Uzumaki Ahmya Shinden: Livro do Sol Nascente escrita por Hannah


Capítulo 11
O rato, o corvo e o louva-deus


Notas iniciais do capítulo

Takashi estava decidido. Por seu clã e por sua honra, ele atacaria o acampamento médico da vila da Pedra.
Shisui seguiu seu pai. Impedir que Takashi se perdesse na escuridão, esse era seu desejo.
Azumi não pretendia morrer. Não agora que ela tinha uma nova razão para apegar-se à vida.



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“Você não entendeu, isso foi um erro. Você tem uma família! Eu… não sei onde estava com a cabeça. Quero que você vá embora e não volte nunca. Essa foi a única vez e se nos encontrarmos novamente... será como inimigos.”

A noite estava estrelada, mas algumas nuvens escuras começavam a invadir o céu lentamente. 

A alguns metros da barraca onde descansavam seus pacientes, Azumi olhava para o céu. 

O dia tinha sido exaustivo. Com apenas dois outros ninjas médicos, a kunoichi tinha passado as últimas horas fazendo o impossível para salvar cada paciente grave. 

Além disso, seu corpo já não era mais o mesmo. E ela precisou esforçar-se muito para se adaptar à nova condição. 

Definitivamente aquele não foi um dia fácil. Azumi soube entre comentários e risos dos pacientes que seus alvos eram crianças, um menino havia morrido.

Mesmo em péssimas condições, os shinobi da Pedra ainda conseguiam vangloriar-se de terem sobrevivido a uma investida contra o time do Relâmpago Amarelo de Konoha. 

Mas agora os pacientes estavam estabilizados e não precisavam mais da médica. 

Enquanto descansava Azumi pensava sobre sua própria vida, em como fora irresponsável. 

O que faria agora? Ela não mais iria vê-lo, prometeu a si mesma. 

Essa seria, também, a sua última missão pela Pedra. 

Azumi fugiria durante a madrugada. Os ninjas que nunca foram seus companheiros, por mais que ela os chamasse assim, não iriam perdoá-la quando descobrissem. 

E ela sequer estava interessada nesse perdão. Mas não seria punida. 

A Uzumaki já havia peregrinado pelo mundo antes. E, mesmo com uma guerra em curso, não poderia mais ficar ali. 

Ela já sabia o que fazer. Atravessaria a fronteira para o País da Chuva. 

Apesar de castigado pela guerra, este era um país conhecido por ser o lar de estrangeiros de todas as partes. 

Além disso, havia rumores sobre um grupo de pacifistas agindo pela segurança da região. 

‘É isso!’

Azumi teria uma nova vida, a Chuva seria mesmo o melhor lugar para...

Uma movimentação de chakra na região do acampamento médico interrompeu os pensamentos da kunoichi. 

'Shinobis?!'

Eram muitos, trinta ao menos. 

Não, trinta e um. 

Havia mais um, separado do grupo a alguns metros de distância.

'Esse chakra…'

Azumi conhecia o padrão desse chakra melhor do que qualquer outro, eram Uchihas. 

Todos os ninjas que se aproximavam velozmente de seu acampamento eram Uchihas. E Takashi estava entre eles. Mas ele não a encontraria se ela não permitisse, sempre foi assim.

Azumi entrou na tenda médica impaciente. Ela olhou ao redor e dirigiu-se ao paciente mais próximo deitado em um tapume no chão. 

Era Tatsuo. A kunoichi inclinou-se sobre o homem deitado e o segurou pela gola do uniforme desgastado pela batalha.

“Quem vocês mataram?!” ela perguntou ríspida, fitando seriamente um homem que, com o tronco, mãos e parte do rosto cobertos por ataduras, a olhava com o espanto de quem nunca imaginou vivenciar aquela situação.

“O que? Não é da sua conta, forasteira.” severo e sentindo o ódio crescendo dentro de si, Tatsuo empurrou as mãos da kunoichi que o suspendia levemente pela gola. 

“Agradeço seu serviço médico, mas eu não lhe devo nada. Você pega pela estadia que recebe” o paciente, de quem a médica havia passado horas do seu dia remendando ossos quebrados retrucou.

Azumi, não tinha tempo para isso, sua impaciência crescia. Ainda arqueada e projetando-se por cima do homem deitado, ela pressionou uma kunai no pescoço do ninja e repetiu. 

“Quem vocês mataram?!”, sua voz  tornava-se cada vez mais severa. 

Tatsuo engoliu em seco. 

Um dos companheiros médicos, os únicos que costumavam não ser hostis com Azumi, colocou a mão sobre o ombro da colega, em uma tentativa de acalmá-la. 

“Azumi, é assunto do front. Não é nada que devemos saber.” a voz do médico era calma e paciente. Mas a mulher irritada também não tinha tempo para diplomacia.

Ela colocou-se em pé. Não olhava para uma pessoa em particular. A tenda estava cheia e a kunoichi pareceu falar para todos de forma alta e clara. 

“Os que mataram uma criança Uchiha, comecem a correr. Pois há mais de trinta deles a caminho. E estarão aqui em em menos de vinte minutos”.

A fala de Azumi causou algum alvoroço na tenda. 

Embora não estivessem mais em risco, poucos dos pacientes tinham condições de andar, provavelmente nenhum poderia lutar. 

Em função do acordo com a Folha, não havia Ambus ou escolta da Pedra no acampamento. Mesmo entre os três médicos, apenas a Uzumaki tinha experiência em combate. 

Emborcando um pouco o corpo e estendendo a mão, ela dirigiu-se de forma objetiva ao homem deitado ao seu lado “você quer viver?”.

“Sim.” a voz de Tatsuo tentava conservar o resto de dignidade que lhe restava, mesmo que com quase nenhum orgulho. 

Azumi o ajudou a levantar, passou o braço com ataduras sobre seus ombros e dirigiu-se novamente a todos. Seu semblante era rígido e suas palavras de ordem. 

“Aqueles que forem capazes de andar ajudem os companheiros em situação mais grave. Nenhuma dupla deve tomar a mesma rota. As pessoas com maior dificuldade de locomoção vão para as bases mais próximas.” 

Ela olhou para dois pacientes com ferimentos brandos. 

“Eiji, Ren, seus ferimentos são leves. Vocês dois vão atrás de reforços. Há um pelotão ambu a doze quilômetros daqui no sentido nove horas”. 

O homem sustentado pelo corpo da kunoichi assentiu com a cabeça confirmando a ordem aos outros. 

 

***

 

Seguir o rastro dos Uchiha não foi uma tarefa difícil. 

Shisui vinha aprendendo muitas técnicas nos últimos anos, mas velocidade e resistência ainda eram seu maior trunfo. 

Mesmo com seu corpo pequeno, o garoto não teve dificuldades para acompanhar o esquadrão de adultos a uma velocidade controlada e distância constante. 

O percurso era longo. Os Uchiha passaram por paisagens nas quais o menino nunca havia ido antes. 

Na verdade, ele já nem sabia mais se ainda estavam em território do país do Fogo. Embora tivesse certeza que aquela rota seguia em direção ao país da Grama.

Os adultos passaram por planícies e bosques deslocando-se pelo chão. Provavelmente para não chamar a atenção. 

Shisui fez o mesmo.

De baixo, ele conseguia ver o céu por entre as copas das árvores em alguns trechos. 

Havia bastante estrelas e a lua estava cheia, mas uma corrente de nuvens negras começava a se formar. Como se a natureza compartilhasse da mesma angústia que ele. 

Há muitos quilômetros de sua casa, Shisui precisou ser ainda mais cauteloso. 

Ele percebeu que havia alguns ninjas espalhados pela região do bosque fechado que adentrava. 

Ninguém foi interceptado. Na verdade, esses ninjas pareciam se afastar do percurso à medida em que os membros de seu clã avançavam. 

Ainda assim, o pequeno redobrou a cautela para não ser percebido. 

Os adultos pararam.

“Não há ninguém aqui!” no meio de uma clareira no bosque, Fugaku saiu de dentro de uma grande tenda branca “Os inimigos saíram às pressas.Não devem ter sido avisados por alguém de fora. O ninja inimigo que percebeu nossa presença tem uma capacidade sensorial admirável, tenham cautela” 

A voz do líder era severa como sempre, mas nesse dia carregava um tom tenebroso que fez o coração de Shisui congelar.

Escondido por trás das árvores ele observava a situação. A tenda na clareira era estampada com o símbolo da vila da Pedra. 

‘Por que o clã está aqui?!’ o garoto se perguntava atordoado, percebendo toda aquela situação como um grande mau presságio.

Fugaku deu mais algumas instruções a seus homens, mas uma frase em particular fez o corpo do menino tremer e seu estômago revirar. 

“Nenhuma testemunha, nenhum sobrevivente”. 

Dito isso, os adultos se dispersaram para todas as direções.  

Shisui viu a direção tomada por seu pai, mas logo depois que Takeshi sumiu de seu campo de visão, o menino não conseguia mais sentir o chakra do adulto. 

Dando a volta pelo lado de fora da clareira e tomando todo o cuidado para não ser visto por outras pessoas de seu clã, ele seguiu o mesmo trajeto que pai.

***

 

Azumi e Tatsuo haviam percorrido apenas dois quilômetros e os Uchiha já estavam no acampamento abandonado pelos shinobi da Pedra. 

Seus pensamentos a distraíram e Azumi sentiu a presença dos inimigos tarde demais. 

Ela ainda não tinha recuperado o chakra despendido no cuidado dos pacientes e deveria ser precisa em suas decisões. 

A princípio, a kunoichi planejava tomar uma distância de segurança antes de fazer a invocação. Assim ela e Tatsuo poderiam fugir sem serem notados no céu. E, talvez, sendo um pouco otimista, alertar os reforços da Pedra enquanto os inimigos ainda estivessem desprevenidos.

Uma sensação atravessou o corpo de Azumi. Os Uchiha dispersaram. 

Apenas um deles se movimentava em sua direção. Mas o controle de chakra do inimigo em seu encalço era bom. 

A médica teve dificuldade para identificar detalhes do chakra daquela pessoa com seu estilo sensorial. Talvez por isso tinha a sensação de que se tratava de uma criança. 

Provavelmente era o mesmo Uchiha que seguia o grupo a certa distância. Aquele que ela quase não conseguiu notar. 

“Vamos parar!”.

Eles ainda não tinham chegado à marca dos três quilômetros, mas Azumi depositou Tatsuo escorado em uma árvore. Ele parecia esgotado, não poderia continuar. 

“Preciso de um instante para verificar a localização dos inimigos” 

A médica falou antes de saltar em uma linha vertical reta, pousando sobre um galho grosso da árvore na qual o colega se escorava. 

De cima da árvore Azumi se deu conta de que todos os seus palpites estavam certos. 

Ela sentia aquele chakra fraco, quase indetectável, a um quilômetro e meio aproximando-se em velocidade surpreendentemente alta. 

A médica sentiu um aperto no peito por saber que ele estava ali, mas não era sua responsabilidade e a presença daquele chakra iria salvar sua vida. 

Ela analisou com os olhos a trajetória que este ninja completaria para chegar a seu encontro e.. lá estava. 

A pouco mais de meio quilômetro na mesma direção, uma silhueta humana aparecia entre as frestas formadas pelo topo das árvores. 

No chão, a forma humana corria em sua direção. 

Era ele, ela tinha certeza. O homem que mudou a sua vida. 

Ele finalmente havia encontrado uma forma de bloquear o seu estilo sensorial, mas não havia tempo para mais palpites. Ele estava ali para matá-la e ela não estava disposta a morrer, não naquela noite. 

Além disso... Tatsuo a aguardava no chão.

Azumi posou de pé ao lado do ninja ferido. 

“Eles estão próximos, precisa ser agora” ela informou a Tatsuo enquanto caminhava três ou quatro passos adiante. 

Azumi sentiu seu paciente a seguir. 

O movimento de chakra na região da testa e maxilar do ninja da Pedra estava agitado, já estava dessa forma desde que percorreram o primeiro quilômetro se afastando do acampamento. 

E a médica conhecia esse padrão. O fluxo de chakra de Tatsuo tomava essa forma sempre que ele a tratava com hostilidade. 

A mulher levou seu polegar à boca, mas antes de concluir o movimento seu paciente a agarrou pelas costas.

O ninja da Pedra imobilizou Azumi. Com seu próprio corpo colado às costas da médica, atravessou o braço esquerdo sobre o peitoral dela, segurando firme no ombro, a fim de travar a parte superior do corpo da mulher. 

Com a mão direita, Tatsuo pressionava a ponta de uma kunai contra o seu ventre. 

“Você achou que eu não perceberia?!” a voz de Tatsuo era tenebrosa, quase delirante. “Minha esposa também está grávida. Eu conheço os sintomas”.

“Neste caso você deveria repensar suas ações, ainda há tempo” com o antebraço do outro pressionando seu pescoço, Azumi falava com dificuldade. 

Tatsuo riu de uma forma perversa. 

“Primeiro eu vou matar essa criança dentro de você. Depois você vai morrer como a traidora imunda que é” suas palavras foram cuspidas com ódio.

“Liberar!” a voz saiu de trás das árvores “Mangekyou Sharingan: kotoamatsukami!”


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Notas finais do capítulo

Nota: o País da Grama é uma pequena nação do universo de Naruto cercado pelo Paísa da Terra (Iwagakure), País da Chuva (Amegakure), País das Cachoeiras e País do Fogo (Konohagakure). De forma que, a fronteira leste do País da Grama vivide seu território com o país do Fogo e a fronteira sul com o País da Chuva.



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