The Stars in George Weasley escrita por Morgan


Capítulo 3
Three - Amélie Astéria Diggory


Notas iniciais do capítulo

Dêem play e boa leitura! https://www.youtube.com/watch?v=-Irv9HKGIco&feature=emb_title



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George havia acordado no outro dia com a maior dor de cabeça que já havia sentido na vida. Seu hálito estava pior do que o de qualquer dragão que Charlie pudesse encontrar e ele ainda estava com as mesmas roupas da noite anterior. Levou mais de uma hora para se sentir limpo novamente e descer com Fred para tomar café da manhã. Quando estavam na entrada do salão foram parados por Cedric e Daphne, que ao contrário de George não estava com nenhum tipo de ressaca, pois só isso explicaria como ela estava á vontade para gritar com ele sem se incomodar. 

— Wow! – exclamou Fred, quase esbarrando na garota – Estava tão ansiosa assim para me ver, amor?

— Agora não, Fred – disse ela, séria – Onde está Amy?

— Acabamos de sair da Torre da Grifinória, não sabemos – disse Fred dando de ombros, mas os olhos de Daphne estavam fixos em George. A cabeça do garoto tombou para o lado, avaliando a sonserina.

— O que você fez? – sibilou ela, tão precisa e baixa quanto uma cobra e mesmo assim sendo ouvida por todos os garotos.

— Por que eu faria alguma coisa? – questionou ele, indiferente.

— Vocês estavam no mesmo lugar ontem.

— Todos nós estávamos, Daph – respondeu ainda com a mesma postura mal-humorada. George só queria se sentar e tomar um grande copo de água. 

— Não – insistiu ela e apontou um dedo bem no peito de George – Vocês estavam. Vi quando você foi se esconder embaixo das mesas depois de ficar com Lucy Maud e pouco tempo depois, Amy foi para o mesmo lugar. Não me importei porque o máximo que poderia acontecer seria ela impedir que você se engasgasse no próprio vômito, mas depois de um tempo ela saiu correndo da sala com uma cara tão assustada que eu comecei a pensar que grande perda teríamos se você de fato se engasgasse na própria sujeira! – disse ela de uma vez, seu tom de voz aumentando a cada palavra que ela dizia. Quando Fred percebeu que a história parecia ao mesmo tempo maluca e séria, ele colocou a mão sob a da garota, puxando o dedo que ela apontava a George para baixo 

George piscou algumas vezes. Fred o encarava com curiosidade e Cedric parecia se segurar para não ser ele a questionar George daquela maneira. Daphne deve ter percebido, porque só isso explicaria a mudança repetina no modo de falar da garota. Ela suspirou, seus olhos cinzas se suavizando enquanto dizia, dessa vez mais baixo, no tom que George estava acostumado a receber da amiga - ao contrário de Fred.

— O que você fez, Georgie?

Ele estava pronto para dizer que não fazia ideia do que havia dado na cabeça da lufana, muito menos nas dos amigos a sua frente quando as imagens começaram a despontar em sua cabeça.

Ele dizendo que ela gostava de Fred e Amélie rindo alto jogando sua cabeça para trás.

Amélie piscando em sua direção.

Amélie jogando seu cabelo para o lado enquanto bebia cerveja, deixando seu lábio superior cheio de espuma.

Amélie séria.

George deu um passo para trás enquanto sua cabeça era tomada pela própria voz questionando Amélie porque ela havia escolhido Fred e não ele e a garota balançando a cabeça enquanto dizia: George, eu adoro você.

— Merlin, Georgie, o que você fez? – agora foi a vez de Fred, franzindo o cenho para o irmão quando percebeu que algo se passava em sua mente. O garoto deu mais um passo para trás quando se lembrou de inclinar-se sob Amy e...

— Eu vou falar com ela – disse George para o irmão e para os dois amigos. Se virou sem esperar uma resposta e ignorando o olhar assassino de Cedric sobre ele saiu correndo em direção a entrada do castelo.

Ele beijou Amélie Diggory! A irritante bruxa de taco, sua amiga de infância, a melhor amiga de seu irmão! Ele a beijou! Pelo amor de todos os Deuses, ele não conseguia acreditar naquilo. Se lembrava de tudo agora, da forma como segurou seu pescoço e da sensação suave e macia que sua pele causava, de como ela abriu a boca minimamente para deixá-lo entrar e depois o afastou e o beijo terminou tão rápido quanto havia começado.

Se lembrava do olhar de choque no rosto de Amy...

Que imbecil ele era! Um grande imbecil! Poderiam trazer o prêmio de maior idiota e entregá-lo para George Weasley nesse minuto, porque ele acabara de desbancar qualquer outro, até mesmo Percy. Sua relação com Amy sempre havia sido boa. Se divertiam quando estavam juntos, jogavam bem em campo e se provocavam na mesma medida. Era uma boa dinâmica, Merlin, ele havia estragado tudo, não havia?

A garota devia achar que ele era maluco. E ainda saiu dizendo aquelas coisas, sobre Fred, sobre a infância dos três...

Era isso. Era oficial. George Weasley nunca mais beberia. Era a droga de um perigo para a humanidade com uma garrafa de hidromel por perto.

George entrou na estufa da Professora Sprout sem fazer barulho e caminhou em direção a pequena figura no canto cortando pequenas folhas de uma planta roxa.

— Oi – disse ele, mantendo alguns passos de distância da lufana. Havia dado oi para não assustá-la, mas foi em vão. A garota deu um salto do mesmo jeito.

— Por Merlin! Eu estou com uma tesoura, não está vendo? Poderia ter cortado meu dedo! – exclamou ela sem se virar para George. O garoto se aproximou.

— Você se assusta muito fácil – disse ele.

— Talvez você não devesse se esgueirar assim perto das pessoas.

— Estão todos preocupados com você.

— Estive aqui esse tempo todo, não posso fazer nada se eles não sabiam – disse ela e se virando para George, perguntou: – Como você sabia que eu estava aqui?

— Ahn... – o garoto coçou a cabeça antes de dar de ombros – Não sei. Apenas chutei. Você gosta de Herbologia.

Era mentira. George não sabia exatamente porque havia mentido. Sabia que Amy estava ali porque no quarto ano quando a garota derrubara Fred da vassoura com um balaço forte demais sem querer havia sido para aquele mesmo local que ela fora. E George havia ido atrás dela para dizer que não havia sido sua culpa, que era normal esse tipo de coisa acontecer e que Fred estava bem e muito ansioso para vê-la na enfermaria. Lembrava-se de vê-la chorando e de se sentir muito mal com isso. Fred não havia acordado ainda quando ele foi atrás dela, mas ver como ela correu do campo depois do fim do jogo partiu o coração do grifinório. Não sabia porque aquela memória vivia a tanto tempo em sua mente, mas quando percebeu que Amélie havia sumido por causa dele, o primeiro local que pensara fora a estufa.

— Me desculpe – pediu ele e viu quando a garota fechou os olhos – Me desculpe mesmo por ontem, Ames, não sei onde estava com a cabeça. Havia bebido demais e... e...

— Estava pensando em Angelina Johnson – completou ela pegando George desprevenido. A garota tirou o avental que usava e o jogou na mesa com força, passando por George e saindo da estufa. O garoto começou a segui-la – Fred me contou o que aconteceu ano passado.

George teria que tirar um momento para conversar com o irmão gêmeo sobre privacidade, mas isso seria depois. Naquele momento uma onda de irritação o percorreu do nada.

— Não – disse com firmeza e a lufana soltou uma risada.

— Certo.

— Eu não estava pensando em Angelina quando te beijei, Amy. Isso é absurdo – tentou ele novamente

— Claro que não – disse a garota, seu tom carregado de sarcasmo.

As pontas da orelha de George esquentaram e ele franziu o cenho, irritado.

— Por que estaria pensando nela enquanto... enquanto beijo você?

— Porque foi o que você fez a noite toda, Georgie. Com Suzy, com Penelope, com aquelas duas garotas da Sonserina e... bem, comigo – disse ela dando de ombros.

— Você não sabe o que está falando – disse ele.

Poderia ter beijado aquelas garotas para fugir de seus próprios pensamentos, é verdade, mas sabia que não havia sido daquele jeito com Amy. Estava bêbado, mas estava pensando e se lembrava.

— Se não foi isso, por que você me beijaria, George? Eu, dentre todas as pessoas? – a garota soltou uma risada enquanto jogava os braços para cima.

— Porque eu quis! – respondeu ele na mesma hora.

Os dois ficaram em silêncio, com o peso daquelas palavras recaindo sobre eles enquanto se encaravam parados no meio do caminho entre o castelo e a estufa de Herbologia. 

— Você quis – repetiu Amy depois de um tempo, cética.

George avaliava cada canto do rosto de Amy, tentando entender o que ela estava pensando. Pela primeira vez a situação entre os dois era estranha de verdade e tudo que George queria era voltar para quando ela se sentia confortável o suficiente para fazer piadas sobre dormir com ele.

— Eu quis.

— Então por que me pediu desculpa?

— Porque você fugiu e veio se esconder aqui. Eu sei que estava bêbado, mas não queria ter feito nada que pudesse deixar você desconfortável, Ames. Eu nunca faria isso com você, nunca faria isso com ninguém.

— O que você me disse era verdade?

— Qual parte?

— Sobre achar que eu gostava de Fred.

— Era.

Amy desviou o olhar e riu antes de se voltar para ele novamente.

— E a outra parte sobre eu escolhê-lo?

George se mexeu no lugar, trocando o peso do corpo de pé. Tudo que queria era que ela esquecesse tudo aquilo, Merlin, por que ela não podia esquecer?

— Você não pode só me desculpar?

— Me responde primeiro.

— Sim, foi verdade. Era tudo verdade. O que tem a ver?

Amy assentiu e se virou, recomeçando a andar. George levou alguns segundos para começar a segui-la.

— Vou desculpar você – disse ela e George abriu um sorriso – Mas com uma condição.

George estalou a língua. Amélie Diggory deixava tudo muito difícil. Até mesmo quando você queria se desculpar. Ele devia ter esperado por isso.

— É pegar ou largar, Weasley – disse ela – E se você largar, fique sabendo que eu nunca mais apareço na sua frente. Nunca mais terá alguém para te chamar de Georginho, te fazer suar em campo ou nada do tipo.

— E isso é um castigo? – brincou ele recebendo um olhar semicerrado de Amy – Você sabe que eu vou fazer o que você quiser. Apenas diga de uma vez. 

E ele realmente estava disposto a fazer. Limparia a vassoura de Amélie por um ano se ela quisesse, faria seu dever de casa até o dia em que se formasse (se bem que isso não seria bom para as notas dela) ou qualquer outra coisa que a garota pensasse, porque sabia que havia errado em beijá-la sem mais nem menos e até agora não sabia o que havia se passado em sua cabeça para fazê-lo, mas antes de tudo isso, quando Amy disse que ele nunca mais a veria, sentiu seu coração diminuir de tamanho.

Não.

Queria continuar vendo Amy Diggory. Queria mesmo. Seus dias não seriam os mesmos sem a lufana e ele sabia disso. 

— Vamos a Hogsmeade – disse ela com um sorriso pequeno – Também quero me desculpar.

*

Amélie se recusou terminantemente a explicar sua última frase a George e o mandou esperá-la na frente da Dedos-de-mel enquanto ela ia até Daphne, Cedric ou Fred. Qualquer um que encontrasse primeiro. Mas esperava que fosse Daphne. Ela seria a única que entenderia, mesmo fazendo perguntas.

E, graças a Merlin, foi exatamente a sonserina que ela encontrou perto da passagem secreta da bruxa de um olho só.

— Onde você se enfiou?! Eu e Ced te procuramos pelo castelo inteiro! O que aconteceu ontem? O que o idiota de George fez?

Daphne era a única pessoa que sempre soubera dos sentimentos de Amy. Ela sempre falava sobre como as provocações e brincadeiras entre eles era apenas uma forma de extravasar a tensão sexual, o que, é claro, Amy nunca havia concordado. 

É claro que Amy fugiu de George. Fugiu como o diabo foge da cruz assim que descobriu. E por vários motivos, dentre eles o fato de que sabia que o garoto gostava de outra pessoa e também sabia que não era o tipo dele. George a via apenas como uma amiga de infância e a irmã mais nova de Cedric e tudo bem, porque naquele momento ela achou que passaria tão rápido quanto chegou. Mas obviamente não passou e ela precisava contar para alguém. Nunca contaria a Cedric, um dos melhores amigos dos gêmeos, nem muito menos a Fred que era quase uma parte interessada naquilo tudo. Daphne entendeu e entendeu também o motivo pelo qual a garota resolvera ficar longe, porque Amy havia entendido quando ela mesma havia decidido ficar longe de Fred Weasley mesmo gostando dele.

Não que ela não tentasse vez ou outra dizer que isso era besteira. Daphne acreditava que Amy e George faziam todo sentido do mundo e ao contrário de Fred, George nunca havia gritado para quem quisesse escutar que não queria namorar nunca. Para Daph, as inseguranças de Amy e seus motivos para ficar longe do garoto não faziam sentido e poderiam ser resolvidos apenas com uma conversa. Para Amy, Daphne era exatamente o que Fred precisava então elas apenas concordaram em discordar. 

— Nós vamos a Hogsmeade – disse Amy e Daphne sorriu.

— Vocês têm um encontro?!

— Não! – afirmou – Nós só vamos a Hogsmeade. Aconteceu... uma coisa... ontem. Precisamos conversar. É só isso.

— Amy...

— Não se preocupe, Daph – disse Amy já dando alguns passos para trás – Vou te contar tudo depois do jantar.

Amy se virou e partiu em direção a passagem secreta deixando uma Daphne Black extremamente preocupada para trás. Algo naquilo apenas não cheirava bem.

*

— Você não precisa agir como se isso fosse um encontro, Weasley.

Amy e George não haviam conseguido decidir o que fazer, então parariam primeiramente na Zonko's e depois, quem sabe, conversariam no Três Vassouras, mas a garota sentia o nervosismo do ruivo ao seu lado, olhando de um lado para o outro como se devesse pensar em algo para dizer ou fazer.

— Quando você vem a Hogsmeade com Cedric é um encontro?

— Bom, não – respondeu George – Mas você não é o seu irmão.

A garota ficou sem fala por um momento. Toda a conversa com George no dia anterior havia deixado ela tonta e então ele a beijou, terminando de confundir toda sua cabeça. Fugir dali foi a única coisa que Amy conseguiu pensar. Os lábios avermelhados do garoto nos seus, tão delicados quanto ela sempre pensou que seriam – e ela havia pensado bastante nisso – deixaram ela sem ar. E quando ele pediu passagem e aprofundou o beijo como se não fosse a primeira vez que se beijavam, Amy sentiu como se uma bomba explodisse dentro dela, uma bomba tão grande que balançou as placas tectônicas de seu cérebro a fazendo acordar.

Ela não podia beijar George, não assim.

Não depois de tudo que ele falara, não com ele bêbado, não com ele fazendo aquilo porque não queria se deixar beijar Angelina.

Antes de dormir, Amy passou por todos os estágios Pós-beijar George Weasley possíveis. Primeiro ela ficou em choque, depois ela o xingou de todos os nomes possíveis, depois ficou feliz, porque, bem, eles haviam se beijado! Mesmo que nunca tivessem nada, ela sempre poderia dizer que o beijou. E por último, ela aceitou. George estava sensível e bêbado e aquilo não poderia nunca, jamais, em hipótese alguma ser levado a sério. Ela sabia que se ele se lembrasse viria falar com ela, porque esse era o tipo de cara que George era. Ele era o tipo de pessoa que nunca faria nada propositalmente para magoar você. Isso era uma das coisas que ela mais gostava nele, então... por que não usar isso?

Uma das coisas que mais rodopiou dentro da cabeça da lufana fora George perguntando por que ela escolheu Fred e não ele e como ela o fez perceber que tudo bem escolher um dos gêmeos. Ela nunca pensou que George poderia ter essa imagem dela. Nunca em um bilhão de anos. E ela queria consertar.

Queria consertar porque sabia como era viver a sombra de um irmão, mesmo que minimamente, queria consertar porque não conseguiria viver consigo mesma sabendo que normalizou esse tipo de pensamento absurdo na cabeça do garoto e, principalmente, não conseguiria viver sabendo que George Weasley, o seu George, estava por aí pensando ser menos do que realmente era. Não.

Se dependesse de Amy, George veria cada pequena coisa incrível dentro de si. E depois, talvez, eles conversassem sobre aquele beijo.

— Eu nunca beijei o seu irmão – completou e Amy riu.

— Não vamos falar sobre isso agora – disse ela.

— Pelo quê você acha que precisa se desculpar?

— Você não acredita que eu preciso? – perguntou com um sorriso.

— Se você achar que precisa se desculpar por ser uma irritante que fala demais, tudo bem. Se achar que precisa se desculpar por todas as vezes que disse o absurdo de ser uma batedora melhor do que eu, nossa, eu vou agradecer! – os dois riram – Mas fora isso... não acho que você tenha me feito nada, Amy.

George abriu a porta da Zonko's para que Amy entrasse. A garota sentiu seu rosto esquentar antes de entrar, não se lembrava de ninguém abrindo a porta para ela antes, mas George parecia fazer aquilo para qualquer pessoa, pois não havia nada de diferente em suas expressões. 

— Ontem à noite você disse... – George se encolheu com as palavras da lufana.

— Você está totalmente autorizada a esquecer qualquer coisa que eu tenha dito ontem, estou falando sério, não vou ligar.

— Eu sei que você não vai ligar, mas eu vou – respondeu, passando por algumas prateleiras e sendo seguida de perto por George, que ainda não entendia o que estavam fazendo ali – Você disse que eu o escolhi. Fred, eu quero dizer.

George passou as mãos pelos cabelos, totalmente frustrado, queria verdadeiramente que Amélie esquecesse tudo aquilo, porque eram pensamentos vergonhosos e ele se sentia duplamente envergonhado não apenas por tê-los como também por dizê-los a ela. Merlin, ele tivera dezessete anos de vida sem precisar expressar nada disso em voz alta, foi preciso apenas algumas cervejas, hidromel e Amélie Diggory para fazer com que ele jogasse todo seu orgulho pelo ar?

— Disse que graças a mim você percebeu que era normal escolhermos um de vocês.

Amy parou, avaliando algumas vassouras de brinquedo que estavam na prateleira a sua frente.

— Você estava errado.

— Amy, você não precisa me dizer isso. Não precisa fazer nada disso – ele mostrou o local com as mãos – Não é sua obrigação e quando você faz isso, parece que está com pena, o que é a última coisa que eu quero que sintam de mim.

— Você é meu amigo – disse ela, depois de algum tempo – Eu gosto de você, Georgie. Gosto de provocar você, gosto de ganhar do time de vocês e gosto de fazer você ficar envergonhado na frente dos nossos amigos dando em cima de você – ela riu – Mas você é meu amigo e eu gosto de você. Saber que você pensou menos de mim... bem, me deixou magoada.

George não disse nada, apenas observou enquanto Amelie pegava uma das pequenas vassouras e passava de uma mão a outra. George sentiu as palavras queimarem dentro de sua boca, palavras que ele não queria falar. Ontem você disse que me adorava.

— Você sempre me deixou nervosa, sabe?

— Nervosa? – ele arqueou uma sobrancelha.

— Quando éramos pequenos, você sempre olhava para os outros como se esperassem que eles fizessem algo de errado. Até mesmo os adultos.

— Eles geralmente faziam.

— Sim, faziam – ela sorriu – Mas nenhuma criança de dez anos é assim. Você sempre impedia que eu e Fred fizéssemos alguma besteira, sempre consertava nossas brincadeiras e tudo fazia sentido. Você sempre foi mais inteligente, deve ser por isso que Cedric gosta tanto de você – ela suspirou e se virou para George, fitando seus olhos castanhos e reprimindo um sorriso suave ao ver as sardas que cobriam todo seu rosto tão de perto – Era mais fácil estar perto de Fred. Eu não tinha medo de errar perto dele, porque o julgamento dele sobre mim não importava tanto assim.

— E o meu sim?

— Sim, o seu importava.

George deu um sorriso involuntário, assistindo enquanto Amy puxava o cabelo e deixava sua nuca descoberta. Na mesma hora George se lembrou como era tocá-la bem ali.

— Ser irmã do Cedric nem sempre é fácil, sabia? – soltou Amy e George desviou os olhos de sua nuca desnuda. Ele sabia. Convivia o bastante com a família Diggory para entender a dinâmica que os pais dos amigos implantavam em casa.

Amy colocou a vassoura novamente na prateleira e se virou para o garoto.

— Eu costumava achar até pouco tempo atrás que Cedric era melhor do que eu – ela balançou a cabeça como se não pudesse acreditar que já pensara aquilo – Eu o amo, é claro, mas as notas dele são melhores, ele é melhor com feitiços, é o capitão do time e um dos melhores apanhadores que já vi, então tudo bem, não é? Tudo bem ele ser melhor do que eu, tudo bem se algumas pessoas gostarem mais dele do que de mim, até mesmo se elas forem meus pais.

— Cedric não é melhor que você, Amy, vocês são duas pessoas diferentes.

— Você realmente acha isso? – ela perguntou com um sorriso ladino e George percebeu algo diferente em seu olhar.

— É claro – respondeu com cuidado.

— Se consegue ver isso comigo e Cedric, por que não consegue ver com você e Fred?

George sentiu que havia levado um tapa. Amy o olhava como se conseguisse enxergar além de sua alma e ele se sentiu de repente muito invadido. Desviou o olhar para os brinquedos que ela estava vendo antes.

— Aos poucos eu entendi que a melhor coisa entre mim e o meu irmão é que somos diferentes. Somos duas pessoas diferentes, como você disse. Meus pais não podem esperar algo de mim só porque Cedric o fez antes – George ainda não encarava Amy, mas conseguiu perceber quando a mesma abriu um sorriso – E o mesmo serve para vocês. Eu altamente recomendo que toda pessoa que goste de um de vocês goste do outro também, já que vocês são um pacote completo e não serão separados, mas Fred não é melhor que você. Pelo menos... – Amy hesitou por um instante e George levou seus olhos até ela –... pelo menos para mim ele nunca foi. E eu sinto muito se ajudei a afirmar essa ideia tosca que está na sua cabeça.

A cabeça de George virava com tantas palavras. Amélie não estava apenas sendo legal com ele, ela estava querendo consertar algo que ela não tinha culpa nenhuma. George era um misto de gratidão, admiração e um pouco de irritação – ainda tinha a impressão de que a garota estava com pena dele. E ele não queria a pena de ninguém. Muito menos de uma garota que acabou de beijar.

— Eu agradeço todas essas coisas que você está dizendo, Amy, mas realmente não é necessário.

Principalmente quando ele sabia que não eram inteiramente verdade.

E como se lesse os pensamentos de George, Amy disse, revirando os olhos:

— Você não acredita em mim! – ela continuou o avaliando e George passou os dedos no cabelo, como costumava fazer quando estava nervoso – E ainda pensa que estou com pena de você! George, você me conhece melhor do que isso! Eu não estou com pena de você!

— Não é o que parece, Ames – disse – Algumas vezes você demonstra alguns traços lufanos, esse é um desses momentos.

— Primeiro: você sabe o quanto me irrita quando fica insinuando que eu não deveria ser da Lufa-Lufa? – ela perguntou séria e George sentiu um calafrio percorrer o seu corpo. Nunca vira Amy tão séria – Imagine só se eu ficasse por aí dizendo que você deveria estar na Sonserina, o que, na verdade, eu poderia fazer. Nunca conheci duas pessoas tão ambiciosas quanto você e Fred.

George abriu a boca, indignado. Ele era Grifinória de corpo e alma e tinha orgulho disso!

— Você não ousaria!

— Pois é!

Ele suspirou sob o olhar firme da garota.

— Tudo bem, sinto muito – disse ele – Não vou mais fazer isso.

— Ótimo. De qualquer forma, não é nada disso.

— E o que você quer com isso tudo, Amy? – perguntou George, cansado – Eu agradeço suas palavras e fico feliz por você se sentir bem com toda essa relação chata com seus pais e Ced, mas isso não muda muita coisa. Você diz que Fred nunca foi melhor do que eu para você, mas foi ele que você escolheu para ser melhor amigo. É ele quem está em todas as histórias, não eu – disse George de uma vez.

Amy se sentiu mal ao ouvir, mas fazer com que George aceitasse se abrir com ela era definitivamente a primeira parte. E a mais importante.

— Então deixe eu te mostrar.

George franziu o cenho.

— Me mostrar?

— Eu te acho brilhante, Georgie – disse a garota, sincera, olhando bem no fundo dos olhos cor-de-mel do ruivo – Você sabe qual é o meu nome do meio?

George piscou confuso, sendo pego de surpresa pela pergunta depois de ouvir que Amélie Diggory o achava brilhante.

— Ahn... – ele parou por um momento – Astéria? Sim. Amélie Astéria, não é?

Amy sentiu as bochechas esquentarem. Havia perguntado, mas não esperava que ele realmente soubesse. 

— Astéria é o nome de uma deusa grega. Ela é a deusa das estrelas e do aspecto mais... obscuro da noite – explicou – É a deusa da astrologia, da necromancia e da interpretação dos sonhos.

George observou como Amélie tinha sempre o início de um sorriso pronto no canto da boca, como se sempre estivesse esperando a oportunidade para sorrir, reparou também que havia uma mecha de seu cabelo que sempre ficava caída perto de seu olho esquerdo mesmo quando ela o prendia ou puxava para trás e reparou, acima de tudo, em como seus lábios estavam rosados da mesma forma como estavam na noite anterior. E ele se sentiu chamado por eles da mesma forma que aconteceu na festa antes de trazê-los para junto dos seus. Ele piscou rápido, tentando expulsar esses pensamentos de sua mente. Estava bêbado. Não podia estar atraído por Amy Diggory sóbrio.

— É um nome imponente, muito melhor que Fabian – comentou tentando olhar para qualquer lugar que não fosse a boca da garota – Acho que combina com você. É a deusa das estrelas, o que é uma das coisas mais bonitas da natureza, é possível sentir uma onda de tranquilidade e romance ao olhar de longe, mas também é regida por uma coisa mais obscura... – George sorriu e Amy sentiu seu corpo todo esquentar – Como você.

A lufana piscou algumas vezes, tentando não se sentir abalada pelas palavras do garoto que a pegaram de surpresa. 

— É isso que eu quero te mostrar.

— O lado obscuro da noite? – retrucou ele com um sorriso provocativo.

— Não – disse Amy – Quero te mostrar cada estrela brilhante que existe dentro de você. Quero mostrar como você é único e como eu te fiz presente em cada uma das minhas histórias, mesmo que de longe – o sorriso de George diminuiu aos poucos conforme ele deixava as palavras de Amy repousarem em seu peito. 

Amy estendeu a mão para o garoto. Suas palavras haviam sido firmes e não deixavam espaço para nenhuma dúvida na cabeça do garoto. Amy o olhava com tanta sinceridade e sentimento, que ele soube, mesmo que não entendesse, que deixaria ela mostrar o que quisesse e sem desviar o olhar da garota, George agarrou sua mão se perguntando se Amy sempre havia sido tão persuasiva assim – Deixe que eu te mostre cada estrela que você, e apenas você rege, George Weasley.

 


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