Quando a kunoichi começou a recobrar controle sobre o próprio corpo, Takashi estava à sua frente pressionando uma kunai contra seu pescoço. 

Seus rostos estavam muito próximos. Então... ela sorriu. Colocando sua mão suavemente sobre a do Uchiha, ela abaixou a arma em punho lentamente.

“Você teve sua chance, mas você a deixou passar…” sua voz era amena e afetuosa, quase como um convite.

A mulher sorria de uma forma tão doce, que Takashi nem sabia que essa era uma expressão capaz de habitar um rosto humano. 

Os olhos esverdeados, as mechas de cabelos vermelhos emoldurando seu rosto... 

O Kotoamatsukami havia sido implantado na mente daquela mulher com sucesso.

‘Não resista’

Com essa ordem não importava qual fosse a investida de Takashi, sua inimiga não o atacaria ou bloqueia nenhum ataque. Ele simplesmente não compreendia por que não conseguia matá-la. 

A cada segundo, a cada milímetro que seus rostos se aproximavam ele a odiava e desejava na mesma medida.

Essa mulher despertava em Takashi o que ele tinha de pior, desejo e dúvidas. 

Sua kunai ainda apontava para o abdômen esbelto daquela que ele já não sabia mais se era sua inimiga. 

A mão dela ainda sobre a sua, mas a leveza do toque revelava que ela não tinha mesmo a intenção de parar um ataque. 

A lenta aproximação entre os rostos envolvia Takashi com um poder controlador. 

A sensação de raiva o percorria, a cada sinal de que não haveria resistência por parte daquela mulher. 

Ele não queria matá-la, mas também não a queria viva. 

Sua mão ligeiramente trêmula pela indecisão, retomou o controle. 

Como resultado de sua decisão ele bloqueou a sensação de dívida em sua mente… junto a todo o resto. 

Em um movimento brusco, Takashi virou o corpo daquela mulher e a imobilizou pelas costas, pressionando-a contra seu peito e levando novamente sua kunai ao pescoço dela.

“Faça” a voz suave de antes tornou-se firme, encarnando o tom de ordem e atravessou o Uchiha ablando todo o seu ser. 

“Eu não sei qual é o seu problema, mas você escolheu o homem errado para brincar”

Com as palavras cheias de rancor e autoridade, ele agiu da única forma que sentiu que fosse capaz. 

***

Faltavam poucas horas para o dia amanhecer e Takashi estava no encalço de Kanji. O Uchiha correu em velocidade máxima por todo o percurso. 

Ele queria alcançar o outro antes de atingirem o ponto de encontro. 

Apesar da proximidade com a fronteira, isso não seria um problema, Takashi já conseguia sentir o chakra do Aburame. 

Aparentemente, seu subordinado também sentia o seu. Depois de percorrer menos de um quilômetro Takashi o encontrou parado de pé, ainda no bosque, à sua espera.

“Que alívio capitão! Estava preocupado com o senhor” a preocupação do jovem parecia sincera.

“Já fez contato com alguém do esquadrão?” o Uchiha perguntou no mesmo tom severo e solene com o qual sempre se dirigia a seus subordinados.

“Não senhor, eu…”

Rapidamente os olhos de Takashi tornaram-se vermelhos e mudaram de forma.

Mangekyou Sharingan - kotoamatsukami

Em frações de segundos o jovem Aburame estava consciente, olhando para o chefe. 

Ele não se lembrava de ter encontrado qualquer pessoa no retorno da missão. 

Em sua mente, o dever de seu time fora cumprido com exímio sucesso, sem qualquer imprevisto ou alteração. Ele e Takashi haviam permanecido juntos durante toda a missão. 

E seria isso o que o jovem Aburame relataria ao resto do esquadrão.

Como Kanji e Takashi fizeram a maior parte do percurso correndo e foram designados para um dos acampamentos da Pedra mais próximos da fronteira com o país do Fogo, eles foram o primeiro time a chegar ao ponto de encontro. 

À medida que os outros times chegavam, ficava claro, a missão sincronizada havia sido um sucesso. 

E isso significava que, a partir dali, as coisas se tornariam mais difíceis. A Folha começaria agir em ataque.