— Hey Sara. – Grissom sorriu ao entrar no quarto de hospital.

— Oi Gil. – Ela sorriu ao vê-lo chegar.

Grissom se aproximou de Sara e logo percebeu que ela estava melhor, seu corpo já havia desinchado bastante, e apesar da expressão cansada, ela parecia bem melhor. Ela estava deitada no leito, e haviam vários aparelhos controlando seus parâmetro e controlando os parâmetros do bebê também.

— Como você está?

— Um pouco cansada, e bastante ansiosa. – Admitiu. – Eles não me falaram nada sobre o bebê ainda. Se ele está bem. Se não está. Eu… Eu não sei o que pensar.

— Você precisa ficar calma. O médico disse que vai vir aqui daqui alguns minutos, ok? – Ele tentava acalmar ela, mas na realidade ele também estava bastante ansioso.

— Ok.

— Como estão as meninas?

— Elas estão bem. Eu não contei para elas o que aconteceu, apenas disse que você teve que vir ao hospital ver como estava o bebê. Não quis preocupá-las.

— Obrigada por cuidar de tudo. – Ela sorriu, ainda um sorriso fraco e cansado.

Eles ficaram mais algum tempo falando sobre as filhas. Falar sobre elas, e não sobre o Noah, era a maneira mais fácil de dissipar um pouco a tensão e ansiedade enquanto aguardavam o médico. O mesmo  não tardou a chegar, com dois toques na porta anunciando sua chegada e em seguida entrando no quarto.

— Como você está se sentindo Sara?

— Cansada.

— Tem dores de cabeça, náusea, ainda se sente inchada?

— Sem dores de cabeça, minha visão ainda parece um pouco alterada. Ela não parece estar cem por cento ainda. – Ela suspirou. – Eu tô preocupada com o bebê.

— Eu estava aguardando o laudo de todos os exames para te dar um retorno, mas ainda não temos de todo. Com o que temos até agora, ele parece estar bem, os parâmetros estão normais. Eu acredito que os demais exames vão corroborar com isso, mas assim que tivermos o resto dos exames, irei retornar para falar sobre eles. No entanto, até agora, nada para nos preocuparmos em relação ao bebê. Precisamos focar em você no momento, você estava tratando a pré-eclâmpsia, certo?

— Sim.

— Eu estava discutindo junto a equipe médica, e acreditamos que o melhor para vocês e para o bebê seria que ficasse internada até o final da sua gestação.

— Mas isso são cinco semanas? – Ela disse um pouco alterada, aquilo havia lhe pegado de surpresa.

— Eu entendo que parece muito, mas se a situação fosse outra, você iria direto para cesárea hoje. Nós queremos manter o feto, se possível, mais cinco semanas. Se você tiver outra convulsão, pode ser um risco para você e para o bebê.

— Ficando internada vamos conseguir manter a gestação? – Grissom se intrometeu.

— Não sabemos, mas as chances são maiores que em casa. Se os parâmetros de Sara não se mantiverem estáveis ou ela tiver quaisquer outros sintomas, a visão turva novamente, inchaços, e qualquer sintomas que preceda uma convulsão, vamos ter que realizar a cesárea.

Sara não disse mais nada. Ela não queria parecer egoísta, ela queria aquele bebê a salvo, mas ela também queria Julia a salvo. Sabia que a coleta do cordão umbilical antes de trinta e cinco semanas gestacionais poderia inviabilizar a doação para Julia. E ela não queria ter o risco de perder nenhum dos dois.

Ela colocou a mão sobre a barriga, e sentiu um chute. Ela sorriu. Era o seu bebê.

…

Grissom passava praticamente todo o dia com Sara no quarto de hospital, ia para casa poucas vezes, apenas para poder ficar com as meninas, que a essa altura já sabiam que a mãe estava internada e por quanto tempo ficaria longe. Julia Ann não poderia visitar a mãe, por causa da leucemia, por esse motivo, todos os dias as Julias gravavam uma mensagem com a câmera e Sara fazia a mesma coisa. Elas também se falavam por telefone ao menos duas vezes por dia. Assim, ela podia ficar perto das filhas.

Sara estava sentada em uma poltrona, olhando pela janela do hospital, pensativa, quando ouviu a porta do quarto abrir. Ela olhou para trás e era Grissom.

— Hey Sara. – Ele tinha uma rosa branca, tingida de azul em sua mão, e alcançou para ela. – Menos uma semana. – Ele sorriu.

— Agora só faltam quatro. – Ela devolveu o sorriso. 

Desde que ela havia sido internada, sempre que Grissom chegava, ele trazia uma rosa branca tingida de azul, que representavam um dia mais perto de conhecer o pequeno Noah e um dia a menos naquele hospital. Em seguida, as rosas eram colocadas em um vaso, e ao final de toda aquela situação, eles teriam trinta e cinco rosas azuis no vaso.

— Você tem sido tão maravilhoso comigo. – Ela sorriu, enquanto cheirava a rosa, em seguida esticou a o braço para alcançar o vaso, e depositou ali a flor.

— Somos uma família Sara, eu sempre vou estar com você. – Ele sorriu. – Eu não tenho opção mesmo. – Ele disse em tom zombeteiro.

— Você é um bobo. – Ela riu.

Ele se aproximou e deu um beijo na testa de Sara. Em seguida colocou a mão sobre a barriga dela.

— Como está nosso garotão hoje?

— Bem agitado. Passou a manhã toda chutando.

— Eu queria te dizer uma coisa Sara…

— Claro… – Ela virou seu rosto para ele, fitando-o nos olhos. – Diga.

Grissom sentou-se no banquinho em frente a poltrona, onde sera apoiava os pés. Ela colocou os pés para o lado, liberando espaço para ele. Agora mantinham o rosto mais ou menos na mesma altura, e Gilbert conseguiria sustentar aquele olhar. Ele a olhava fixamente, ainda sim não falou nada.

— Gil… –  Chamou atenção.

— Eu? – Ele sorriu. – Ah… Desculpa. Eu me distraí com seus olhos. – Admitiu. – É que eu fico olhando você, e como você é corajosa. E, eu não sei. Eu sou péssimo com palavras. – Ele riu baixo envergonhado. – Eu só queria dizer que eu admiro muito você e tudo que tem feito por Noah e Júlia. Você é uma mulher incrível.

— Nossa… Uau… – Ela suspirou. – Eu… Eu não estou fazendo nada Gil. Eu só estou aqui, literalmente sem fazer absolutamente nada. É você quem tem feito tudo, se dividido entre a casa e o hospital, cuidando das meninas, trabalhando, mantendo toda engrenagem da nossa família funcionando. Você que é incrível.

— Então nós dois somos incríveis. – Ele sorriu para ela.

Grisssom se levantou, mas não ergueu todo seu corpo, ele se aproximou de Sara, levou a mão em seu rosto e o acariciou. Se aproximou mais, deixando seus rostos próximos, a morena fechou os olhos, ela naquele momento não pensava em nada, apenas deixou se levar. Quando seus lábios se encostaram, ela os entreabriu, eles iniciaram um beijo calmo, lento. Grissom apoiou-se ao braço da poltrona com uma mão e a outra manteve-se no rosto de Sara. Ela, colocou uma de suas mãos sobre o braço de Gilbert – que estava apoiada na poltrona. O beijo se prolongou, até que ambos ficaram sem ar. Quando se separaram, eles não falaram nada, apenas trocaram um conhecido olhar e contiveram um sorriso que se mostrou apenas no cantos dos lábios.