Between Lovers escrita por SaaChan


Capítulo 1
Prólogo




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Park Ga Yeong se lembrava claramente de um dia ter ouvido alguém dizer que a vida é nada mais, nada menos do que uma sequência de desgraças e que nunca se deve subestimar a capacidade dos deuses de piorar o que já está ruim. Na época, ela havia imaginado que a pessoa que tinha dito isso estava apenas passando por uma fase ruim, mas agora se martirizava por não ter dado atenção àquele aviso incomum que alguma entidade sobrenatural provavelmente estava lhe dando. Condenava sua bendita língua por questionar como tudo poderia ficar pior. Como se um pé na bunda e a falta de um teto sobre sua cabeça já não fosse uma tragédia grande o suficiente, agora ela lutava pela sua miserável vida enquanto tentava puxar seus noventa e cinco quilos de banha de volta para o apartamento do seu ex-namorado, cujo qual jurava que iria se casar desde a infância e teria uma dúzia de filhos de cabelos escuros e cheios iguais aos do pai.

Àquela altura do campeonato, as juntas de seus dedos já começavam a fraquejar e o pouco fôlego que tinha não a ajudava a gritar por ajuda. Se estivesse no interior, Ga Yeong pensou consigo mesma, na pequena ilha de Jeju onde sua mãe nascera, provavelmente já a teriam visto – não por conta de seu tamanho, mas porque aparentemente a única forma de entretenimento das cidades do interior é tomar conta da vida dos outros. Imediatamente, sua irmã mais nova veio em seus pensamentos. Imaginou como Ga In ficaria arrasada por sua única família partir desta para melhor. Imaginava se conseguiria viver bem, mesmo que tivesse a certeza de que sua madrinha, Kim So Ah, cuidaria bem dela. Orou a todos os deuses possíveis e pediu por um milagre, qualquer coisa que pudesse salvá-la naquele momento.

E a salvação veio igual um cometa... Literalmente igual a um cometa...

Sequer teve tempo de entender que foi arremessada para longe igual uma bola de futebol americano. Apenas ocorreu de um segundo apagar e depois voltar à consciência se sentindo mais leve... Literalmente mais leve, e também bem mais disposta. Era como se a pancada tivesse dado um jeito em suas dores de coluna, bem mais eficaz do que ir a um quiroprata. Até então não tinha percebido que o “cometa” tinha dado um jeito em bem mais coisas do que apenas em sua coluna.

— De novo... – Ouviu uma voz masculina soar frustrada ao seu lado. – Porque a alma desses humanos nunca é igual ao corpo?

— E porque você sempre tem que voar baixo? – Uma voz feminina acompanhou a frustração do outro. – Deve gostar mesmo de trabalhar aqui pra sempre ganhar uma punição no último dia. – Ouviu um som estalado e um gemido por parte do rapaz. Provavelmente ele tinha apanhado, concluiu. – Da última vez foi exatamente assim que você causou aquele acidente e teve que dar o outro abyss para aquele cara. Quantos abyss você pretende perder por aí?

Ele pareceu dar uma risada constrangida e mudou de assunto, parecendo bem mais interessado na única pessoa que deveria estar morta e não estava. Ga Yeong não havia aberto os olhos até então, estava com medo do que pudesse ver. Talvez os donos das vozes fossem apenas um amontoado de ossos e carregassem uma foice por aí. Não sabia onde estava, mas pelo tanto de grama debaixo de seus dedos, duvidava muito que tivesse caído perto do edifício onde estivera pendurava na janela minutos atrás. Será que estava no céu? Bom, não imaginava que o céu pudesse ter um cheiro de esterco tão forte, mas também não acreditava que o inferno pudesse ter uma brisa tão fresquinha... Certo? Reunindo um pouco de coragem, abriu um dos olhos primeiro, olhando ao redor e encontrando um céu limpo e escuro, com alguns pontos de luz e um grande aglomerado de absolutamente nada. Nenhum edifício, nenhum carro, uma casinha de palha que fosse. Na realidade, tinha uma vaquinha ou outra pastando. Os imponentes edifícios de Seul pareciam uma miniatura há centenas de quilômetros de onde estava. A mulher e o homem que discutiam há poucos segundos atrás pareciam normais, dois cidadãos coreanos comuns – até um pouco atraentes, se olhasse com mais interesse – vestidos com sobretudos pretos em uma noite calorosa de verão.

— Eu morri? – Foi a única coisa que conseguiu verbalizar.

Os dois se entreolharam como se tivessem um script pronto para seguir e então explicaram tudo, desde a morte acidental, consequência de um voo baixo de um comissário da morte até a ressureição através do tal “abyss”, uma esfera mágica capaz de trazer uma pessoa de volta à vida. Entretanto, o que mais deixava Ga Yeong abismada em toda aquela bagunça mística era não ser mais a mesma (ou talvez ser a pessoa que realmente era). No momento em que foi ressuscitada, seu rosto passou a ter a aparência de sua alma...

E a sua alma era belíssima...


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Notas finais do capítulo

Sim, gente, vocês viram uma referência ao dorama ABYSS.

Uma das coisas que estava me deixando de cabelo em pé ao escrever essa fanfic era "como diabos eu vou mudar a aparência da personagem principal?". Eu queria fazer com que ela mudasse sem precisar fazer inúmeras plásticas. Pensei em fazê-la apenas emagrecer sozinha, mas esse processo levaria algum tempo, o que iria frustrar um pouco os meus planos. Quando esse dorama foi lançado, eu pensei "ora, porque não usar essa ideia?". A referência à ABYSS não vai aparecer muitas vezes no decorrer da trama porque foi utilizada apenas como um recurso para a transformação da personagem principal, por isso queria deixar aqui claro sobre isso.

Obrigada por terem lido até aqui.
Espero que tenham tido uma boa leitura.
SaaChan, menor que treix.



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