O Futuro Está Aqui escrita por Vanilla Sky


Capítulo 27
Onde termina a sombra


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde, gente! Como vocês estão? Tudo certo por aqui? Espero que sim ♥ desculpem ter sumido semana passada, mas alguns dias, por uns e outros motivos, eu não consigo escrever. Às vezes é cansaço, às vezes são compromissos, enfim. Mas até 15 dias eu atualizo, e vou tentar me manter um pouquiiinho mais frequente. Capítulos mais curtos facilitam por causa disso :)

Queria agradecer ao cantor BANNERS pela música "Where the Shadow Ends", que me ajudou HORRORES nesse capítulo, tanto que deixei como título. Eu queria que ele ficasse memorável por algo, e, ao ver o nome da música, eu pensei "tá aí. É isso que eu preciso" auhasuhas.

Desejo uma ótima leitura e falamos mais nas notas finais!



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Uma porção de água gelada encontrou o rosto de Wanda, ainda quente depois de horas deitada sobre o travesseiro. Os pingos escorriam nas bochechas e caíam na pia pela ponta do queixo, molhando levemente seus cabelos e um pouco do pijama. Suspirando, encheu novamente as duas mãos com água corrente e jogou contra a face, para ter certeza de estar acordada.

Lentamente, apoiou as palmas na bancada espaçosa de mármore, antes de puxar uma toalha para se secar e observar seu reflexo em um grande espelho. Não podia negar que parecia mais descansada, e até um pouco mais corada, talvez pelas ótimas noites de sono em Wakanda. Não que ela dormisse mal no esconderijo, porém ali podia se deitar todas as noites com a certeza de que ninguém iria atacá-los durante o repouso noturno.

— Tudo bem por aqui?

Visão recostou na porta aberta, cruzando os braços sobre o peito, seu reflexo se sobrepondo ao de Wanda no espelho. Ela apenas confirmou com um aceno de cabeça.

— Tudo bem. Só... Precisava acordar. – Disse em um sussurro tão baixo que Visão apenas foi capaz de escutar por deixar o sistema auditivo extremamente sensível.

— Claro. – Ele deu dois passos à frente e a abraçou, beijando uma pequena área abaixo da bochecha e ligeiramente acima da linha da mandíbula. – Pode me chamar se precisar de algo. Aliás, você quer comer antes de irmos?

Ela negou, novamente com um movimento de cabeça. Visão sentiu que era hora de deixá-la sozinha, e se afastou devagar.

— Eu espero por você ali fora.

O motivo para Wanda se encontrar tão monossilábica era a preocupação em seu peito por mais uma tentativa de meditação onde ela não poderia prever os resultados. Com as mãos e o rosto secos, ela jogou a toalha sobre a bancada e usou a ponta dos dedos para esticar os músculos da face, olhos e bochecha, para se manter um pouco mais acordada. Uma noite com Visão significava uma noite sem pesadelos, isto é, uma noite dormida melhor e com mais dificuldade de se levantar pela manhã, porém não era uma regra para se levar sempre em consideração.

Despiu-se rapidamente, colocando um longo vestido e observando o caimento pender um pouco abaixo dos joelhos. Os seios andavam incomodando mais que o normal, portanto, resolveu ficar sem sutiã – não que ela usasse frequentemente, mas era sempre bom ter uma desculpa pronta. Uma risada baixa surgiu em seus lábios quando ela pensou que Visão poderia entrar no quarto pela parede a qualquer momento, provocando uma lembrança que não sabia ainda estar armazenada em sua memória.

Sorrindo, um pouco mais tranquila, ela abriu a porta e deixou o quarto.

~.~

— Senhorita Maximoff...?

— Ah!

O susto de Wanda foi audível na forma de uma exclamação baixa. “Surpresa”, pensou Visão, rodando aquele diagnóstico provavelmente pela primeira vez. Lidou com a surpresa algumas vezes, mas nunca naquela situação.

— Atrapalho algo?

Ela segurava firmemente uma blusa na frente do peito, coberto por um top preto cujas alças escondiam as saliências do ombro. Seu rosto estava levemente corado, o tom vermelho pintando as bochechas com delicadeza. “Vergonha”, um novo diagnóstico, um que nunca havia passado por seus sistemas antes.

— Eu estava me vestindo, Visão! – Esbravejou ela. “Raiva”, um sentimento que já estava mais acostumado, pelas constantes broncas de Natasha.

— Você está atrasada para o treino. – Observou o sintezóide. – Resolvi passar aqui para saber se estava tudo bem.

— Eu... Estou bem, sim. Obrigada pela consideração. – Rapidamente ela vestiu a blusa e levou os pulsos até o canto dos olhos.

Visão notou delicadas lágrimas no rosto dela, e que a moça mantinha o olhar no chão a maior parte do tempo, eventualmente olhando para o lado; especificamente acima do cobre leito da cama, onde restava uma fotografia de duas crianças. Ele sabia que aquela fotografia era uma das poucas lembranças materiais de seu irmão.

“Tristeza”. Um diagnóstico que ele não gostava de rodar.

— Você pode me esperar na sala de treinamento? Prometo que não vou demorar nada.

Antes de deixar o cômodo, ele deu um passo à frente. E mais um. E mais outro, até chegar nela. Visão possuía diversos protocolos sobre como deveria agir em certas situações, contudo, andava ignorando e fazendo o que julgava ser certo. Delicadamente, pôs a mão sob o queixo de Wanda, notando uma rápida reação de espanto a qual logo cedeu espaço para tranquilidade quando ele secou as lágrimas dela usando a ponta dos dedos, acariciando de maneira gentil as suas bochechas e pálpebras inferiores.

Ele sabia que gostaria de dizer algo que tivesse capacidade de confortá-la. Não genérico, como “espero que se recupere da morte do seu irmão”, mas algo que também o colocasse na situação. Não “vamos passar por isso juntos”, porque ele sabia do seu lugar como colega de equipe. Rapidamente procurou as palavras certas em seu banco de dados e, enfim, disse:

— Eu vou esperar você onde termina a sombra.

A sombra do luto. O casaco pesado que cobria o amor inerente ao sentimento. E o fato de que ele estaria lá por ela quando a tempestade passasse. Aquelas palavras não pareciam dizer muita coisa, mas acalentaram o coração de Wanda de maneira que ela jamais imaginou. Visão deu um sorriso singelo antes de deixar o quarto, aguardando do lado de fora.

— Ainda está aqui? – Perguntou ela, rindo, poucos minutos depois. Seu rosto já aparentava um pouco mais de “alegria”, diagnóstico que sempre o contagiava.

— Assim podemos chegar juntos ao treino. – Visão indicou o caminho. – E os colegas não vão ficar brabos só com você por ter se atrasado.

Lentamente, eles caminharam um ao lado do outro, os braços se encontrando de vez em quando, mas nenhum dos dois se sentia inseguro por isso. Não mais.

~.~

— O que te deixou tão sorridente?

Foi um longo caminho até encontrarem uma área calma, no topo de uma rocha que cobria uma cachoeira. Era um lugar úmido e próximo da água, como Wanda gostaria. Enquanto Visão segurava sua mão para ajudá-la a subir, notou o sorriso, escondido sob os fios de cabelo cobrindo parcialmente seu rosto.

— Só... – Ela suspirou, cansada, e tomou um sopro de ar antes de continuar. – ... Uma lembrança da primeira vez que você entrou no meu quarto. Você lembra?

Era uma pergunta idiota, já que Visão lembrava basicamente de tudo; porém, em certos casos, ele não precisava consultar seus registros para saber do que ela estava falando.

— Claro que sim. – Ele sentiu o coração sintético se encher de felicidade.

Wanda se acomodou no chão, esticando as mãos em frente ao corpo, e Visão fez o mesmo, sentindo que ela estava tensa.

— Wanda?

— Sim? – Ela respondeu, de olhos fechados.

— Não tenha medo. – A voz dele era calma, longe de ser monótona. – Eu estou com você. Com vocês. – Rapidamente corrigiu, já que, principalmente agora, era difícil se referir a ela no singular. – Se eu encontrar com Ultron, prometo procurar por você.

Wanda assentiu, ainda tensa. Segurou as mãos de Visão – que, dada a distância da cidade, trocou da forma humana para a robótica – e se concentrou, o máximo possível, sentindo pingos da cachoeira molharem suas pernas e a barra de seu vestido.

De repente, Visão se viu em outro lugar.

— Wanda...?

Ele chamou uma vez, devagar, mas não obteve resposta. Ele não estava mais no centro da cidade destruída, e, em verdade, estava em um lugar que não saberia pontuar, porque não era um ambiente fechado, tampouco aberto. Não era na Terra nem no espaço. Era apenas um lugar.

— Surpreso?

A voz que o recepcionou não foi de Wanda. Nem de Ultron.

Mas de Pietro.

— Pietro?

Visão confirmou, vendo o sorriso do rapaz, que se vestia exatamente como na última vez em que se viram, durante a batalha em Sokovia. Contudo, sua pele estava limpa, e as roupas também.

— Não era quem você planejava encontrar?

— Não exatamente. – Respondeu Visão, da maneira mais honesta que conseguiu. – Mas fico feliz de encontrar você.

Pietro assentiu.

— O que é aqui? – Perguntou o sintezóide, apontando para o seu arredor.

— Em termos simples... – Pietro começou, olhando nas mesmas direções que ele. – ... Aqui é onde a sombra acaba.

Visão ficou surpreso com a fala, por ser menção a um momento extremamente íntimo dele e de Wanda. Porém, antes que pudesse dizer qualquer coisa, Pietro perguntou:

— Como está a minha irmã?

Fora daquele plano, Wanda sorria, abrindo os olhos devagar e se desconectando da meditação, mas ainda segurando as mãos de seu amado. O sorriso no rosto dele, ainda que o próprio não percebesse, demonstrava que o reencontro com Pietro estava indo bem melhor do que ela imaginava.


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Notas finais do capítulo

Primeiramente, gente, se tiver algum errinho vocês me perdoem porque eu escrevi uma parte desse capítulo sem óculos.... mesmo corrigindo (com óculos agora) pode ter passado algo. Então qualquer coisa me avisem ♥ vou arrumar os capítulos anteriores também.

"Eu olhei para o luto e vi sua natureza: o amor coberto por um pesado casaco". Achei essa frase por acidente no Tumblr e resolvi homenageá-la ♥ gosto muito de repensar maneiras da Wanda e do Visão terem a mesma conversa sobre luto na Base, mas de outras formas. E honestamente? Gostei de como saiu o resultado auhasuhahus. Torço que tenham gostado também!
Então, o Pietro! Essa era uma ideia que eu tinha desde o início da fic, quando ainda estava planejando as fichas de personagem. Queria colocar uma conversa entre ele e o Visão nesse "plano mental", que vou tentar trazer um pouco mais em breve. Se der semana que vem, se não na próxima de certeza.

Acho que era isso que eu precisava falar com vocês. Desejo uma ótima semana, amanhã tem For Those About to Love e nos vemos em breve! Fiquem bem e recebam todo o carinho do mundo ~ ♥ ~



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