Hipnos escrita por Manoo


Capítulo 1
Hipnos (Capítulo único)


Notas iniciais do capítulo

Eu sou uma filha da puta mesmo. Já não basta sofrer com o mangá, vou lá e escrevo uma fic onde meu bebê Shouto tá sofrendo. Tomar no cu.
Espero que, apesar do tema pesadão, vocês gostem da fic. Apesar de BNHA ser um shounen e sabermos que, mais cedo ou mais tarde, o Izuku vai acordar, a fic tem um tom mais sombrio. Espero que isso não incomode muitos.

Caso alguém não saiba, Hipnos é o deus do sono na mitologia grega.



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Notou a ausência de Izuku apenas três dias depois que acordou.

Como ainda não conseguia falar, por causa de seus ferimentos, teve de trazer suas dúvidas aos amigos através de papel e caneta. Sua mãe, que se recusara a se afastar de Shouto assim que chegara no hospital, enchendo-o de carinhos e lágrimas, alcançava-lhe os papéis com sorrisos meigos e tímidos, tratando-o com gentileza excessiva. Sentia-se agradecido pela presença da mulher- naquele momento, seu amor materno eram um dos pilares que sustentavam seu psicológico frágil.

Perguntou primeiro à Momo, que o visitava todos os dias. Ao ler o papel, viu o semblante da amiga mudar completamente, seu rosto empalidecendo ainda mais (se é que isso fosse possível) e os olhos enchendo de lágrimas. Escondera o rosto e as lágrimas nas mãos, balançando a cabeça e fugindo do quarto com passos lentos, sendo observada por Shouto e sua família.

Sentiu-se enjoado.

Tentou convencer Natsuo a perguntar a um dos médicos sobre o estado de Midoriya, inicialmente tendo seu pedido recusado com gentileza, mas logo recebendo um “não” alto e claro na cara. Sabia que o irmão só estava preocupado com sua recuperação, e sabia muito bem que a notícia de que um de seus amigos não estivesse na melhor das condições só pioraria o processo, mas não conseguia esconder a frustração.

Só dois dias depois que obteve uma resposta, graças aos esforços da mãe. A mulher, já não aguentando ver o filho naquele estado miserável que piorava a cada “não” que recebia, procurou um dos médicos, explicando a situação e perguntando sobre o paradeiro de Izuku. Sabia do afeto que o filho sentia pelo amigo, então não podia deixar de temer que a resposta do doutor fosse uma negativa. Não sabia se conseguiria suportar a reação de Shouto.

O médico suspirou pesadamente, preparando-se. Caminharam juntos de volta até o quarto, ambos sorrindo calmamente para Shouto, que os encarou com olhos arregalados. Olhos desesperados.

Sua reação foi a pior possível. Vomitou no chão do quarto, lágrimas grossas descendo por suas bochechas e um berro animalesco deixando sua garganta, machucando-a ainda mais.

Teve de ser sedado.

Acordou durante a noite, encarando o teto com olhos vazios.

Queria continuar dormindo, assim como Izuku.

.

— Jovem Todoroki! -All Might exclamou, fechando a porta atrás de si com pressa. Estava pálido e com olheiras, mas aparentava boa saúde, o que era bom. -Você não deveria estar aqui. Os médicos estão permitindo apenas a entrada de familiares e pessoas autorizadas.

Simplesmente o encarou, observando o semblante do homem se tornar cada vez mais preocupado.

— Eu...Eu admiro sua preocupação e lealdade ao seu amigo, mas...- O homem levou uma mão ao rosto, tentando esconder sua forma miserável do aluno- Mas vê-lo dessa forma...O jovem Midoriya não gostaria disso.

Não estou nem aí. Shouto quis dizer isso, mas seu machucado poupou o professor das palavras duras. Continuou a encarar o mentor de seu amigo, que mais parecia seu pai, como se ele fosse apenas uma pedra em seu caminho, esperando que seu olhar fosse o suficiente para intimidar o professor.

Não foi.

Yagi colocou a mão em seu ombro, acompanhando-o de volta até seu quarto. Ouviu o homem papear sozinho, tentando animar Shouto com palavras de motivação e elogios sobre sua conduta no campo de batalha. Não demonstrou qualquer sinal de que o estava ouvindo, entrando em seu quarto e fechando a porta na cara do professor.

Sentou-se em sua cama, ignorando os olhares preocupados de Rei e Fuyumi.

Por que não podia ver Izuku?

.

Saiu do quarto na ponta dos pés, tomando cuidado para não acordar seu irmão. Eram duas da manhã.

Caminhou silenciosamente até o quarto de Izuku, escondendo-se de enfermeiras e tomando cuidado para não topar com nenhum professor- não queria correr o risco de se deparar com Aizawa-sensei (por mais que desejasse muito ver o professor) no meio da madrugada.

Enfim parou em frente à porta, encarando-a com nervosismo. Sentia suor frio escorrer por sua nuca, seu estômago se revirando.

Não sabia o que o esperava atrás daquela forma. Imaginou uma face machucada, as bochechas fofas e cheias de pintinhas deformadas com marcas de unhas, de garras. Imaginou um torso sem braços, sem pernas. Imaginou uma cama vazia. Seu estômago revirou violentamente, protestando contra aqueles pensamentos doentios.

Ouviu passos no corredor, seu coração acelerando. Abriu a porta e pulou para dentro do quarto, rapidamente fechando-se dentro do cômodo.

Respirou fundo, tentando se manter firme. Shouto virou-se na direção da cama, aproximando-se com passos silenciosos e lentos. Se fosse ser sincero, queria fazer muito barulho, quebrar algumas coisas e gritar um pouco, na esperança de ser repreendido pelo próprio Izuku. Seria uma cena cômica, não? Mas a mãe de Midoriya, Inko, dormia em uma poltrona, então preferiu poupar a mulher do susto.

Parou ao lado da cama, seu rosto se contorcendo em uma expressão triste. Sentia-se triste. Apenas isso. Não fora capaz de proteger Izuku. Não fora capaz de fazer nada. Por sua culpa...por sua culpa, Izuku não acordava.

Olhou o rosto de Izuku com atenção, decorando cada detalhe de sua face. Apesar de ter sido tocado diretamente pela mão de Shigaraki, seu rosto não apresentava quaisquer sinais de machucados ou cicatrizes. Suas bochechas fofas tentavam Shouto a acariciá-las, mas se conteve. Sua expressão era uma tranquila, despreocupada. Era a primeira vez que via o amigo tão calmo.

Sem nervosismo. Sem animação. Sem desespero. Sem raiva. Sem preocupação. Sem simpatia. Sem... Sem nada.

Apenas calmo.

Isso era tão errado.

O levantar e abaixar de seu peito era o único sinal de que ainda estava vivo, e Shouto tentou se consolar naquele fato. Tentou se consolar de que, apesar de tudo, ele ainda estava vivo. Apesar de ter se machucado, de ter se sacrificado mais que todos...estava vivo.

Mas, então, por que é que não conseguia afastar aquele peso de seu peito?

Deixou as lágrimas caírem livremente de seus olhos, sua garganta protestando contra os soluços que se formavam. De que adiantava Izuku estar vivo, se as chances de ele acordar eram 0? Não era idiota. Ouvira os médicos conversando com sua mãe e irmãos, esperando que os familiares fossem ser mais sutis na hora de dar a notícia.

A notícia de que Izuku não iria acordar.

Nunca mais.

Suas pernas vacilaram, e sentiu seus joelhos colidirem com o chão. Engasgou-se, tentando respirar, soluçar e grunhir ao mesmo tempo, sua garganta recusando os três. Abraçou-se, imaginando que seus braços eram, na verdade, os de Izuku.

Izuku acordando. Izuku vendo-o jogado no chão. Izuku desesperado. Izuku consolando-o. Izuku...

Sentiu braços circularem sua cintura, erguendo a cabeça em surpresa.

Izuku!

Midoriya Inko abraçava-o amavelmente, soluçando silenciosamente. Mesmo em seu momento de dor, consolava o rapaz como se ele fosse seu próprio filho. Sentiu seu corpo tremer, encostando a cabeça contra o ombro da mulher.

Por que Izuku não acordava?


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Notas finais do capítulo

Tenho nem palavras. Só desgraça.
Se gostaram, deixem um favorito ou comentário. A autora tá triste, me consolem aí.
Até.



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