Depois da derrota de Hidan e Kakuzu, o time Asuma voltava para Konoha com o mínimo de sensação de trabalho feito. Claro que matar os membros da Akatsuki não ia trazer Asuma sensei de volta a vida, mas a justiça estava feita, ou vingança. Chame como quiser. O fato era que tanto Hidan quanto Kakuzu eram indivíduos muito fortes, e a morte deles ajudou pelo menos um pouco para o que vinha a seguir.  

Não era preciso ninguém comentar que uma guerra estava prestes a estourar, era só observar a tensão dos membros de elite de Konoha, e dava para pressupor que nos outros países a situação era a mesma.  

Se sentia razoavelmente motivado a participar de todo o planejamento de Konoha para com aquela situação, mas sentia medo e não tinha vergonha alguma de admitir tal sentimento. A geração que nasci não tinha vivenciado nenhuma guerra, só sabia das histórias das gerações passadas, seriam eles capazes de sobreviver ao que estava por vir? Olhou de relance para Ino e Chouji, seus companheiros de equipe. Eles estavam exaustos, mas seguiam sorrindo pela recente vitória. Mais à frente o Time Kakashi seguia conversando e rindo, mesmo Naruto ferido. Todos eram pessoas importantes em sua vida, e queria protegê-los. Suspirou cansado, aquele dia ainda estava longe de acabar e já tinha sido muito problemático.  

Ao chegar à vila todos os demais se dirigiram para o hospital de Konoha, mas eu preferi ir direto para a torre do Hokage. Pelo caminho observei os civis da vila, tão alheios aos vastos problemas do mundo ninja, mas apesar de toda a preocupação não se arrependia do caminho que tinha escolhido percorrer, tinha amadurecido o suficiente para ver que era importante proteger aquelas pessoas, assim como a próxima geração. Devia isso ao sensei.  

— Shikamaru, entre. - Segui até a mesa da Hokage. - Como se saíram?  

— Está feito. - Detalhei os acontecimentos recentes e ela parecia analisar cada palavra que eu dizia.  

— Entendo. Bom você já pode ir, merece um descanso.  

— Tudo bem.  

Sai do escritório andando sem rumo, não tinha planos para aquela tarde e apenas caminhei. Quando me dei conta, estava no cemitério em frente ao túmulo de Asuma.  

— Parece que as coisas vão complicar daqui para a frente. Prometo cuidar de Ino e Chouji. Assim como prometo cuidar de Kurenai e do seu filho. Mas queria que estivesse aqui para me ajudar.  

— Shikamaru? - Virou-se até encontrar com Kurenai parada ao seu lado, em suas mãos um vaso de tulipas. - Você está bem?  

— Estou sim, as coisas se resolveram como prometi. - Pode ver um vislumbre de alívio no olhar de Kurenai, seguido por mais preocupação.  

— Obrigada. - Ela me olhou mais um tempo até que se dirigiu ao túmulo de Asuma, depositando o pequeno vaso. - Ele estaria orgulhoso de você. Mas preciso que saiba que não precisa carregar toda a responsabilidade sozinho. A vila está aqui para lhe dar apoio. Eu estou aqui por você e Ino e Chouji. - Ela era sincera. 

— Eu sei, mas as coisas vão ficar tensas daqui para a frente, preciso dar o meu melhor na batalha que está por vir. - Olhei para frente, o sol brilhava em meio ao céu azul. Nenhuma nuvem a vista. - De qualquer forma preciso voltar agora. Se cuida e se precisar de qualquer coisa não hesite em me chamar, por favor.  

— Obrigada novamente.  

Se afastou dali e seguiu em direção a própria casa, precisava de um banho urgente, precisava lavar aquela sensação de impotência que a cada segundo dominava seu corpo. Não sabia dizer se estava mais cansado físico ou mentalmente, mas ambos o deixaram exauridos de qualquer força. Só restava dormir para recuperar suas energias.  

Abriu os olhos e ficou surpreso de ver Ino sentado ao seu lado na cama. Os olhos vermelhos denunciavam o choro recente.  

— Ino? - Ela virou ao perceber que eu estava acordado. - Aconteceu alguma coisa? - Me sentei alerta.  

— E precisa acontecer mais alguma coisa para ter motivo de chorar? Já não é suficiente tudo que vem acontecendo desde que nos tornamos chunins? - Enquanto ela falava as lágrimas voltavam a escorrer por suas bochechas. Era problemático situações emocionais assim. Ficava constrangido e se sentia incapaz de amenizar qualquer dor, mesmo que não fosse ele a causa.  

— Eu sei, mas somos fortes. Vamos sobreviver seja lá o que for acontecer. O Time Asuma vai sair dessa. - Ela me olhou e deu um sorriso de canto. As vezes pensava se algum dia iria encontrar alguém tão bonita quanto ela. Tinha tentado um relacionamento com Temari, mas ambos não estavam dispostos a ceder quando se tratava de mudanças e isso nunca iria para frente. Balançou a cabeça dispersando os pensamentos.  

— Obrigada Shika, você sempre foi o mais protetor do time, e sempre esteve lá por todos nós. - Para minha surpresa ela me envolveu em um abraço apertado. Depois de passado o choque inicial retribui desajeitado. O perfume floral dela me inundou e por um momento ali em seus braços eu senti que realmente tudo ficaria bem. - Você é quente Shika. - Ela falou rindo. Me afastei relutante e a olhei.  

— Você se sente melhor? - Ela parecia melhor, as bochechas antes banhadas em lágrimas agora tinham um leve tom rosado.  

— Estou sim. Obrigada novamente e desculpa se te acordei. - Ele queria agradecer pelo abraço, não sabia que precisava de um até ela o envolver. Mas não sabia como dizer isso sem que ficasse um clima ainda mais emocional.  

— Não se preocupe, que horas são?  

— Já passou da hora da janta, sua mãe me avisou que deixou a comida no forno caso você acordasse com fome.  

— Você me acompanha? - Ela olhou para a janela pensando a respeito.  

— Acho que ainda tenho um tempo antes de voltar para casa. - Eles comeram entre conversas relembrando o tempo em que eram genins. Quando terminaram se prontificou a levar Ino até sua casa. Recebeu um olhar furioso. - Você acha mesmo que não posso me proteger sozinha? - Revirou os olhos, é claro que ela falaria algo do tipo.  

— Não é isso, só estou sendo gentil.  

— Hum. Não é muito do seu feitio ser gentil Shika, você é muito preguiçoso para isso. - E era verdade, mas queria acompanhar ela até a casa e seria ainda melhor se ela não questionasse seus motivos.  

— Achei que gostasse da minha companhia.  

— É claro que gosto, ok não vou falar mais. - Ela seguiu com um bico emburrada, e eu tratei de acompanha-la.  

O caminho era curto e nenhum dos dois queria dar o braço a torcer e falar algo para acabar com o silêncio. A proximidade o fez sentir o calor que irradiava de Ino, era confortável estar ao seu lado. Apesar do calor de seus corpos, fazia uma noite gelada, e notou que Ino estava arrepiada. Reparou na roupa que a amiga usava, apesar de não estar com a roupa normal de missão, o vestido que ela vestia era curto e de alças. Ele não tinha nenhuma blusa para oferecer a ela, só estava de camiseta.  

— Você está com frio? - Era óbvio que sim. 

— Eu estou bem, não se preocupe. - E era óbvio que ela responderia que não. Se aproximou suavemente a envolvendo em seus braços. Escutou ela suspirar e se aninhar ali. Sorriu satisfeito. - Hum... obrigada. 

— Disponha. - Seguiram abraçados até pararem em frente a floricultura Yamanaka. - Bom está entregue. - Ela fez uma careta com o termo, e eu tive que rir.  

— Você está diferente. - Ela inclinou a cabeça como se me analisasse.  

— Hum?  

— Não sei, você parece que amadureceu muito de ontem para hoje. Também pudera, com tudo que passamos.  

— Você e Chouji também amadureceram. Não é fácil lidar com essas situações e se continuássemos estagnados com certeza não sobreviveríamos.  

— É você tem razão. Mas as vezes me sinto ficando para trás, sei que não devo me comparar a vocês, mas é inevitável. Vocês dois cresceram tanto desde o primeiro exame chunin e parece que eu continuo a mesma menina fútil de antes. - Ela deu de ombros fingindo desinteresse, mas a conhecia muito bem para saber o quanto ela estava insegura com aquilo.  

— Você com certeza não é a mesma menina Ino. - Olhou para ela, as curvas bem nítidas no vestido curto, ela tinha se tornado uma bela mulher. - Você não tem se enxergado com clareza. Você foi a que mais floresceu de nós três. - Ela estava prestes a argumentar, mas fui mais rápido. - Você se tornou uma bela mulher, protetora e muito inteligente. E você é espontânea, coisa que eu realmente queria ser. - Dei um sorriso para ela. - Sabe o homem que tiver seu amor, e digo amor de verdade já que aquilo que você sentia pelo Sasuke era apenas uma paixão infantil, bom o homem que tiver seu amor será um cara muito sortudo. - Ela agora estava corada por completo, acariciou a bochecha da mulher e a sentiu se arrepiar com seu toque.  

— Shika ... - Ela parecia perdida em alguma coisa enquanto me olhava nos olhos. Bom eu sei que eu estava perdido naqueles oceanos profundos que eram os seus olhos.  

— Você é tão linda. - Ela sorriu e colocou sua mão em meu rosto. Senti meu rosto esquentar imediatamente com o toque, e queria guardar aquela sensação eternamente em minha memória. Ficamos um tempo ali nos olhando, até que eu resolvi me afastar. Já era tarde, não pegaria bem para ela ser vista comigo sozinha por essas horas.  

— Espere... - Olhei para ela aguardando.  

— Shika, obrigada por tudo mesmo. - E então ela me beijou.

Nem nos meus sonhos podia imaginar o quanto tê-la em meus braços era bom. Eu ansiava por isso a algum tempo, mas não tinha qualquer esperança. Afinal Ino era a mulher mais popular e bonita do grupo, sabia que muitos de seus amigos a desejavam em segredo e ele se sentia apenas mais um em meio a uma multidão. Mas ver que ela se entregava ali em meus braços fez eu me sentir o homem mais sortudo, assim como eu havia dito anteriormente. O beijo era calmo, carregado de sentimentos. Mas o ar se fez necessário e nos afastamos um pouco, pude ver seus olhos fechados e um sorriso em seus lábios levemente inchados pelo beijo.  

— Eu te amo. 

— Eu também te amo. - Ele havia encontrado seu lar, afinal.