhores Oficiais que eles tinham, era quase uma dívida de honra que eles tinham com a minha filha.

Duas semanas depois do aniversário de seis meses do ataque ao comboio, uma imagem intrigante apareceu no satélite da Marinha. Vários homens estavam constantemente subindo e descendo a mesma montanha. Várias vezes por dia. Eu fui a primeira a notar essa descoberta e logo liguei para o escritório de Dubai.

— Sim, senhora, é uma movimentação incomum para aquela região. Temos um agente ali perto e vamos pedir para ele investigar, não se preocupe, é um infiltrado e não será descoberto. – Foram o que me disseram.

Duas horas depois, recebi uma ligação da Casa Branca, o Presidente queria que eu fosse à uma reunião com ele, em caráter de urgência.

Juntei o que tinha que levar, mesmo sem saber exatamente sobre o que se tratava essa reunião, e segui para o carro. Antes de sair, consegui conversar com Ziva e Tony no elevador e falar sobre a movimentação na montanha.

— Acho que pode ser um bom sinal. É a primeira vez que temos algo concreto em mais de seis meses. – Ziva disse. – Vou ligar para o Mossad, saber se sabem de algo.

— Mantenha a discrição, Ziva, pode não ser nada. – Tentei conter o entusiasmo dela.

— Ou pode ser tudo, Jenny. Às vezes uma migalha é tudo o que precisamos. – Ela disse convicta.

Na Casa Branca, meu carro passou pela revista e, ao invés de entrar por uma das alas, fui levada para a garagem e de lá direto para um dos andares inferiores, quando cheguei no corredor estreito, encontrei não só com a Secretária da Marinha Sarah Potter, como com o Comandante Geral do SEAL’s e o Tenente Comandante do Esquadrão 6 dos SEAL’s, ninguém menos que meu genro, Steve, que havia sido promovido há pouco tempo.

Logo o Presidente – ou meu outro genro, dependendo do ponto de vista – chegou e nos guiou para dentro de uma sala sem janelas. A porta fora lacrada e antes mesmo que Henry começasse a falar, um relatório foi colocado na nossa frente.

Era um relatório da CIA e nele dizia que o líder dos Rebeldes que atuavam na região de Kandahar estava pronto para fazer um pronunciamento que envolvia mostrar seus mais recentes reféns, uma agente do NCIS e um Tenente da Marinha. Conforme o relato, o líder iria até o cárcere dentro de quatro dias, a contar da data do relatório, e faria um vídeo. A intenção do grupo era executar os reféns ao vivo.

— A partir desse momento, sigilo total. – Disse Henry. – Team Six vocês vão para o Afeganistão em missão de resgate dos reféns. Não quero testemunhas vivas ou presos de guerra, as ordens são atirar para matar. Tragam os nossos com vida. – Deu o comando e os dois SEAL’s que estavam na sala bateram continência. – Secretaria Potter, Diretora Shepard, preciso que o NCIS atue como a agência de inteligência nesse caso, pois a CIA não pode assumir a liderança do resgate sem comprometer a identidade e segurança do agente que está infiltrado nas linhas inimigas. As ordens serão dadas a partir do Estaleiro, quero saber notícias em tempo real. Boa sorte a todos e Deus Abençoe a América. – Henry se levantou e com um aceno de cabeça se despediu.

Em nossas mãos tínhamos os meios e como salvar tanto Sophie quanto o Tenente Freeman, já que a inteligência nos dizia que Aisha e seus filhos não tinham como serem salvos mais.

Fizemos os últimos ajustes antes que o Grupamento 6 fosse enviado para o Afeganistão e, dentro de vinte horas, a missão de resgate seria iniciada. As poucas palavras que pude trocar com meu genro foram as seguintes:

— Cuidado, Steve.

— Senhora, eu já me meti em missões mais perigosas do que essa por alvos que nem americanos eram... eu vou trazer a Sophie de volta. – Ele falou cheio de certeza, bateu continência e apressou o passo.

E agora começava o jogo de espera.

Será que seria o suficiente? Será que eles ainda estavam vivos?

Voltei para o NCIS e assim que entrei na minha sala, Jethro, DiNozzo, Ziva e McGee estavam me esperando.

Ziva tinha novidades do Mossad, ao que parece, Mossad e CIA estavam juntos na missão, mas o alvo não era encontrar os dois sequestrados, era pegar o líder dos rebeldes, calhou que tudo se juntou. DiNozzo e McGee eu não sabia o que faziam ali, já Jethro...

— Kelly me contou que você teve uma reunião com o Presidente.

— Kelly está liberando segredos de estado em linhas não seguras?

— Na verdade, Diretora. – McGee interveio. – Ela me mandou um e-mail criptografado, e eu chamei o Chefe... o Gibbs assim que vi quem era o remetente. – E ele parou e me olhou, assim como os outros três ocupantes da sala.

— O que eu sei é isso aqui. – Entreguei o arquivo que Henry havia me entregado. - Dentro de 19 horas começará o resgate. Oficialmente o NCIS lidera, mesmo que não sabíamos de nada.

— Por quê? – Ziva perguntou desconfiada.

— Proteção do agente e, agora eu sei, a conexão com o Mossad.

— Se for para trazer a Peste Ruiva viva, eu aceito ajuda até da China! – Tony falou.

— Quem eles vão mandar para o resgate? – Jethro me perguntou.

Dei um mínimo sorriso.

— Seu outro genro. Um ordenou a operação. O outro, como Líder do Grupamento 6, vai executá-la.

Jethro olhou para os detalhes da Operação Strawberry Fields, a operação que não só mataria um dos líderes mais importantes dos rebeldes no Afeganistão, como traria de volta nossa filha.

As dezenove horas seguintes passaram pingando, todos tentamos agir e viver da maneira mais normal possível, porém, quem nos conhecia bem, sabia que algo estava por acontecer.

A rádio-fofoca do prédio espalhou que o corpo de Sophie tinha sido recuperado e que eu anunciaria, junto com a morte da agente, a minha aposentadoria.

Só o futuro dirá o que acontecerá em poucos minutos lá do outro lado do mundo.

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— Rapazes, estes são nossos alvos. – Explicava para o grupamento quem nós tínhamos que eliminar. - E estes temos que trazer com vida. – Mostrei a foto do Tenente Freeman e de Sophie.

— Steve? – Danno falou assim que viu a foto.

— Sim. Ela. – Falei sem olhar para a foto da minha namorada.

— Você escolheu essa missão? – Adam me perguntou.

— Não. O Presidente em pessoa a designou para nós.

— E como vamos nos dividir? Temos dez alvos e dois reféns, que, pelo passar do tempo, não devem estar fortes ou sendo capazes de se defenderem. – Chin começou a visualizar a estratégia.

— Nosso plano é chegar pelos lados norte e sul da montanha. Um helicóptero Hawk da Marinha estará à disposição para reforço caso necessário ou servirá de extração caso algo saia errado. Temos que chegar o mais discretamente possível, ou os reféns irão sofrer as consequências. – Começamos a traçar os planos.

— Tudo bem, mas e se algo der errado e alguém nos ver? Ou algum imprevisto acontecer?

— Aí, Thomas Magnum, a gente começa a atirar. – Bocão respondeu. – E o Freddie e o Steve correm para salvar os dois.

Não era bem um plano, mas era o que aconteceria na prática, para o remoto caso de algo estar muito fora dos padrões.

Acontece que eu deveria prever que nada seria dentro dos padrões de observação da CIA. Porque uma das variáveis era justamente a minha namorada.

E Sophie Shepard-Gibbs é imprevisível. Completamente imprevisível.

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Eu ainda tentava me ajustar à claridade do mundo fora da caverna, tentava me ajustar ao que eu estava vivendo, mas a troca de tiros não estava me ajudando.

Eu não sabia quem estava contra quem e o que eu ainda estava fazendo ali! Assim, me abaixei um pouco mais e tentei sair correndo para o lado de onde eu achava que não estavam vindo os disparos.

Dei alguns passos até que esbarrei em alguém. Que ótimo! Se eu fosse inteligente tentaria bater na pessoa, e estava tentada em usar o pouco de energia que me restava para fazer isso, para derrubar a pessoa e desarmá-la até que eu achasse algo que pudesse ser usado como arma de defesa por mim.

Tudo o que eu não esperava era quem eu tinha encontrado.

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Eu sabia que Sophie Shepard-Gibbs era uma incógnita na equação dessa operação. Ela era a única variável que poderia nos ajudar, nos atrapalhar ou simplesmente ser o maior fracasso da minha carreira caso ela não estivesse mais viva.

Eu só não esperava que ela teria conseguido fugir depois de tanto tempo. E eu não era o único.

— Eu tô vendo direito ou tem uma ruiva descendo... não caindo... melhor dizendo, rolando montanha abaixo bem ali! – Bocão gritou de seu posto de cima do Hummer, ele era o nosso atirado da .50.

Freddie era quem dirigia o carro e ele só abaixou os óculos escuros.

Danno olhou para mim e depois balançou negativamente a cabeça.

— Vocês dois são dois malucos! Se merecem! Ela acabou de estragar a nossa operação.

Do outro carro, Thomas ria no rádio.

— Se vocês sobreviverem a hoje, McGarrett, essa aí é para casar!!

— Não quero estragar os planos de uma bocada livre, mas tem gente atrás dela! – Junior avisou.

— É claro que a garota do McGarrett ia dar trabalho e ainda ser um alvo! – Adam falou.

— Meio difícil ela passar despercebida com aquele cabelo ruivo! – Chin disse. – Estamos no plano que não tem plano, Steve?

— Sim. Sophie acabou de nos jogar justamente para esse plano. – Confirmei.

— É por isso que eu adoro essa mulher! – Bocão gritou! – Ela traz toda a emoção que nos falta!

Vimos a sombra de Sophie se levantar depois de ter rolado por um bom trecho da montanha, quando ela achou que poderia estar segura, teve que se abaixar, pois começaram a atirar em sua direção. Eu não podia ver a sua face, mas a Ruiva deveria estar desnorteada depois de tanto tempo em cativeiro.

— Atiraram primeiro! Hora de revidar! – Danno falou.

— Aos seus postos! Temos reféns para resgatar e rebeldes para abater. – Dei a ordem e logo Bocão respondeu ao tiro. Peguei o binóculo que estava com Danno e procurei por Sophie. Ela tinha se agachado atrás de uma pedra.

— Steve, nós vamos ser a sua cobertura. Vá salvar a Sophie antes que eles a peguem. Começaram a descer a montanha e você sabe que esses caras são iguais a formigas, conhecem bem o caminho. E se a pegarem, creio que não vão perdoá-la. – Chin disse e eu vi o outro carro parar em um local mais seguro e começarem a atirar também.

Freddie estacionou o nosso veículo, apontou a direção e só falou.

— Vai logo.

Danno pulou do carro comigo e, sendo a minha retaguarda, ia vasculhando por qualquer outro ponto de vulnerabilidade que não fosse a refém que tínhamos que salvar.

— Você tá brincando comigo?! Steve, ela está... – Freddie começou a dizer no rádio. – Ela vai correr para onde?

Apressei meus passos, sabendo que os rebeldes que estavam atrás dela agora ou estavam abatidos ou preocupados em não serem mortos.

Vi Sophie se abaixar e começar a correr, dessa vez, na minha direção. Não demorou e nos encontramos. Ela, sem olhar direito para onde estava indo, bateu em mim e só não caiu porque eu assegurei.

— Finalmente achamos você! – Eu falei assim que fitei seus olhos coloridos que estavam arregalados e demonstravam todo o medo que ela estava sentindo. E era a primeira vez que eu via medo neles.

— S...Steve?! – Ela murmurou baixo. Nem sei como eu ouvi.

— Anda, vamos sair daqui. – Abracei-a para proteger seu corpo de qualquer tiro.

— NÃO!! NÃO!! – Ela se rebelou. – O tenente Freeman! Temos que recuperar o corpo dele. Não o deixe lá! – Tentou voltar para a caverna.

— Sophie... nós vamos resgatá-lo, mas primeiro temos que por você em segurança. Você está me entendendo? – Questionei e tentei chamar a atenção da Ruiva que não parecia muito situada no que estava acontecendo.

— Mas... ele...

— Sophie... – Pedi.

Pelo intercomunicador eu podia escutar o suspiro nervoso do meu superior, ele estava vendo e ouvindo tudo, assim como em D.C., eu sabia, estavam nos vendo a Secretária da Marinha e a Diretora do NCIS, mãe de Sophie e minha sogra, e eu não duvidava que o pai dela também estava acompanhando essa missão.

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De todas as pessoas do mundo, foi justamente Steve quem apareceu para me salvar. Parecia até clichê de filme romântico. E foi por isso que eu não acreditei de primeira. Era perfeito demais. Eu tinha quase certeza de que morrera e a última coisa que meu cérebro foi capaz de conjurar foi meu namorado me salvando, pois assim eu poderia morrer em paz.

Contudo, depois de tanto tempo, eu acho que nem meu cérebro cheio de adrenalina poderia inventar algo tão perfeito. Porque até o tom de voz...

Falaram algo sobre ir embora... eu não podia ir embora, eu tinha feito uma promessa, tinha que levar Freeman comigo.

— NÃO!! NÃO!! O tenente Freeman! Temos que recuperar o corpo dele. Não o deixe lá! – Tentei voltar para a caverna, mas braços fortes me seguraram pela cintura e me viraram na direção contrária, logo estava fitando os olhos azuis de Steve.

— Sophie... nós vamos resgatá-lo, mas primeiro temos que por você em segurança. Você está me entendendo? – Ele me perguntou como se conversasse com uma criança... e foi só aí que eu percebi que deveria estar agindo de maneira irracional. Respirei fundo e tentei novamente.

— Mas... ele... – Apontei para o alto da montanha.

— Sophie... – Ele me pediu sério. Como se não fosse só a vontade dele, mas de outras pessoas também. Olhei em volta e vi Danno. Não duvidava que o restante dos meninos, a barulhenta e leal turma que formava o Esquadrão Seis, deveriam estar por aqui também e a minha insistência só os colocaria ainda mais em risco.

— Tudo bem. Para onde?

Steve passou um braço ao redor de minha cintura, se agachando e me tampando o máximo que podia com o próprio corpo, sendo o meu escudo humano, e começou a descer o que restava da montanha.

— O carro está logo ali. Cuidado para não cair de novo. Você está toda machucada.

Mal sabia ele que os machucados não eram só do fato de eu ter rolado montanha abaixo.

Logo Danno emparelhou conosco para olhar a estrada. Estávamos quase no carro quando alguém atirou.

— Mas que merda! – Danno xingou algo e fez a mira.

— Uma arma. – Pedi para Steve.

— Não, você não tem condições de enxergar.

— Se ficarmos assim, você será morto. Chega de mortes, Steve. Por favor. Você sabe que eu tenho uma mira excelente.

— Tem mais de seis meses que você não sabe o que é atirar... – Ele começou a falar, mas eu me agachei e roubei a pistola que ele carregava no tornozelo direito.

— Nunca subestime alguém da Família Shepard-Gibbs quando se trata de ter uma arma na mão. – Falei e pus na posição de guarda, só esperando que o atirador aparecesse.

Um disparo foi dado, acertou o teto do Hummer, muito perto de onde Bocão estava.

— No alto, não muito longe. Tem um fuzil com mira. – Comentei.

E foi quando fomos pegos em um fogo cruzado. As balas vinham de todos os lados. Bocão desceu do teto do Hummer e veio correndo na nossa direção, Freddie não demorou e se juntou a nós. Ali, naquela saliência de rocha, era o lugar mais seguro para se estar.

Éramos cinco. Quatro tinham fuzis e eu só tinha uma 9mm. comparação um tanto injusta, mas devido às circunstâncias, era o melhor que eu poderia conseguir.

As balas não paravam, e vinham agora de todas as direções, estávamos cercados e tínhamos que ficar ali, porque pelo que vi, a outra metade do esquadrão tinha subido a montanha.

Não tinha tiro perdido de nossa parte, cada um pegou uma direção e era mirar e atirar para derrubar um, às vezes dois. E, em um determinado momento, eu só escutei:

— Quer casar comigo, Sophie?

— Como é?? – Eu não sabia se eu estava desorientada por ficar em cativeiro por tanto tempo e tinha entendido errado, ou se era o Steve quem era o maluco e tinha o pior timing da história para pedir alguém em casamento.

— Perguntei se você quer se casar comigo. – Ele disse simplesmente enquanto recarregava o fuzil e eu a pistola – tinha acabado de pegar o pente novo em um dos bolsos do colete dele.

— Steve, nós estamos no meio de um tiroteio e você vem com uma dessas?? Como eu posso te responder algo se nem sei se vamos sobreviver!

— É só responder sim ou não. O resto a gente pensa depois. – Ele deu de ombros e voltou a posição para atirar (e acertar) o alvo. E foi quando uma bala voou perto da cabeça do meu ...

— Ah! Que seja!! Sim!! Agora abaixa essa cabeça porque eu não quero ser uma viúva antes de me casar!! – Puxei-o pelo colete até que ele se escondeu atrás da pedra.

— Olhando por esse lado, você daria uma excelente Viúva Negra! Já é ruiva - Bocão teve essa brilhante tirada.

— Cala a boca, Bocão!!! – Respondemos juntos.

— Vocês vão ser um casal e tanto. – Ele deu uma risada e voltou ao seu posto.

— Parabéns aos pombinhos que mesmo depois de sete meses de separação forçada, conseguiram se entender. – Freddie falou. – Espero ser convidado do casamento.

— OITO! – Gritei. – Quando vim parar nesse pedaço do inferno tinha um mês que eu não via o Steve.

— Específica ela! – Danno falou. – E se merecem, são dois malucos, descabeçados e teimosos. Felicidades aos dois!

Os tiros que vinham da estrada e do outro lado do carro, enfim, cessaram. Bocão acertou o último atirador que estava no sul, e pudemos ajudar Freddie que estava protegendo os demais que haviam subido o morro e se embrenhavam na caverna.

Os poucos que sobraram agora estavam encurralados, pois logo um dos outros meninos pegou um excelente ponto de tiro e começou a acertá-los lá de cima. Nós fizemos o mesmo. E o último caiu no exato momento em que as minhas munições acabaram.

— Está realmente seguro? – Danno perguntou, sendo ele sempre muito precavido, gostava de dar uma conferida no perímetro antes de cantar vitória.

— Junior acaba de dizer que não tem mais ninguém lá em cima, que todos os nossos alvos foram abatidos. E que resgataram o corpo do Primeiro Tenente Freeman. – Freddie informou.

Não foi uma cena bonita ver o corpo do Tenente, que só tinha o dever de dirigir o carro em uma missão relativamente fácil, ser carregado morro abaixo.

Desviei meu olhar e fiquei encarando a roda do carro. Inconscientemente me abracei e me forcei a não pensar no que aconteceu.

Steve me ajudou a me levantar e me levou para o carro, se sentando ao meu lado no banco de trás, me abraçando o tempo inteiro e murmurando coisas que eu não entendi. Bocão assumiu a .50, Danno, como sempre, ficara com o banco do carona e Freddie no volante. Toda a cena me lembrava a que eu passei meses atrás, e eu não queria que nada se repetisse.

Logo o outro carro se juntou a nós e eu me vi na obrigação de perguntar.    

— Estão todos bem?

Eu devo ter feito a pergunta muito perto do microfone que Steve carregava, pois escutei a risada de Bocão do lado de fora. Ele, doidinho como sempre, se abaixou até que seu rosto apareceu no vidro traseiro.

— Estamos ótimos. Ainda bem que você existe para animar esse esquadrão. Estávamos sem uma boa história para contar há muito tempo!!

Revirei meus olhos.

— Volte para a observação, Bocão. – Steve mandou.

— Pode deixar, Comandante!

Duas horas depois chegamos na base de Cabul, na Zona Verde. E foi só quando eu realmente me senti segura, que comecei a notar os estragos em meu corpo.

Eu estava toda arranhada, machucada, roxa, imunda da poeira da montanha, de ficar me escondendo e, lógico, dos tombos, isso sem contar alguns ossos que com certeza estavam quebrados ou trincados. Nem sei como Steve teve a coragem de chegar perto de mim e ainda me pedir em casamento.

Os dois veículos estacionaram na frente da tenda do comando da base e assim que os oito SEAL’s desceram, o Comandante da Unidade perguntou:

— Operação Strawberry Fields concluída com sucesso?

— Sim, senhor. – Steve respondeu e eu vi que agora ele não era mais Tenente. Era Tenente-Comandante e comandava justamente o Esquadrão Seis, o mais importante. – Uma refém recuperada com vida, os alvos mortos e o segundo refém será levado para casa para o descanso. Já estava morto quando chegamos.

— Muito bem. Podem arrumar suas coisas, seu transporte sai em seis horas. – Avisou e todos os SEAL’s, após baterem continência, me deixaram ali parada no meio da base. – Seja bem-vinda de volta à Zona Verde, Agente Shepard-Gibbs. Creio que você precisa de ajuda de médica. Sinto não podermos te auxiliar em tudo, mas você pegará o mesmo transporte que o Seis e poderá ser tratada com mais cuidados em D.C.

— Obrigada, senhor. – Foi tudo que pude dizer, antes de sair escoltada por dois médicos da Marinha.

O resultado dos meus meses de tortura e da queda que sofri foram algumas costelas quebradas e outras mal cicatrizadas, um pulso torcido, vários pontos no meu abdômen e supercílio, além da bacia trincada. Nada que me impossibilitasse de viajar, porém, faria a longa viagem bem desconfortável.

Tomei um banho, depois de não sei quanto tempo, e acabei vestindo as minhas próprias roupas, pois a minha duffel bag ainda estava por aqui, claro que as roupas estavam largas, mas foi bom sentir um pouco de familiaridade após tudo o que aconteceu. Tentei me arrumar o melhor que pude, não que isso importasse para alguém em especial, era só uma maneira que achei de deixar todo o terror para trás. Pedi para falar com D.C. logo depois que fui liberada, queria poder dar um oi para minha mãe, para meu pai... contudo fui impedida, ao que parece essa missão era um tanto sigilosa demais e qualquer contato com pessoas não autorizadas estava proibido.

Acatei a decisão e, sem nada para fazer, fiquei sentada no refeitório, mais brincando com a comida do que comendo, apesar de que eu deveria comer, todavia, os acontecimentos dos últimos meses iam e vinham em minha mente, e isso me tirou o apetite.

No horário combinado, caminhei até a tenda de comando, o Esquadrão Seis já estava por lá, conversando animadamente com os soldados mais novos, incentivando-os a tentarem a carreira junto aos SEAL’s.

Parei um tanto afastada deles, por mais que eu ansiasse por uma companhia familiar, mas eu sabia que as missões deveriam ser separadas das relações pessoais, e mesmo sem saber quem enviara o Esquadrão Seis (ou quem nomeara essa missão de Strawberry Fields, será que realmente tinha a ver com a música dos Beatles?), era melhor manter as aparências de que eles só haviam me salvado. Apesar de que quando notaram a minha presença todos meio que me analisaram, vendo realmente os estragos dos meus meses de cativeiro. Steve foi um que me olhou por tempo demais e depois virou o rosto, praguejando contra os sequestradores.

Nosso transporte chegou, o motorista pedindo até foto com o Esquadrão Seis dos SEAL’s e ainda teve a cara de pau de pedir que eu tirasse a foto! E foi quando eu notei que os oito malucos eram o que a Marinha tinha de celebridades. Eles não eram somente parte dos SEAL’s, eram o Esquadrão mais importante, mais comentado, aquele que só era enviado em missões realmente importante.

E mais uma vez que me perguntei quem tinha tanto poder para enviar justamente esse time para salvar uma reles agente federal e um Primeiro Tenente.

Nossa ida da base até o aeroporto foi preenchida por histórias, o motorista, um jovem soldado, queria saber quais foram as melhores missões e eu tinha certeza de que Magnum estava exagerando nos detalhes, enquanto contava de forma bem editada algumas missões que eles encaram.  E, assim que chegamos, o soldado disse que dirigir para o Esquadrão Seis tinha sido a maior honra da carreira dele.

 Embarcamos no enorme avião de carga. Não poderíamos levar o Tenente Freeman conosco, pois ele teria que passar por uma autópsia primeiro. Assim, a tripulação consistia em os meninos do Esquadrão Seis e eu.

Foi estranho ter a certeza de que estava voltando para casa, ainda mais acompanhada por pessoas que eu conhecia. A única coisa que me perturbava ainda era o fato de que eu não cumpri com o que me mandaram fazer. Quando fomos emboscados naquela fenda, éramos cinco, e somente eu saía com vida do Afeganistão.

Presa como estava em remoer o meu fracasso, não tinha notado que já tínhamos decolado e que Steve estava sentado do meu lado. Só fui notá-lo quando ele passou o braço em torno de meus ombros e me puxou para perto dele.

— Vai passar, Sophie. Esse sentimento de desespero, de medo, vai passar. – Ele falou em meu ouvido.

Eu sabia que, com o tempo e com ajuda, eu superaria tudo isso, tinha visto Tony, Ziva, McGee, minha mãe e até meu pai passarem por isso e superarem, ou, ao menos, aprenderem a conviver com as memórias.

— Um dia. – Falei.

— Eu estou sempre aqui quando você precisar. – Ele me disse, e creio que somente eu escutei essa promessa.

E, o restante dos meninos, que assistia a cena, simplesmente resolveram pegar no nosso pé, por conta do pior pedido de casamento da história.

— Sério, isso devia entrar para o Guinnes Book! Nunca vi um cara fazer um pedido tão ruim! Nem anel teve! – Junior dizia debochado.

— Anel? Você tá preocupado com anel? Ele quase toma uma bala na cabeça sem saber a resposta da Sophie! – Danno contou com detalhes.

— O importante aqui não é como o pedido foi feito! – Bocão falou.

Todos ficamos em silêncio, vindo de Bocão, a conclusão do raciocínio seria uma pérola.

— Eu vou me arrepender de perguntar isso, mas o que é mais importante? – Adam matou a curiosidade de todos.

— Vamos comer de graça às custas da Diretora do NCIS.

Não disse que seria uma pérola?

— Não é o pai da noiva quem paga a conta do casório? – Magnum perguntou.

— Vamos deixar a conta com a Diretora mesmo. O Sr. Gibbs me dá medo!

— Isso, Bocão, porque quem é o genro dele sou eu! – Steve falou.

— Só por isso você merece ser o Comandante!

— Meu pai vai ficar tão feliz em ouvir isso... – Comentei.

— Fica quietinha, Sophie. Ele não precisa de saber de nada.

Steve me cutucou no ombro e eu olhei para ele, e só de mirar as orbes que hoje estavam azuis eu sabia o que ele queria que eu falasse.

— Ele já sabe. – Dissemos juntos.

— Meu pai sabe de tudo, Bocão. De tudo.

Depois de um tempo eu acabei caindo no sono, escorada em Steve, de tempos em tempos eu podia sentir que os braços dele se apertavam ao meu redor e que ele beijava o alto da minha cabeça.

Apesar de longo, o voo foi tranquilo, as piadas, brincadeiras e peças que os meninos pregavam uns nos outros me distraíram por quase todo o tempo em que fiquei acordada. E, quando dei por mim, avisaram que íamos pousar em meia hora.

Apertei o cinto e me preparei para ser um pouquinho chacoalhada, com as minhas costelas quebradas foi um pouso bem dolorido. Taxiamos e, diferentemente do costume que é descermos na pista, fomos direto para um hangar.

— Ainda bem. Lá fora deve estar um gelo! – Chin disse. – E ninguém aqui quer virar um picolé.

A tampa traseira foi aberta, o ar de inverno invadiu aárea de carga. Nos levantamos e Steve além de levar a própria bolsa, carregou a minha também, jogando-as sob o ombro esquerdo, enquanto me abraçava pela cintura com o braço direito.

Os meninos foram na frente, fazendo a maior bagunça, mais parecidos como colegiais do que com Marinheiros condecorados que eram. Mas, do nada, a falação foi interrompida e um silêncio caiu no hangar. Eu só pude pensar que o Almirante dos SEAL’s estava ali fora, assim, me afastei de Steve, porém, me mantive ao seu lado. E, bastou que eu chegasse no meio da rampa que vi quem tinha acabado com a festa dos meninos.

Aquele que um dia foi chamado de Agente Especial Gibbs, mas que para eles era o terror encarnado.

 Eu quase fiz como uma criança que tem muito tempo que não vê os pais e corri na direção dele, e eu teria feito isso, se eu não estivesse tão machucada. Mas, se eu não pude fazer, meus pais fizeram, e antes que eu acabasse de descer, fui envolvida pelos braços dos dois.

Eu estava finalmente em casa. E essa sensação de alívio me atingiu tão fortemente que eu comecei a chorar. Comecei a chorar de soluçar.

Logo outros chegaram para fazer parte desse abraço em grupo. Eu não via quem era, pois estava com o rosto enterrado no ombro de meu pai, mas eu reconheci os abraços.

Abby, Tony, Ziva, Tim, Ellie, Nick, Jimmy, Breena, Ducky, Kelly e até mesmo Henry. E a presença do Primeiro Casal da América explicava o motivo do avião ter parado dentro do hangar. A segurança do Presidente em primeiro lugar.

Quando um por um foi desfazendo os abraços, foi a vez das crianças. Dos meus sobrinhos. E desde quando Will está tão alto? Como Jack tinha crescido tanto! Ele estava a cara do meu pai. Victória, cada dia mais fofa! John e Meg a cara dos pais. Tali e Adam! Meus afilhados, como eu senti falta deles. E tinha Kate, a menorzinha da turma.

— Eu senti tanto a falta de vocês! – Falei abraçar todas as crianças de uma vez.

Ao fundo escutava alguém chorando. Ainda bem que eu não era a única e depois que Kate se agarrou a mim e eu quase não consegui erguê-la, meu pai tirou a neta mais nova de perto de mim e minha mãe voltou a me abraçar.

— Ah, minha Miniatura! Como eu senti saudades de você! – Ela disse.

— Eu também, mamãe.

Ao fundo pude ver Henry agradecendo ao Esquadrão pelo excelente trabalho, não só no meu resgate, como no restante da designação.

Cada um deles bateu continência para o Presidente e respondeu com poucas palavras.

Menos Bocão.

Sempre ele...

— Não foi nada, Senhor Presidente! – Ele começou. – Até porque o senhor e o Steve são parentes, né? E só a Sophie para dar uma animada na nossa vida mesmo...

Minha mãe, que ainda me abraçava, olhou para trás, para o corajoso que soltou essa pérola.

— Vontade de mandar o sapato na cara dele... – Murmurei.

Steve deu um pisão no pé do tagarela, mas o estrago já estava feito...

Bocão ia dar de ombros, rindo da própria piada, olhando para todos, quando viu meu pai, que o encarava, com aquela olhada reservada para os piores bandidos que ele pegou.

—  Não foi nada, Senhor. – Bocão se redimiu, pegou a mochila, bateu continência e saiu escoltado pelo restante do esquadrão seis.

— Te vemos amanhã, Steve! – Danno disse. – E é bom te ter de volta viva, Sophie!

— Obrigada, Danno.

Da base área eu fui direto para o Bethesda e passei a noite fazendo uma bateria de exames, quando pude, na metade do dia seguinte, ir para casa, estranhamente quem foi me buscar foi Tony.

— Mas, por quê?

— Preferia o Steve, né? Estou sendo descartado! Eu costumava ser o seu favorito.

— Para com o drama, Meu Italiano de Araque Favorito!

— Agora eu paro!

— Mas, e então? Por que você?

— Digamos que estou evitando que você fique viúva antes de se casar.

Fiz uma careta.

— Steve.... ele...

— É, pediu a benção para o seu pai ontem. Kelly está rindo até agora. – Ele disse gargalhando.

— É um assunto sério, Tony!

— Claro que é! A Peste Ruiva está noiva! E seu pai está querendo matar um. – Continuou rindo.

— Mas, só me diga uma coisa...

— Desembucha, Peste...

— Meu pai puxou a espingarda ou foi a Bravo 51 dessa vez?

— A Bravo 51! - Tony riu alto.

— É, a coisa tá feia lá em casa... - Acompanhei o bom humor do meu irmão mais velho.

Assim que coloquei o pé no batente da porta, já escutei Kelly rindo, claro que ela estava aqui, estava cheio de agentes do serviço secreto lá fora, então isso não era novidade. Ziva e as crianças também não, afinal Tony tinha ido me pegar no hospital.

Mas o restante da Família. E até Henry?!

— Tudo bem! – Parei no arco que dividia a sala de visita com a sala de jantar. – Qual é o veredicto?

— Jethro. Isso é com você! – Minha mãe gritou.

Escutei meu pai murmurando lá dentro do escritório e depois ele abriu a porta e veio, muito a contragosto, na minha direção, observando a minha aparência.

— O que você disse? - Ele me perguntou direto.

Olhei para Steve que estava sentado entre Henry e Tony, em um lugar de onde ele não poderia fugir, se tudo desse errado.

— Bem... ele estava para ser morto, então falei aquilo que ele queria ouvir. – Brinquei.

Meu noivo arregalou os olhos.

— Ê maldade! Isso que dá ter passado tanto tempo perto do Tony. – Ziva falou e chutou o marido.

— É isso que você quer, Ruiva? – Papai me perguntou sério. E era a mesma pergunta que ele havia feito para Kelly, sei lá quantos anos atrás...

— Sim, papai. É ele quem eu quero.

— Você viu a Bravo, SEAL. E eu não sou o único na família que sabe usá-la. Esteja avisado.

— Então isso significa um: “Pode se casar com aquele inútil do seu namorado, Sophie, fazer o que, você tem o dedo podre mesmo!”?

— É, Ruiva, significa exatamente isso. – Papai disse mal-humorado.

Dei um abraço apertado em meu pai.

— Obrigada! – Sussurrei no ouvido dele e dei um beijo na sua bochecha.

— Seja feliz, minha filha!

E Steve fez algo que eu não estava esperando. Parou na minha frente, se ajoelhou e abriu uma caixinha. Lá dentro tinha um anel com um solitário, nada grande, nem exagerado, era até pequeno demais, mas era tudo o que eu precisava.

— Preciso responder novamente? – Perguntei sorrindo para ele.

— Seria bom ouvir a resposta sem ter balas voando perto da minha cabeça! – Ele me deu um sorriso de lado.

— Sim, Steve McGarrett, eu aceito me casar com você! – Falei. Ele colocou o anel no meu dedo e depois se levantou e me deu um beijo de cinema. Que foi interrompido por meu pai que disse:

— Isso é algo que eu não preciso ver!

Ao fundo, escutei o seguinte comentário:

— Você não me deu um beijo desses quando me pediu em casamento na frente da minha família! – Kelly reclamou com Henry.

— Porque eu realmente queria me casar com você, Kells. – Henry saiu pela tangente.

— Mentira. – Todos nós o acusamos.

— Você tinha e tem medo do seu sogro. – Tony falou.

E convenientemente o celular do Presidente tocou naquele exato momento.

— Salvo pelo Congo...

— GONGO, ZIVA!! - Gritamos de volta.

— Vocês entenderam!

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Eu fiquei afastada mais dois meses do NCIS, Jack Sloane não me liberou para voltar até que eu tivesse trabalhado todos os pontos do meu sequestro e, digo que foi até fácil conversar isso com ela, pois ela realmente sabia pelo que passei.

Nesse meio tempo, acabei descobrindo duas coisas à respeito da Operação Strawberry Fields, quem a sancionou foi Henry, quem trabalhou junto com a inteligência foi Kelly e o nome foi escolhido por conta do meu apelido de infância (Moranguinho) e o fato de Beatles ser a banda favorita da minha mãe e a minha.

Quando questionei Kelly sobre isso, ela simplesmente disse:

— Pareceu certo. - Deu de ombros e foi cuidar do que ela tinha que fazer.

— Mas isso vai entrar para a história do país. - Falei indo atrás dela.

— Quem sabe não vira um filme, hein? Enrredo para isso tem! - Terminou de falar e entrou no seu escritório, pois ela tinha compromissos, me deixando plantada no meio da Casa Branca. 

Com o aval da Psicóloga do NCIS, me apresentei à Diretora. Tendo o escritório de Los Angeles passado por uma grande reformulação durante a minha ausência, eu tinha acabado transferida para D.C., não para trabalhar com a MCRT, mas na área destinada ao Oriente Médio e Leste Europeu. Afinal, eu não aprendi todos os idiomas que sei à toa...

Ainda fui à Califórnia três vezes, uma para me despedir de todos do Escritório das Operações Especiais e agradecer por tudo o que eles fizeram por mim no tempo que passei por lá e as outras duas para fechar o meu apartamento. Não precisei trazer o meu carro, pois Steve já tinha feito isso, já que ele agora, como Comandante do Esquadrão Seis, estava estacionado na Virgínia.

Era uma nova era que começava para mim e para ele. Dessa vez, muito mais próxima de casa e, com a família cada vez maior...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, apesar do tamanho...
E, para quem não pegou a referência do nome do capítulo, Operação Strawberry Fields ou Operação Campos de Morango é a operação que o McGarrett participa ainda no SEALs e é mencionada no episódio 3 da segunda temporada. Steve nunca entrou em detalhes dessa operação e, claro, Danno vivia falando na cabeça dele sobre isso... e eu, como não superei esse mistério, resolvi inventar a minha versão da tal operação... e ainda coincidiu com o apelido da Sophie (que não tinha sido pensado com esse propósito!)
Com isso explicadinho, agradeço a você que leu até aqui e que acompanhou essa história durante esse ano, mesmo com os enormes hiatus que eu deixei acontecer... me perdoem por isso, e só digo que a história de Sophie ainda não terminou... tem mais para vir por aí, não sei quando, mas até lá, vão relendo o que já foi postado. Agradeço aos comentários e aos fieis leitores que me acompanham nessa história desde a fic mãe, Carta Para Você!
Um ótimo ano de 2022 para vocês, que ele seja um milhão de vezes melhor do que esse, que traga todas as coisas boas para todos!!
Até o próximo capítulo!
xoxo



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